Por Altamiro Borges

Após um período de muitas negociações – ou negociatas –, o União Brasil sinalizou na semana passada o apoio à reeleição do prefeito "neobolsonarista" Ricardo Nunes (MDB) na capital paulista. Com isso, o partido descarta de vez a candidatura de Kim Kataguiri, líder do grupo fascistoide Movimento Brasil Livre (MBL). O estridente deputado já vinha sendo humilhado há muito tempo pela própria bancada e pela direção da sigla, que é comandada no estado pelo veterano Milton Leite, presidente da Câmara Municipal de São Paulo.

Segundo reportagem da Folha, a convenção da sigla no sábado passado (20) não formalizou a aliança, mas as tratativas estariam avançadas. “Após um período de estremecimento na relação com Ricardo Nunes, o União Brasil decidiu apoiar a reeleição do prefeito de São Paulo, afirmam lideranças do partido que encabeçam a negociação... O anúncio deve acontecer nos próximos dias. O prazo para oficialização é 15 de agosto, data máxima do registro de candidaturas. O União Brasil tem a terceira maior fatia do fundo eleitoral e do tempo de propaganda na TV, atrás apenas de PL e PT”.

Baixa pontuação nas pesquisas

O jornal lembra que “o líder do MBL lançou a pré-candidatura em janeiro, mas não conseguiu crescer nas pesquisas”. No último Datafolha, divulgado em 5 de julho, ele marcou apenas 3% de intenção de voto. Ricardo Nunes e Guilherme Boulos (Psol) apareciam na liderança em empate técnico, com 24% e 23%, respectivamente. Durante todo esse longo período, Kim Kataguiri foi usado e desprezado pela legenda, que entabulou negociações com o atual prefeito e até com o coach Pablo Marçal.

No início de julho, o site UOL noticiou que “o pré-candidato Pablo Marçal (PRTB) se encontrou novamente com o presidente do União Brasil, Antônio Rueda, para discutir uma possível aliança na disputa em São Paulo”. Na época, o partido seguia em negociações com Ricardo Nunes e já discutia como descartar a candidatura do seu jovem filiado. “Em encontro na semana passada em Brasília, o deputado Kim Kataguiri insistiu com Rueda, ACM Neto e Ronaldo Caiado que é capaz de fazer sua candidatura decolar”. O chororô parece que não convenceu. Triste fim do líder do MBL.

PF abre inquérito contra o MBL

Além de ser humilhado e descartado pelo seu próprio partido, Kim Kataguiri teve outra péssima notícia na semana passada. A Polícia Federal decidiu abrir inquérito para investigar o MBL por crime contra a honra do presidente Lula em postagem na rede X (antigo Twitter), no qual ele foi acusado de “aprovar aborto e mudança de sexo”. O pedido para abertura do processo foi feito em agosto de 2023 por Flávio Dino, então titular da Justiça e hoje ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo cronologia da Folha, “Em abril de 2024, a Polícia Federal enviou intimação para que Renan Santos, coordenador nacional do MBL que aparece como presidente do grupo na composição societária da empresa, prestasse esclarecimentos. Ele não foi encontrado no endereço apontado, e a intimação, enviada via Sedex, foi devolvida ao remetente. Em junho, a PF solicitou uma busca pela localização de Santos e enviou uma nova intimação, com pedido para que se apresente a uma unidade do órgão em setembro”. Será que o chefão do MBL vai fugir novamente? E o deputado Kim Kataguiri será ouvido?