Por Tadeu Breda, no sítio Outras Palavras:
A composição do Metrô de São Paulo que descarrilou no dia 5 de agosto, nas proximidades da estação Palmeiras-Barra Funda, na Linha 3 Vermelha, voltou a sofrer uma pane “grave” na última quarta-feira (2/10). A falha colocou novamente a vida dos usuários em risco. Por volta das 18h30, na estação Santa Cecília, também na Linha 3 Vermelha, o trem abriu sozinho todas as suas portas, em todos os vagões, de ambos os lados – inclusive do lado oposto da plataforma, onde se encontra o trilho energizado. A composição está recolhida desde então. A ocorrência não foi divulgada publicamente, mas está registrada nos sistemas de segurança da Companhia do Metrô. A informação foi obtida junto a fonte interna, que não pode se identificar por razões óbvias.
De acordo com funcionários, bastava que os vagões estivessem lotados, como costuma ocorrer, e as pessoas certamente cairiam à via, sujeitando-se a choques elétricos, lesões e atropelamentos. “O Metrô é uma companhia de muita sorte”, disseram metroviários ao tomarem conhecimento da ocorrência. Segundo eles, dessa vez o acaso voltou a ajudar porque a falha ocorreu enquanto o trem se deslocava no sentido Palmeiras-Barra Funda. Se estivesse na direção contrária, encaminhando-se ao terminal Corinthians-Itaquera, dizem, estaria abarrotado e o desfecho seria diferente.
A composição é conhecida como K07 e pertence à frota K, recentemente reformada pelo consórcio MTTrens, integrado por MPE, Temoinsa e TTrans. A TTrans, líder do pool empresarial, é uma das companhias envolvidas nas denúncias de formação de cartel para burlar a concorrência em licitações para reforma de trens e ampliação da malha metroferroviária paulista. De acordo com documentos apresentados pela alemã Siemens ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), membros da administração tucana nos governos Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra teriamparticipado do conluio.
Dois meses antes de abrir todas as suas portas em movimento, o mesmo K07, por volta das 6h da manhã, descarrilava nas proximidades da estação Palmeiras-Barra Funda. A composição teve um de seus truques (termo técnico que designa o sistema composto por rodas, tração, frenagem e rolamentos) danificados devido a um superaquecimento que, por sua vez, fora provocado pela ausência de graxa nas engrenagens da peça. Após sair dos trilhos, o vagão foi arrastado por 800 metros e danificou a linha de alimentação elétrica do trem. Houve estouros, curto circuitos e fumaça. Os passageiros saíram pela rota e fuga. Ninguém se feriu.
O acidente foi “inédito” no Metrô de São Paulo. Depois de entrar para a história, o K07, recém reformado, foi retirado de circulação por um mês. A peça danificada permaneceu num dos pátios da companhia, coberta com lona e sob vigilância de seguranças patrimoniais. Nem o Sindicato dos Metroviários nem membros da Comissão Interna para Prevenção de Acidentes (Cipa) puderam inspecioná-la. Tampouco receberam informações da empresa sobre a falha. Apenas no dia 5 de setembro é que tiveram conhecimento da versão oficial, pela boca de dois técnicos da Comissão Permanente de Segurança (Copese) do Metrô.
Na ocasião, uma reunião da Cipa, um dos membros da Copese garantiu aos metroviários: a possibilidade de que o K07 sofresse novos acidentes era baixa e, por isso, o trem seria liberado para operação. “Não há mais necessidade de permanecerem retidos”, afirmou o engenheiro, de acordo com a ata do encontro. “Não há interferência na segurança do sistema.” Pouco menos de um mês depois, na última quarta-feira (2), as portas do mesmo K07 se abririam automaticamente com o trem em movimento, colocando em risco a vida dos passageiros em pleno horário de pico.
Outros trens da frota K vêm apresentando falhas. Em 27 de agosto, a RBA noticiou que o Metrô coloca sistematicamente em circulação as composições reformadas pela MTTrens mesmo quando estão com defeito. Também publicamos um levantamento informal realizado por metroviários da Linha 3 Vermelha que atestava: apesar de serem novos, os trens reformados e fabricados pelas empresas envolvidas no cartel – entre eles toda a frota K – apresentam média de problemas técnicos até quatro vezes maior que as composições antigas, com cerca de 30 anos de uso. Algumas chegam a registrar média de 35 defeitos por dia.
Na semana passada, funcionários constataram que até mesmo os extintores de incêndio de alguns trens da frota K estão com a validade vencida pelo menos desde abril. Mas nem todos os defeitos são tão pueris. “Houve um dia em que eu mesmo estava no K07 quando constatei que o sinalizador de falhas não estava funcionando, ou seja, poderia ocorrer qualquer problema que o operador não teria informação nenhuma”, denuncia um condutor da Linha 3 Vermelha do Metrô que também não quis se identificar por medo de represálias – ainda mais agora que a companhia iniciará programa de demissões para cortar gastos como desculpa para manter o preço da tarifa em R$ 3.
“Para piorar, fiz um teste e percebi que o botão de emergência, quando acionado pelo usuário, não tocaria nenhum alarme na cabine”, continua, apontando defeitos básicos na segurança do sistema. “Somando essas duas falhas, o trem poderia estar pegando fogo e o operador não saberia. O usuário tentaria informá-lo através do botão de emergência e não conseguiria, pois não se escutaria nenhum alerta na cabine. Essas falhas foram registradas. E são constantes.”
A composição do Metrô de São Paulo que descarrilou no dia 5 de agosto, nas proximidades da estação Palmeiras-Barra Funda, na Linha 3 Vermelha, voltou a sofrer uma pane “grave” na última quarta-feira (2/10). A falha colocou novamente a vida dos usuários em risco. Por volta das 18h30, na estação Santa Cecília, também na Linha 3 Vermelha, o trem abriu sozinho todas as suas portas, em todos os vagões, de ambos os lados – inclusive do lado oposto da plataforma, onde se encontra o trilho energizado. A composição está recolhida desde então. A ocorrência não foi divulgada publicamente, mas está registrada nos sistemas de segurança da Companhia do Metrô. A informação foi obtida junto a fonte interna, que não pode se identificar por razões óbvias.
De acordo com funcionários, bastava que os vagões estivessem lotados, como costuma ocorrer, e as pessoas certamente cairiam à via, sujeitando-se a choques elétricos, lesões e atropelamentos. “O Metrô é uma companhia de muita sorte”, disseram metroviários ao tomarem conhecimento da ocorrência. Segundo eles, dessa vez o acaso voltou a ajudar porque a falha ocorreu enquanto o trem se deslocava no sentido Palmeiras-Barra Funda. Se estivesse na direção contrária, encaminhando-se ao terminal Corinthians-Itaquera, dizem, estaria abarrotado e o desfecho seria diferente.
A composição é conhecida como K07 e pertence à frota K, recentemente reformada pelo consórcio MTTrens, integrado por MPE, Temoinsa e TTrans. A TTrans, líder do pool empresarial, é uma das companhias envolvidas nas denúncias de formação de cartel para burlar a concorrência em licitações para reforma de trens e ampliação da malha metroferroviária paulista. De acordo com documentos apresentados pela alemã Siemens ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), membros da administração tucana nos governos Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra teriamparticipado do conluio.
Dois meses antes de abrir todas as suas portas em movimento, o mesmo K07, por volta das 6h da manhã, descarrilava nas proximidades da estação Palmeiras-Barra Funda. A composição teve um de seus truques (termo técnico que designa o sistema composto por rodas, tração, frenagem e rolamentos) danificados devido a um superaquecimento que, por sua vez, fora provocado pela ausência de graxa nas engrenagens da peça. Após sair dos trilhos, o vagão foi arrastado por 800 metros e danificou a linha de alimentação elétrica do trem. Houve estouros, curto circuitos e fumaça. Os passageiros saíram pela rota e fuga. Ninguém se feriu.
O acidente foi “inédito” no Metrô de São Paulo. Depois de entrar para a história, o K07, recém reformado, foi retirado de circulação por um mês. A peça danificada permaneceu num dos pátios da companhia, coberta com lona e sob vigilância de seguranças patrimoniais. Nem o Sindicato dos Metroviários nem membros da Comissão Interna para Prevenção de Acidentes (Cipa) puderam inspecioná-la. Tampouco receberam informações da empresa sobre a falha. Apenas no dia 5 de setembro é que tiveram conhecimento da versão oficial, pela boca de dois técnicos da Comissão Permanente de Segurança (Copese) do Metrô.
Na ocasião, uma reunião da Cipa, um dos membros da Copese garantiu aos metroviários: a possibilidade de que o K07 sofresse novos acidentes era baixa e, por isso, o trem seria liberado para operação. “Não há mais necessidade de permanecerem retidos”, afirmou o engenheiro, de acordo com a ata do encontro. “Não há interferência na segurança do sistema.” Pouco menos de um mês depois, na última quarta-feira (2), as portas do mesmo K07 se abririam automaticamente com o trem em movimento, colocando em risco a vida dos passageiros em pleno horário de pico.
Outros trens da frota K vêm apresentando falhas. Em 27 de agosto, a RBA noticiou que o Metrô coloca sistematicamente em circulação as composições reformadas pela MTTrens mesmo quando estão com defeito. Também publicamos um levantamento informal realizado por metroviários da Linha 3 Vermelha que atestava: apesar de serem novos, os trens reformados e fabricados pelas empresas envolvidas no cartel – entre eles toda a frota K – apresentam média de problemas técnicos até quatro vezes maior que as composições antigas, com cerca de 30 anos de uso. Algumas chegam a registrar média de 35 defeitos por dia.
Na semana passada, funcionários constataram que até mesmo os extintores de incêndio de alguns trens da frota K estão com a validade vencida pelo menos desde abril. Mas nem todos os defeitos são tão pueris. “Houve um dia em que eu mesmo estava no K07 quando constatei que o sinalizador de falhas não estava funcionando, ou seja, poderia ocorrer qualquer problema que o operador não teria informação nenhuma”, denuncia um condutor da Linha 3 Vermelha do Metrô que também não quis se identificar por medo de represálias – ainda mais agora que a companhia iniciará programa de demissões para cortar gastos como desculpa para manter o preço da tarifa em R$ 3.
“Para piorar, fiz um teste e percebi que o botão de emergência, quando acionado pelo usuário, não tocaria nenhum alarme na cabine”, continua, apontando defeitos básicos na segurança do sistema. “Somando essas duas falhas, o trem poderia estar pegando fogo e o operador não saberia. O usuário tentaria informá-lo através do botão de emergência e não conseguiria, pois não se escutaria nenhum alerta na cabine. Essas falhas foram registradas. E são constantes.”
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