Historiador norte-americano desmente “terror” de Stálin
diciembre 19, 2015 11:42A pesada artilharia ideológica do revisionismo e da Guerra Fria contra Stálin e suas realizações na construção do socialismo na União Soviética ainda hoje se faz sentir. Não é verdade que o mero distanciamento no tempo nos permite ver com mais clareza o que se passou, como lemos tantas vezes nas capas de dezenas de livros burgueses sobre o período.
Não nesse caso. Conforme nos ensina Lênin, não existe neutralidade numa sociedade dividida em classes, e, por isso, não é de se esperar que autores burgueses mudem seu ponto de vista com o passar dos anos.
Glauber Athayde, Belo Horizonte
No Portal A Verdade
No entanto, isso não impede que alguns lampejos de lucidez e honestidade intelectual possam ser encontrados entre historiadores não-marxistas que estudam a questão, como é o caso de Robert W. Thurston, professor de História na Universidade de Miami, em Oxford, Ohio, EUA, e autor da obra Life and terror in Stalin’s Russia – 1934-1941 (Vida cotidiana e terror na Rússia de Stálin, em tradução livre), ainda sem tradução para o português.
Ao analisar o período comumente referido como o mais repressivo na história da URSS, que foi entre 1934 e 1941, Thurston afirma que Stálin, ao contrário do que é propagandeado pela academia burguesa, nunca teve a intenção de aterrorizar o país e que não tinha nenhuma necessidade disso. Ao contrário, afirma o historiador, as grandes massas da população soviética não só acreditavam que as mudanças em curso no país eram uma real busca por inimigos internos, como essas mesmas massas colaboravam com o Governo revolucionário nesta tarefa.
Thurston inicia seu livro mostrando que, após um conturbado início de século, ao passar por duas revoluções, uma Guerra Mundial e uma Guerra Civil, o Governo soviético começou a “relaxar” no início da década de 1930, no sentido de introduzir reformas no sistema penal e atenuar as práticas punitivas. Entre os vários exemplos utilizados pelo historiador, encontramos neste ponto o relato de que Stálin e Molotov, em 1933, ordenaram a libertação de nada menos que metade de todos os camponeses que haviam sido presos por questões ligadas à coletivização. Em agosto de 1935, o Governo declarou anistia a todos os trabalhadores condenados a menos de cinco anos e que estavam trabalhando “honradamente e com boa consciência”. Mas, a despeito de todas as positivas ações que vinham sendo tomadas neste sentido, novos acontecimentos fizeram com que essa tendência fosse bruscamente interrompida.
A partir do assassinato de Kirov, em 1934, uma rede conspirativa foi identificada no alto escalão do Governo e do Exército soviéticos. Segundo Thurston, havia realmente um bloco trotskista em atividade na URSS; Bukharin tinha conhecimento de um centro articulado contra Stálin; pelo menos um dos seguidores de Bukharin mencionou matar Stálin; e informações de origens distintas confirmavam um complô no Exército articulado por Tukhachevsky. Assim, todas as evidências apontam para o fato de que as ações do Governo, desse momento em diante, foram uma reação a eventos que se passavam no país, e não uma política deliberada e imotivada de repressão, como defende a historiografia burguesa.
Esta reação do Governo foi levada a cabo em grande parte pela chamada Polícia Política, a NKVD. Mas, ao contrário da fantasia burguesa devaneada no livro 1984, do trotskista George Orwell, a NKVD, segundo Thurston, estava longe de ser uma organização “onisciente” e “onipotente”, uma espécie de “Grande Irmão”. Segundo o historiador, essa organização dependia tanto das informações quanto da colaboração dos cidadãos soviéticos. Assim, a chamada Polícia Política, apontada na historiografia burguesa como uma consequência de um “desequilíbrio mental” de Stálin, foi, na verdade, uma criação da própria sociedade e da história soviéticas. Thurston cita como evidência o fato de que simples cidadãos podiam não somente influenciar a NKVD em algumas detenções, como também tinham o poder de até mesmo impedir algumas delas. Segundo Thurston, “nem Stálin e nem a NKVD agiram independentemente da sociedade”, embora esta organização tenha, de fato, cometido erros e excessos sob a liderança de Ezhov, afastado do cargo e julgado posteriormente.
Este último ponto é de vital importância. A historiografia burguesa superdimensiona as exceções e lhe dão o status de regra, querendo indicar, com isso, que a maioria dos prisioneiros do período eram inocentes. Uma consequência de tal cenário seria que a maioria da população viveria então permanentemente atemorizada, com receio de ser presa a qualquer momento, por nada.
“Ninguém pode julgar quantas pessoas temiam o regime no final de década de 1930… mas abundantes fontes revelam… que a resposta a essa situação era limitada… Tal temor ocorria dentro de certas categorias da população…”, afirma Thurston. Seja qual for o momento analisado entre 1934 e 1941, um temor ao Governo era certamente menos importante do que a crença de que as autoridades buscavam identificar inimigos reais do país. Sobreviventes do período reforçam repetidamente este ponto de vista. Pelo menos entre 1939 e 1941 é possível afirmar, com segurança, que os trabalhadores urbanos da URSS exibiam patriotismo, apoio à liderança de Stálin e confiança no seu direito e na sua capacidade de criticar importantes aspectos da situação.
Apoio do povo ao Governo soviético
Outro ponto de destaque na caricatura traçada pela burguesia sobre o Governo de Stálin é a questão da falta de liberdade de crítica. Vão de encontro a isso, no entanto, os inúmeros exemplos citados por Thurston de organizações dos próprios trabalhadores que tinham como objetivo discutir e criticar aspectos de suas vidas nas fábricas e no país. Uma dessas formas era através dos jornais das fábricas, nos quais qualquer trabalhador poderia contribuir. O jornal da fábrica de Voroshilov, em Vladivostok, por exemplo, recebeu mais de duas mil cartas para publicação somente no primeiro semestre de 1935.
Mas o principal teste do Governo de Stálin foi a resposta da população à Segunda Guerra Mundial. Segundo Thurston, não houve deserção em massa durante a guerra. A principal característica do Exército Vermelho foi sua assombrosa determinação de vencer, e essa foi a razão pela qual venceu. Assim, apesar de todos os erros que podem ter ocorrido nos processos do chamado “terror” no final dos anos 1930, a Segunda Guerra Mundial foi, segundo Thurston, o “teste ácido” de todo o período de Stálin, no qual não apenas os soldados do Exército Vermelho lutaram com toda determinação, como os trabalhadores que ficaram no país continuaram a produzir, em situações muitas vezes dificílimas, as armas, os tanques e os armamentos necessários para a vitória.
Crônica de um desastre climático anunciado
diciembre 19, 2015 11:23![]() |
Grafite no Jardim Ângela, SP |
A mudança climática existe e é grave. Figuras mais ou menos, todas as análises convergem: para evitar continuar aquecendo o planeta com impactos devastadores insta reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa (GEE), conseqüência do sistema de produção e consumo de combustíveis fósseis, como petróleo, gás e carvão.
Por Silvia Ribeiro - La Jornada, México
Os itens que mais emitem gases de efeito estufa são mineração e geração de energia, agro-industrial sistema de incluindo alimentos desmatamento e mudança no uso do solo, construção e transporte.
No entanto, as reduções necessárias e como garantir que os maiores responsáveis (países e empresas) para parar de poluir a atmosfera de cada um e minam o futuro dos nossos filhos e filhas, não está na agenda do próximo encontro mundial sobre o clima a ser realizada em Paris, em dezembro.
Em vez disso, a Conferência das Partes 21 (cop21) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) satisfazer as duas primeiras semanas de dezembro fornece tolera um sistema de ações voluntárias, as contribuições de previdência e certo nível nacional (ou INDC DDIS, por sua sigla em Inglês), sem compromissos vinculativos e supervisão internacional real, legitimando soluções novas tecnologias falsas e perigosas. Passagem vai acabar de enterrar o processo de negociação multilateral para resolver esta crise global.
O precedente para este negócio seguinte, eu não consigo me lembrar (sobre a legalização cada país fazer o que quiser) foi o Protocolo de Kyoto, um acordo internacional vinculativo que estabeleceu que os principais países responsáveis pela maioria dos gases de efeito estufa, reduzido em cinco por cento as suas emissões abaixo do nível de 1990. A emissão total foi, em seguida, 38 giga toneladas equivalente de dióxido de carbono anual (equivalente porque há outros gases de efeito estufa). Estados Unidos, e segundo principal emissor histórico atual, nunca assinou o Protocolo de Quioto e continuou a aumentar as suas emissões. Até 2010, as emissões globais, em vez de para baixo, tinha subido para 50 toneladas giga anualmente. Nesse ano, a China tornou-se o primeiro emissor, agora com 23 por cento do total, seguido por Estados Unidos (EUA), com 15,5 por cento. Mas acumulada, UE é responsável por 27 por cento das emissões desde 1850. Com 5 por cento da população mundial usa 25 por cento das emissões globais de GEE e de energia per capita são mais de 100 mil toneladas por pessoa, enquanto na China Eles são 85 toneladas por pessoa. Note-se que o desenvolvimento atual da China segue o mesmo modelo destrutivo de produção e consumo industrial, com crescentes lacunas de desigualdade interna.
Esta nova realidade de emissões dos países emergentes disse que a principal demanda histórica que todos deveriam reduzi-los embora tivessem emissores nunca fiz. Eles bloquearam uma nova fase do Protocolo de Quioto e aproveitou a oportunidade para minar o princípio de responsabilidades comuns, mas diferenciadas, que tinha sido um pilar da UNFCCC.
Sarney tem digitais gravadas na tentativa de golpe contra Dilma
diciembre 19, 2015 10:40Não é de hoje que o ex-senador José Sarney (PMDB) está tentando apunhalar a presidente Dilma Rousseff. Nas últimas eleições presidenciais, ele chegou até mesmo a tirar uma foto na urna eletrônica onde votava no tucano Aécio Neves (PSDB), embora mentisse apoio a Dilma Rousseff (PT).
Insatisfeito com a vitória da petista, Sarney mobilizou seus aliados para desestabilizar a presidente. O rompimento do presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB), com o governo teve apoio de Sarney e foi acompanhado de perto pelo deputado federal Hildo Rocha (PMDB), um dos homens de confiança do ex-senador na Câmara Federal.
Hildo Rocha chegou inclusive a defender o golpe contra Dilma Rousseff pelo twitter e foi repreendido publicamente pela direção do PT na Câmara. O partido destacou a falta de ética de um membro do PMDB defender a ruptura democrática e a derrubada do governo do qual faz parte.
Outra digital de José Sarney na tentativa golpista de um impeachment contra Dilma aparece na carta do vice-presidente Michel Temer (PMDB). No último ponto listado por Temer, ele diz que o “PMDB tem ciência de que o governo busca promover a sua divisão”. A referência seria à saída de Sarney, cujo grupo político é alvo de várias investigações por crimes de corrupção.
Enquanto Temer afirmou que sobre esse assunto manteria cauteloso silêncio com o objetivo de procurar a unidade partidária, Sarney não perdeu tempo em falar para o jornal O Globo que Temer se “apequenou” e tentar usá-lo como bode expiatório da tentativa de golpe que tem apoiado.
Há apenas uma explicação para a perseguição de Sarney à Dilma Rousseff: o avanço das políticas sociais e a autonomia das forças policiais nos processos de investigação para combate à corrupção.
Com a presidência do PT, os casos de corrupção começaram a ser investigados e as punições começaram a ocorrer. O exemplo da extinção do protecionismo é a prisão de José Dirceu e José Genuíno. Isso jamais ocorreria em anos anteriores, os políticos envolvidos em casos de corrupção não eram presos, ainda mais se fossem do partido ou aliado do presidente.
Outro avanço que incomoda Sarney e seu grupo político é que a partir do governo do PT as políticas sociais foram fortalecidas para romper com o ciclo de pobreza no país. Isso incomoda o ex-senador porque seu grupo político sempre tirou vantagem da miséria para conseguir votos. Se as velhas práticas forem rompidas, Sarney perderá completamente seu poder.
Fonte maranhaodagente.com.br
Mais de 60 milhões de pessoas em fuga
diciembre 19, 2015 10:22ONU alerta para recorde de refugiados em 2015. Uma em cada 122 pessoas no mundo precisou deixar sua casa para fugir de guerras, violência e perseguição, número que supera a marca inédita do ano passado.
Um relatório divulgado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) nesta sexta-feira (18/12) evidencia um salto no número de pessoas que estiveram na condição de refugiados, requerentes de asilo ou que tiveram de ser deslocadas dentro de seus próprios países durante o primeiro semestre de 2015.
Os dados da primeira metade do ano indicam um aumento devastador em relação ao recorde anterior, de 2014, quando foram registrados 60 milhões de pessoas em fuga de guerras, perseguições ou da violência.
Até o fim de junho, 20,2 milhões de pessoas em todo o mundo viviam na condição de refugiados ou requerentes de asilo, o que significa um salto de 45% em relação a 2011. A maior causa disso é o conflito na Síria, que até junho havia obrigado 4,2 milhões de pessoas a fugir em busca de refúgio.
O Acnur alerta que a crise migratória da Europa – a pior desde a Segunda Guerra Mundial – aparece apenas parcialmente nesses números, já que a chegada de migrantes ao continente europeu aumentou em proporções dramáticas no segundo semestre de 2015.
"Com quase um milhão de pessoas que cruzaram o Mediterrâneo na condição de refugiados e migrantes neste ano e com os conflitos na Síria e em outras regiões que continuam a gerar números alarmantes de sofrimento humano, o ano de 2015 deverá superar todos os registros anteriores de deslocamento forçado em escala global", diz o relatório.
"O deslocamento forçado afeta profundamente os nossos tempos", afirmou o chefe do Acnur, Antonio Guterres. "A necessidade de tolerância, compaixão e solidariedade para com as pessoas que perderam tudo nunca foi tão grande." Os pedidos de asilo em todo o mundo aumentaram 78% na primeira metade do ano, chegando a quase um milhão.
Apesar da atenção dada àqueles que buscam refúgio na Europa ou na América do Norte, são os países fronteiriços das zonas de conflito que arcam com a maior parte dos refugiados, diz o relatório, que alerta também para o aumento do "uso político" do problema.
A Alemanha foi o país que mais acolheu requerentes de asilo, chegando a 159 mil no primeiro semestre – número que se aproxima do total do ano anterior. Desde então, com o agravamento da crise, o país espera receber em torno de um milhão de pessoas até o fim do ano.
Deslocamento interno aumenta
O total de pessoas que se deslocaram internamente em seus países, subtraindo aqueles que retornaram a seus locais de origem, aumentou em dois milhões no período avaliado, chegando a 34 milhões.
Apenas no Iêmen, esses números chegaram a quase um milhão, enquanto a Ucrânia e República Democrática do Congo registraram quase 600 mil pessoas deslocadas internamente.
A quantidade de pessoas que retornam voluntariamente a seus locais de origem é a mais baixa em três décadas. Segundo a Acnur, apenas 84 mil retornaram em segurança até a metade de 2015, contra 107 mil no mesmo período do ano anterior.
Fonte RC/rtr/afp
As operações militares que se preparam na Síria e arredores
diciembre 19, 2015 10:08A imprensa ocidental pouco fala de operações militares na Síria, a não ser para afirmar, sem a menor prova, que a Coligação bombardearia com êxito os jihadistas do Daesh enquanto a Rússia estaria a matar civis inocentes.
É de fato difícil ter-se uma ideia da situação atual, tanto mais que cada campo reforça o seu armamento tendo em vista um confronto mais vasto. Thierry Meyssan descreve aqui aquilo que se prepara.
O silêncio que rodeia as operações militares no Iraque e na Síria não significa que a guerra tenha sido interrompida, mas, sim que os diferentes protagonistas se preparam para uma nova ronda.
Por Thierry Meyssan
No Pravd.Ru
As forças da Coligação
No lado imperial, prevalece a maior confusão. Escutando as declarações contraditórias de dirigentes dos EU, é impossível compreender os objetivos de Washington, se existem de todo. Quando muito, parece que os Estados Unidos permitem à França tomar uma iniciativa à cabeça de uma parte da Coligação (Coalizão-br), mas, uma vez mais, ignorara-se os verdadeiros objectivo disso.
Claro, a França declara querer destruir o Daesh, em retaliação após os atentados de 13 de Novembro em Paris, mas ela já o afirmava antes destes ataques. As declarações anteriores relevavam a comunicação, não a realidade. Assim o Mecid Aslanov, propriedade da sociedade BMZ Grup, de Necmettin Bilal Erdogan, deixou a 9 de Novembro de 2015 o porto de Fos-sur-Mer (França). Ele acabava impunemente de entregar petróleo que assegurava ter sido extraído em Israel, mas que, na realidade, tinha sido roubado pelo Daesh na Síria. Nada permite pensar que as coisas mudaram hoje em dia, e que devemos levar a sério as recentes declarações oficiais.
O presidente francês François Hollande e o seu ministro da Defesa, Jean-Yves Le Drian, subiram a bordo do porta-aviõesCharles-De-Gaulle, ao largo da Síria, a 4 de dezembro. Eles anunciaram uma mudança de missão, sem explicações. Como havia declarado previamente o chefe de estado-maior das Forças armadas, o general Pierre de Villiers, o navio foi desviado para o Golfo Pérsico.
O Grupo aeronaval formado à volta do Charles-De-Gaulle, é composto pelo seu Grupo Aéreo embarcado (18 Rafale Marine, 8Super-Étandard modernizados, 2 Hawkeye, 2 Dauphin e de 1Alouette III), pela fragata de defesa aérea Chevalier Paul, pela fragata anti-submarina La Motte-Picquet, pelo navio de comando e reabastecimento Marne, pela fragata belga Leopold I e pela fragata alemã Augsburg, e, muito embora o Ministério da Defesa o negue, por um submarino de ataque nuclear. Anexa a este dispositivo, a fragata furtiva ligeira Courbet ficou no Mediterrâneo oriental.
As forças europeias têm estado integradas na Força-Tarefa 50 da USNavCent, quer dizer na frota do Comando Central dos EUA. O conjunto desta unidade compreende agora umas seis dezenas de vasos de guerra.
As autoridades francesas salientaram que o contra-almirante Jean-René Crignola assumiu o comando desta força internacional, sem precisar que ele está colocado sob a autoridade do comandante da V Frota, o vice-almirante Kevin Donegan, este por sua vez sob comando do general Lloyd Austin J. III, comandante do CentCom. Na verdade, é uma regra absoluta do Império, o comando de operações recai sempre em oficiais norte-americanos, não sendo os Aliados mais que meros auxiliares. De facto, exceptuando a promoção relativa do contra-almirante francês, estamos na mesma situação que em fevereiro passado: uma Coligação Internacional, que é suposta de combater o Daesh, a qual aumentou, é certo, os vôos de reconhecimento e destruiu as instalações petrolíferas chinesas (Iraque) -durante um ano inteiro- mas, não tendo causado o menor efeito sobre o seu objectivo oficial, o Daesh. Mais uma vez, nada nos permite pensar que as coisas vão mudar.
A Coligação anunciou ter procedido a novos bombardeios e ter destruído numerosas instalações do Daesh, no entanto, estas afirmações não são verificáveis, e são tanto mais duvidosas quando a organização terrorista não emitiu o menor protesto.
De tal dispositivo militar podemos concluir, que a França é capaz de conduzir a sua própria estratégia, mas, que os Estados Unidos podem, a qualquer momento, retomar em mãos o controle sobre as operações.
As forças terroristas
Poderíamos aqui tratar acerca das organizações terroristas, mas isto seria fingir acreditar, como faz a Otan, que estes grupos são formações independentes surgidas do nada, com os seus orçamentos, os seus armamentos e as suas logística de reposição de material. Falando a sério, os jihadistas são mercenários ao serviço da Turquia, da Arábia Saudita e do Catar -parece, com efeito, que os Emirados Árabes Unidos se terão quase totalmente retirado deste dispositivo- aos quais se deve juntar algumas multinacionais como a Academi, a KKR e a Exxon-Mobil.
A Turquia prossegue a sua implantação militar em Bachika (Iraque), em apoio aos Curdos do presidente ilegítimo Massoud Barzani -enquanto o seu mandato terminou, ele recusa deixar o poder e aceitar a realização de novas eleições-. Instada pelo governo iraquiano a retirar os seus soldados e os seus blindados, Ancara respondeu ter enviado estes homens para proteger os instrutores colocados em função de um acordo internacional anterior, e não estar pronta a retirá-los. Aliás, ainda lá colocou mais, levando o total dos seus efetivos a pelo menos 1.000 soldados e 25 tanques.
O Iraque apresentou queixa ao Conselho de Segurança das Nações Unidas e à Liga Árabe, sem despertar a menor reação em qualquer lado.
A Turquia e o antigo governador de Mossul, Atheel al-Nujaifi, desejariam estar presentes durante a tomada da cidade ao Daesh e impedir que ela seja ocupada pelas Forças de Mobilização Popular (al-al-Shaabi Hashd), em esmagadora maioria xiitas.
Obviamente, todos sonham: o presidente, ilegítimo, Massoud Barzani crê que ninguém irá questionar a sua anexação dos campos petrolíferos de Kirkuk e das montanhas de Sinjar ; o líder dos Curdos sírios, Saleh Muslim, imagina que será em breve presidente de um pseudo-Curdistão, reconhecido internacionalmente; e o presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan, supõe que os árabes de Mossul esperam ser libertados e governados pelos Turcos, como na época otomana.
Além disso, na Ucrânia, a Turquia colocou a Brigada islâmica internacional, que ela oficialmente criou em Agosto passado. Estes jiadistas, que foram treinados no teatro de operações sírio, foram divididos em dois grupos à sua chegada a Kherson. A maioria foi enviada para lutar no Donbass, no seio das Brigadas Sheikh Manour e Djhokhar Dudayev. Enquanto os melhores elementos se infiltraram na Rússia para sabotar a economia da Crimeia. Assim, eles conseguiram cortar toda a eletricidade da República durante 48 horas.
A Arábia Saudita reuniu os seus mercenários em Riade, afim de constituir uma delegação tendo em vista as próximas negociações organizadas pelo Director de Assuntos Políticos da ONU, o neo-conservador (neo-con) dos EU Jeffrey Feltman.
Os sauditas não convidaram representantes da al-Qaida, nem do Daesh, mas apenas de grupos wahhabitas que trabalham com eles, como o Jaysh al-Islam al-Sham, ou o Ahrar al-Sham. Em teoria, não havia, pois, nesta conferência senão «grupos terroristas», listados como tal pelo Conselho de Segurança da ONU, mas, na prática, todos os participantes se batem no seio, em nome, ou ao lado de al-Qaida, ou do Daesh, sem reivindicar a filiação, sendo a maioria destes grupos dirigidos por personalidades que pertenceram à al-Qaida, ou ao Daesh. Tanto assim que o Ahrar al-Sham foi criado, precisamente, antes do início dos acontecimentos na Síria, pela Irmandade Muçulmana e por altos responsáveis da al-Qaida provenientes do círculo de Osama bin Laden.
Continuando a agir como o faziam antes da intervenção russa os participantes acordaram numa «solução política», que começa pela a abdicação do presidente democraticamente eleito Bashar al-Assad, e prossegue por uma partilha de poder entre eles e as instituições republicanas. Assim, muito embora eles tenham perdido toda a esperança de vencer militarmente, persistem em encarar uma rendição da República Árabe Síria.
Não tendo os representantes dos Curdos na Síria sido convidados para esta conferência, podemos concluir que a Arábia Saudita considera o projeto do pseudo-Curdistão como distinto do futuro do resto da Síria. De passagem, notemos que o YPG acaba de criar um Conselho Democrático Sírio para reforçar a ilusão de uma aliança dos Curdos de Selah Muslim com os Árabes sunitas e os Cristãos, quando, na realidade, eles se enfrentam no terreno.
Seja como fôr, não há dúvida que Riade apoia os esforços da Turquia para criar este pseudo-Curdistão e para lá expulsar os «seus» Curdos. Com efeito, está agora provado que a Arábia Saudita forneceu uma assistência logística à Turquia para guiar o míssil ar-ar que destruiu o Sukoi 24 russo.
Por fim, o Catar finge, sempre, não estar implicado na guerra desde a abdicação do Emir Hamad, há dois anos. No entanto, acumulam-se as provas das suas operações secretas, todas dirigidas não contra Damasco mas, sim, contra Moscovo : - assim o Ministério Catari da Defesa comprou, no fim de Setembro, na Ucrânia, sofisticadas armas anti-aéreas Pechora-2D para que os jihadistas possam ameaçar as forças Russas, e, mais recentemente, organizou uma operação sob bandeira-falsa contra a Rússia. Também na Ucrânia comprou, no fim de Outubro, 2,000 bombas de fragmentação OFAB 250-270 de fabrico russo, e lançou-as, a 6 de Dezembro, sobre um acampamento do Exército Árabe da Síria de maneira a acusar o Exército russo de erro. Mais uma vez ninguém reagiu na ONU, apesar das evidências.
As forças patrióticas
As Forças russas bombardeiam os jiadistas desde 30 de Setembro. Elas planeiam fazê-lo, pelo menos, até 6 de Janeiro. A sua ação visa principalmente destruir os "bunkers" que os grupos armados construíram, e o conjunto da sua logística. Durante esta fase assiste-se a poucas mudanças no terreno, a não ser a um refluxo de jiadistas em direcção ao Iraque e à Turquia.
O Exército Árabe Sírio e os seus aliados preparam uma grande operação para o início de 2016. Trata-se de provocar um levantamento das populações dominadas pelos jihadistas e de retomar, simultaneamente, quase todas as cidades do país -à possível excepção de Palmira- de modo a que os mercenários estrangeiros se retirem para o deserto. Ao contrário do Iraque, onde 120.000 sunitas e baathistas se juntaram ao Daesh, unicamente para se vingarem por terem sido afastados do poder pelos Estados Unidos em favor dos xiitas, raros foram os sírios que aclamaram o «Califado».
A 21 e 22 de Novembro, o Exército russo realizou no Mediterrâneo exercícios com seu aliado sírio. Os aeroportos de Beirute (Líbano) e Larnaca (Chipre) tiveram que ser parcialmente encerrados. A 23 e 24 de Novembro, o disparo de mísseis russos sobre as posições do Daesh na Síria provocou o encerramento de aeroportos de Erbil e de Sulaymaniya (Iraque). Parece que, na realidade, o Exército russo tenha testado a extensão possível da sua arma bloqueio de comunicações e de comando da Otan. Seja como fôr, o submarino Rostov-on-Don procedeu, a 8 de dezembro, a disparos desde o Mediterrâneo sobre instalações do Daesh.
A Rússia, que dispõe já da base aérea de Hmeymim (perto de Lataquia), utiliza também a base aérea do Exército Árabe Sírio em Damasco, e iria construir uma nova base em al-Shayrat (perto de Homs).
Além disso, oficiais superiores russos encetaram a recolha de dados tendo em vista criar uma quarta base no Nordeste da Síria, ou seja, na proximidade tanto da Turquia como do Iraque.
Por fim, um submarino iraniano chegou ao largo de Tartus.
O Hezbolla, que demonstrou a sua capacidade em realizar operações de comando aquando da libertação do piloto do Sukoi, prisioneiro das milícias montadas pelo Exército turco, prepara o levantamento das populações xiitas, enquanto o Exército Árabe da Síria -formado por uma maioria de 70 % sunitas- se concentra nas zonas de populações sunitas.
O governo sírio concluiu um acordo com os jihadistas de Homs que, por fim, concordaram em mudar de campo ou sair da cidade. Ela foi evacuada sob o controle das Nações Unidas, de modo que atualmente Damasco, Homs, Hama, Lataquia e Der Ezzor estão inteiramente controladas. Restam por libertar Alepo, Idlib e Rakka.
Ao contrário das afirmações taxativas da imprensa ocidental, a Rússia não tem, de modo algum, a intenção de deixar o Norte do país nas mãos da França, de Israel e do Reino Unido, para que aí criassem um pseudo-Curdistão. O plano dos patriotas prevê a libertação de todas as zonas habitadas do país, nele incluído Rakka, atual "capital do Califado".
A calma precede pois a tempestade.