Altamiro Borges: Audiência da TV Globo está derretendo
August 13, 2015 10:42![]() |
foto reprodução |
Nos últimos dias, três notícias devem ter preocupado a famiglia Marinho – o que talvez explique o recente “recuo tático” do império na sua cruzada para incendiar o país e “sangrar” Dilma. Na semana passada, a estreia do programa matinal É de Casa derrubou a audiência da TV Globo. Já na sexta-feira (7), o Jornal Nacional perdeu em audiência até para a reprise de novela.
Por Altamiro Borges*, em seu blog
Para piorar – e isto sim dói muito para os herdeiros ricaços de Roberto Marinho -, uma pesquisa do Ibope Media confirmou a queda do faturamento em anúncios publicitários nas TVs, jornais, revistas e rádios. No primeiro semestre de 2015, a redução foi de 8,5% na comparação com o mesmo período do ano passado.
A primeira notícia desesperadora foi postada por Keila Jimenez, do site R7: “Além de ser alvo de críticas nas redes sociais, a nova aposta matinal da TV Globo, o É de Casa, fez a audiência da emissora cair. A estreia do programa marcou cinco pontos de média na grande São Paulo, segundo medição prévia do Ibope. O SBT ficou em primeiro lugar no horário, com 6 pontos. Além de perder para a emissora de Silvio Santos, o novo programa derrubou o Ibope da Globo em seu horário, na comparação com o sábado anterior. Na semana passada, a média de audiência da Globo foi de 8 pontos. Nas redes sociais, o público reclamou da confusão de apresentadores e da falta de relevância dos assuntos comentados”.
O site de entretenimento da Folha, o F5, foi ainda mais cruel nos comentários sobre o fiasco global. “A estreia do novo programa matinal da TV Globo, É de Casa, não precisou de muitos minutos para se tornar logo o tema mais comentado do Twitter, mas isso não foi exatamente bom. Em seu primeiro programa, os seis apresentadores (Ana Furtado, André Marques, Cissa Guimarães, Patrícia Poeta, Tiago Leifert e Zeca Camargo) se revezaram em vários temas lights pelos diversos cômodos da casa. No Twitter, o nome do programa ficou a manhã inteira como o principal tópico. No entanto, poucos foram os internautas que elogiaram a novidade. A maioria entrou na internet para criticar o estilo do programa, opinar sobre o entrosamento dos apresentadores e, em tom de escracho, pedir a volta da TV Globinho. Sobrou até para Boninho.
Já na sexta-feira, a reprise do capítulo final da novela O Rei do Gado, produzida em 1996, superou a audiência do Jornal Nacional. Ela marcou 20,1 pontos no Ibope, enquanto o telejornal ficou novamente abaixo dos 20 pontos (19,8) – o que é trágico para Ali Kamel, o diretor de jornalismo da TV Globo, responsável maior pelo constante derretimento do JN. O site Notícias da TV deu destaque para a queda de audiência do programa apresentado por William Bonner. A página especializada em televisão há muito tempo acompanha a lenta agonia do JN, que já chegou a invadir as telinhas de maioria dos lares brasileiros e atualmente empacou nos “míseros” 20 pontos do Ibope.
O sumiço dos anúncios publicitários
A queda de audiência, porém, não é o fator que mais preocupa os três filhos de Roberto Marinho – que não têm nome próprio, segundo o afiado blogueiro Paulo Henrique Amorim. O que mais incomoda é a crise do modelo de negócios que atinge a mídia tradicional, decorrente da explosão da internet e da queda de credibilidade dos seus variados veículos. Na semana passada, o Ibope Media divulgou uma pesquisa que mostra que o faturamento com anúncios publicitários nas TVs abertas, jornais, revistas e rádios somados caiu 8,5% no primeiro semestre de 2015. O império global, que usufrui de uma poderosa propriedade cruzada de meios, é o que mais sente o tombo.
Segundo o estudo, o meio mais atingido foi o de revistas, com queda de 20,9% na publicidade - para desespero da Veja - , seguindo pelos jornais (-9,7%) e rádios (-10,2%). Já a TV aberta teve redução de 7,2%. O Ibope não sabe precisar se as empresas reduziram o número de anúncios ou negociaram preços menores. O fato é que elas fizeram cortes drásticos no setor. A Unilever, maior anunciante do país, investiu neste período menos R$ 528 milhões em publicidade – corte de 25% na comparação com o ano anterior. A Nestlé cortou R$ 194 milhões (menos 37,3%). As duas maiores cervejarias, cortaram juntas R$ 579 milhões (cortes de 30,5% e 41% respectivamente). Três grandes bancos que estão na lista dos 30 maiores anunciantes (CEF, Itaú e Bradesco) cortaram R$ 495 milhões.
A violenta queda da receita em publicidade gerou um comentário irônico de Helena Sthephanowitz, do sempre atento blog Amigos do presidente Lula: "Os números demonstram que a crise na mídia tradicional é muito maior do que a crise na economia brasileira como um todo. É como se o PIB da velha mídia encolhesse 8,5%... Diante deste quadro a continuidade do noticiário 'terrorista', alarmista e desequilibrado – como se fosse uma campanha eleitoral da oposição radicalizada –, revela-se na prática uma campanha publicitária para 'vender' mais e mais... crise. Resultado: espanta consumidores, investidores e anunciantes".
Ou seja: na sua campanha terrorista para incendiar o Brasil e "sangrar" ou derrubar Dilma, a mídia tradicional, em especial a Rede Globo, está engolindo o seu próprio veneno!
*Altamiro Borges é presidente do Centro de Estudos de Mídia Barão de Itararé e secretário Nacional de Mídia do PCdoB.
Dilma e MEC se manifestam contra a intolerância
August 13, 2015 10:37Dilma e MEC se solidarizam com estudante de MedicinaAna Luiza Lima, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), escreveu uma carta sobre a agressão sofrida em redes sociais
A presidenta Dilma Rousseff e Ministério da Educação se manifestaram em suas páginas no Facebook em solidariedade à estudante de Medicina Ana Luiza Lima, oradora da solenidade de aniversário de dois anos do programa Mais Médicos. Recentemente, Ana Luiza foi vítima de ataques nas redes sociais.
"Presto a minha total solidariedade a Ana Luiza Lima, aluna de Medicina da UFRN, que fez uma fala sincera e emocionada na celebração de dois anos do programa Mais Médicos, aqui em Brasília, na semana passada", diz um trecho da nota publicada no perfil de Dilma no Facebook.
"Por contar sua história, Ana Luiza sofre agora com a intolerância e o preconceito nas redes sociais, infelizmente ainda presente. O Ministério da Educação se solidariza com Ana Luíza e os outros milhões de brasileiros que ela representou em seu discurso e pede que nunca desistam dos seus sonhos", informa a nota do ministério.
Durante o evento, Ana Luiza falou sobre a realização do sonho de se formar médica. Ela relembrou o discurso da presidenta Dilma quando assumiu o cargo máximo do País, marcando a história como a primeira mulher a assumir a função.
"Naquela ocasião, a senhora falou aos pais e mães de todo Brasil, para que olhassem nos olhos de suas filhas e lhes dissessem que elas também podiam ocupar o cargo mais importante do Brasil. Pois agora, peço permissão para reconstituir a sua afirmação, dizendo que no Brasil de hoje, a neta de um agricultor do sertão do nordeste ou de qualquer outra região do interior do Brasil já pode sonhar em ser doutora", afirmou a estudante.
A estudante relatou, em seu perfil no Facebook, os ataques sofridos em uma carta. "Está tudo guardado, não para dar respostas. Mas porque aprendi desde cedo a não responder ódio com violência. Não. Eu NÃO tenho a SUA sede de sangue", escreveu a estudante.
No texto, Ana Luiza ainda destaca que suas palavras foram "direcionadas àqueles que acreditam e lutam por um mundo transformado a partir da educação e do amor", "um agradecimento aos professores, a classe Trabalhadora com T maiúsculo!!"
Confira a íntegra do relato da estudante no Facebook.
QUEM QUER A CABEÇA DA ESTUDANTE DE MEDICINA?
"Me pergunta, que tipo de sentimento é o medo? Te respondo -- dos outros! O meu é o mesmo há várias luas...Deixa os verme falar pelos cotovelos eu ainda falo pelas ruas!!!!" - Emicida.
Vim aqui pra deixar coisas claras. Vim falar porquê a minha garganta não aguenta o nó que se formou. E eu NUNCA fui de calar.
Fui convidada a falar sobre a transformação que a educação causou na minha vida e sobre a alegria de cursar medicina. E assim escrevi um texto, de coração e de peito aberto. E hoje penso em tudo que eu disse e tudo que eu queria ter dito mas não foi ouvido. Minhas palavras ecoaram.
Porém nunca foram direcionadas à NENHUM partido político. Foi o reconhecimento de um acerto e uma reafirmação do que eu acredito e luto. Fui atacada em minha página pessoal brutalmente por MÉDICOS E FUTUROS MÉDICOS, além de outras pessoas. O machismo e a elite mostraram sua cara.
Fui chamada de vadia, de MÉDICA VAGABUNDA DE POBRE, ignorante, não merecedora de cursar medicina. Me foi dito que iam fazer de TUDO pra que eu não conseguisse emprego depois de formada. De que eu não sabia com QUEM estava lidando. Que eu merecia LEVAR UMA SURRA pra aprender a deixar de ser corrupta. Me mandaram CALAR MINHA BOCA NOJENTA DE POBRE E DE VADIA. De novo. Está tudo guardado, não para dar respostas. Mas porque aprendi desde cedo a não responder ódio com violência. Não. Eu NÃO tenho a SUA sede de sangue.
Mas eu tenho uma novidadinha pra essa classe COVARDE de profissionais. A mesma classe que eu já vi combinando entre si no MESMO grupo, de "tratar mal os negros, as feministas e os gays que chegassem nos consultórios médicos, pra que esse povinho aprendesse seu devido lugar".
A novidade é que minhas palavras não foram em nenhum momento pra vocês. Vocês que ignoram a realidade cruel vivida todos os dias nos hospitais públicos.
Minhas palavras foram pros profissionais de saúde que dão o sangue todo dia, mesmo com condições péssimas de trabalho, com salários atrasados, numa saúde abandonada e caótica. Eles sim, são verdadeiros heróis. Minhas palavras foram direcionadas àqueles que acreditam e lutam por um mundo transformado a partir da educação e do amor. Minhas palavras foram um agradecimento aos professores, a classe Trabalhadora com T maiúsculo!! Que têm seu serviço desvalorizado ao máximo, mas toma a linha de frente na luta pela transformação diária do futuro de milhões de jovens sem oportunidade no país.
Eu não fui nenhuma heroína, e eu conheço mil médicos que são verdadeiros heróis. Que não precisaram de mais NADA além de força de vontade pra vencer na vida. Mas me desculpa, é que eu penso além. Eu sonho com o dia em que vamos cobrar das nossas crianças, apenas COMPETÊNCIA pra vencer, e não mais heroísmo.
Eu tô falando com aqueles meninos que você tem medo quando para no sinal, tô falando daqueles com fuzil na mão vigiando um fio de vida nos morros das grandes cidades. Tô falando daquela menina que mora na rua e cata latinha, daquele nos campos com enxada na mão cortando cana. Daquela que perde a infância nas esquinas da prostituição. Tô falando daqueles que você insiste em dizer que não existem. Por quê quando você percebe que ELES EXISTEM, coça em você uma ferida podre de 515 anos. Te dá um medo na espinha quando aparece alguém pra defender uma educação por eles e para eles. Te gela a alma a chegada do dia em que o povo não vai mais esquecer seus Amarildos e suas Cláudias Silvas....
Eu já consigo imaginar muitos de vocês rindo, pensando na reeleição garantida, enquanto veem no jornal o povo gritando por mais prisões e menos escolas. E apesar de me doer, eu entendo esse grito.
Eu engoli meu medo porque sei que toda luta pode ser desmerecida. Eu dei minha cabeça à prêmio, e voltei pra casa com a esperança real de um hospital universitário pra minha região onde muita gente tem sorte de ter a esperança de ter um prato de comida.
Eu recebi um agradecimento da prefeita de uma das maiores cidades do país, dizendo que graças às minhas palavras, um novo plano pra educação pública vai ser pensado, e que ela se encheu de esperança e disposição para lutar com unhas e dentes pelos professores da rede pública e pelos jovens em situação de risco. Isso já me curou de todos os medos e de todo o ódio que me foi jogado.
Esperança. Vontade de mudar. EMPODERAMENTO de um povo PELO seu povo.
Eu sei que eu não sou nada nesse sistema corrompido e intricado. Eu sei que não sou ninguém diante dos poderosos desse país. Mas eu tenho outra novidade, eu não estou sozinha, e gente como eu, é quem te causa os piores pesadelos à noite.
E eu vou seguir, mesmo frágil, mesmo com medo, mas sempre acreditando.
"Então serra os punhos, sorria. E jamais volte pra sua quebrada de mão e mente vazia."
Fonte: Portal Brasil
No campo, trabalhadoras se mobilizam em defesa da mulher
August 13, 2015 10:14![]() |
Ligue 180 registra aumento de denúncias de familiares e vizinhos; mudança de perfil também é refletida no meio rural |
Ligue 180 registra aumento de denúncias de familiares e vizinhos; mudança de perfil também é refletida no meio rural, onde um grupo de mulheres que vive da agricultura familiar salvou a vida de uma trabalhadora vítima de violência
Uma década depois da criação da Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, ligada à Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM/PR), o serviço reflete um amadurecimento da sociedade brasileira no combate à violência contra a mulher. Em 2015, aponta a secretaria, cresceu o número de familiares, vizinhos e amigos que ligaram para relatar violências sofridas por mulheres. Ao mesmo tempo, diminuiu o número de registros feitos pela própria vítima. Essa mudança de comportamento também é sentida no campo, onde o sonho de uma agroecologia sem veneno e sem o sangue das mulheres se aproxima do mundo real.
Foi assim que um grupo de mulheres que vive da agricultura familiar no Rio Grande do Norte salvou a vida de uma trabalhadora que sofria violência do companheiro em um assentamento a 35 quilômetros da cidade de Mossoró. Percebendo que a vítima da agressão estava amedrontada diante da situação, o grupo, que ocupa a região para a produzir "frutos" da apicultura, hortaliças e outros resultados da agricultura familiar, resolveu agir.
"Junto com as entidades, sindicatos, começamos a fazer um trabalho de denúncia, a partir da própria associação. Fizemos marcha no Dia das Mulheres. A gente começou a perceber que a violência só acaba quando a gente deixa de ter vergonha e o agressor é quem passa a ter vergonha. Foi nisso que a violência acabou", lembra a trabalhadora Neneide Lima, há 22 anos no assentamento e defensora do direito das mulheres na Marcha das Margaridas, que promove sua 5ª edição nesta quarta-feira, na capital federal.
O caso aconteceu em 2006, mas, segundo Neneide, ainda espelha exemplos. "Ele se sentiu tão acuado, se sentiu tão humilhado, que foi embora. Ele deixou o assentamento, porque isso foi de conhecimento público. Se ela tivesse continuado sofrendo sozinha, se ela não tivesse colocado para comunidade, com certeza, até hoje ela estaria ainda sofrendo violência", diz.
A trabalhadora que ajudou a mudar a vida da colega em Mossoró afirma que a comunidade em que vive há mais de duas décadas tem como ideologia de trabalho a agroecologia. O grupo se preocupa com a procedência dos alimentos fornecidos, passando pelo mal dos agrotóxicos ao crime da violência contra as mulheres trabalhadoras.
"Não basta ter só o produto. Tem que, também, saber de onde o produto vem. Se é agroecológico, se é da economia solidária, sem veneno, mas que nele também não vá o sangue das mulheres", defende a trabalhadora, que reconhece avanços na preservação do direito das mulheres na última década.
Avanços
A coordenadora da Marcha das Margaridas do Amazonas, Maria das Neves, ressalta os avanços nos últimos anos promovidos pelo governo federal em favor das mulheres, como a criação da Secretaria de Politicas para as Mulheres, "fruto da mobilização da sociedade brasileira".
"Iniciamos um processo de conferências públicas, que gerou um plano nacional de enfrentamento à violência contra as mulheres. Nós aprovamos, em 2006, a Lei Maria da Penha. As mulheres são mortas simplesmente por serem mulheres", denuncia.
Pela primeira vez na Marcha das Margaridas, Vicentina do Prado, 77 anos, do Mato Grosso, acredita que as mulheres buscam o melhor para o país, "sempre com muito trabalho".
Participaram da abertura do evento cerca de 15 mil pessoas no Estádio Mané Garrincha. A Marcha reúne mulheres trabalhadoras rurais de todo Brasil e, nesta edição, tem um tema especial: a defesa da democracia no Brasil.
Fonte: Portal Brasil
PM prende 14 policiais em SP
August 12, 2015 16:36PM prende 14 policiais envolvidos na morte de dois homensQuatorze policiais da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) tiveram prisão preventiva decretada após a Corregedoria da Polícia Militar (PM) ter chegado a indícios de que eles podem ter executado na última quinta-feira (6) dois homens na zona norte da capital paulista. Segundo o corregedor da PM, coronel Levi Felix, foram feitos 16 disparos, mas ainda não se sabe se todos os policiais presos atiraram.
Os PMs integravam duas equipes da Rota, reunindo quatro sargentos, quatro cabos e seis soldados. Na versão deles, as mortes ocorreram após um confronto, na Avenida Felipe Pinel, no bairro Pirituba. Segundo os policiais, as vítimas resistiram à ordem de parar e, na fuga, perderam o controle do carro. Então, passaram a atirar contra os policiais, que revidaram. Um dos homens conseguiu escapar, disseram os PMs.
Porém, essa versão foi desmontada: as mortes ocorreram às 14h, na Avenida Felipe Pinel, mas uma das vítimas, Hebert Pessoa, foi abordada por volta das 11h por uma das equipes da Rota, em Guarulhos.
O relato foi feito por um amigo da vítima. Os dois saíram de Diadema, no ABC Paulista, para furtar residências. Hebert ficou no carro enquanto o parceiro tocava a campainha de uma casa para checar se não havia ninguém na casa. Nesse momento, os policiais da Rota, que voltavam de uma escolta de presos conduzidos àquela cidade, abordaram apenas Herbert.
Por meio de radares, a corregedoria conseguiu detectar que o mesmo veículo de Hebert, um Palio, passou pela Avenida Edgar Facó, em Pirituba, e, logo em seguida, foi registrada passagem de umas das viaturas da Rota. Uma das hipóteses averiguadas é que as mortes podem ter ocorrido fora do local relatado.
Além da conduta dos policiais, a corregedoria investiga se de fato procede a versão deles de que, com os suspeitos foram encontrados uma submetralhadora de 9 milímetros, um revólver, um colete à prova de balas e duas bananas de dinamite. Uma das armas foi subtraída da PM de Diadema, cidade onde morava um dos suspeitos mortos.
da Agência Brasil
Estudante é chamada de "vadia" por elogiar Mais Médicos
August 12, 2015 15:23![]() |
Foto NBR |
A estudante de medicina que elogiou o Programa Mais Médicos foi ameaçada e chamada de "vadia"
De Brasília
Joaquim Dantas
Para o Blog do Arretadinho
Ana Luiza Lima, que é estudante de medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte,UFRN, publicou em seu perfil em uma rede social, que recebeu inúmeras ameaças e que até foi chamada de "vadia" por estudantes da universidade e por inúmeros médicos de diversos pontos do país.
O ódio foi disseminado contra a estudante após ela ter feito elogios, em rede nacional, ao Programa do governo federal Mais médicos, em uma solenidade no Palácio do Planalto que contou com a presença da presidenta Dilma.
Durante a solenidade a jovem disse que " "no Brasil de hoje, a neta de um agricultor do sertão do Nordeste, ou de qualquer outra região já pode sonhar em ser doutora", palavras que despertaram o ódio e o preconceito da direita inconsequente do Brasil.
Confira o relato emocionado da estudante:
QUEM QUER A CABEÇA DA ESTUDANTE DE MEDICINA?
“Me pergunta, que tipo de sentimento é o medo? Te respondo — dos outros! O meu é o mesmo há várias luas…Deixa os verme falar pelos cotovelos eu ainda falo pelas ruas!!!!” – Emicida.
Vim aqui pra deixar coisas claras. Vim falar porquê a minha garganta não aguenta o nó que se formou. E eu NUNCA fui de calar. Fui convidada a falar sobre a transformação que a educação causou na minha vida e sobre a alegria de cursar medicina. E assim escrevi um texto, de coração e de peito aberto. E hoje penso em tudo que eu disse e tudo que eu queria ter dito mas não foi ouvido. Minhas palavras ecoaram. Porém nunca foram direcionadas à NENHUM partido político. Foi o reconhecimento de um acerto e uma reafirmação do que eu acredito e luto. Fui atacada em minha página pessoal brutalmente por MÉDICOS E FUTUROS MÉDICOS, além de outras pessoas. O machismo e a elite mostraram sua cara. Fui chamada de vadia, de MÉDICA VAGABUNDA DE POBRE, ignorante, não merecedora de cursar medicina. Me foi dito que iam fazer de TUDO pra que eu não conseguisse emprego depois de formada. De que eu não sabia com QUEM estava lidando. Que eu merecia LEVAR UMA SURRA pra aprender a deixar de ser corrupta. Me mandaram CALAR MINHA BOCA NOJENTA DE POBRE E DE VADIA. De novo. Está tudo guardado, não para dar respostas. Mas porque aprendi desde cedo a não responder ódio com violência. Não. Eu NÃO tenho a SUA sede de sangue.
Mas eu tenho uma novidadinha pra essa classe COVARDE de profissionais. A mesma classe que eu já vi combinando entre si no MESMO grupo, de “tratar mal os negros, as feministas e os gays que chegassem nos consultórios médicos, pra que esse povinho aprendesse seu devido lugar”. A novidade é que minhas palavras não foram em nenhum momento pra vocês. Vocês que ignoram a realidade cruel vivida todos os dias nos hospitais públicos. Minhas palavras foram pros profissionais de saúde que dão o sangue todo dia, mesmo com condições péssimas de trabalho, com salários atrasados, numa saúde abandonada e caótica. Eles sim, são verdadeiros heróis. Minhas palavras foram direcionadas àqueles que acreditam e lutam por um mundo transformado a partir da educação e do amor. Minhas palavras foram um agradecimento aos professores, a classe Trabalhadora com T maiúsculo!! Que têm seu serviço desvalorizado ao máximo, mas toma a linha de frente na luta pela transformação diária do futuro de milhões de jovens sem oportunidade no país.
Eu não fui nenhuma heroína, e eu conheço mil médicos que são verdadeiros heróis. Que não precisaram de mais NADA além de força de vontade pra vencer na vida. Mas me desculpa, é que eu penso além. Eu sonho com o dia em que vamos cobrar das nossas crianças, apenas COMPETÊNCIA pra vencer, e não mais heroísmo.
Eu tô falando com aqueles meninos que você tem medo quando para no sinal, tô falando daqueles com fuzil na mão vigiando um fio de vida nos morros das grandes cidades. Tô falando daquela menina que mora na rua e cata latinha, daquele nos campos com enxada na mão cortando cana. Daquela que perde a infância nas esquinas da prostituição. Tô falando daqueles que você insiste em dizer que não existem. Por quê quando você percebe que ELES EXISTEM, coça em você uma ferida podre de 515 anos. Te dá um medo na espinha quando aparece alguém pra defender uma educação por eles e para eles. Te gela a alma a chegada do dia em que o povo não vai mais esquecer seus Amarildos e suas Cláudias Silvas….
Eu já consigo imaginar muitos de vocês rindo, pensando na reeleição garantida, enquanto veem no jornal o povo gritando por mais prisões e menos escolas. E apesar de me doer, eu entendo esse grito.
Eu engoli meu medo porque sei que toda luta pode ser desmerecida. Eu dei minha cabeça à prêmio, e voltei pra casa com a esperança real de um hospital universitário pra minha região onde muita gente tem sorte de ter a esperança de ter um prato de comida.
Eu recebi um agradecimento da prefeita de uma das maiores cidades do país, dizendo que graças às minhas palavras, um novo plano pra educação pública vai ser pensado, e que ela se encheu de esperança e disposição para lutar com unhas e dentes pelos professores da rede pública e pelos jovens em situação de risco. Isso já me curou de todos os medos e de todo o ódio que me foi jogado.
Esperança. Vontade de mudar. EMPODERAMENTO de um povo PELO seu povo.
Eu sei que eu não sou nada nesse sistema corrompido e intricado. Eu sei que não sou ninguém diante dos poderosos desse país. Mas eu tenho outra novidade, eu não estou sozinha, e gente como eu, é quem te causa os piores pesadelos à noite.
E eu vou seguir, mesmo frágil, mesmo com medo, mas sempre acreditando.
“Então serra os punhos, sorria. E jamais volte pra sua quebrada de mão e mente vazia.”
Confira também o vídeo que provocou as ameaças à estudante: