Reprodução |
Na entrevista concedida à TV Record nesta semana, o presidente Lula fez duras críticas às poderosas big techs (gigantes de tecnologia) por difundirem fake news e afirmou que vai retomar o debate sobre a regulação das plataformas digitais. “Eu sou a favor de que a gente tenha uma regulação urgente, porque essas empresas não pagam imposto no Brasil. Essas empresas ganham bilhões de publicidade, têm muito lucro com a disseminação do ódio nesse país e no mundo inteiro”, argumentou.
Ele ainda disse que terá uma reunião nos próximos dias com o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, para discutir a tramitação de um novo projeto de lei. “O dado concreto é que a gente não pode perder de vista a necessidade de fazer uma regulação. Para que as coisas voltem à certa normalidade”. Lula também defendeu que o debate seja travado nos fóruns internacionais, como a ONU e o G7. “É preciso uma saída coletiva para o mundo. É a democracia civilizada, a convivência democrática, que está correndo riscos”.
Brasil em último lugar no mundo
A urgência apontada pelo presidente Lula é plenamente justificável. Em vários países, este tema tem sido tratado como prioridade. Já no Brasil, ele está parado na Câmara Federal devido à sabotagem de Arthur Lira (PP-AL), que faz o jogo da bancada bolsonarista e das big techs. Após retirar da pauta da votação o PL-2630 e destituir seu relator, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), ele criou um grupo de trabalho para reformular do zero o projeto. Até final de junho, o colegiado com 20 integrantes não tinha se reunido.
Enquanto não se avança na regulação das big techs, a desinformação segue envenenando as redes sociais. Pesquisa divulgada pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) no início de julho apontou que o Brasil é o país com a pior capacidade no planeta para identificar fake news. Foram ouvidas 40 mil pessoas de 21 países. A percepção geral da sondagem é de que 60% dos entrevistados conseguem distinguir o que é informação verdadeira e falsa. O Brasil ficou seis pontos abaixo da média.
“O levantamento também esclareceu que a sátira foi a linguagem mais fácil de ser identificada como notícia falsa, apontada por 71% dos entrevistados. Mas no Brasil apenas 57% conseguiram identificar a sátira como uma inverdade. Além disso, mostrou-se que as redes sociais são o ambiente em que as pessoas mais têm dificuldades em identificar o que é verdade ou mentira... Nos países da América Latina, incluindo Colômbia, México e Brasil, mais de 85% dos entrevistados alegaram que obtêm informações frequentes pelas redes”, enfatiza reportagem do site Metrópoles.