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3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.
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Para Eva Wilma, campanha contra Lula é “caça às bruxas”

22 de Fevereiro de 2016, 22:40, por Blog do Arretadinho

Em entrevista ao site Brasil 247, a atriz disse ser preciso "respeitar Lula". Ela enfatizou que o ex-presidente "foi uma pessoa muito importante na anistia"
A atriz Eva Wilma saiu em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista ao site Brasil 247. Na avaliação da atriz, a campanha feita contra o petista é uma “caça às bruxas e uma inquisição”.

“Estamos voltando a uma inquisição por enquanto sem violência. A violência é só verbal e emocional”, disse.

“Tem que respeitar Lula”, disse Eva, ao enfatizar que o ex-presidente “foi uma pessoa muito importante na anistia”. Além disso, a atriz reforçou que o passado de Dilma Rousseff, durante a ditadura, ressalta a competência política da presidenta. Ela ainda disse não concordar com o processo e impeachment aberto contra a presidenta.

A atriz relembrou que passou por duas ditaduras. Na primeira, ela lembra ser muito criança. No entanto, na segunda, Eva diz ter sido “engajada e consciente politicamente”. “O terror chegava aos nossos ouvidos. Desde 68 a gente tomou acontecimento do que estava acontecendo e que era muito, muito, muito grave”, lembrou a atriz. 

“A gente não chamava de anos de chumbo, não, a gente chamava de anos de terror. Era um terrorismo o que faziam com as cabeças pensantes”, completou Eva Wilma.

Durante a conversa com o portal, Eva criticou as pessoas que pedem pela volta da ditadura. Para ela, os que querem a ditadura são “doentes e ignorantes”.  “Isso aí é insuportável! Insuportável, são cabeças doentes! Ignorantes e doentes! Não têm o menor conhecimento!”, criticou.

Da Redação da Agência PT de Notícias



Programa do PT exibido nacionalmente em 23/02/2016

22 de Fevereiro de 2016, 21:10, por Blog do Arretadinho



Codisburgo, a cidade de Guimarães Rosa

22 de Fevereiro de 2016, 19:43, por Blog do Arretadinho

A cidade de Codisburgo, em Minas Gerais, passou a ser conhecida mundialmente por ter Guimarães Rosa como o seu mais ilustre filho

De Brasília
Joaquim Dantas
Para o Blog do Arretadinho

A composição do nome Cordisburgo é mistura das palavras Cordis, que do latim significa Coração e Burgo, que do alemão significa cidade, ou seja "Cidade do Coração". Assim começa a história de Codisburgo, cidade natal do escritor Guimarães Rosa, autor de obras como Grande Sertões Veredas e Miguilim Inacabado. A cidade faz limites com Paraopeba, Araçaí, Santana de Pirapama e Curvelo, em Minas Gerais.

A população estimada da cidade em julho de 2015 era de 8 998 habitantes, sendo composta por 51,17% de homens e 48,83% de mulheres. A população urbana correspondia a 68,78% da população total, enquanto a rural representava 31,22%  dos habitantes totais. A esperança de vida era de 72,2 anos, a mortalidade infantil (por mil nascidos vivos) era de 20,1 e a taxa de fecundidade era de 1,8 filhos por mulher, segundo dados do PNUD de 2010.

História
Em meados de 1883, o padre João de Santo Antônio chegou na região conhecida como Sesmaria Empoeiras (algumas fontes citam o nome Arraial do Saco dos Cochos) e, por se tratar de um lugar com paisagens exuberantes e clima agradável, o padre logo a denominou de “Vista Alegre”, decidindo, assim, se estabelecer no local.

Para fundar o povoado, necessitava obter a posse de uma área que se encontrava em litígio. Para tanto, contou com a influência de Dona Policena Mascarenhas, uma senhora de posses, que, vendo a Sesmaria Empoeiras ir à praça pública, mandou seu filho Bernardo Mascarenhas arrematá-la em nome do “Irmão João”, cedendo 40 alqueires como patrimônio da igreja. A sesmaria pertencia à região do extinto Vínculo da Jaguara.

É certo que, nessa região, o padre João deu início à fundação do povoado de Vista Alegre, em 21 de agosto de 1883, edificando a capela ao patriarca São José. O levantamento dos esteios se deu em 14 de fevereiro de 1884, tendo sido concluída a capela em 23 de junho de 1884.

Em 14 de setembro do mesmo ano, a imagem do patriarca São José foi conduzida do Taboleiro Grande (hoje Paraopeba) para a capela pelo padre Pedro Corrêa Ferreira Rabelo e moradores dos arredores. Na mesma época, o padre João mandou vir da França uma imagem do Coração de Jesus. Quando chegou, uma procissão foi buscá-la em Gongo-Sôco e assim nasceu a idéia de construir-se um templo para acolhê-la. Portanto, em 8 de março de 1886, foi levantada a primeira linha do templo no Arraial de Vista Alegre, que começava a ser povoado, em torno da igreja, em terrenos que o padre distribuía gratuitamente para que as pessoas construíssem suas casas.

A igreja foi construída com a ajuda de donativos e foi concluída no dia 20 de maio de 1894. Nesse dia, houve uma bênção na igreja e o padre João trouxe em procissão a imagem do padroeiro que tinha vindo de Paris e aguardava, na Capelinha de São José, a construção de seu templo.

Em 9 de junho de 1890, um decreto do então governador de Minas, João Pinheiro da Silva, elevou o povoado de Coração de Jesus da Vista Alegre a distrito de Cordisburgo da Vista Alegre, município de Sete Lagoas. O padre João registrou o nome Cordisburgo em homenagem ao Sagrado Coração de Jesus, pois a etimologia vem do hibridismo cordis, do latim, que significa coração; e burgo, do alemão, que significa vila ou cidade.

O distrito foi incorporado ao município de Paraopeba, em 30 de agosto de 1911, sendo emancipado em 17 de dezembro de 1938, compreendendo os distritos sede Lagoa (Lagoa Bonita) e Traíras (Santana de Pirapama). Nessa época, já se chamava apenas Cordisburgo e, em 1948, perdeu o distrito de Santana de Pirapama e ficou subordinado à Comarca de Sete Lagoas.

Anos mais tarde, o padre doou o que tinha à Matriz do Sagrado Coração de Jesus e, em 18 de outubro de 1895, à diocese de Diamantina uma área de 40 alqueires de terra, que compreendia Cordisburgo e seus arredores. Depois voltou à Macaúbas, onde faleceu em 15 de setembro de 1913. Devido à precária condição física, a matriz foi demolida, sendo finalizada sua reconstrução em 24 de junho de 1960.

Associação dos Amigos do Museu Casa Guimarães Rosa e Grupo Estrelas do Sertão
Localização: Avenida Padre João, 749 – Próximo ao Museu Casa Guimarães Rosa – Centro – Cordisburgo/MG
Como chegar: Siga em frente na Rua São José, vire à direita na Rua Governador Valadares, vire à esquerda na Avenida Padre João, o destino está a 360 m, próximo ao Museu Casa Guimarães Rosa.

A Associação dos Amigos do Museu Casa Guimarães Rosa (AAMCGR), fundada em 1994, funciona como centro de convergência e referência cultural dos moradores de Cordisburgo. A entidade é proponente e parceira dos projetos desenvolvidos pelo Museu e responsável pela promoção da Semana Roseana, evento com programação cultural variada e gratuita, realizado na cidade desde 1988, nos meses de julho, em comemoração ao aniversário do escritor. A AAMCGR é, ainda, mantenedora da Biblioteca Pública “Riobaldo e Diadorim”, dos “Contadores de Estória Miguilim” e do Grupo da Melhor Idade “Estrelas do Sertão”, grupo este constituído por senhoras que se encontram regularmente para bordar, costurar e tecer. Juntas produzem colchas, painéis, paramentos de copa e cozinha e outras belíssimas peças de artesanato, comercializados com sucesso na sede da Associação. Os bordados são inspirados em imagens e trechos retirados da obra de seu conterrâneo ilustre e também de cenas relacionadas com suas próprias lembranças e vivências. Além do prazer do encontro, do pretexto para muita conversa e cantoria durante o trabalho, do orgulho de produzir objetos plenos de poesia e arte, elas ainda podem contar com uma pequena renda oriunda de seu talento.

Principais Eventos

Caminhada Eco-Literária
A caminhada Eco-literária é um evento que se realiza em Cordisburgo, tendo como principal objetivo mostrar aos visitantes os lugares reais que Guimarães Rosa se inspirou para escrever sua obra. A equipe idealizadora desta caminhada, Grupo “Caminhos do Sertão” é formada por ex-integrantes do Grupo Miguilim, por músicos e conhecedores da obra, sendo todos os componentes pessoas da comunidade Cordisburguense.

Geralmente esta caminhada tem o percurso em torno de 4 km por fazendas da região. Durante esse caminho são narrados trechos da obra Roseana que acabam levando as pessoas a se transportarem para o cenário real das estórias de Guimarães Rosa em sua terra natal.

A caminhada teve inicio em 1998 e partir daí o número de participantes têm aumentado consideravelmente, com a presença de universitários, professores, estudantes em geral e demais admiradores da obra.

Outro objetivo desse grupo é que a caminhada aconteça em todo sertão de Guimarães Rosa.
O nome do Grupo, “Caminhos do Sertão”, se deu devido ao fato desta equipe ser convidada para fazer “Caminhadas Eco-literárias” em outros vários lugares fora de Cordisburgo.
Segundo Guimarães Rosa, “o sertão é o mundo” e partindo desta ideia o grupo leva o sertão mundo afora.

Fica claro também o quê esse trabalho manifesta nas pessoas, conscientizando as mesmas da importância da conservação da região: cerrado, campos, chapadas, veredas e rios, através dos textos especialmente selecionados e narrados pelo Grupo “Caminhos do Sertão”.
Também fazem parte dos trabalhos apresentações teatrais.

São parceiros e incentivadores deste evento, o Museu Casa Guimarães Rosa, local onde o escritor nasceu e a Associação dos Amigos do Museu Casa Guimarães Rosa em Cordisburgo. 

Semana Roseana
Local do Evento:  Av. Padre João, próximo ao Museu Casa Guimarães Rosa.

Data de realização: Mês de Julho.

Responsável pela organização: Governo do Estado de Minas Gerais/Superintendência de Museus do Estado de Minas Gerais,  Associação dos Amigos do Museu Casa Guimarães Rosa, Museu Casa Guimarães Rosa, Academia Cordisburguense de Letras, Secretaria Municipal de Turismo, Ecologia e Meio Ambiente de Cordisburgo.

A Semana Roseana acontece há 20 anos em data próxima ao aniversário de nascimento do escritor João Guimarães Rosa, no mês de julho e atrai um turismo cultural significativo não apenas de outras regiões do Estado, como do país, além de reunir pesquisadores e estudiosos provenientes de centros acadêmicos, a exemplo da USP, UFMG, UFRJ, PUC-MG. O evento abrange diferentes atividades como oficinas literárias, de música, de artes plásticas (desenho, xilogravura), fotografia, palestras, apresentações teatrais, lançamento de livros, feira de artesanato, feira gastronômica e shows musicais. Também é realizada a caminhada eco-literária e a caminhada urbana, que percorre itinerário urbano e rural registrados por Rosa em sua literatura, como a antiga Estação Ferroviária, a própria casa onde vivia o escritor, hoje sede do Museu, a Capela de São José, fazendas e cidades vizinhas como Três Marias e Morro da Garça. Acompanhada por conhecedores locais da obra de Guimarães Rosa, Grupo Miguilim e pelo Grupo “Caminhos do Sertão”, a Caminhada permite aos participantes conhecer a paisagem do cerrado e a cultura do sertão perenizados na obra do escritor.


Festa do Divino Espírito Santo e Nossa Senhora do Rosário em Cordisburgo
Local do Evento:  Em frente à Capela de Nossa Senhora do Rosário - Praça Nossa Senhora do Rosário 

Festa do Divino Espírito Santo e Nossa Senhora do Rosário em Lagoa Bonita
Local do Evento:  Em frente à Capela de Nossa Senhora do Rosário - Praça da Capela - Distrito de Lagoa Bonita

Festa do Padroeiro Sagrado Coração de Jesus
Local do Evento:  Salão Paroquial – Largo da Igreja Matriz do Sagrado Coração de Jesus 

Com informações da Prefeitura Municipal



Carta de Guimarães Rosa conta os segredos de Sagarana

22 de Fevereiro de 2016, 18:58, por Blog do Arretadinho

A obra Sagarana, de João Guimarães Rosa completa em 2016, 70 anos, sendo um de seus grandes clássicos.

O Portal Vermelho, traz em seu caderno Prosa, Poesia e Arte matérias, fragmentos e documentos em homenagem ao escritor.

Confira então, uma carta envida por Guimarães Rosa ao amigo e também autor João Condé, onde faz relatos inéditos sobre Sagarana.

Prezado João Condé,

Exigiu você que eu escrevesse, manu propria, nos espaços brancos deste seu exemplar de Sagarana, uma explicação, uma confissão, uma conversa, a mais extensa, possível — o imposto João Condé para escritores, enfim. Ora, nem o assunto é simples, nem sei eu bem o que contar. Mirrado pé de couve, seja, o livro fica sendo, no chão do seu autor, uma árvore velha, capaz de transviá-lo e de o fazer andar errado, se tenta alcançar-lhe os fios extremos, no labirinto das raízes. Graças a Deus, tudo é mistério.

Algo, porém, tem de ser dito. Ao autor o que é do autor, mas a João Condé o que é de João Condé.

Assim, pois, em 1937 — um dia, outro dia, outro dia... — quando chegou a hora de o Sagarana ter de ser escrito, pensei muito. Num barquinho, que viria descendo o rio e passaria ao alcance das minhas mãos, eu ia poder colocar o que quisesse. Principalmente, nele poderia embarcar, inteira, no momento, a minha concepção-do-mundo.

Tinha de pensar, igualmente, na palavra “arte”, em tudo o que ela para mim representava, como corpo e como alma; como um daqueles variados caminhos que levam do temporal ao eterno, principalmente.

Já pressentira que o livro, não podendo ser de poemas, teria de ser de novelas. E — sendo meu — uma série de Histórias adultas da Carochinha, portanto.

Rezei, de verdade, para que pudesse esquecer-me, por completo, de que algum dia já tivessem existido septos, limitações, tabiques, preconceitos, a respeito de normas, modas, tendências, escolas literárias, doutrinas, conceitos, atualidades e tradições — no tempo e no espaço. Isso, porque: na panela do pobre, tudo é tempero. E, conforme aquele sábio salmão grego de André Maurois: um rio sem margens é o ideal do peixe. 

Aí, experimentei o meu estilo, como é que estaria. Me agradou. De certo que eu amava a língua. Apenas, não a amo como a mãe severa, mas como a bela amante e companheira. O que eu gostaria de poder fazer (não o que fiz, João Condé!) seria aplicar, no caso, a minha interpretação de uns versos de Paul Éluard: ...“o peixe avança nágua, como um dedo numa luva”... Um ideal: precisão, micromilimétrica.

E riqueza, oh! riqueza... Pelo menos, impiedoso, horror ao lugar-comum; que as chapas são pedaços de carne corrompida, são pecados contra o Espírito Santo, são taperas no território do idioma.

Mas, ainda haveria mais, se possível (sonhar é fácil, João Condé, realizar é que são elas...): além dos estados líquidos e sólidos, por que não tentar trabalhar a língua também em estado gasoso?!

Àquela altura, porém, eu tinha de escolher o terreno onde localizar as minhas histórias. Podia ser Barbacena, Belo Horizonte, o Rio, a China, o arquipélago de Neo-Baratária, o espaço astral, ou, mesmo, o pedaço de Minas Gerais que era mais meu. E foi o que preferi. Porque tinha muitas saudades de lá. Porque conhecia um pouco melhor a terra, a gente, bichos, árvores.

Porque o povo do interior — sem convenções, “poses” — dá melhores personagens de parábolas: lá se veem bem as reações humanas e a ação do destino: lá se vê bem um rio cair na cachoeira ou contornar a montanha, e as grandes árvores estalarem sob o raio, e cada talo do capim humano rebrotar com a chuva ou se estorricar com a seca.

Bem, resumindo: ficou resolvido que o livro se passaria no interior de Minas Gerais. E compor-se-ia de 12 novelas. Aqui, caro Condé, findava a fase de premeditação. Restava agir.

Então, passei horas de dias, fechado no quarto, cantando cantigas sertanejas, dialogando com vaqueiros de velha lembrança, “revendo” paisagens da minha terra, e aboiando para um gado imenso. Quando a máquina esteve pronta, parti. Lembro-me de que foi num domingo, de manhã.

O livro foi escrito — quase todo na cama, a lápis, em cadernos de 100 folhas — em sete meses; sete meses de exaltação, de deslumbramento.

(Depois, repousou durante sete anos; e, em 1945, foi “retrabalhado”, em cinco meses, cinco meses de reflexão e de lucidez).

Lá por novembro, contratei com uma datilógrafa a passagem a limpo. E, a 31 de dezembro de 1937, entreguei o original, às 5 e meia da tarde, na Livraria José Olympio. O título escolhido era “Sezão”; mas, para melhor resguardar o anonimato, pespeguei no cartapácio, à última hora, este rótulo simples: “Contos” (título provisório, a ser substituído) por Viator. Porque eu ia ter de começar longas viagens, logo após.

Como já disse, as histórias eram doze: 

I) — O burrinho pedrês — Peça não profana, mas sugerida por um acontecimento real, passado em minha terra, há muitos anos: o afogamento de um grupo de vaqueiros, num córrego cheio.

II) — A volta do marido pródigo — A menos “pensada” das novelas do Sagarana, a única que foi pensada velozmente, na ponta do lápis. Também, quase não foi manipulada, em 1945.

III) — Duelo — Aqui, tudo aconteceu ao contrário do que ficou dito para a anterior: a história foi meditada e “vivida”, durante um mês, para ser escrita em uma semana, aproximadamente. Contudo, também quase não sofreu retoques em 1945.

IV) — Sarapalha — Desta, da história desta história, pouco me lembro. No livro, será ela, talvez, a de que menos gosto.

V) — Questões de família — História fraca, sincera demais, meio autobiográfica, malrealizada. Foi expelida do livro e definitivamente destruída.

VI) — (Uma história de amor — Um belo tema, que não consegui desenvolver razoavelmente. Teve o mesmo destino da novela anterior).

VII) — Minha gente — Por causa de uma gripe, talvez, foi escrita molemente, com uma pachorra e um descansado de espírito, que o autor não poderia ter, ao escrever as demais.

VIII) — Conversa de bois — Aqui, houve fenômeno interessante, o único caso, neste livro, de mediunismo puro. Eu planejara escrever um conto de carro-de-bois com o carro, os bois, o guia e o carreiro. Penosamente, urdi o enredo, e, um sábado, fui dormir, contente, disposto a pôr em caderno, no domingo, a história (n. 1). Mas, no domingo caiu-me do ou no crânio, prontinha, espécie de Minerva, outra história (n. 2) — também com carro, bois, carreiro e guia — totalmente diferente da da véspera. Não hesitei: escrevi-a, logo, e me esqueci da outra, da anterior. Em 1945, sofreu grandes retoques, mas nada recebeu da versão pré-histórica, que fora definitivamente sacrificada.

IX) — Bicho mau — Deixou de figurar no Sagarana, porque não tem parentesco profundo com as nove histórias deste, com as quais se amadrinhara, apenas, por pertencer à mesma época e à mesma zona. Seu sentido é outro. Ficou guardada para outro livro de novelas, já concebido, e que, daqui a alguns anos, talvez seja escrito.

X) — Corpo fechado — Talvez seja a minha predileta. Manuel Fulô foi o personagem que mais conviveu “Humanamente” comigo, e cheguei a desconfiar de que ele pudesse ter uma qualquer espécie de existência. Assim, viveu ele para mim mais umas 3 ou 4 histórias, que não aproveitei no papel, porque não tinham valor de parábolas, não “transcendiam”.

XI) — São Marcos — Demorada para escrever, pois exigia grandes esforços de memória, para a reconstituição de paisagens já muito afundadas. Foi a peça mais trabalhada do livro.

XII) — A hora e vez de Augusto Matraga — História mais séria, de certo modo síntese e chave de todas as outras, não falarei sobre o seu conteúdo. Quanto à forma, representa para mim vitória íntima, pois, desde o começo do livro, o seu estilo era o que eu procurava descobrir.

Por ora, Condé, aqui está o que eu pude relembrar, acerca do Sagarana. Se você quiser, eu poderei contar, mais tarde —, num exemplar da 2ª edição — algumas passagens históricas, ocorridas entre o dia 31 de dezembro de 1937 e a data em que o livro foi entregue à Editora Universal. Serve?

Com o cordial abraço do
Guimarães Rosa

 Fonte: Portal Vermelho



PF diz que não há irregularidades em campanhas do PT

22 de Fevereiro de 2016, 17:53, por Blog do Arretadinho

PF diz que não há irregularidades em campanhas do PT feitas por Santana
A Polícia Federal (PF) concluiu que não foram encontradas irregularidades nos pagamentos do PT pelos serviços prestados pelo publicitário João Santana nas campanhas eleitorais da presidenta Dilma, do ex-presidente Lula e do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. O relatório foi citado pelo juiz federal Sérgio Moro ao deferir o pedido de prisão de Santana e de sua mulher, Mônica Moura.

De acordo com a PF, as suspeitas em relação ao publicitário e Mônica Moura são referentes a cerca de US$ 7,5 milhões que teriam sido recebidos pelos dois no exterior, por meio de uma empresa offshore que seria controlada pela empreiteira Odebrecht.  

“Os valores referentes aos pagamentos pelo préstimo de serviços de João Santana e Mônica Moura para as campanhas eleitorais de Luiz Inácio Lula da Silva (2006), Fernando Haddad (2012) e da atual presidente da República Dilma Rousseff (2010 e 2014) totalizam R$ 171.552.185,00. Não há, e isto deve ser ressaltado, indícios de que tais pagamentos [das campanhas] estejam revestidos de ilegalidades”, concluíram os delegados.

No despacho no qual autorizou a prisão dos investigados na 23ª fase da Lava Jato, o juiz federal Sérgio Moro citou os valores do relatório da Polícia Federal e disse que, “ao que tudo indica”, os recursos foram declarados.

A empresa Odebrecht, alvo de investigação da Operação Lava Jato, confirmou, por meio de nota, que agentes da Polícia Federal realizam ações nos escritórios da companhia em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, visando ao cumprimento de mandados de busca e apreensão. Informou ainda que “está à disposição das autoridades para colaborar com a operação em andamento”.

da Agência Brasil