Semana perfeita, se encerra com vitória da democracia
December 17, 2015 23:26Semana perfeita, se encerra com vitória da legalidade, da democracia, da sociedade e do País:
Por Antonio Celso Ferreira
1) STF julgou inconstitucional a comissão do Impeachment com chapa avulsa e voto secreto.
2) STF assegurou a palavra final para a abertura do processo ao Senado.
3) Protestos golpistas foram um retumbante fiasco.
4) Movimentos sociais colocaram mais cidadãos e cidadãs nas ruas do que os golpistas.
5) O PGR pediu oficialmente o afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
6) Renan peitou Temer e Leonardo Picciani retomou a liderança do PMDB na Câmara. A maioria do principal partido da base se desvencilhou do golpe e apoia governo.
7) Joaquim Levy, ministro da Fazenda, acaba de se despedir da cadeira no Conselho Monetário Nacional, praticamente confirmando sua saída da direção da economia brasileira.
8) Anfavea e Abimaq se opuseram à posição oficial da Fiesp pelo golpe e mostraram que parte do empresariado está contra o Impeachment e com Dilma.
9) O Congresso Nacional aprovou orçamento para 2016 com redução da meta fiscal, sem corte nas políticas sociais e com a CPMF mantida para recompor as contas públicas.
10) O TCU começou a rever a responsabilidade da presidenta Dilma sobre a falácia das "pedaladas fiscais".
11) Ex-presidente do PSDB, Eduardo Azeredo, foi condenado pelo mensalão tucano a mais de 20 anos de prisão.
12) Lava-Jato chegou aos desvios na Petrobrás praticados pelo PSDB nos governos FHC, abrindo mais de 10 denúncias.
13) Enquanto as agências de risco rebaixaram o Brasil, o presidente dos EUA declarou imprescindível o papel do Brasil para o acordo climático na cúpula de Paris.
“Não vai ter golpe”, garantiram os manifestantes em Brasília
December 17, 2015 15:15![]() |
Foto Joaquim Dantas |
O som da Bateria Democrática e Socialista acompanhou o tom das palavras de ordem que puxaram a grande marcha que encheu as ruas de Brasília, na noite desta quarta-feira (16), contra o golpe e o ajuste fiscal e pelo #ForaCunha.
Milhares de pessoas saíram do estádio Mané Garrincha, após a solenidade de abertura da 3ª Conferência Nacional da Juventude, em marcha até o Congresso Nacional, gritando “Não vai ter golpe”.
Por Márcia Xavier
Mas não foram só os jovens que participaram da marcha – crianças, adultos e idosos, vestidos de vermelho, portando faixas, balões – e com a voz fizeram coro a todas as outras manifestações que aconteceram durante o Dia Nacional de Luta contra o impeachment, realizado em todo o país, nesta quarta-feira.
O pedido de cassação do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), dividiu, com a defesa da democracia, os pedidos dos manifestantes na marcha. “Ai, ai, ai, ai, empurra o Cunha que ele cai”, cantavam. Na avaliação dos organizadores da Marcha, Cunha é o principal articulador do golpe contra a presidenta Dilma, contra quem não há nenhuma comprovação de crime praticado.
O impeachment, sem base jurídica, motivado por razões oportunistas e revanchistas do presidente da Câmara, é um atentado contra a democracia brasileira, disseram em discursos os organizadores da marcha. Atos idênticos aos decretos de Dilma que agora são questionados foram aprovados normalmente nas contas dos governos Lula e FHC.
Convocada por movimentos sociais, estudantis, sindicatos, partidos e entidades da sociedade civil, a marcha também criticou a atual política econômica implementada pelo governo federal. As entidades que organizam o ato têm lutado desde o início do ano contra a imposição do ajuste fiscal, que tem aprofundado no país as consequências da crise econômica mundial e gerado desemprego, cortado investimentos sociais e retirado direitos dos trabalhadores.
Em marcha por direitos
Berenice Darc, 41 anos, professora, de Brasília, disse que estava na marcha por acreditar que “essa marcha é um grande espaço e importante momento para a população do Distrito Federal mostrar da importância da democracia e a valorização do voto do povo brasileiro. As urnas disseram que nós elegemos uma mulher presidente e não é através de golpe que vão tirar o valor do nosso voto”.
Ela, a exemplo dos outros manifestantes, afirmou que não é só em defesa da presidenta Dilma que marchavam, mas em defesa de um projeto de Estado democrático. “Queremos garantir os espaços que conquistamos, saímos da invisibilidade – as minorias, nós queremos avançar e não retroceder.”
Amanda Specht, 20 anos, estudante, do Rio Grande do Sul, disse que participava da marcha pelos trabalhadores e pela juventude. “Dar apoio à galera. E à presidenta Dilma contra o impeachment.”
Paulo César Ramos, 63 anos, agricultor, na Cidade Ocidental, no entorno de Brasília, disse que participava da marcha “em defesa dos nossos direitos e do governo que conseguimos democraticamente eleger. Os direitos que estão garantidos por esse governo e eles querem tomar na marra”, disse, lamentando que nem todos que queriam participar tenham conseguido ir à marcha. “A grande maioria dos brasileiros queria estar aqui com a gente.”
Desemprego cai e varejo se recupera em novembro
December 17, 2015 15:07Da Fundação Perseu Abramo
Os dados sobre o desemprego e o comércio varejista para o mês de novembro vieram positivos, surpreendendo alguns analistas. A taxa de desemprego medida pelo IBGE apresentou redução de 7,9% da População Economicamente Ativa (PEA) em outubro para 7,5% em novembro. Esse resultado ocorreu devido à estabilização no tamanho da população desocupada (1,8 milhão de pessoas) em relação ao mês anterior. As comparações com o mesmo mês de 2014, no entanto, permanecem bastante negativas, com queda no nível de ocupação (-3,7%), aumento no número de desocupados (53,8%) e piora do nível de desocupação (de 4,8% para os atuais 7,5%). Apesar da queda da desocupação, o rendimento médio real habitual apresentou queda de 1,3% na comparação mensal e 8,8% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Já o comércio varejista apresentou reação no mês de novembro, com crescimento de 0,6% no varejo restrito, em grande medida puxado pela alta da venda de alimentos em supermercados. Apesar da melhora pontual, o comércio varejista apresenta queda de 3,6% no ano e 5,6% na comparação com o mesmo período de 2014.
Comentário: A melhoria de alguns índices inflacionários, de emprego e setoriais em novembro não deve ser olhada como a reversão de uma tendência recessiva, mas certamente representa um alento para o governo em um momento político delicado. A melhoria na inflação deve prosseguir no primeiro trimestre de 2016, com a substituição no acumulado de doze meses do período inicial de 2015 pelo período inicial de 2016, que terá inflação mais baixa. Apesar disso, a indexação certamente jogará um papel importante e a queda da inflação não deve ser tão imediata, fazendo com que as expectativas inflacionárias para o próximo ano permaneçam acima do teto da meta. Já no campo do emprego e da atividade, nada leva a crer que haverá uma mudança na direção da recessão nos próximos meses, sendo possível apenas um alívio temporário em função das festas de fim de ano. O problema real será reverter a tendência recessiva em 2016, uma vez que o ano já terá início com elevada taxa de desemprego e queda da renda. Para reverter este cenário, o governo precisa primeiro superar a tentativa de impeachment, normalizando a situação política e, se valendo deste novo momento, propor uma nova estratégia de crescimento para a economia brasileira. Superar o impeachment e o debate vencido sobre ajuste recessivo (que já cumpriu sua função) é a chave para o país voltar a crescer em 2016.
Quarenta e cinco Sem Terra se formam em Medicina Veterinária, no RS
December 17, 2015 15:03Formatura acontece nesta sexta-feira (18), oito anos após realização do vestibular.
Por Catiana de Medeiros
Da Página do MST
Depois de cinco anos de trabalhos acadêmicos e pesquisa prática, 45 alunos da 1ª Turma Especial do Curso de Medicina Veterinária para assentados da Reforma Agrária no Brasil colam grau nesta sexta-feira (18), no município de Pelotas, na região Sul do Rio Grande do Sul. Ela terá como patrono o deputado Adão Pretto (in memoriam).
A Turma Especial de Medicina Veterinária é uma parceria entre o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e a Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), onde ocorreram as aulas, através do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera). A segunda turma iniciou com 60 alunos, em 2013.
A cerimônia de formatura começa às 17h no Theatro Guarany, no Centro de Pelotas. Depois das 21h será realizada uma festa de confraternização e em comemoração à conquista do curso, no Clube Centro Português 1º de Dezembro.
Os formandos são agricultores assentados, acampados e filhos de beneficiários da Reforma Agrária de seis estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Ceará.
Para o dirigente nacional do MST, Cedenir de Oliveira, cursos superiores como o de Medicina Veterinária, conquistados através de luta do Movimento, “são ferramentas fundamentais para ajudar na implementação da Reforma Agrária Popular no país, que, além de ser uma estratégica política do movimento, é uma forma de gerar desenvolvimento com a produção de alimentos saudáveis para a população brasileira”.
As atividades também integram a 5ª Semana Adão Pretto, que tem como objetivo comemorar a memória do deputado que ajudou a fundar o MST e completaria 70 anos em 2015.
Oito anos depois
O curso começou a ser pensado ainda em 2005 pelo MST, quando foi encaminhado um projeto para a capacitação de jovens em Medicina Veterinária ao Pronera. No ano de 2007 ocorreu a assinatura do convênio e foi realizado vestibular para o ingresso de 60 acadêmicos.
Porém, o Ministério Público de Pelotas entrou com uma ação civil contra a realização do curso e as aulas iniciaram apenas quatro anos depois, no primeiro semestre de 2011, após longa disputa judicial que terminou com o parecer favorável do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ao Incra no final de 2010.
As aulas iniciaram em regime de alternância, ou seja, os estudantes passavam de 80 a 120 dias na Universidade e depois mais dois meses nas suas comunidades, realizando trabalhos acadêmicos e de pesquisa prática.
O que podemos aprender sobre traição e violência com o caso de Fabíola?
December 17, 2015 14:58Por Nathalí Macedo
O caso da mineira que traiu o marido com seu melhor amigo deveria ser só mais um adultério a ser tratado entre quatro paredes, no mais íntimo da vida conjugal do casal, mas acabou viralizando na internet quando o marido traído filmou a cena e espalhou o vídeo nas redes sociais.
Na filmagem, ele – que flagrou a esposa saindo do motel com seu melhor amigo – agride a esposa enquanto um outro amigo filma a cena e incita a briga.
O que choca na situação não é a desnecessária publicidade de uma questão íntima: isso transformou-se em uma praxe mais natural do que deveria na internet. As pessoas deturpam a finalidade das redes sociais quando expõem-se desnecessariamente nas mais esdrúxulas situações.
O que me deixou realmente estupefata na mais nova bizarrice das redes sociais é a naturalidade com que um homem, em pleno século XXI – quando as discussões sobre violência contra a mulher estão a todo o vapor – publiciza uma agressão física na rede sem nenhum tipo de represália.
O enfoque da viralização do vídeo não é a agressão pública – física e verbal – sofrida pela mulher, exposta e agredida em plena rede – mas a condenação moral pela traição – que, embora reprovável, não diz respeito a ninguém mais além dos envolvidos. A agressão, ao contrário, é recebida como natural, uma reação justa e proporcional ao adultério.
As pessoas estão tão preocupadas em julgar a vida íntima alheia que não se dão conta do quão absurdo é agredir uma mulher e levar isso a público sem medo das conseqüências.
Acaso um homem fosse flagrado saindo de um motel com a melhor amiga de sua esposa, este seria apenas mais um dia comum na internet. A indignação, caso houvesse, certamente se concentraria na amiga que “deu em cima de um homem comprometido”, ou na esposa omissa que foi traída porque “não dá conta de segurar um homem” – jamais na figura do pobre homem adúltero. Afinal, a carne é fraca e os ‘instintos masculinos’ justificam a traição.
Mas quando uma mulher é flagrada traindo seu marido, a moralidade seletiva impera de tal forma que até mesmo a violência física escancarada nas redes sociais é ignorada diante do ‘absurdo’ do adultério.
As pessoas respeitam a vida íntima do outro quando ouvem um vizinho agredindo sua esposa (não vou chamar a polícia, eles que se resolvam!), quando assistem a um relacionamento abusivo (só ela pode se livrar do marido opressor!) – mas quando presenciam o ‘erro’ de uma mulher, esquecem-se da sagrada intimidade conjugal e julgam-na nas redes sociais.
Este é o retrato da hipocrisia moderna: a vida sexual do outro indigna, a violência não. O que esperamos de uma sociedade tão moralista é que empenhe toda esta retidão para meter a colher nos relacionamentos agressivos e opressores, mas a moralidade do patriarcado só se aplica à mulher.
Não estamos aqui para determinar se traição é ou não reprovável – por mais natural que seja escancarar a própria vida na internet, não podemos nos quedar diante desta realidade: a vida sexual do outro não nos diz respeito. A violência, sim.
Sobre o Autor
Colunista, autora do livro "As Mulheres que Possuo", feminista, poetisa, aspirante a advogada e editora do portal Ingênua. Canta blues nas horas vagas.