A Missão de Vocês: Unir os moralistas
18 de Dezembro de 2012, 22:00 - sem comentários ainda
A Missão de Vocês
Shrii Prabhat Ranjan Sarkar
Dezembro de 1966.
Os seres humanos não são capazes de propagarem uma grande ideologia somente com seu conhecimento, seus intelectos ou através de suas posições sociais. A conduta humana torna-se purificada através de práticas intuicionais [1]. Não é necessário que a pessoa provenha de uma família assim-chamada distinta, ou que ela tenha completado um estudo universitário. Em vez disso, esses fatores podem criar uma falsa vaidade na mente da pessoa, que ao final irá colocar-se como obstáculo no caminho da reforma da sua própria conduta.
Neste nosso universo, duas forças estão operando lado a lado: a sutil e a estática. Algumas vezes a força sutil domina, e em outros momentos, a força estática domina. Não há espaço para um pacto entre essas forças. Os seres humanos terão de marchar adiante em meio à batalha incessante entre essas forças opositoras. Na sociedade, por um lado vemos as hordas de elementos antissociais, e por outro lado, percebemos um sentimento de frustração entre os moralistas [2]. Esses moralistas desenvolveram, assim, uma tendência a saírem da sociedade. Com mais riqueza e força, os elementos antissociais estão em um posição vantajosa, e os moralistas parecem ser os culpados. Esse estado de coisas não é nem desejável, nem apropriado, e não se deve permitir que continue.
O dever de vocês é unir os moralistas. Que hajam dois lados. Que haja um combate aberto. Os moralistas estiveram dispersos por tanto tempo que eles não conseguiam lutar. A força reunida de cinco moralistas é muito maior do que a força reunida de uma centena de imoralistas, porque existe uma aliança profana entre estes últimos.[3] A meditação atrás de portas fechadas não bastará. Acumulem forças através de práticas intuicionais e unam-se contra os imoralistas.
Portanto, o dever de vocês é triplo.
[1] O seu primeiro dever é seguir a moralidade e fazer práticas intuicionais. Sem isso, vocês não conseguirão ter determinação mental.
[2] O seu próximo dever é unir os moralistas do mundo – pois, de outro modo, o Dharma não sobreviverá. As massas exploradas que não seguem Yama e Niyama – os princípios morais fundamentais – não têm capacidade para lutar contra o seu próprio sentimento de frustração. Portanto, é necessário unir os moralistas. Esse será o verdadeiro Dharma de vocês. Vocês se tornarão grandes fazendo isso, porque a ideação no Grande torna uma pessoa grande.
[3] E no terceiro estágio, vocês terão de lutar impiedosamente contra o pecado, onde quer que ele esteja enraizado neste mundo.
Você precisam propagar essa missão de porta em porta. Nenhum partido político, ou nenhuma instituição assim-chamada religiosa, poderão trazer a salvação. Louvar Deus em concertos com tambores e címbalos tampouco irá trazer a salvação, porque isto não fará com que os pecadores se curvem. Para conter o ataque maciço dos imoralistas hoje em dia, armas são mais necessárias do que tambores e címbalos.[4]
Não é possível lutar contra o pecado enquanto houver alguma fraqueza na mente de vocês. Nessa luta, o objetivo de vocês não é o pecado ou o pecador: o objetivo de vocês é a Consciência Suprema. Qualquer coisa que se interponha no caminho rumo a isso terá de ser removida sem piedade. Quando nuvens se adensam em torno da estrela polar e a cobrem, o dever de vocês é remover as nuvens e seguir a estrela polar sem se importar em olhar aonde as nuvens foram parar.[5] Se vocês sempre pensarem no seu inimigo, as suas mentes irão adotar as más qualidades do seu objeto de ideação – mas se o Ser Supremo for a meta de vocês, as suas mentes serão metamorfoseadas no próprio Ser Supremo.
Lembrem-se: vocês têm que servir a humanidade. Vocês têm que dedicar-se à causa da humanidade como um todo. A vida de vocês é valiosa; o tempo de vocês é ainda muito mais valioso. Vocês não deveriam desperdiçar nenhum momento. A tarefa é gloriosa. A tarefa é nova. Levem uma vida de guerreiros e lutem constantemente contra todos os males. Vocês serão vitoriosos. Portanto, marchem avante!
* * *
Título Original: “Your Mission”
Tradução: Mahesh – Florianópolis: 30 de novembro; 04 de dezembro de 2010.
Fonte: Edição Eletrônica das Obras de P. R. Sarkar – versão 7.5 (em inglês).
Publicado em:
Prout in a Nutshell Volume 4 Part 18 [uma compilação]
Supreme Expression Volume 2 [uma compilação]
(Obras ainda não publicadas no Brasil.)
[1] Práticas intuicionais (também denominadas coletivamente de sádhaná) são aquelas que propiciam o desenvolvimento da intuição de cada indivíduo – ou, dito de outra forma mais ampla, o seu desenvolvimento espiritual; subentende-se pelo termo “práticas” que isto se dá através de uma abordagem prática e sistemática. A meditação, ou um sistema de meditação, são exemplos disso.
[2] “Moralistas” são, neste contexto, aquelas pessoas que seguem princípios éticos universais (sintetizados na forma dos dez princípios de Yama eNiyama) – ou, também, que estão comprometidas com o seu dharma (e portanto empenhadas em desenvolvê-lo).
[3] Esta é uma referência indireta à batalha de Kurukshetra no Mahabharata, em que o exército dos cinco pandavas (liderados por Krishna) derrotou o exército dos cem kaoravas.
[4] Vendo os horrores de guerras motivadas por interesses escusos e justificadas com mentiras, muitas pessoas que buscam a paz acabam pregando a não-violência como alternativa à violência irracional. A personalidade de Mahatma Gandhi e o movimento liderado por ele aparecem como exemplos ou mesmo ícones desse suposto método de resolução de injustiças sociais. O autor procurou expôr e demonstrar, argumentando abundantemente, as falhas dessa abordagem.
[5] Um exemplo disso – com uma boa dose de imaginação, ou exercício de futurologia – pode ser o esforço para se implementar ou construir uma democracia econômica. A descentralização econômica que inevitavelmente acompanhará esse esforço necessariamente implicará na redução e eventual eliminação do poder econômico dos grandes capitalistas, pois tenderá a solapar a concentração ou centralização econômica na qual o poder deles se baseia. Naturalmente eles irão sentir isso, e tenderão a buscar as causas dessa oposição e lutar para eliminá-las, para prolongarem seu poder. Nisto eles poderão enfrentar dificuldades e, caso não tenham sucesso, podemos supor que sofrerão com suas perdas. Mas que razão temos para nos preocupar com a perda das suas fortunas acumuladas, e dos seus impérios econômicos, e de toda a rede de dominação social que encabeçam, quando comparamos o sofrimento dessas pessoas com o das pessoas que sofrem por não terem o que comer, ou onde morar?