Coronavírus pode dizimar povos indígenas, diz pesquisadora
21 de Abril de 2020, 10:15Sanitarista diz esperar que comunidades busquem refúgio nas matas para evitar se contaminar com o novo coronavírus |
João Fellet - @joaofellet
Da BBC News Brasil em São Paulo
À medida que o novo coronavírus se alastra pelo Brasil, crescem os temores de que comunidades indígenas sejam dizimadas pela covid-19, a doença causada pelo patógeno.
Doenças respiratórias já são a principal causa de morte entre as populações nativas brasileiras, o que torna a pandemia atual especialmente perigosa para esses grupos.
Há ainda preocupações quanto ao desabastecimento de muitas comunidades indígenas que compram alimentos em cidades e dependem de programas sociais como o Bolsa Família, mas estão sendo orientadas a evitar os deslocamentos para impedir o contágio.
Apesar da gravidade do cenário, associações indígenas e entidades que os apoiam afirmam que órgãos federais não têm adotado providências para proteger as comunidades - e que há falta de materiais básicos, como máscaras, para lidar com eventuais casos nas aldeias.
"Há um risco incrível de o vírus se alastrar pelas comunidades e provocar um genocídio", diz a médica sanitarista Sofia Mendonça, pesquisadora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Eu sei o que vocês escreveram no verão passado
21 de Abril de 2020, 7:42Foram encurralados: não há mais como 'fantasiar' diante de um Bolsonaro. Ocorre que o atrofiamento do aparato leitor foi tão grande, que sequer eles conseguem ser originais: precisam plagiar as análises já feitas pelos jornalistas desgarrados que optaram por não vender suas almas ao esquecimento."
A situação do jornalismo é triste. Mas a diferença entre imprensa tradicional e jornalismo alternativo, ao menos no quesito 'leitura de cenário', ainda é grande.
Há um delay gigantesco que, não raro, me provoca um sentimento de comiseração (pelo miserável colunismo de aluguel que habita as hostes corporativas dos grande jornais).
A última manifestação do 'atraso leitor' do jornalismo empresarial é a comparação de Bolsonaro com Jim Jones.
Fernando Brito, do Tijolaço, fez essa comparação há uns dois meses.
Agora, Merval Pereira e até a Economist adotam a linha argumentativa, afinal, como definir um fanático que leva pessoas ao suicídio coletivo?
Jim Jones é a referência histórica (vai perder para Bolsonaro - já perdeu).
Foi assim, com a greve dos caminhoneiros (a imprensa demorou 2 semanas para saber que a greve não tinha líder), foi assim com a reforma trabalhista (a imprensa demorou 2 anos para entender que a reforma não ajudou a criar mais empregos), foi assim com a política econômica de Paulo Guedes (transformada em pó depois da pandemia) e foi assim com o próprio Bolsonaro.
Se se pegar as manchetes e matérias dos três grandes jornais brasileiros da última semana, constatar-se-á que são idênticas às manchetes e matérias das mídias alternativas de dois anos atrás.
É um delay humilhante.
A publicidade poderia pelo menos dividir a receita dirigida a esses jornais com as mídias alternativas que, a rigor, acertam muito mais as previsões do que sua irmã siamesa.
Empresários, no entanto, não dão um centavo para o jornalismo livre - que tem seus erros, mas que pelo menos ainda "tenta" ler o mundo com algum tipo de metodologia.
Sobre a constatação empírica do delay, basta fazer uma análise semântico-lexical simples: palavras como 'fanático', 'idiota', 'palhaço', 'inepto', 'genocida', 'irresponsável', 'mentiroso' etc, passaram a ser largamente usadas por esses veículos tradicionais para se referirem a Bolsonaro.
A mídia alternativa já dominava essa dimensão lexical há bem mais tempo.
O que dizer dos grande jornais?
Lerdeza? Dormência? Obsolescência técnica? Preguiça? Rabo preso?
Um pouco de cada coisa.
Mas o traço mais dramático é que jornalistas empregados nas mídias tradicionais perderam a capacidade de análise e de prognóstico.
Foram tantos anos forçando a leitura de país para fustigar a esquerda, que a 'competência leitora' para descrever cenários simplesmente desapareceu.
Mirians Leitões, Mervais Pereiras, Elianes Catanhêdes, Veras Magalhães perambulam como zumbis na cena jornalística, mais perdidos do que 'cachorro cego que caiu do caminhão de mudança'.
Foram encurralados: não há mais como 'fantasiar' diante de um Bolsonaro. Ocorre que o atrofiamento do aparato leitor foi tão grande, que sequer eles conseguem ser originais: precisam plagiar as análises já feitas pelos jornalistas desgarrados que optaram por não vender suas almas ao esquecimento.
Como eu disse acima: dá pena desses zumbis do jornalismo. É doloroso vê-los agora tentando recuperar algum fiapo de reputação que seja.
Queridos 'colegas', lamento informar: tarde demais.
Eu sei o que vocês escreveram no verão passado e toda essa massa textual sangrenta que preparou o esmagamento da democracia será objeto de análise por futuros pesquisadores, historiadores e biógrafos.
E não adianta apagar (até porque a internet não deixa).
Sugestão: relaxem e usufruam deste último momento de exposição. Vivenciem o canto do cisne amargo de uma profissão jogada no lixo. Trafeguem pela própria insignificância, degustando cada cifra de apagamento de memória que lhes resta.
Nada, nada, dá uma ópera.
por Gustavo Conde
Queiroz reaparece em áudio a amigo: “O que você está fazendo pelas minhas filhas não tem preço”
14 de Abril de 2020, 11:42Flávio Bolsonaro com o ex-assessor Fabrício Queiroz (Foto: Reprodução) |
Amigo de longa data da família Bolsonaro, o ex-PM empregou suas duas filhas no gabinete de Flávio na Alerj, ambas envolvidas em esquema de rachadinha
Por Redação Revista Fórum
Escondido desde que seu nome veio à tona no escândalo das “rachadinhas” no gabinete do ex-deputado estadual Flávio Bolsonaro, na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), o ex-PM Fabrício Queiroz reapareceu em um áudio enviado a um amigo no mês passado. Na época, Queiroz estava prestes a passar por uma cirurgia para a retirada da próstata e, antes de ir ao hospital, entrou em contato com o amigo para deixá-lo a par da situação.
O áudio foi obtido pela revista Veja, que alegou não saber o nome da pessoa com quem Queiroz conversa. Na mensagem, o ex-PM fala de sua saúde e também dos favores que deve. “Valeu, valeu, meu irmãozão. Obrigado por tudo aí, tá? Gratidão não prescreve, cara, não prescreve mesmo. O que você está fazendo pelas minhas filhas aí, cara, não tem preço. Serei eternamente grato, entendeu?”, diz.
As filhas que Queiroz cita no áudio são Evelyn e Nathália, ambas empregadas por Flávio Bolsonaro no gabinete da Alerj. As duas também participavam do esquema de rachadinha, que consiste em devolver parte do que recebiam como salário.
Além disso, foi Queiroz quem empregou a mãe e a ex-mulher do ex-capitão Adriano Magalhães da Nóbrega no gabinete do filho do presidente. Morto numa operação policial realizada em janeiro, Adriano era acusado de chefiar o Escritório do Crime, grupo de extermínio ligado a uma milícia do Rio acusada de assassinar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes.
Investigações
Atualmente, os advogados do ex-assessor e os de Flávio Bolsonaro tentam suspender ou arquivar o caso contra ambos na Justiça. A ofensiva é incessante e abrange da primeira instância ao Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com a Veja, pessoas próximas ao presidente temem que a Justiça do Rio, aproveitando-se do desgaste de Bolsonaro durante a crise do coronavírus, decrete alguma medida contra Queiroz e seus familiares, como uma prisão preventiva.