Hoje na Gazeta do Povo
Cicatriz na testa e dificuldades para dormir
“Por volta de 14h10 eu estava lá, no meio do povo, próximo ao cordão de isolamento dos policiais. De repente, estava todo mundo correndo, gritando ‘sem violência, sem violência’. Eu estava de pé quando falaram no carro de som que era para sentar no chão, para mostrar que a gente não estava reagindo. Quando fui me sentar, com as mãos levantadas, uma granada explodiu no meu pé. Foi estilhaço na perna, na coxa e no rosto, testa e sobrancelha. Eu não ouvia nada em volta de mim, tudo muito abafado, achei que estava surdo. O sangue desceu no meu olho e achei que tinha ficado cego. Comecei a correr, pedindo água. Não sentia dor, só um desespero muito grande. Minha amiga me encontrou e falou ‘cara, você está muito machucado’. Fomos até a prefeitura e vi que tinha gente desmaiada, passando mal, pensei ‘deixa essa galera ir primeiro para o hospital, eu posso esperar’. Fizeram um curativo na minha cabeça, para estancar o sangramento. Voltei para o colégio, liguei para a minha mãe e até peguei o telefone do lado direito. É o costume, né, e por um momento eu esqueci que não estava ouvindo direito. No hospital levei cinco pontos na testa. Na sobrancelha não teve o que fazer porque ‘comeu’ um pedaço, não tem pele para costurar. O zunido no ouvido ainda não passou e dói um pouco. Na primeira noite eu acordava a todo momento e pensava ‘não, isso não aconteceu’. Eu passava a mão no rosto para ter certeza que era real. No segundo dia também não consegui dormir muito bem e estou tomando um calmante. De lá para cá a gente tenta se manter ativo, porque a greve não acabou.”
Observação do Blog do Tarso: ele pode ser uma testemunha para o Impeachment de Beto Richa
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