Miguilim no Prêmio Sesc de Teatro Candango
November 24, 2015 11:26![]() |
Foto divulgação |
A peça Miguilim inacabado está concorrendo ao Prêmio Sesc de Teatro Candango nesta quarta-feira (25) no Sesc Garagem
De Brasília
Joaquim Dantas
Para o Blog do Arretadinho
O premiado diretor de teatro, Valdeci Moreira de Souza, participa mais uma vez com a Cia de Teatro Semente do Prêmio Sesc de Teatro Candango. A apresentação da peça Miguilim Inacabado, de Guimarães Rosa, será nesta quarta-feira (25) no teatro Sesc Garagem na 913 Sul, as 20h.
Conheça um pouco de Miguilim Inacabado:
“Toda vez que releio esta história, enchem-me os olhos de lágrimas. Ela é assim mais forte do que eu, pois me comove.” (Guimarães Rosa, sobre “Campo Geral”) “Campo Geral”, narrativa mais conhecida como Miguilim, era a estória preferida de seu autor, o escritor mineiro João Guimarães Rosa (1908-1967).
Por quê? Talvez por ser em parte autobiográfica ou pelo protagonismo infantil que sempre atrai singeleza para o texto; talvez seja pela dramaticidade das primeiras lições da vida ou por se tratar de um texto sobre origens.
Muitos podem ser os motivos da preferência do autor por essa novela empírica, mas o fato é que esta história (ou estória) parece, de fato, carregar um significado ao mesmo tempo pessoal e universal que atrai e cativa seus leitores através dos tempos. Se a obra de Guimarães Rosa tem entre seus temas recorrentes a Travessia do ser humano, Campo Geral é a narração da Travessia do menino Miguilim. Uma Travessia iniciada, apenas... Miguilim – inacabado “Cada criatura é um rascunho a ser retocado sem cessar” (Guimarães Rosa) A releitura de Campo Geral que está sendo proposta pela Semente Companhia de Teatro agarra, justamente, o mote do ser humano como ser em travessia, em constante aprendizado.
Miguilim é a criança dentro de cada um de nós: ora cercada pela alegria da vida, ora desafiada pela presença da morte; mas sempre aberta para a beleza do mundo – “Mutum é lindo”, como diz o protagonista.
A gama de personagens que circundam o Menino é diversa em amor e sabedoria: o carinho da mãe Nhanina e do Tio Terez destoam da rispidez do pai Bernardo que, no entanto, também quer bem aos filhos; a religiosidade ancestral de Mãitina destoa das crenças de Vó Izidra, mas o atrito gerado pela convivência entre as duas gera a faísca do Sagrado para Miguilim; a sapiência do irmão Dito destoa de sua tenra idade, mas é por meio dela que o protagonista vai aprender a lição mais preciosa de todas: “A gente pode ficar sempre alegre, alegre, mesmo com toda coisa ruim que acontece acontecendo.”
O espetáculo Miguilim inacabado é um convite à reflexão sobre nossas origens, sobre a infância sagrada que alimenta nossos sonhos durante toda a vida e não deixa que nossa criança interior pereça frente às “coisas ruins” que acontecem no mundo. Além, claro, de ser um convite à leitura da obra deste grande brasileiro que está entre os autores da Literatura Universal, João Guimarães Rosa."
Ficha Técnica
Encenação e Direção: Valdeci Moreira e Ricardo César
Dramaturgia: Valdeci Moreira e Sara Tavares
Elenco: Leo Thilé, Jura Camilo, Jussy Nascimento, Sara Tavares, João Camargo, Crys Lira, Thiago Bellargo, Murillo Medeiros e Matheus Trindade.
Cenário e figurino: Ricardo César
Iluminação: Valdeci Moreira
Sonoplastia: O grupo
Cabelo e Maquiagem: o grupo
Arte Gráfica: Wilton Oliveira
Fotografia: Luiz Alves, Marli Trindade
Texto: Baseado na obra Corpo de Baile - de Guimarães Rosa
Produção: Marli Trindade – (61) – 8415-2782 – 8126-1989
Telefones Valdeci Moreira: (61) 3385-3439 - 9817-8156 – 8181-2556
E-mail: valdecimsouza@gmail.com e sementeciadeteatro@gmail.com
Classificação: 14 anos
“Que Deus abençoe a Samarco”, diz presidente da Assembleia capixaba
November 24, 2015 9:21Deputado Theodorico Ferraço (DEM) recebe diretor da mineradora, elogia histórico da empresa e deseja que ela “continue dando muita felicidade ao povo do Espírito Santo”
Por Alceu Luís Castilho (@alceucastilho)
O jornal Século Diário divulgou um vídeo gravado na terça-feira (17), na Assembleia Legislativa do Espírito Santo, entre deputados estaduais e um diretor da Samarco, Roberto Carvalho. O presidente da Casa, Theodorico Ferraço (DEM), chega a pedir para Deus abençoar a Samarco:
– Voltem sempre, estamos aqui à disposição dos senhores, que Deus abençoe a Samarco e ao povo, que está em sofrimento neste momento. Sabemos dos compromissos da empresa com o Espírito Santo e com o Brasil. Desejamos que a Samarco possa sobreviver e dar muita felicidade ainda ao povo do Espírito Santo.
O diretor comercial da empresa, Roberto Carvalho, aparece no vídeo dizendo que nunca houve um acidente desse tipo no mundo. “Com o rompimento integral da barragem, parece que não”, afirma, em resposta ao presidente da Comissão de Meio Ambiente, deputado Rafael Favatto (PEN).
Outro vídeo mostra o deputado Enivaldo dos Anjos (PSD) questionando duramente o diretor: “Vocês são criminosos“. “Não dá para entender como uma empresa como a Samarco pode estar surpresa”, afirmou. “Vocês destruíram um rio, mais de mil quilômetros de rio, toda uma história de vida de pessoas, e vão dizer que estão surpresos? Em todo lugar que vocês chegam constroem e dane-se quem estiver na frente?”
O diretor responde que não são conhecidas as causas e que a barragem não sinalizava “hora nenhuma” que poderia se romper. Ele afirma que a prioridade no momento é humanitária, “tratar o impacto nas pessoas, trabalhadores da Samarco, pessoas da comunidade, para depois atacar essa questão da causa e da responsabilidade”.
Concurso Nacional Novos Poetas. Prêmio Poetize 2016
November 24, 2015 8:50Estão abertas as inscrições para o Concurso Nacional Novos Poetas, Prêmio Poetize 2016.
Podem participar do concurso todos os brasileiros natos ou naturalizados, maiores de 16 anos.
Cada candidato pode inscrever-se com até dois poemas de sua autoria, com texto em língua portuguesa.
O tema é livre, assim como o gênero lírico escolhido. Serão 250 poemas classificados.
A classificação dos poemas resultará no livro, Prêmio Poetize 2016. Antologia Poética.
Concurso Literário e uma importante iniciativa de produção e distribuição cultural,
alcançando o grande público, escolas e faculdades.
Inscrições gratuitas até 05 de dezembro de 2015, pelo site: www.premiopoetize.com.br
Realização: Vivara Editora Nacional
Apoio Cultural: Revista Universidade
Tatuagens constituem risco de saúde incalculável
November 24, 2015 8:37![]() |
Segundo FDA, cerca de 25% dos americanos têm tatuagem |
Entre química e impurezas, desenhos corporais injetam no organismo um sem-número de substâncias tóxicas, muitas vezes nem testadas.
Especialistas presumem que sejam cancerígenas, mas não há estudos nem leis suficientes.
Quem gostaria de injetar alguns gramas de verniz de carro sob a pele? Ou um pouco de fuligem resultante da combustão de petróleo ou alcatrão?
Provavelmente ninguém. Mas isso é o que recebem todos os que se deixam tatuar. "Os pigmentos para tatuagens contrastantes e de longa duração foram desenvolvidas para cartuchos de impressora e tintas de automóveis", revela Wolfgang Bäumler, professor do Departamento de Dermatologia da Universidade de Regensburg, em entrevista à DW.
Acima de tudo, as tintas de tatuagem não foram desenvolvidas para estar sob a pele. Grandes empresas químicas fabricam toneladas de pigmentos coloridos, principalmente para fins industriais; empresas pequenas os compram e transformam em produtos para tatuagem.
"As substâncias nunca foram testadas para aplicação subcutânea", diz à DW Peter Laux, do Instituto Federal Alemão de Avaliação de Riscos (BfR) em Berlim. "A própria grande indústria diz que, na verdade, os pigmentos não são feitos para isso."
Da pele para o organismo inteiro
Wolfgang Bäumler acrescenta que as tintas de tatuagem precisam ser "brutalmente insolúveis em água". Isso já torna a prática perigosa, pois o corpo não tem como se livrar facilmente delas. De acordo com um recente estudo americano, apenas dois terços dos produtos utilizados nas tatuagens permanece sob a pele: o restante se espalha pelo corpo.
"As substâncias vão para o sangue, para os nódulos linfáticos, os órgãos, e vão parar em algum lugar. Onde, exatamente, não se tem ideia", relata o dermatologista.
Arco-íris de produtos químicos
Os produtos químicos para as cores vermelho, laranja e amarelos são compostos azólicos – substâncias orgânicas com uma má reputação, que costumam desencadear alergias. Algumas delas, como o Pigment Red 22, podem se decompor, se a tatuagem for exposta á luz solar, diz Bäumler. Os compostos resultantes são tóxicos e cancerígenos.
Compostos chamados ftalocianinas, que resultam em azul e verde brilhante, geralmente contêm cobre e níquel. Também nos pigmentos marrons com óxidos de ferro, muitas vezes há presença de níquel. O metal provoca alergias de contato em muitas pessoas e é proibido em cosméticos. Nos produtos para tatuagens, contudo, ele continua sendo frequente.
Tatuagens pretas, por sua vez, são feitas com derivados de um material chamado Carbon Black. Ele nada mais é do que fuligem industrial, produzida quando a indústria química queima petróleo, alcatrão ou borracha.
Impurezas cancerígenas
No entanto os especialistas salientam que não só as cores são perigosas. "Além dos elementos corantes, produtos para tatuagem podem também conter outras substâncias, como solventes, espessantes, conservantes e diversas impurezas", adverte o BfR.
De acordo com Peter Laux, impurezas são a regra, não a exceção. "Os departamentos regionais de diagnóstico se queixam regularmente sobre a qualidade química das substâncias para tatuagem que eles controlam."
Entre essas impurezas, os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos são particularmente perigosos. Formados durante as combustões incompletas, também na produção de fuligem, muitos são comprovadamente cancerígenos. Nas tintas pretas para tatuagem, estão muitas vezes presentes em concentrações acima do limite recomendado.
"Consta que os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos se desprendem continuamente durante o processo de tatuagem e se espalham pelo corpo. Os níveis medidos são um risco sério à saúde e segurança dos consumidores", adverte o BfR.
Laux acrescenta que "também há no mercado substâncias para tatuagens que cumprem os requisitos". No entanto, é difícil para o consumidor definir qual substância é boa e qual não.
Regulamentação insuficiente
Na Alemanha e em muitos outros países, as substâncias para tatuagens não são consideradas nem medicamentos nem cosméticos – e aí reside o problema. Porque esses produtos precisam atender determinados requisitos antes de poder sequer entrar no mercado. No caso dos medicamentos, análises de segurança mostram o que acontece exatamente com uma substância no corpo, como ela é metabolizada, e quais outras substâncias podem se formar a partir dela. Para as tatuagens, não há tais regulamentações.
Em 2008, o Conselho Europeu expediu uma resolução determinando o controle mais rigoroso dos produtos para tatuagens, e muitos países implementaram leis e regulamentações concernentes. Mas, de acordo com Peter Laux, todas são insuficientes.
Uma portaria relativa a substâncias de tatuagem de 2009 proíbe na Alemanha o uso de certas substâncias, e uma lista especifica exatamente o que é proibido. "Todas as demais substâncias são permitidas, mesmo produtos químicos que acabam de ser desenvolvidos por um fabricante e nunca foram previamente testados."
"Precisamos criar listas positivas", reivindica Laux. Isso significa, que ao invés de substâncias proibidas, a portaria deveria conter as permitidas que tiveram a sua segurança comprovada.
Incerteza é única certeza
Até mesmo tatuadores profissionais concordam que a situação não é satisfatória. "Em nossa opinião, no momento as tintas de tatuagem não são realmente seguras", admitiu Andreas Schmidt, vice-presidente da associação Tatuadores Alemães Organizados, num simpósio em Berlim sobre a segurança dos produtos empregados.
Ele exige testes toxicológicos para os componentes, mas acrescenta: "Estamos otimistas de que há apenas alguns problemas com as tintas, caso contrário haveria mais reclamações de clientes e mais matérias em jornais e revistas".
No entanto, os especialistas lembram que o câncer muitas vezes precisa de décadas para se desenvolver, e a conexão não é tão fácil de provar.
Até agora, as substâncias para tatuagens não são testadas quanto a seus riscos. Faltam estudos em seres humanos, de curto quanto e de longo prazo. Experimentos em animais são proibidos. O dermatologista Bäumler foi judicialmente impedido de efetuar um teste de produtos de tatuagem em porcos. "A justificativa foi que as pessoas que se deixam tatuar o fazem voluntariamente", conta.
Portanto, ninguém ainda pode afirmar ainda se tatuagens são prejudiciais à saúde ou não. Talvez provoquem câncer – talvez não.
Peter Laux arremata que cada um deve decidir por si se quer fazer uma tatuagem ou não – o BfR não faz nenhuma recomendação. "Até agora só sabemos que não há qualquer garantia de que as substâncias para tatuagens sejam seguras para a saúde."
fonte dw.com
Rio Doce: Não foi acidente. Foi violência
November 24, 2015 7:56![]() |
Onda de lama invade Rio Doce na cidade de Resplendor (ES) |
A aliança entre o Estado brasileiro e o capital é uma máquina de matar e deixar morrer
por Rosana Pinheiro-Machado
Sempre que eu vou a Porto Alegre é a mesma coisa. O taxista reclama que não pode fazer o caminho que ele quer porque um trecho da Avenida Anita Garibaldi ainda está fechado. Uma rua ia ser alargada para a Copa do Mundo, mas, no meio da obra, descobriu-se que não se podia mais continuar perfurando por que encontravam (veja bem) uma rocha no meio do caminho. Tudo ficou mais caro.
A Prefeitura dizia que é culpa da empresa, que deveria ter previsto o problema, mas a empresa queria que a prefeitura cobrisse o valor extra da obra. Aquele velho empurra-empurra. O buraco e seus desvios já viraram parte da paisagem da cidade. A obra está ali, já fazendo aniversário de três anos. E a sensação de todos que passam por tantas obras inacabadas ou malfeitas no Brasil é que elas nunca serão plenamente concluídas. E quem tem a sua vida transtornada somos todos nós – verdadeiros palhaços de um circo chamado Estado.
A velha aliança que se perpetua entre o Estado brasileiro e o capital – às vezes competindo, às vezes cooperando, mas sempre lucrando – é uma máquina de matar e deixar morrer. A estrutura burocrática e reguladora brasileira nos irrita, nos machuca e nos desrespeita. Mas esse modus operandi causa muito mais do que horas trancadas no trânsito ou a desilusão de ver uma cratera estampada. Ele também produz dor, sofrimento e morte.
Valores para as campanhas? Licitações facilitadas. Mais uma ponte caiu. A obra está cara? O Estado não fiscaliza? Mais uma barragem se rompeu. A empresa aérea sofre uma crise e cortam-se os custos da manutenção? Quem fiscaliza? Mais um avião caiu.
Choveu e abriu buraco na estrada? Passe-se aquele cimento mais barato. Assim, quando chover de novo, o Estado paga para tapar os buracos e a empresa ganha sempre. Afinal de contas, para que investir em material duradouro se o Brasil é país tropical em que quase nunca chove forte? O resultado dessa ganância é perverso: acidentes, corpos mutilados e vidas interrompidas por causas que poderiam ter sido evitadas, mas que são naturalizadas como “acidente”.
Não se trata de acidente. Trata-se de um crime praticado pelo Estado e pelas empresas que deveriam ser controladas pelo Estado, mas que, na verdade, controlam o Estado.
Trata-se, portanto, de violência estrutural – conceito adotado por antropólogos como Veena Das, Arthur Kleinman, Paulo Farmer e Akhil Gupta para dar visibilidade a uma forma de sofrimento causado por estruturas sociais: pelo descaso, pela corrupção e pela ausência do Estado na fiscalização (o mesmo Estado que sabe fazer-se onipresente e ostensivo quando se trata de correr atrás de camelô por que os lojistas da cidade estão pressionando).
A dor causada a milhares de pessoas e a morte de milhares ou milhões de animais ao longo do Rio Doce não foram acidentais. Não foi um desastre natural inevitável. Violência não é apenas o ato deliberado de força, mas também os atos invisíveis da incompetência ou má fé judicial, política e administrativa. É preciso nomear claramente esta tragédia. Uma vez que admitimos que o que ocorreu na obra da Samarco (uma parceria da BHP e da Vale) foi um ato de violência – produzida pelo descaso e a ganância que “deixa morrer” – é preciso identificar os culpados, que, neste caso, são agentes específicos do mercado e das agências controladoras do Estado.
Não foi acidente. Não foi seleção natural. E a população brasileira não faz parte desse jogo em que se acredita que “os políticos corruptos são reflexo de um povo corrupto”. O taxista de Porto Alegre continua a se indignar, todos os dias. Eu me indigno. Você se indigna. Nós nos sentimos desrespeitados e impotentes.
As mídias sociais encorajam e nos ajudam a encontrar aqueles outros milhões de perdidos que também não querem esquecer. Não há milagre para romper com esse ciclo de violência estrutural que se perpetua na sociedade brasileira. Podemos contar somente com a mobilização e o engajamento no projeto democrático – que ainda estamos construindo às duras penas, mas que não desistiremos tão fácil. Por ora, cabe a nós entoar o grito “não foi acidente”, pressionar por medidas reparadoras e acompanhar a implementação.