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Aprile 3, 2011 21:00 , by Unknown - | No one following this article yet.
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A ofensiva conservadora e as crises

Agosto 30, 2015 14:41, by Blog do Arretadinho

O diplomata brasileiro, Samuel Pinheiro Guimarães, em artigo especial para o Brasil de Fato, faz uma análise da crise no Brasil, o avanço de setores conservadores e o papel do governo federal; bem como aponta as saídas e desafios das forças progressistas.

por Samuel Pinheiro Guimarães*

1. A sociedade brasileira está diante de uma ofensiva conservadora que se aproveita de entrelaçadas crises na economia, na política, nas instituições do Estado, na imprensa e nos meios sociais para fazer avançar seus objetivos;

2. A suposta crise econômica ofereceu pretexto para implantar um programa neoliberal de acordo com o Consenso de Washington: privatização, abertura comercial e financeira, ajuste orçamentário, flexibilização do mercado de trabalho, redução do Estado, tudo com a aprovação do sistema financeiro nacional, por um Governo eleito pela esquerda;

3. A crise da corrupção, cujo maior evento é a Operação Lava Jato, mas também a Operação Zelotes, esta inclusive de maior dimensão, está servindo para destruir a engenharia de construção, onde se encontra o capital nacional de forma importante, com atuação internacional, e para preparar a destruição de organismos do Estado tais como a Petrobras, o BNDES, a Caixa Econômica, a Eletrobrás etc. a pretexto de que os eventos de corrupção neles investigados seriam apenas o resultado de serem estas entidades estatais;

4. Sua privatização, que corresponderia a sua desestatização/desnacionalização, eliminaria, segundo eles, a possibilidade de corrupção;

5. A crise do Judiciário, do Ministério Público e da Polícia Federal se desenvolve em várias esferas;

6. O Supremo Tribunal Federal tolera que um de seus membros interrompa, há mais de um ano, sob o pretexto de vista, uma ação, cujo resultado já está definido por 6 votos a 1, sobre a ilegalidade do financiamento privado de campanhas, fenômeno que está na origem da corrupção do sistema eleitoral em todos os Partidos e veículo para o exercício da influência corruptora do poder econômico na política e na Administração;

7. O objetivo deste juiz é aguardar até que o Congresso aprove emenda constitucional, já em tramitação por obra do Presidente da Câmara, que torna legal o financiamento privado de campanhas;

8. A teoria do domínio do fato, uma aberração jurídica, acolhida pelo STF, reverte o ônus da prova e, mais, torna qualquer indivíduo responsável pelos atos de outrem sob suas ordens sem que o acusador ou o juiz tenha necessidade de provar que o acusado conhecia tais fatos;

9. O sistema do Ministério Público permite a qualquer Procurador individual desencadear processos com base até em notícias de jornal contra qualquer indivíduo, vazar de forma seletiva estas acusações para a imprensa, que as reproduz, sem nenhum respeito pelos direitos dos supostos culpados e sem nenhuma perspectiva de reparação do dano causado pelas denúncias do Procurador nem pela imprensa que as divulgou, caso se verifique a improcedência das acusações;

10. A Polícia Federal exerce suas funções com extrema parcialidade, de forma midiática, criando, na sociedade a presunção de alta periculosidade de indivíduos que prende para investigação e se arvorando em poder independente do Estado;

11. Segundo depoimento do Presidente das entidades da Polícia Federal na Câmara dos Deputados, a Polícia Federal recebe recursos regularmente da CIA, do FBI e da DEA, no montante de USD 10 milhões anuais, depositados diretamente em contas individuais de policiais federais;

12. A crise política decorre da decepção e do inconformismo do PSDB e de seus aliados com a derrota nas urnas em 2014 o que o leva a procurar, por todos os meios, erodir a credibilidade e a legitimidade do Governo Dilma Rousseff e, por via transversa, do Governo Lula e assim minar as possibilidades de vitória de uma eventual candidatura de Lula em 2018;

13. Contam os partidos e políticos conservadores com a campanha sistemática da televisão, jornais e revistas, com base em denúncias vazadas, com a campanha de intimidação na Internet, com as manifestações populares, com o desemprego crescente causado pela política de corte de investimentos e de elevação estratosférica de juros, os maiores do mundo, para fazer baixar os índices de aprovação do Governo e da Presidenta e poder argumentar com a legitimidade e a necessidade de depô-la pelo impeachment;

14. A crise na imprensa e nos meios de comunicação se desenvolve em um ambiente em que as televisões, rádios, jornais e revistas recebem paradoxalmente enormes recursos do Governo para a ele fazer oposição sistemática, erodir a confiança da população no sistema político e nos partidos, em especial nos partidos progressistas, de esquerda, poupando os partidos conservadores tais como o PSDB, que recebeu tantas doações para sua campanha de 2014 quanto o PT e das mesmas empresas ora acusadas pelo juiz Moro;

15. A crise social se desenvolve na Internet, onde circula todo tipo de ofensa racista, homofóbica, antifeminina, antiprogressista e fascista, contra os políticos e partidos de esquerda, gerando um clima de hostilidade e ódio e estimulando a agressão física

16. No Congresso, os setores mais conservadores elegeram grande número de deputados e, tendo conquistado a Presidência da Câmara dos Deputados, fazem avançar, a toque de caixa, sem nenhuma atenção à necessidade de debate pelos parlamentares e pela sociedade, uma ampla pauta de projetos conservadores que inclui, entre os principais, a redução da maioridade penal, a ampliação do uso de armas, o financiamento privado das campanhas;

17. O objetivo máximo desta grande ofensiva política e econômica conservadora é a tomada do poder através do impeachment da Presidenta Dilma e/ou a desmoralização do PT que leve a sua derrota fragorosa nas eleições de 2016, a qual preparará sua derrota final e “desaparecimento” nas eleições de 2018;

18. O processo político do impeachment da Presidenta Dilma não avança por estarem o PSDB e PMDB divididos quanto a sua conveniência no atual momento do calendário político e econômico;

19. Os três possíveis candidatos do PSDB à Presidência da República, quais sejam, Aécio Neves, Geraldo Alckmin e José Serra tem opiniões diferentes sobre sua conveniência;

20. A Aécio Neves interessa o impeachment de Dilma Rousseff e de Michel Temer por crime eleitoral, declarado pelo TSE, logo que possível pois isto levaria a uma eleição em 90 dias onde espera que, como presidente nacional do PSDB e candidato que teria perdido a eleição devido a “fraude”, agora se beneficiaria devido a sua campanha persistente pela ilegitimidade dos resultados eleitorais de 2014, o que o faria o candidato do PSDB com melhor perspectiva de vitória;

21. A Geraldo Alckmim interessa que o processo político, econômico e social desgaste longa e duradouramente o Governo Dilma e o PT até que as eleições municipais se realizem em 2016, com fragorosa derrota do PT e do PMDB e que tenha tempo de construir sua candidatura, com base no Governo de São Paulo, enquanto a candidatura de Aécio se enfraqueceria com o tempo como resultado de eventuais denúncias;

22. A José Serra interessa também que o impeachment não ocorra agora, que o Governo se desgaste para que tenha tempo de reconstruir sua imagem e eventualmente possa se candidatar pelo PSDB em 2018 ou até mesmo pelo PMDB, que insiste em ter candidato próprio mas sem nome hoje viável. Afinal, Serra foi fundador do PMDB e voltaria a sua casa, construindo sua candidatura junto à classe média nacional, através de sua atuação no Senado, com toda cobertura favorável da imprensa;

23. Para o PMDB, o impeachment da Presidenta representa o fim de um Governo onde ocupa a Vice-Presidência e ao qual dá apoio enquanto que um longo processo de desgaste da Presidenta, do Governo e do PT também o atingiria como partido aliado, enquanto a imprensa desgasta sua imagem na opinião pública como partido oportunista e corrupto;

24. Os interesses de Michel Temer, de Renan Calheiros e de Eduardo Cunha são divergentes. Cunha acredita poder ser o candidato do PMDB à Presidência, assumindo a liderança da ofensiva conservadora no Congresso e o papel de defensor do Congresso, mas enfrenta o desgaste das denúncias de corrupção. Michel Temer sabe que a condenação por crime eleitoral de Dilma Rousseff pelo TSE também o arrastaria enquanto que a condenação de Dilma pela rejeição das contas de 2014 pelo TCU e pelo Congresso o levariam à Presidência. Renan disputa com Temer influência no PMDB e imagina poder ser candidato em 2018 com o enfraquecimento dos demais;

25. No PT, a situação é talvez ainda mais grave;

26. O programa econômico conservador, ao cortar investimentos públicos e as despesas de custeio do Governo, aumenta o desemprego e afeta a demanda o que reduz as perspectivas de lucro, contrai os investimentos privados, estabelece a desconfiança nos “mercados” e reduz as receitas normais tributárias, aumentando o déficit público;

27. Ao aumentar a taxa de juros, o Governo (Banco Central) aumenta as despesas do Governo e a relação dívida/PIB, reduz a atividade econômica e as perspectivas de lucro e provoca a queda da arrecadação. Ao não conseguir o aumento de receitas normais pela dificuldade em elevar tributos, passa a apelar para a venda de ativos o que é uma forma disfarçada de privatização, com resultados apenas temporários;

28. Ao provocar o desemprego, ao apoiar medidas desfavoráveis aos trabalhadores como alterações no seguro desemprego, no abono salarial e outras, e ao provocar a redução do crescimento o Governo mina a sua base de apoio social e político e as bases sociais e políticas do PT;

29. A retração da demanda, o aumento das taxas de juros, a contração das atividades do BNDES, a redução das oportunidades de investimento, a perspectiva de aumento de tributos afetam os interesses dos empresários e aumenta o seu descontentamento com o Governo e sua política;

30. Não há liderança no PT além de Lula que, por seu lado, não vê como abandonar o programa econômico do Governo Dilma sem acelerar sua queda, mas reclama da incapacidade da Presidenta para o exercício da política;

31. As pesquisas de opinião podem vir a revelar níveis de rejeição muito superiores aos que ocorreram na véspera do impeachment de Collor. Caso os níveis de aprovação caiam abaixo de 5%, o desânimo e a desmobilização dos movimentos sociais e dos sindicatos, a perplexidade dos congressistas, a posição dos candidatos a prefeito em 2016, as contínuas denúncias do Ministério Público (na realidade de procuradores individuais) contra políticos vinculados ao PT e contra o próprio Lula, a agressividade social e intimidatória conservadora podem gerar situação de gravíssimo perigo político para sobrevivência da democracia;

32. O Governo, apático, atordoado e intimidado, parece acreditar em sua pureza que fará que, ao final, sobreviva, único puro, à tempestade de denúncias que atingem políticos e partidos sem compreender que o objetivo da ofensiva conservadora não é lutar contra a corrupção e moralizar o país mas sim derrubá-lo e recuperar a hegemonia completa na sociedade e no Estado;

33. O Governo se retrai, não age politicamente nem mobiliza os movimentos sociais e os setores que poderiam apoiá-lo no enfrentamento a esta ofensiva conservadora que fará o Brasil recuar anos em sua trajetória de luta contra as desigualdades e suas vulnerabilidades, e de construção de um país mais justo, menos desigual, mais democrático, mais próspero e mais soberano;

34. É urgente a mobilização de todas as forças sociais progressistas para combater o desemprego causado pelo programa de ajuste, que está, isto sim, gerando imensa crise econômica e social, para defender a democracia e seus representantes legítimos, para defender as conquistas dos trabalhadores, para defender a empresa nacional, para defender o desenvolvimento do país, para defender a soberania nacional e a capacidade de autodeterminação da sociedade brasileira;

35. Para defender o Brasil.

*Diplomata brasileiro, foi secretário-geral das Relações Exteriores do Ministério das Relações Exteriores e ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República do Governo Lula.



Lula: Eu voltei a voar outra vez

Agosto 30, 2015 12:10, by Blog do Arretadinho

Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula
Na manhã desse sábado (29), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e José Mujica, ex-presidente do Uruguai e senador pelo país, participaram de uma mesa no seminário Seminário Internacional Participação Cidadã, Gestão Democrática e as Cidades no Século 21, realizado pela Prefeitura de São Bernardo, em São Paulo.

Primeiro falou José Mujica, que defendeu a importância dos partidos políticos para a manutenção das conquistas sociais dos cidadãos. "A democracia requer partidos. Não há democracia sem partidos. Eles são a vontade coletiva de grupos humanos. Os grandes meios nunca vão estar do lado do povo. São empresas, que atendem a outra forma de entender o mundo. Para o ex-presidente uruguaio, "não há homens imprescindíveis, há causas imprescindíveis". Ao fim de sua fala, José Mujica foi aplaudido em pé pelo público presente no auditório do Centro de Formação dos Profissionais de Educação (Cenforp).

Em sua fala, Lula relembrou as experiências de participação popular criadas pelo PT ao longo de seus 35 anos, dentre elas, o orçamento participativo, implementado em Diadema em 1982: "Pela primeira vez o povo humilde era chamado a discutir cada prioridade do seu bairro. e votavam, participavam e cobravam". Afirmou que a própria criação do partido nasceu da necessidade de ter um trabalhador na poítica. "Não era possível eu todo ano fazer greve e, ao chegar na eleição, eleger meu patrão pra vereador, deputado, prefeito", disse.

Seu mandato, disse Lula, foi marcado por aproximar o governo dos movimentos sociais. "Se perguntarem qual foi o maior legado que deixei, foi a relação que o governo estabeleceu com a sociedade e com os movimentos sociais. Se juntar todos os presidentes do país, antes de mim, eles não fizeram 10% das reuniões que fizemos. Foram 74 conferências nacionais, que começavam no municípios." Durante seus oito anos no Palácio do Planalto, disse Lula, "as políticas não eram do governo, eram do povo".

O ex-presidente comentou também a situação política atual, especialmente a grande polarização na qual se encontra o Brasil. "De onde vem esse ódio? Será que uma parte desse ódio demonstrado contra o PT é porque as empregadas domésticas conquistaram mais direitos? Nós fomos para a rua para conqusitar melhoras para as pessoas. Acho que essas pessoas estão querendo desfazer essas melhoras." Disse também que pretende viajar e voltar a dar entrevistas para "ver se dão um pouco de sossego para a companheira Dilma e se incomodam comigo de novo. As pessoas nao me deixam em paz. todo santo dia falam no meu nome." Falando com José Mujica, disse: "Você só consegue matar um pássaro se ele ficar parado no galho. Se ele voar, fica difícil". "Eu voltei a voar outra vez", afirmou, finalizando o discurso.

Do Instituto Lula



Revista Época mente mais uma vez

Agosto 30, 2015 12:02, by Blog do Arretadinho

A matéria deste final de semana é uma manipulação criminosa de documentos do MRE feita pelos jornalistas da revista, acusa o Instituto Lula

De Brasília
Joaquim Dantas 
Para o Blog do Arretadinho

O Instituto Lula divulgou uma nota neste sábado(29) repudiando uma matéria da revista Época neste final de semana. O Instituto acusa os jornalistas da revista de fazer uma "manipulação criminosa de documentos oficiais." Confira:

Documentos secretos revelam ignorância e má-fé da revista Época
Mais uma vez a revista Época divulga reportagem ofensiva ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com afirmações falsas e manipulação criminosa de documentos oficiais.

Avançando em ilações maliciosas e irresponsáveis, pelas quais seus jornalistas já foram citados em ação judicial por danos morais movida pelo ex-presidente Lula, a revista insiste em atribuir ao ex-presidente condutas supostamente ilícitas que ele jamais adotou ou adotaria.

A matéria deste final de semana (29/08) é uma combinação de má-fé jornalística com ignorância técnica (ou ambas) e o único crime que fica patente, após a leitura do texto, é o vazamento ilegal de documentos do Ministério das Relações Exteriores que, de acordo com a versão da revista, tiveram o sigilo funcional transferido ao Ministério Público.

Ao contrário do que sustenta a matéria, a leitura isenta e correta dos telegramas diplomáticos reproduzidos (apenas parcialmente, como tem sido hábito de Época) atesta a conduta rigorosamente correta do ex-presidente Lula em seus contatos com as autoridades cubanas e com dirigentes empresariais brasileiros.

A presença de um representante diplomático do Brasil numa reunião do ex-presidente com dirigentes de empresa brasileira demonstra que nada de ilícito foi ou poderia ter sido tratado naquele encontro. O mesmo se aplica ao relato, para o citado diplomata, da conversa de Lula com Raul Castro sobre o financiamento de exportações brasileiras para Cuba.  Só a imaginação doentia que preenche os vácuos de apuração dos jornalistas de Época pode conceber um suposto exercício de lobby clandestino com registro em telegramas do Itamaraty.

Os procedimentos comerciais e financeiros citados nos telegramas diplomáticos são absolutamente corriqueiros na exportação de serviços, como os jornalistas de Época deveriam saber, se não por dever de ofício, pelo simples fato de que trabalham nas Organizações Globo. A TV Globo exporta novelas para Cuba desde 1982, exporta para a China e exportou para os países de economia fechada do antigo bloco soviético.

Deveriam saber que, em consequência do odioso bloqueio comercial imposto pelos Estados Unidos, empresas que fazem transações com Cuba estão sujeitas a penalidades e restrições pela legislação dos EUA. Por isso, evitam instituições financeiras sujeitas ao Office of Foreign Assets Control, que é uma agência do governo dos EUA e não um “organismo internacional de fiscalização”, como erra a revista.

Ao contrário do que o texto insinua, maliciosamente, não há, nos trechos reproduzidos, qualquer menção a interferência do ex-presidente em decisões do BNDES, pelo simples fato de que tal interferência jamais existiu nem seria possível, devido aos procedimentos internos de decisão e aos mecanismos prudenciais adotados pela instituição.

Os jornalistas da revista Época deveriam conhecer o rigor de tais procedimentos e mecanismos, pois as Organizações Globo tiveram um relacionamento societário com o BNDESPar, subsidiária do BNDES. Em 2002, no governo anterior ao do ex-presidente Lula, ou seja, no governo do PSDB, este relacionamento se estreitou por meio de um aporte de capital e outras operações do BNDESPar na empresa Net Serviços, totalizando R$ 361 milhões (valores de 2001).

Deveriam saber que em maio de 2011, por ocasião da mencionada visita  do ex-presidente a Havana, o financiamento do BNDES às obras do Porto de Mariel estava aprovado, havia dois anos, e os desembolsos seguiam o cronograma definido nos contratos, como é a regra da instituição, que nenhum suposto lobista poderia alterar.

Em nota emitida neste sábado (29) para desmentir a revista, o BNDES esclarece, mais uma vez, que “os financiamentos a exportações de bens e serviços brasileiros para as obras do Porto de Mariel foram feitos com taxas de juros e garantias adequadas”, e que os demais contratos mencionados não se realizaram. Acrescenta que “o relacionamento do BNDES com Cuba foi iniciado ainda no final da década de 1990, sem qualquer episódio de inadimplemento ou atraso nos pagamentos.” 

Os jornalistas da Época deveriam saber também que não há nenhum ilícito relacionado às palestras do ex-presidente Lula contratadas por dezenas de empresas brasileiras e estrangeiras, entre elas a Infoglobo, que edita o jornal O Globo. Deveriam, portanto, se abster de insinuar suspeição sobre esta atividade legal e legítima do ex-presidente.

Tanto em Cuba quanto em todos os países que visitou desde que deixou a presidência da República, Lula trabalhou sim, com muito orgulho, no sentido de ampliar mercados para o Brasil e para as empresas brasileiras, sem receber por isso qualquer espécie de remuneração ou favor. Lula considera que é obrigação de qualquer liderança política contribuir para o desenvolvimento de seu País.

Os jornalistas da Época deveriam saber que todos os grandes países disputam mercados internacionais para suas exportações. E que não fosse o firme empenho do governo brasileiro, para o qual o ex-presidente Lula contribuiu,  talvez o estratégico porto de Mariel fosse construído por uma empresa chinesa, ou os cubanos estivesses assistindo novelas mexicanas. Neste momento histórico, em que EUA e Cuba reatam relações e o embargo econômico americano está prestes a  acabar, a revista Época volta no tempo a evocar velhos fantasmas da Guerra Fria e títulos de livros de espionagem.

Ao falsear a verdade sobre a atuação do ex-presidente Lula no exterior, os jornalistas da revista Época tentam criminalizar um serviço prestado por ele ao Brasil. O facciosismo desse tipo noticiário é patente e desmerece o jornalismo e a inteligência dos brasileiros. 



Foi polícia que matou em Osasco?

Agosto 30, 2015 8:01, by Blog do Arretadinho

Flores, velas e mensagens diante do bar onde 8 foram mortos.
Foto: Fausto Salvadori Filho
Foi polícia que matou em Osasco? “Bandido não faz uma coisa dessas”
Uma semana após onda de ataques à periferia que matou 18 pessoas, moradores de Osasco se reuniram para protestar diante do bar onde oito pessoas foram mortas

Um minuto de silêncio para chorar os sete dias da morte e um aplauso para relembrar os 34 anos vividos por Fernando Luiz de Paula, que todo mundo nesse canto do Jardim Munhoz Junior, em Osasco, conhecia como Abuse, pintor de profissão e goleiro do time Bola Mais Um. E o mesmo minuto de silêncio para outros sete mortos por um grupo de homens encapuzados que, no último 13 de agosto, invadiram o bar do Juvenal e atiraram em todos que viram pela frente.

Abuse era o único filho da empregada doméstica Zilda Maria Paula, 62 anos. Ela lembra que estava com o filho quando viu na tevê a cena da morte do policial militar cabo Ademilson Pereira de Oliveira, executado por criminosos enquanto pagava a conta em um posto de combustíveis da cidade, no dia 7. “Que covardia, Fernando”, ela comentou. E o filho concordou: “É cruel”. Nesta noite de quinta-feira (20), ela e seus vizinhos se juntaram para protestar contra uma covardia muito maior: as mortes de 24 pessoas em dois ataques realizados contra as periferias de Osasco e Barueri nos dias 8 e 13. “Espero que seja feita justiça”, pede Zilda.

Questionada se acreditam que os assassinos encapuzados seriam policiais interessados em vingar a morte de Ademilson, uma suspeita admitida pelo próprio secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, a maioria dos moradores do bairro evita responder com todas as letras. “Isso é uma coisa que eu já não falo. A gente não tem segurança. Quem sabe quem fez isso são só eles e os comparsas deles”, responde o segurança Fabiano Custódio, 28 anos, que na noite da chacina ajudou a levar amigos baleados para o hospital. Mas dá o recado: “Só uma coisa que eu te falo é que bandido não faz uma coisa dessas, não, de matar um monte de pai de família”.

No protesto, teve padre, pastor e filho de santo rezando, juntos, para pedir a Deus que traga justiça e ajude as autoridades a encontrar os assassinos. Os pedidos de paz  estavam nas rezas, em faixas penduradas e pichações feitas no bar do Juvenal, que funcionava ali há oito anos. “Quando o PM foi morto, eu tinha certeza de que teria represália nas quebradas. É o que acontece o tempo todo aqui”, disse o pichador Djan Ivson, 31 anos, presente ao protesto.

Quando falam, os sobreviventes fazem questão de defender a memória dos mortos e a imagem da comunidade. Como se o preconceito embaralhasse tanto os papeis que as vítimas das periferias se vissem obrigados a reafirmar que são vítimas. “O Munhoz sempre foi um bairro falado, mas essas coisas aconteciam lá por longe. Aqui é um lugar sossegado, de gente trabalhadora. As pessoas moram há muito tempo aqui e todo mundo se conhece”, conta Maria da Conceição, 72 anos, sogra de uma das vítimas, que está hospitalizada.

“Acham que quem mora na periferia não merece respeito, mas também somos filhos de Deus”, afirma o dono do bar, Juvenal Teixeira de Souza, 34 anos. Na chacina, ele perdeu seu irmão, Tiago Teixeira de Souza, com quem veio do Piauí para ganhar a vida em São Paulo. “Estou arrasado”, diz.

Diante das portas de ferro baixadas do bar do Juvenal, o proprietário revela que a tragédia não mudou os horizontes da sua vida. “Vou reabrir o bar”, diz. “Não sei fazer outra coisa.”




Missa lembra os 22 anos da chacina de Vigário Geral

Agosto 30, 2015 7:53, by Blog do Arretadinho

Os 22 anos da chacina de Vigário Geral serão lembrados na noite deste sábado (29) com missa na Matriz Santa Rosa de Lima, no bairro de Jardim América, zona norte do Rio. 
A missa foi solicitada pelos parentes de uma das vítimas da chacina, e o celebrante será o pároco da igreja, monsenhor Luis Antonio. Foram convidados parentes de todas os mortos na chacina, ocorrida na madrugada de 29 de agosto de 1993.

Naquele dia, cerca de 50 homens encapuzados, armados com metralhadoras, escopetas, pistolas e granadas, invadiram a favela de Vigário Geral, na zona norte do Rio, arrombaram casas e atiraram de forma indiscriminada nos moradores. Vinte e uma pessoas foram executadas. Todas tinham endereço fixo, profissão definida e sem antecedentes criminaiis.

A matança foi motivada por vingança. No dia anterior, quatro soldados do 9º Batalhão da Polícia Militar (PM) tinham sido assassinados na Praça Catolé do Rocha, vizinha à favela, em um crime atribuído a traficantes de drogas que atuavam em Vigário Geral. Os autores da chacina eram policiais militares de um grupo conhecido como Cavalos Corredores, por causa de sua maneira de agir. Eles entravam nos locais correndo, atirando e aterrorizando os moradores.

A chacina de Vigário Geral somou-se a outros massacres ocorridos no Rio de Janeiro. No dia 23 de julho daquele ano, cerca de 50 crianças e adolescentes que dormiam nas proximidades da Igreja da Candelária, no centro da cidade, foram alvejados por policiais. Oito morreram. Nos anos seguintes, três sobreviventes dessa chacina morreram em confrontos com a polícia.

Ocorridas no segundo mandato do governador Leonel Brizola (1991-1994), as duas chacinas tiveram repercussão em todo o mundo e mobilizaram organismos internacionais de defesa dos direitos humanos. Dos 52 policiais militares acusados formalmente da matança em Vigário Geral, apenas sete foram condenados e só um continua preso, o ex-PM Sirlei Alves Teixeira.

Três foram absolvidos no segundo julgamento, um morreu e dois foram beneficiados com a liberdade condicional. Cinco acusados morreram antes do julgamento e dois estão foragidos. Os demais foram absolvidos ou nem chegaram a ser responsabilizados.

“A lembrança da chacina de Vigario Geral é a lembrança de toda uma classe média, da qual eu faço parte, que assistiu à barbárie, mas não protestou e depois viu outras chacinas ocorrerem. O que nós esperamos hoje é que esse comportamento de indiferença da classe média em relação a esses crimes mude para uma cultura de cidadania”, diz , Antônio Carlos Costa, presidente da organização não governamental (ONG) Rio de Paz, que desde 2007 se posiciona contra chacinas e episódios de violência que ocorrem não só no Rio de Janeiro mas também em outras regiões do país.

Antônio Carlos Costa participou ontem (28), em São Paulo, de manifestação promovida pelo Rio de Paz em solidariedade às famílias das 19 vítimas da chacina do último dia 13 nas cidades de Osasco e Barueri, na região metropolitana da capital paulista. O ato, realizado em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), teve como objetivo cobrar do governo paulista apoio aos parentes das vítimas e à elucidação da autoria da chacina.

da Agência Brasil



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