GEORGE SOROS SE UNE A MUJICA NA LEGALIZAÇÃO DA MACONHA
21 de Fevereiro de 2014, 12:16 - sem comentários aindaA Open Society Foundation, liderada pelo bilionário George Soros, informou que irá financiar US$ 500 mil para ONGs (organizações não-governamentais) e universidades do Uruguai que estudam o impacto da legalização do consumo de maconha no país
O bilionário George Soros acaba de entrar para o clube dos que discutem a legalização da maconha.
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Pedro Abramovay |
A ideia surgiu em setembro, quando o presidente José Mujica e o bilionário se reuniram durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Desde então, diversos grupos políticos e sociais uruguaios protestam sobre o assunto. George Soros ofereceu a Mujica toda a ajuda possível para que o processo iniciado no Uruguai possa avançar com maior facilidade.
"Esta pesquisa será similar às enquetes feitas em últimos anos pela Junta Nacional de Drogas", acrescentou. "Acreditamos, dada a nova situação de legalidade, que esta próxima (pesquisa) nos dará um relatório mais fiel sobre o uso atual da maconha", afirmou Abramovay.
O diretor ainda afirmou que, na área da educação, está apoiando a criação de um novo diploma na Universidade da República, que será uma capacitação especializada e profissional em política de drogas e uma carreira especializada em políticas de drogas que fará parte do novo Mestrado em Políticas Públicas da Universidad Católica.
Fonte: 247
A Venezuela é atacada novamente
20 de Fevereiro de 2014, 13:50 - sem comentários aindaÚnica carta na manga da oposição é esperar que a Venezuela seja invadida por marines norte-americanos
Por María Páez Victor*
Novamente, um ataque altamente organizado está sendo levado adiante contra o governo popular e democrático da Venezuela. Envolveu manipulações monetárias, sabotagem econômica, uma campanha midiática internacional contra a economia, apesar dos excelentes indicadores econômicos, a difamação da companhia petroleira estatal e, nessa última semana, manifestações nas ruas que deixaram 3 mortos e 66 feridos.
As táticas são as mesmas que a oposição antidemocrática tem usado por 15 anos, desde a primeira eleição do presidente Hugo Chávez. Tais táticas foram usadas nas chamadas Revoluções Coloridas no leste europeu, na Líbia, na Síria, no Egito e agora na Ucrânia. O objetivo é dar uma aparência de caos, provocar as forças da ordem pública, desacreditar o governo por meio de uma mídia internacional complacente, fomentar a agitação civil e, até, a guerra civil (como aconteceu com sucesso na Síria), e, finalmente, promover as condições para uma intervenção ou mesmo ocupação internacional.
No entanto, a Venezuela não está no Oriente Médio ou no Oriente Próximo e seu governo é uma democracia participativa que tem uma maioria muito forte, o suporte de todas as instituições-chave do Estado de Direito, e o apoio de seus vizinhos regionais. Além disso, a população é ligada a muitas associações comunitárias organizadas; não é uma massa amorfa.
As apostas estão altas porque o país tem a maior reserva conhecida de petróleo, situada a poucos passos de Washington.
A oposição acredita que, na ausência de Hugo Chávez, Nicolás Maduro é presa fácil. Eles subestimam enormemente o homem cuja popularidade tem aumentado dentro e fora do país.
O ataque contra a Venezuela, que visa a criar descontentamento popular, teve os seguintes destaques:
Guerra monetária. Começou com a corrida pela moeda, a manipulação do dólar no mercado negro, a obtenção de dólares do governo a um preço mais baixo sob falsos pretextos. Maduro não hesitou: regulou os preços e mudou as regras de câmbio — 70% aprovaram sua decisão.
Falsa escassez: Dois golpes escandalosos de aumento de preços de mercadorias, além de uma escassez artificial de alimentos, começaram quando as pessoas estavam dando início às suas compras de Natal. Ricos comerciantes começaram a acumular bens essenciais: farinha de milho, açúcar, sal, óleo de cozinha, papel toalha, etc., guardando-os em armazéns escondidos ou fazendo-os chegar à Colômbia por meio de uma operação de contrabando bem planejada. Os militares descobriram uma ponte ilegal construída para motos que carregava os bens contrabandeados. Milhares de sacolas de alimentos foram descobertas deixadas simplesmente pra apodrecer nas estradas da Colômbia: esse não era um contrabando feito por razões econômicas, mas por motivos políticos. O governo colombiano cooperou com o governo venezuelano para impedir esse contrabando.
Ataques contra a companhia de petróleo venezuelana, a PDVSA: a imprensa internacional tem alegado que a PDVSA está falhando porque está usando seus lucros para programas sociais em vez de reinvesti-los, e que o país está esgotando suas reservas de petróleo. É curioso como eles nunca alertaram o Canadá ou a Arábia Saudita sobre a escassez de petróleo. Eles chegam a fazer a ridícula afirmação de que a Venezuela está importando gasolina dos Estados Unidos. O fato é que a PDVSA é proprietária de uma grande companhia de petróleo, a CITGO, nos EUA, cuja refinaria frequentemente manda de volta para a Venezuela um líquido especial usado para aprimorar a gasolina de grau 95. A PDVSA ainda é uma das 5 maiores companhias do mundo, de acordo com a influente publicação Petroleum Intelligence Weekly.
Campanha para desacreditar a economia: Os meios de comunicação internacionais têm feito previsões macabras para a Venezuela há anos! A economia venezuelana está indo muito bem. Suas exportações de petróleo no ano passado atingiram os US$ 94 bilhões enquanto as importações chegaram somente a US$ 53 bilhões – um recorde historicamente baixo. As reservas nacionais estão na casa dos US$ 22 bilhões e a economia tem um superávit (não um déficit) de 2,9% do PIB (Produto Interno Bruto). O país não tem dívidas nacionais ou externas significativamente onerosas. [iv] Esses são indicadores excelentes que muitos países na Europa invejariam, e até mesmo os Estados Unidos e o Canadá. O banco multinacional Wells Fargo recentemente declarou que a Venezuela é uma das economias emergentes que está mais protegida contra qualquer crise financeira possível e a Merrill Lynch, do Bank of America, recomendou que seus investidores comprem títulos do governo da Venezuela.
Exagero sobre os riscos de segurança: A Venezuela tem uma alta taxa de criminalidade, infelizmente, assim como a maioria dos países da América Latina. A morte recente de um casal de alta expressão na mídia impulsionou a oposição a exagerar a insegurança. Maduro respondeu com um muito difundido Plano para a Paz com intenso policiamento comunitário, envolvendo comodidades e conselhos comunais, dividindo as cidades por setores com linhas diretas de denúncia e patrulhas especiais, criando 25 comitês cidadãos para o Controle Policial, com 250 pessoas no total, novos serviços para vítimas de crimes, e buscando o envolvimento da mídia para conter programas violentos.
A medida foi muito popular.
Oposição
Há uma seção da oposição que é democrática e cumpridora da lei, mas infelizmente, são os elementos antidemocráticos da oposição que parecem liderar. Nos últimos dias, esse líderes proeminentes da oposição antidemocrática, os parlamentares Leopoldo López e Maria Corina Machado, estavam incitando a violência. Manifestações orquestradas, com sabotadores profissionais e a manipulação de jovens, assassinaram 3 pessoas e feriram 66. [vi]. López — cuja ligação com a CIA remonta à sua estadia no Kenyon College, em Ohio [vii] — afirmou publicamente que a violência continuaria até que eles “se livrassem de Maduro”. Um dos manifestantes disse à imprensa “Nós precisamos de um cara morto”. Abundaram mensagens no Twitter pedindo que alguém matasse Maduro. Uma mensagem no Twitter dava detalhes da localização da escola da filha do presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, incitando o sequestro dela.
A procuradora-geral, uma mulher, foi fisicamente atacada e seu escritório revirado. Carros de polícia foram queimados, estabelecimentos culturais vandalizados, a casa do governador do Estado de Táchira foi quase queimada com a família dele dentro.
A violência da oposição tem sido uma constante. Em outubro, Henrique Capriles, o candidato presidencial quatro vezes derrotado, depois de perder para Maduro chamou as manifestações violentas abertamente, dizendo: “saiam às ruas e mostrem sua raiva”. Como resultado, 10 pessoas morreram (uma é uma menina indígena de 5 anos de idade) e 178 ficaram feridas, 19 clínicas populares foram atacadas e incendiadas, médicos cubanos tiveram de fugir para garantir sua segurança. A imprensa internacional NÃO PUBLICA A VIOLÊNCIA PROVOCADA PELA OPOSIÇÃO VENEZUELANA. Quando trata desses eventos violentos, insinua que a culpa é do governo.
O resultado de 15 anos da Revolução Bolivariana é evidente no aumento do bem-estar de suas população. A Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe das Nações Unidas) declarou que a Venezuela é agora o país menos desigual da região (coeficiente de Gini), tendo reduzido a desigualdade em 54%.
O índice de pobreza está em 21% e o de pobreza extrema caiu de 40% para 7,3%. A mortalidade infantil caiu de 25/1000 (1990) para 10/1000. [x] O governo Chávez eliminou o analfabetismo e forneceu educação pública e programas de moradia e saúde. Em apenas uma década, a Venezuela avançou 7 casas no Índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas.
Pesquisas mostram que a Venezuela tem uma das populações mais felizes do mundo. Em tudo isso, foi muito ajudada pela solidariedade e pelos professores e doutores especializados de Cuba. Cuba e Venezuela mostraram ao mundo o que é a verdadeira solidariedade entre nações.
A crise financeira que atingiu o Norte nos últimos seis anos foi recebida com antagonismo estadual contra trabalhadores e a população geral. Com a desculpa de uma suposta necessidade de austeridade, programas públicos são cortados e sindicatos prejudicados. A crise também afetou a Venezuela, já que os preços do petróleo caíram. Entretanto, o governo continuou solidamente reduzindo a pobreza, aumentando os salários, treinando milhares de trabalhadores e o Índice de Desenvolvimento Humano do país continuou subindo, apesar da contradição da economia. Ao proteger o emprego como estratégia básica para conter a crise, a economia continuou a crescer em uma média que variou de 2,5 a 5% do PIB.
EUA
A real oposição na Venezuela são os Estados Unidos, seus aliados e seus agentes que alimentam o gasoduto ilegal de dólares que chovem sobre ONGs fictícias e partidos de oposição.
A Venezuela representa a rejeição da economia neoliberal e do capitalismo corporativo. A Venezuela governada pela elite corrupta, queridinha do capitalista corporativo, que empobreceu sua própria população durante 40 anos, não existe mais.
Essas táticas violentas não têm esperança de serem bem-sucedidas porque, ao contrário de 1999, o povo venezuelano agora está organizado em muitos grupos: conselhos comunais, comunas, milhares da comitês de saúde, segurança, milícia, esportes, educação e cultura. A Revolução Bolivariana promoveu não uma massa de pessoas, mas uma população organizada orgânica que toma decisões sobre suas condições de vida junto com o governo, porque a Venezuela é agora uma democracia participativa em pleno funcionamento.
A oposição não tem base popular – como pode ser visto por sua série de derrotas eleitorais.
Não tem apoio dos militares – até os governadores que são parte da oposição democrática apareceram na TV denunciando essas táticas com militares a seu lado.
Eles não têm o apoio de nenhum vizinho sul-americano, já que os países foram rápidos em declarar sua solidariedade ao presidente Maduro e denunciar a violência deles.
Sua única carta na manga é esperar que a Venezuela seja invadida por marines norte-americanos. Esse seria o começo de uma guerra regional.
* María Páez Victor é socióloga nascida na Venezuela
Fonte: OperaMundi
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“Cérebro” da reeleição de Obama aposta em Hillary Clinton para 2016
20 de Fevereiro de 2014, 11:23 - sem comentários ainda![]() |
Jim Messina |
"Tem todo um histórico nas costas e uma vida de conquistas. Foi uma grande secretária de Estado e será uma grande candidata", disse à Agência Efe Messina durante uma conferência sobre tecnologia no Newseum, um museu próximo ao Capitólio.
O estrategista político copreside o grupo Priorities USA, que apoiará à ex-chefe da diplomacia americana caso decida concorrer à presidência ou, se isso não se concretizar, o candidato democrata que se apresente.
"Para mim está claro que Hillary é a melhor posicionada para ganhar as eleições gerais", insistiu Messina.
O cérebro da campanha de reeleição de Obama, na qual se recorreu, como nunca antes, à análise de dados e à tecnologia para ganhar a queda de braço contra os republicanos, previu hoje que em 2016 veremos uma campanha muito mais personalizada, na qual se fundirão dados e tecnologia em formas muito mais sofisticadas.
"Acho que a campanha de 2016 tentará ter conversas personalizadas com os eleitores em formas que não foram possíveis até agora e estou interessado em explorar fórmulas para alcançar esse objetivo", afirmou.
O estrategista lembrou durante seu discurso hoje no Newseum os motivos que o levaram a criar uma campanha eminentemente tecnológica em 2012.
"Esta história começou com um cara pálido como eu em uma praia do Havaí", afirmou Messina, que explicou que foi ali que Obama lhe pediu que deixasse a Casa Branca e se transferisse a Chicago para começar a preparar sua campanha de reeleição.
"E eu disse 'sim, mas preciso que me prometa que esta campanha não se parecerá em nada com a anterior'", o que surpreendeu um presidente que tinha arrasado nas eleições de 2008.
Messina explicou que o rápido avanço das redes sociais motivou essa mudança de estratégia: "Durante a noite eleitoral de 2008 enviamos apenas um tweet porque acreditávamos que era uma tecnologia estúpida que não ia a lugar algum".
Foi assim que o estrategista político embarcou em um tour pelo Vale do Silício para se reunir com os executivos de Google, Facebook e Apple, entre outros, e perguntar-lhes sua opinião sobre uma campanha eleitoral moderna.
"Dirigimos a primeira campanha personalizada na história política americana", garantiu Messina, acrescentando que outro dos acertos foi "controlar o debate".
"Meu principal assessor era o presidente (Bill) Clinton, que me disse que todas as campanhas presidenciais no mundo são sempre sobre o futuro e ou se controla a narrativa ou se perde", explicou o homem que deve ser um dos principais estrategistas de Hillary Clinton se decidir concorrer em 2016.
Para ganhar em 2012, decidiram também contratar 42 matemáticos e engenheiros com doutorados, que se dedicaram a realizar modelos de intenções de voto e arrecadação de fundos.
A eles se somaram outros 86 especialistas na elaboração de modelos, que ajudaram Messina e sua equipe a arrecadar US$ 1,1 bilhão para custear as despesas da campanha mais cara da história.
O já falecido fundador da Apple, Steve Jobs, também deu a Messina sábios conselhos, como o que qualquer campanha eleitoral precisava pensar em chegar aos eleitores através do celular.
"Criamos 140 aplicativos distintos em nível interno", revelou hoje Messina, que previu ainda que vai disparar o dinheiro gasto em publicidade e campanhas de mobilização através do celular em 2016.
Fonte: NavalBrasil
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Um golpe em câmera lenta contra a democracia na Venezuela
19 de Fevereiro de 2014, 13:29 - sem comentários aindaPor Alfredo Serrano Mancilla*
"A democracia, no sentido mais ambicioso, é a realização mais poderosa da década e meia de Chávez na Venezuela. Essa mudança de tempos trouxe a democratização dos direitos políticos, sociais e econômicos na Venezuela para todos, sem exceções ou exclusões.
Ele permitiu que o campo político, sem dúvida, avançasse para um novo eixo de pós-neoliberal e, sem vergonha, também defendeu a transição para o socialismo. Muitos riram de Chávez quando, após a queda do Muro de Berlim, foi determinado para se apropriar de uma proposta alternativa à ordem capitalista.
Essa proclamação não agradava “aqueles que governam o mundo” em meio à utopia neoliberal, mas mesmo assim ainda hoje existem mais de 60% de jovens que preferem um sistema socialista a qualquer outro. “Aqueles que governam o mundo” não querem também ouvir quando um organismo internacional credencia a melhoria significativa das condições sociais e econômicas da maioria na Venezuela ou o número de eleições vencidas por Chávez. Tudo isso incomoda muito aqueles que não aceitam a democracia, quando se perde dentro das regras do jogo político.
Desde que Chávez entrou na fase final de sua doença, tendo ganho as eleições em outubro de 2012, a guerra econômica foi instituída como ferramenta para desestabilizar, afetando os mais pobres com alta de preços e escassez.
A partir desse momento, sabendo das dificuldades do governo com a ausência física do grande líder Chávez, o setor empresarial privado, em um oligopólio constituído por interesses homogêneos, dedicou-se sem descanso para preparar uma tempestade perfeita, tentando derrubar um muro. Não o Muro de Berlim, mas a fortaleza que Chávez tinha construído com o seu povo.
A nova economia venezuelana – graças à recuperação de setores estratégicos, o estado das missões, a redistribuição da riqueza e inserção soberana no mundo multipolar – chegou a uma democratização vigorosa do consumo, a ser explorado pelo poder econômico privado.
Nessa situação, cada vez mais comum em países progressistas na América Latina, o rentismo importador que sustenta seu lucro em comprar fora para vender dentro aproveita a sua posição dominante para impor prejuízos ao Executivo.
Essa guerra econômica é conduzida com
a) formação de preços abusivos com práticas usurárias,
b) criação de um mercado ilegal de dólares, e
c) responsabilidade privada pela escassez.
Assim, é construído um golpe contra a democracia em câmera lenta, como foi a tentativa de fazer das eleições municipais de dezembro um plebiscito contra Maduro . Tudo foi por água abaixo no momento em que o povo venezuelano ratificou apoio massivo para o modelo Chávez que, mesmo com suas falhas e desafios, é, sem dúvida, o contrato social mais favorável e inclusivo possível.
De lá, os tanques de guerra começaram a considerar que o golpe de mercado não seria suficiente para convencer a sociedade que, apesar de ser muito consumista, é altamente politizada a favor do projeto de Chávez.
Sem ter claro se a divisão é real ou aparente, a oposição venezuelana começou a mostrar sinais de seu transtorno bipolar. Enquanto alguns estavam em silêncio, outros (liderados por Leopoldo López e Maria Corina Machado) decidiram que era hora de ir para a saída de golpe.
A nova fórmula (ou talvez a mais original das fórmulas) é ”guerra econômica junto com guerra violenta de rua com as mortes necessárias” para tentar encenar um país instável e desgoverno.
Essa tática se apoiou, como de costume, no capital internacional disfarçado em meios independentes, que pretende servir de base para definitivamente deslegitimar o presidente Maduro, que em pouco tempo conseguiu sair fortalecido dos todos os embates com os adversários.
No entanto, a Venezuela tem condições internas, subjetivas e objetivas, que permitem formar um muro de contenção contra o tsunami golpista. Um povo que acredita no projeto de Chávez e uma economia que, com déficits e defeitos, é muito forte em suas estruturas para continuar a transição para o socialismo.
Além disso, a Venezuela não está sozinha, como muitos querem ver na grande mídia internacional. Chávez semeou o sentimento latino-americano e os frutos são coletados agora. Argentina, Bolívia, Equador, ALBA, UNASUL, entre outros, têm rejeitado qualquer tentativa de golpe contra a democracia. É certo que o setor golpista, seja uma parte da oposição ou o conjunto, continuará tentando que não haja democracia na Venezuela, mas é justamente o seu povo democratizado e com o apoio da região que assegurarão a paz, impedindo que a doutrina golpista tenha seja bem sucedida."
*Escrito por Alfredo Serrano Mancilla, no jornal argentino "Página 12", via Agência Venezuelana de Notícias . O autor é PhD em Economia e integrante do Centro Estratégico Latino-Americano de Geopolítica. Artigo transcrito no blog "Escrivinhador" (http://www.rodrigovianna.com.br/geral/um-golpe-contra-a-democracia-em-camera-lenta-na-venezuela.html).
Fonte: Democracia & Política
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Freira de 84 anos é condenada a prisão por invadir usina nuclear nos EUA
19 de Fevereiro de 2014, 12:58 - sem comentários aindaUm tribunal federal dos EUA condenou a freira de 84 anos Megan Rice , a dois anos e 11 meses de prisão por participar de um protesto em uma instalação nuclear pública , EUA Today .
Megan Rice foi considerada culpada de ameaçar a segurança nacional.
Em 2012 Rice e outros dois ativistas entraram no centro Y -12 de Segurança Nacional , em protesto contra as armas nucleares . Quando os guardas notaram sua presença, e teve duas horas durante as quais as instalações estão danificados paredes do edifício com uma marreta.
A freira disse que os juízes não foram condescendente com ela.
"Ficar na cadeia até o fim dos meus dias será a maior honra que eu posso doar", disse ela.
Não se declarou culpada e ressaltou que só lamenta não ter feito a ação antes.
Os outros dois ativistas com antecedentes criminais , foram condenados a cinco anos e dois meses cada.
O tribunal também condenou a ré a uma multa de US $ 50.000 para compensar os danos causados à propriedade federal.
O Centro de Y -12 de Segurança Nacional, localizado na cidade de Oak Ridge Tennessee , fabrica componentes para armas nucleares e enriquece e armazena urânio.
Fonte: contrainjerencia.com
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Moniz Bandeira aponta aliança entre ONGs ocidentais e neonazistas na Ucrânia
16 de Fevereiro de 2014, 23:02 - sem comentários aindaOs Estados Unidos e a União Europeia estão dispostos a se aliar não importa com quem desde que isso enfraqueça a Rússia, diz o historiador.
Por Marco Aurélio Weissheimer
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Luiz Alberto Moniz Bandeira |
Para Moniz Bandeira, os recentes acontecimentos que convulsionaram vários países no Oriente Médio, na Eurásia e norte da África devem ser entendidos no contexto da estratégia de “full spectrum dominance” (dominação de espectro total) que os EUA continuam implementando contra a presença da Rússia e da China naquelas regiões. Em entrevista à Carta Maior, Moniz Bandeira analisa a situação da Ucrânia e identifica os grupos que, segundo ele, estão apoiando e promovendo as manifestações:
"ONGs, tais como Open Society Foundations [OSF], Vidrodzhenya (Reviver), Freedom House, Poland-America-Ukraine Cooperation Initiative e outras, finaciadas pelos Estados Unidos, através da USAID, National Endowment for Democracy e CIA, bem como fundações alemãs. Foram elas que promoveram a denominada Revolução Laranja, que derrubou o governo de Leonid Kuchma (1994-2005)".
"Os chamados ativistas, que instigam e lideram as demonstrações pro-Ocidente, pertencem, em larga medida, a comandos do Svoboda e de outras tendências neo-nazis, levados de Lviv (Lwow, Lemberg) para Kiev e manifestam claramente tendências xenófobas, racistas, anti-semitas e contra a Rússia".
A União Brasileira de Escritores e a Academia de Letras de Minas Gerais indicaram o nome de Moniz Bandeira para o prêmio Nobel de Literatura em 2014, cuja escolha será feita em outubro pela Academia Sueca.
Qual a sua avaliação sobre os recentes protestos que vem sacudindo a Ucrânia?
Moniz Bandeira - A Ucrânia nunca teve unidade étnica e daí a fragilidade do Estado nacional que lá se formou. Até o século XII, chamada Rus' Kievana ou Kyïvska Rus, era uma confederação de tribos eslavas orientais, virtualmente oa maior potência da Europa, ao abranger a atual Bielo Rússia e parte da Rússia.
Desintegrou-se, porém, e esteve envolvida em constantes guerras entre russos, poloneses, cossacos e lituanos. Em 1795, a antiga Rus's Kievna, ao oeste do rio Dnieper, que desemboca no Mar Negro, foi repartida. A Rússia anexou a maior parte da região, todo o Kanato da Criméia, e o Império Austro-Húngaro, sob a dinastia de Habsburg, dominou a outra, incluindo a Galitzia (Halychyna), na Europa Central, até 1918.
Durante a guerra civil na Rússia, após a Revolução Bolchevique (1917), lá combateram diversas facções. Após o Exército Vermelho derrotar as forças contra-revoluicionárias do general Antón Denikin e os anarquistas comandados por Nestor Makhno, a República Soviética da Ucrânia constituiu-se como Estado nacional e, em 1922, somou-se às Repúblicas Soviéticas da Rússia, Bielorrusia e Transcaucasia, na formação da União Soviética. Após o Pacto Molotv- Ribbentrop, ela reincorporou ao seu território a Galitzia e Volhnia, que integravam a Polônia, bem como recebeu da Romênia a Bessarábia, o nordeste de Bukovina e a região de Hertza. A opressão do regime stalinista, entre outros fatores históricos, gerou, no entanto, forte e profundo sentimento anti-soviético e, conseqüentemente, anti-russo. Uma parte da população não só saudou as tropas nazistas, como libertadoras, quando invadiram a Ucrânia em 22 de junho de 1942, como lutou ao seu lado. Porém, a maioria incorporou-se ao Exército soviético e a brutalidade nazista reforçou ainda mais a resistência.
Em 1945, libertada, a República Soviética da Ucrânia foi um dos países fundadores da ONU, mas Stalin não conseguiu colocá-la, como membro permanente, no Conselho de Segurança. A Grã-Bretanha opô-se. Não queria que a União Soviética com mais um voto, com direito a veto, no Conselho de Segurança. E daí que os dois países não aceitaram que o presidente Franklin D. Roosevelt, conforme prometera ao presidente Getúlio incluisse também o Brasil, porque estava então estreitamente vinculado aos Estados Unidos.
Quais são as causas e os principais protagonistas dos atuais protestos?
Moniz Bandeira - As causas das demonstrações são, sobretudo, geopolíticas e estratégicas. O que está em jogo não é, na realidade, a adesão da Ucrânia à União Européia. Não é questão de livre circulação de pessoas e de mercadorias. A União Européia muito pouco pode oferecer à Ucrânia, exceto, mediante o levantamento das barreiras alfandegárias, a importação maciça de produtos do Ocidente, a imposição de normas europeias aos produtos que ela fabrica e pode exportar para a mesma União Européia, o que lhe vai dificultar ainda mais as transações comerciais. A Ucrânia só tem a perder. O FMI vei impor medidas de contenção, dificultando ainda mais o desenvolvimento do país. Muitas indústrias fecharão ou serão assenhoreadas pelas multinacionais européias e os pequenos agricultores, arruinados pela agro-indústria.
Porém, o que os Estados Unidos pretendem, através da incorporação da Ucrânia à União Europeia é, sobretudo, possibilitar que as forças da OTAN sejam estacionadas na fronteira da Rússia. Conforme o economista Paul Craig Roberts, ex-secretário assistente do Tesouro no governo de Ronald Reagan (1981-1969), salientou, a respeito dos comentários de Viktoria Nuland, secretária de Estado Assistente de John Kerry, "a Ucrânia ou a parte ocidental do país está cheia de ONGs mantidas por Washington cujo objetivo é entregar a Ucrânia às garras da União Europeia, para que os bancos da União Europeia e dos Estados Unidos possam saquear o país como saquearam, por exemplo, a Latvia; e enfraquecer, simultaneamente, a Rússia, roubando-lhe uma parte tradicional e convertendo-a em área reservada para bases militares de Estados Unidos-OTAN".
Com efeito, por trás das ininterruptas demonstrações, das quais dois senadores americanos - John McCain (Partido Republicano) e Christopher Murphy (Partido Democrata) abertamente participaram - estão certas ONGs, tais como Open Society Foundations [OSF], Vidrodzhenya (Reviver), Freedom House, Poland-America-Ukraine Cooperation Initiative e outras, finaciadas pelos Estados Unidos, através da USAID, National Endowment for Democracy e CIA, bem como fundações alemãs. Foram elas que promoveram a denominada Revolução Laranja, que derrubou o governo de Leonid Kuchma (1994-2005).
Essas e outras organizações não governamentais foram criadas como façade para promover a política de regime change sem golpe de Estado. Esse novo método de subversão, que os Estados Unidos desenvolveram, demonstro, com vasta documentação, em meu livro A Segunda Guerra Fria - Das rebeliões na Eurásia à África do Norte e ao Oriente Médio, lançado em 2013.
E como está a situação hoje da Ucrânia? Para onde caminha o país?
Moniz Bandeira - A Ucrânia está em uma situação econômica e social extremamente difícil. O desemprego, segundo o governo, é da ordem de 8% e parcela significativa da população - de 25%, conforme as estatísticas oficiais -, vive abaixo da linha de pobreza. O índice de desnutrição é estimado entre 2 e 3 % até 16%. O salário médio é de US$332,00, um dos mais baixos da Europa. As áreas rurais, no Ocidente, são mais pobres. E a Ucrânia está na iminência de praticar o default. Os jovens ucranianos, porém, imaginam que a União Européia pode melhorar seu standard de vida e aumentar prosperidade do país. Os ucranianos – em primeiro lugar a juventude – têm o sonho da UE, a liberdade de viajar, as ilusões de conforto, bons salários, prosperidade, etc. Sonhos com os quais os governos ocidentais contam para derrubar o governo de Vikton Yanukovych.
Qual a importância geopolítica da Ucrânia hoje no cenário europeu e internacional?
Moniz Bandeira - Zbigniew Brzezinski, ex-assessor de Segurança Nacional do presidente Jimmy Carter, escreveu certa vez que, no novo tabuleiro do xadrez mundial, “a Ucrânia podia estar na Europa sem a Rússia, porém a Rússia não podia estar na Europa sem a Ucrânia". A equação, contudo, é muito mais complexa. A Ucrânia, chamada, tradicionalmente, de "pequena Rússia", não pode se desprender da Rússia, da qual muito depende, sobretuido para seu abastecimento de gás. E sua adesão à União Européia, permitindo o avanço da OTAN até a fronteiras da Rússia, tenderia evidentemente a romper todo o equilíbrio geopolítico da Eurásia, uma vasta região terrestre e fluvial, até o Oriente Médio, devido abranger os importantes estreitos de Bósforo e Dardanelos, que possibilitam as comunicações do Mar Negro e de importantes zonas energéticas (gás e petróleo) com o Mar Mediterrâneo, cujo controle e completo domínio os Estados Unidos buscam com a derrubada do governo de Basshar al-Assad, na Síria.
A questão da Ucrânia insere-se, assim, no mesmo contexto da guerra na Síria. A Rússia ainda mantém importante base naval na Síria, em Tartus, bem como conserva forças no porto de Latakia. E, não obstante o colapso da União Soviética, continuou a configurar, na percepção dos Estados Unidos, como seu maior rival. Ao Ocidente - Estados Unidos e União Européia - não interessa, portanto, a criação da União Econômica Eurasiana, cujo tratado o presidente da Rússia, Vladimir Putin, o grande estadista da atualidade, está a negociar com as antigas repúblicas que antes integraram a extinta União Soviética, tais como Quirguistão, Armênia, Bielorrússia, Cazaquistão e Ucrânia, exceto os países bálticos. Os Estados e a União Européia entendem que a Rússia voltaria, assim, a conquistar dimensão estratégica e geopolítica na mesma proporção da extinta União Soviética. O que está em jogo não é questão ideológica. É geoestratégica.
Como disse, Washington nunca deixou de perceber a Rússia como seu principal adversário, mesmo após a dissolução da União Soviética (1991). Em 1991, o general Colin Powell, então chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, no governo de George H. W. Bush (1989-1993), recomendou que os Estados Unidos impedissem que a União Europeia se tornasse uma potência militar, fora da OTAN, a remilitarização do Japão e da Rússia, bem como desencorajasse qualquer desafio à sua preponderância ou tentativa de reverter a ordem econômica e política internacionalmente estabelecida. Também Dick Cheney, então como secretário de Defesa, divulgou, em 1992, um documento no qual estabeleceu que a primeira missão política e militar dos Estados Unidos consistia em impedir o surgimento de algum poder rival na Europa, na Ásia e na extinta União Soviética.
Qual é a atual correlação de forças interna na Ucrânia no que diz respeito aos protestos?
Moniz Bandeira - O eixo da crise não está propriamente na correlação de forças domésticas, i. e., dentro da Ucrânia. Grande parte da população não apoia os que fazem demonstrações em Kiev. E o país, quer queiram ou não os manifestantes, está na órbita de gravitação da Rússia. Por outro lado, o Mar Negro é controlado, desde o reinado de Catarina, a Grande (1762 e 1796), pela frota russa, baseada na península da Crimeia, com a base naval em Sebastobol e mais um porto em Odessa. A Rússia jamais pode aceitar a incorporação da Ucrânia à OTAN, mesmo que a associação com a União Européia não implique aliança política-estratégica. O presidente Vladimir Putin, diplomaticamente, já fez a advertência de que está muito preocupado com a dívida do gás que a Rússia fornece a Ucrânia não paga. E se cortar o fornecimento o governo, que os Estados Unidos querem impor, não se sustenta. Cai.
Viktor Yushchenko, quando foi levado à presidência da Ucrânia, era a favor do Ocidente, porém, tal como seu antecessor Leonid Kuchma, que solicitara a adesão da Ucrânia à OTAN, na reunião de Raykjavia (13 de maio,2002), teve de rever sua posição, diante da realidade geopolítica. Cairia, decerto, se consumasse a adesão à OTAN. A União Europeia, outrossim, depende mais da Rússia que a Rússia da União Européia. E essa foi uma das razões pela quais se recusou a alinhar-se com os Estados Unidos para aplicar sanções contra o governo de Viktor Yushchenko.
Acabei de receber de um conhecido em Kiev essa mensagem, que bem confirma e demonstra o quanto a mídia manipula as informações sobre os acontecimentos na Ucrânia:
“Sim, efetivamente aqui está muito quente na rua (a temperatura chegou a 35 graus negativos na semana passada). Eu fui ver as barricadas ontem à noite, na primeira linha diante dos integrantes da polícia militar. É bastante impressionante. Os opositores na rua que ocupam aquela área estão armados, muito bem organizados militarmente em companhias, fazem patrulhas em grupos de combate de dez pessoas, com capacetes e armas. Eu cruzei com dois sujeitos com uniformes da divisão SS Galicia (que lutou com os alemães contra os soviéticos em 1943-1945. Acho muito engraçado ver os políticos europeus fazendo grandes declarações sobre o “Maidan” e a democracia quando praticamente todos esses tipos que enfrentam a polícia nas ruas são fascistas. É uma grande hipocrisia. Os euro-atlânticos estão prontos a se aliar com não importa quem (como os islamistas na Síria) desde que isso contribua para enfraquecer a Rússia”.
Qual a estrutura política de fato da oposição ucraniana?
Moniz Bandeira - Na 50ª Conferência de Segurança de Munique, o secretário de Estado, John Kerry, disse que as demonstrações contra Yushchenko, em Kiev, tinham como objetivo implantar a democracia. Que democracia? Viktor Yushchenko fora democraticamente eleito em 2010. O nacionalismo ressurgente na Ucrânia e alimentado pelo Ocidente é, na realidade, um neo-nazismo. O partido que o fomenta é o Svoboda, cujo chefe é Oleg Tiagnibog, com maior influência no leste da Galitzia, antes pertencente à Polônia e onde muitos habitantes colaboraram com as tropas da Wehmarcht e formaram a 14. Waffen-Grenadier-Division der SS, sobretudo na Galitzia oriental, reduto da extrema-direita. Os chamados ativistas, que instigam e lideram as demonstrações pro-Ocidente, pertencem, em larga medida, a comandos do Svoboda e de outras tendências neo-nazis, levados de Lviv (Lwow, Lemberg) para Kiev e manifestam claramente tendências xenófobas, racistas, anti-semitas e contra a Rússia.
Os manifestantes que estão nas ruas têm o apoio da maioria da população?
Moniz Bandeira - Creio que não. O Partido das Regiões, liderado pelo presidente Viktor Yanukovich representa, provavelmente, a grande parte da população, sobretudo no oriente e no sul, bem como conta com forte apoio oeste, i. e., na Ucrânia sub-carpática. Seu suporte, portante, é grande, tanto que triunfou nas eleições em 2010. E o projeto do presidente Vladimir Putin fortalece ainda mais os vínculos da parte oriental da Ucrânia, mais industrializada, com a Rússia, mediante a cooperação industrial, modernização e integração de tecnologias, como antes se realizava com a União Soviética, nas áreas da aeronáutica, produção de satélites, armamento, construção naval e outras. Na parte ocidental o idioma que predomina é o ucraniano
Que lhe pareceu a expressão de desprezo pela União Européia (“Fuck the EU” ), dita pela secretária de Estado Assistente, Viktoria Nuland, na conversa com o enviado especial dos Estados Unidos à Ucrânia, embaixador Geoffrey Pyatt?
Moniz Bandeira - Não me surpreendeu. Viktoria Nuland apenas expressou o que sempre pensaram e pensam as autoridades de Washington com respeito não apenas à União Européia, mas também ao resto do mundo. A manifestação do extremo egoismo é nacional, a que o embaixador do Brasil, Domício da Gama, notara e escreveu ao Itamaraty, por volta de 1912. O vazamento dessa conversa, por telefone, de Viktoria Nuland com o embaixador Geoffrey Pyatt, sobre quem Washington deve escolher para assumir a presidência da Ucrânia, não vai provavelmente modificar a intenção de Washington com respeito à Ucrânia. A posição de Washington não é muito forte. Victória Nuland, irritada, demonstrou-o ao exclamar “Fuck the EU” diante da hesitação da Europa de arriscar sua existência em benefício da hegemonia dos Estados Unidos e não alinhar-se ao projeto de sanções contra o governo de Viktor Yanukovich.
A União Europeia e os Estados Unidos têm condições de enfrentar a Rússia para resgatar a Ucrânia do colapso financeiro?
Moniz Bandeira - Quase nenhuma. O povo na Alemanha, o país com mais recursos e sobre o qual recai a maior responsabilidade pelo resgate, não aguenta mais amparar financeiramente os diversos países, membros da União, a fim de que não quebrem. Continuam todos altamente endividados e praticamente não aparecem maiores sinais de recuperação econômica. A quase estagnação é um fato. E o problema da dívida pública dos Estados Unidos, a depender sempre de que o Congresso aumente o seu limite, não permite, decerto, ao governo do presidente Barack Obama atender à situação catastrófica da Ucrânia. Entretanto, a economia da Rússia, desde o ano 2000, cresceu em média 7%, tornou-se a sétima economia mundial segundo o método da paridade do poder de compra e ainda ajudou a União Europeia com a construção de oleodutos e gasodutos subterrâneos, que passam através da Ucrânia e outros países aos quais fornece grande parte da energia. Cerca de 60% do gás que a Alemanha consome provém da Rússia. E o presidente Vladimir Putin já forneceu ao governo de Viktor Yanukovich um bailout de US$17 bilhões, ademais de reduzir por algum tempo o preço do gás que fornece ao país. Mas se cobrar a dívida, a Ucrânia quebra.
Há quem veja uma conexão entre as mobilizações de rua que vêm ocorrendo em vários países nos últimos anos? O senhor vê tal conexão?
Moniz Bandeira - Diversos e complexos fatores, tais como a crise financeira mundial, iniciada em 2007/2008, a estagnação econômica, desemprego dos jovens, desencanto com os governos, bem como outros fatores domésticos e o fenômeno do contágio e mimetismo, concorreram para que agentes externos pudessem fomentar as demonstrações ocorridas em diversos países, sobretudo na Eurásia e no Oriente Médio. Como demonstro, documentadamente, em meu livro A Segunda Guerra Fria, logo após os atentados contra as torres gêmeas do World Trade Center, em 11 de setembro de 2001, o presidente George W. Bush (2001-2009), ao mesmo tempo em que deflagrou a War on Terror, a guerra sem fim, estabeleceu a “freedom agenda” e autorizou o Departamento de Estado a criar a Middle East Partnership Initiative (MEPI) com o propósito de treinar ativistas político, com base no From Dictatorship to Democracy, do professor Gene Sharp, usado na Sérvia, na Ucrânia, na Geórgia e em outros países.
O objetivo era treinar e encorajar dissidentes e "reformistas democráticos!, sob os “regimes repressivos” no Irã, na Síria, na Coreia do Norte e na Venezuela, entre muitos outros, a solapar a estabilidade e a força econômica, política e militar de um Estado sem recorrer ao uso da insurreição armada ou de golpe militar, mas provocando violentas medidas, a serem denunciadas como emprego de força brutal, abuso dos direitos humanos etc. e provocar o descrédito do governo. A estratégia do professor Gene Sharp consiste na luta não violenta, porém complexa, travada por vários meios, como protestos, greves, não cooperação, deslealdade, boicotes, marchas, desfiles de automóveis, procissões etc., em meio à guerra psicológica, social, econômica e política, visando à subversão da ordem. Ela serviu para promover as chamadas “revoluções coloridas”, na Eurásia, e a "primavera árabe", na África do Norte e Oriente Médio. E ONGs, finaciadas pela Now Endowment for Democracia (NED), USAID e CIA e outras instituições públicas e privadas, foram e são nada menos que a mão invisível Washington.
Daí a secretária de Estado Assistente, Victoria Nuland, ter declarado na conversa com o embaixador Geoffrey Pyatt que, nas duas últimas décadas, os Estados Unidos gastaram US$ 5 bilhões para a "democratização" da Ucrânia, i. e., para subverter os regimes, cortar seus laços históricos com a Rússia e integrá-lo na sua esfera de influência, via União Européia. Victoria Nuland é esposa de Robert Kagan, líder dos neoconservadores (neo-cons) do ex-presidente George W. Bush, cujo papel como "universal soldier", o presidente Barack Obama passou a desempenhar.
Fonte: Carta Maior
IMPERIALISMO AMERICANO EXPRESSA APOIO À INTERNET "LIVRE" NA CHINA
16 de Fevereiro de 2014, 12:16 - sem comentários aindaO secretário de Estado dos EUA, John Kerry, expressou seu apoio à liberdade da Internet na China durante uma reunião em Pequim com blogueiros chineses preocupados com a repressão das autoridades na Internet.
No ano passado, o Partido Comunista da China renovou uma campanha rigorosa para controlar a interação na Internet, ameaçando ações legais contra pessoas cujos boatos, captados em microblogs como o Sina Weibo, sejam reenviados mais de 500 vezes ou vistos por mais de 5 mil pessoas.
Grupos de direitos humanos e dissidentes criticaram a repressão como mais uma ferramenta do partido para limitar as críticas e aumentar o controle sobre a liberdade de expressão.
O governo diz que tais medidas são necessárias por motivos de estabilidade social e que todos os países do mundo procuram regular a Internet.
Durante uma conversa de aproximadamente 40 minutos com os blogueiros, Kerry afirmou ter exortado os líderes chineses a apoiar a liberdade na Internet e abordou o tema da liberdade de imprensa no país com controles rígidos sobre o que a mídia pode dizer e que bloqueia sites estrangeiros de mídias sociais populares como Twitter e Facebook.
"Obviamente, achamos que a economia chinesa será mais forte com maior liberdade na Internet", disse Kerry.
Fonte: 247
Imagens: Google (colocadas por este blog)
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"OBVIAMENTE, também acho que ficará mais fácil para os EUA promover uma possível "PRIMAVERA CHINESA" com maior "liberdade" da internet".
Principalmente depois que a China tornou-se no maior pólo comercial do mundo, com o peso da sua balança comercial ultrapassando o dos Estados Unidos. A soma de importações e exportações dos EUA, totalizou 3,82 bilhões de dólares (2,86 bilhões de euros), poucas semanas depois de as alfândegas chinesas terem anunciado uma subida da sua balança para 3,87 bilhões de dólares (2,9 bilhões de euros).
Enquanto a balança comercial chinesa é excedentária em 231,1 mil milhões de dólares, a norte-americana é deficitária em 727,9 mil milhões de dólares.
A China é o maior exportador mundial desde 2009.
E somente isso já é um grande motivo para os EUA querer promover Twitter e Facebook na China.
(Burgos Cãogrino)
O DESESPERO DA MEDICINA MERCANTIL
14 de Fevereiro de 2014, 12:37 - sem comentários ainda
Sentindo-se ameaçado pelo desempenho dos cubanos no Brasil, CFM (Conselho Federal de Medicina) oferece empregos "administrativos" para cooptá-los
No mesmo momento em que os funcionários dos hospitais federais entram em greve no Rio de Janeiro contra o controle de suas frequências através do ponto eletrônico, o Conselho de Medicina assume sem qualquer constrangimento uma estranha cruzada para oferecer "vagas administrativas" aos cubanos que desertarem do programa Mais Médicos, que está levando saúde a lugares do país que jamais viram um jaleco.
Isso seria surpreendente se essa entidade que congrega compulsoriamente 400 mil profissionais formados em universidades públicas e faculdades privadas não tivesse deturpado suas funções para acrescentar, ainda que informalmente, mais um "M" em sua sigla, de forma a identificar-se com as congêneres na sustentação da saúde de mercado, independente do médico das universidades oficiais ter custado mais de R$ 1 milhão a todos os contribuintes, visto por quase todos eles como fregueses em potencial.
Essa nova agressão à sociedade do Conselho Federal de Medicina (de Mercado) está em sintonia com o Cuban Medical Profesional Parole, um milionário programa do Departamento de Estado norte-americano de caça e cooptação dos médicos cubanos que trabalham hoje em mais de 60 países, numa missão que teria merecido o Prêmio Nobel da Paz, se os titulares desta badalada comenda também não sofressem influência da máquina mortífera global, ao ponto de distinguirem o presidente Barack Obama no início de um mandato em que triplicou suas tropas no Afeganistão.
Numa sociedade inercial, em que suas proeminências em todos os campos degeneraram por completo, a elite mercantilista que disputa a saúde dos brasileiros com a mesma cobiça e a mesma volúpia dos vendedores de eletrônicos parece em palpos de aranha com a possibilidade da mudança de foco pela rápida alteração dos índices nas distantes cidades atendidas pelos vocacionados médicos formados com outra cabeça, longe dos caça-níqueis do sistema mercantil.
Como é do conhecimento de todo o mundo, inclusive das publicações científicas dos Estados Unidos e da Grã Bretanha, apesar do covarde bloqueio econômico de quase meio século, da pressão perversa que obriga toda uma população a uma vida franciscana, é exatamente naquela ilha que a saúde desponta com índices de vida admiráveis, desde a natalidade à velhice, em razão de que Cuba oferece ao mundo o oposto dessas potências ensandecidas:
enquanto estas vendem armas para a morte, o pequeno país socialista salva milhares de vida em todos os quadrantes diariamente, isto pela aplicação de um princípio elementar, de que fogem os mercantilistas do CFM (M) como o diabo foge da cruz - a ação preventiva exercida pelo médico de família consciente.
Essa escandalosa e suspeita posição da cúpula médica brasileira é por si uma agressão ao código de ética profissional, o primeiro e originalmente o único item da norma constante do decreto do general Eurico Dutra que criou a autarquia médica.
Como uma entidade médica pode oferecer serviços administrativos a colegas que têm graduação de alto nível? Das duas uma: ou está acenando com uma licença amiga na prova de revalidação do diploma ou está querendo mesmo desqualificar aqueles que estão indo para onde os nossos "doutores" se recusaram a ir e já estão conquistando os corações e mentes daquela gente sofrida, ao ponto do programa Mais Médicos se converter na peça que vai acabar com o reino do tucanato em São Paulo e dar embasamento e gordura para facilitar a reeleição da presidenta Dilma.
Nesses últimos 4 anos, o assédio canalha do governo norte-americano já custou os tubos para seduzir os missionários da saúde de Cuba. No entanto, apesar do envolvimento de bandidos e mercenários sem escrúpulos, de um total de 83 mil médicos e enfermeiros espalhados principalmente pelas regiões mais pobres de países sem condição de cuidar da saúde de quem não tem dinheiro, nesse período só foi possível subornar 1574 profissionais, ou seja, 1,89% dos cubanos dedicados de corpo e alma à mais sagrada das missões.
O Conselho Federal de Medicina (de Mercado) se animou a se expor nessa empreitada deprimente depois que a Associação Médica Brasileira (farinha do mesmo saco) ofereceu emprego à médica cubana Ramona Rodrigues, de 51 anos, que se deu mal na primeira tentativa de entrar no programa norte-americano de cooptação, por que, na verdade, tudo o que ela queria era ir ao encontro de um namorado em Miami, conforme reportagem da FOLHA DE SÃO PAULO, o que transformou numa grande palhaçada a acolhida do ultra-latifundiário Ronaldo Caiado, que a hospedou com todas as pompas na liderança do moribundo DEM.
Isso tudo não deixa de fazer parte de uma ação orquestrada no desespero total e absoluto de uma oposição tão medíocre e tão comprometida com o que há de pior que, pela exposição de suas vísceras apodrecidas, vai garantir a vitória no primeiro turno da presidenta Dilma Rousseff, que cresce a cada babaquice explícita e recorrente dos seus adversários.
É claro que rola muito dinheiro nesse esforço concentrado para desestabilizar o programa Mais Médicos, indiferente à sorte das populações pobres atendidas, e tanta grana a alguns outros cubanos pode seduzir.
Mas essa oferta aberta de qualquer coisa para comprarem médicos que sabem que estão fazendo o bem em toda a sua latitude, enquanto contribuem para a formação dos futuros colegas e retribuindo em parte o investimento que o sacrificado Estado cubano fez para formá-los, é uma ignomínia que desmascara a verdadeira natureza da oposição a esse programa já vitorioso.
Essa mesma súcia mercantilista está vibrando com a greve dos médicos dos hospitais federais do Rio de Janeiro, que querem conciliar a baixa remuneração com a carga horária, como sempre aconteceu na prática, o que será difícil agora, com a determinação do Tribunal de Contas da União da instalação do ponto eletrônico para uma jornada de 40 horas prevista em contrato.
Por que para a hidra privada da saúde o sucateamento da rede pública é mamão com açúcar. Já passam de 40 milhões os que pagam os planos e estes precisam de mais fregueses para sustentar seus lucros fabulosos, mesmo vendendo serviços tão precários como os do SUS - Sistema Único de Saúde. Mesmo contando com o carinho e afeto das elites mercantilistas que submetem a classe aos seus ditames mais mesquinhos.
Fonte: Blog do Porfírio
Ex agente da CIA explica como EUA dominam e escravizam um país!
10 de Fevereiro de 2014, 12:19 - sem comentários aindaA verdade sobre o arsenal nuclear secreto de Israel
9 de Fevereiro de 2014, 10:13 - sem comentários aindaEnquanto a máquina midiática imperialista prossegue a barragem de desinformação e propaganda sobre o “armamento nuclear” do Irã e as “armas químicas” Sírias, faz silêncio sobre o único Estado do Oriente Médio que detêm um poderoso arsenal tanto de armas químicas como de ogivas nucleares, o Estado de Israel.
Por Julian Borger*, no The Guardian
Arsenal que foi criado secretamente com a activa cumplicidade dos EUA, da Grã-Bretanha, da França, da Alemanha e de outros países capitalistas possuidores dos materiais e da tecnologia necessária.
Na profundeza das areias do deserto, um acossado Estado no Oriente Médio construiu uma bomba nuclear secreta, utilizando tecnologia e materiais fornecidos por potências amigas ou roubados por uma rede clandestina de agentes. Eis o material das novelas baratas de suspense e o tipo de narrativa frequentemente utilizado para caracterizar os piores temores acerca do programa nuclear iraniano. Na realidade, entretanto, nem os serviços de inteligência estadunidenses ou britânicos crêem que Teerão tenha decidido construir uma bomba, e os projectos atômicos do Irã encontram-se sob constante acompanhamento internacional.
Todavia a exótica história da bomba oculta no deserto é verdadeira. Apenas se aplica a outro país. Por meio de um extraordinário conjunto de subterfúgios, Israel conseguiu juntar todo um arsenal nuclear subterrâneo – estimado agora em 80 ogivas, o que o coloca a par da India e Paquistão – e inclusivamente há quase meio século ensaiou uma bomba, perante um mínimo de protestos internacionais ou mesmo de muita percepção pública do que estava a fazer.
Apesar do facto de o programa nuclear de Israel se ter tornado um segredo de Polichinelo desde que um técnico descontente, Mordechai Vanunu, o revelou em 1986, a posição oficial de Israel continua a ser de nem confirmar nem negar a sua existência.
Quando o ex presidente do Knesset [parlamento israelita], Avraham Burg, terminou no mês passado com o tabu, declarando que Israel possui armas nucleares e químicas e descrevendo a política oficial de reserva absoluta como “obsoleta e infantil”, um grupo direitista solicitou formalmente uma investigação policial por traição.
Entretanto, governos ocidentais alinharam no jogo com a política de “opacidade” ao evitar qualquer menção do tema. Em 2009, quando uma veterana jornalista em Washington, Helen Thomas, perguntou no primeiro mês da sua presidência a Barack Obama se tinha conhecimento de algum país no Oriente Médio possuidor de armas nucleares, este esquivou-se ao tema dizendo apenas que não queria “especular”.
Os governos do Reino Unido têm actuado geralmente da mesma forma. Interrogada em Novembro na Câmara dos Lordes acerca das armas nucleares israelitas, a baronesa Warsi enveredou pela tangente: “Israel não declarou um programa de armas nucleares. Conversamos regularmente com o governo de Israel sobre uma serie de temas relacionados com o problema nuclear”, disse a ministra. “O governo de Israel não tem duvidas sobre os nossos pontos de vista. Incitamos Israel a converter-se num Estado parte do Tratado de Não Proliferação Nuclear [TNP].”
Mas através das fissuras deste muro de pedra continuam a emergir mais e mais pormenores sobre como Israel construiu as suas armas nucleares com componentes contrabandeados e tecnologia roubada.
A história fornece um contraponto histórico à actual e prolongada luta relativamente às ambições nucleares do Irã. O paralelo não é inteiramente exacto – Israel, ao contrário do Irã, nunca subscreveu o TNP de 1968, de modo que não poderia violá-lo. Mas é quase seguro que violou um tratado que proíbe ensaios nucleares, bem como inumeráveis leis nacionais e internacionais que restringem o tráfico de materiais e tecnologia nucleares.
A lista de nações que venderam em segredo a Israel o material e o know-how para construir ogivas nucleares, ou que fizeram vista grossa ao seu roubo, inclui os mais acérrimos inimigos da proliferação: EUA, França, Alemanha, Grã-Bretanha e inclusivamente a Noruega.
Entretanto, agentes israelitas encarregados de comprar material físsil e tecnologia avançada chegaram a integrar alguns dos estabelecimentos industriais mais impenetráveis do mundo. Este atrevido grupo de espias de notável êxito, conhecido como Lakam, o acrónimo hebreu para o Gabinete de Relação Científica (de ressonância inócua), incluía personagens tão pitorescos como Arnon Milchan, o multimilionário produtor de êxitos de Hollywood como Pretty Woman, LA Confidential, e 12 Years a Slave, que no mês passado admitiu o papel que desempenhou.
“Sabes o que significa ser um jovem de vinte e tal anos [e] o seu país encarregá-lo de ser James Bond? Caramba! A ação! Foi excitante”, disse num documentário israelita.
A história da vida de Milchan é pitoresca, e é bastante improvável que sirva de tema de um dos êxitos que financia. No documentário Robert de Niro recorda ter discutido o papel de Milchan na compra ilícita de detonadores para ogivas nucleares. “Em certa ocasião tê-lo-ei interrogado a esse respeito, como amigo dele, não em termos de uma acusação. Só queria saber,” disse de Niro. “E ele disse-me: sim, fi-lo. Israel é o meu país.”
Milchan não se mostra tímido no que diz respeito à utilização de ligações em Hollywood para apoiar a sua tenebrosa segunda carreira. Num determinado momento, admite no documentário, utilizou uma visita a casa do actor Richard Dreyfuss como isco para conseguir que um importante cientista nuclear estadunidense, Arthur Biehl, integrasse no conselho de administração de uma das suas companhias.
Segundo a biografia de Milchan, dos jornalistas israelitas Meir Doron e Joseph Gelman, foi recrutado em 1965 pelo actual presidente de Israel, Shimon Peres, que encontrou num clube nocturno de Tel Aviv (chamado Mandy’s, baptizado pela anfitriã e esposa do proprietário, Mandy Rice-Davies, célebre pelo seu papel no escândalo sexual Profumo). Milchan, que então dirigia a companhia familiar de fertilizantes, nunca se arrependeu, desempenhando um papel central no programa clandestino de aquisições de Israel.
Foi responsável por conseguir tecnologia vital de enriquecimento de uranio, fotografar planos de centrifugadoras “abandonados” temporariamente na sua cozinha por um executivo alemão subornado para o fazer. Esses mesmos planos, pertencentes ao consórcio de enriquecimento de uranio europeu Urenco, foram roubados uma segunda vez por um empregado paquistanês, Abdul Qadeer Khan, que os utilizou para fundar o programa de enriquecimento de uranio do seu país e estabelecer um negócio global de contrabando nuclear vendendo o projecto à Líbia, à Coreia do Norte e ao Irã.
Por esse motivo, as centrifugadoras de Israel são quase idênticas às do Irã, uma convergência que permitiu que os israelitas experimentassem um vírus informático, conhecido como Stuxnet, nas suas próprias centrifugadoras antes de o introduzir no Irã em 2010.
Possivelmente as façanhas de Lakam terão sido ainda mais arriscadas que as de Khan. Em 1968 organizou a desaparição no meio do Mediterrâneo de um cargueiro inteiro cheio de mineral de uranio. No que chegou a ser conhecido como o affaire Plumbat, os israelitas utilizaram uma rede de companhias de fachada para comprar uma remessa de óxido de uranio, conhecido como “torta amarela” (yellowcake) ou urania, em Amberes. A torta amarela estava oculta em tambores com a etiqueta “plumbat”, um derivado do chumbo, e foi carregada num cargueiro fretado por uma suposta companhia liberiana. A venda foi camuflada como uma transacção entre companhias alemãs e italianas com ajuda de funcionários alemães, segundo se diz em troca da oferta israelita de ajudar os alemães com tecnologia de centrifugadoras.
Quando o navio, o Scheersberg A, atracou em Rotterdam, toda a tripulação foi despedida usando o pretexto de que a embarcação tinha sido vendida e uma tripulação israelita tomou o seu lugar. O navio partiu para o Mediterrâneo onde, sob escolta naval israelita, a carga foi transferida para outra embarcação.
Documentos estadunidenses e britânicos desclassificados no ano passado revelaram também uma compra israelita previamente desconhecida de umas 100 toneladas de torta amarela da Argentina em 1963 ou 1964, sem as salvaguardas tipicamente utilizadas em transacções nucleares para impedir que o material seja utilizado em armas.
Israel teve poucos escrúpulos em promover a proliferação de know-how e materiais para armas nucleares, e ajudou o regime do apartheid na África do Sul no desenvolvimento da sua própria bomba nos anos setenta, em troca de 600 toneladas de torta amarela.
O reactor nuclear de Israel também necessitava de óxido de deutério, também conhecido como água pesada, para moderar a reacção físsil. Para tal fim, Israel voltou-se para a Noruega e a Grã-Bretanha. Em 1959 Israel conseguiu comprar 20 toneladas de água pesada que a Noruega tinha vendido ao Reino Unido mas que era excedentária em relação às necessidades do programa nuclear britânico. Ambos os governos suspeitavam que o material seria utilizado para fabricar armas, mas decidiram fazer vista grossa. Em documentos vistos pela BBC em 2005 funcionários britânicos argumentaram que impor salvaguardas constituiria “excesso de zelo”. Pela sua parte a Noruega realizou apenas uma visita de inspecção, em 1961.
Entretanto, o projecto de armas nucleares de Israel nunca teria podido começar a funcionar sem uma enorme contribuição da França. O país que, quando se tratou do Irã, adoptou a linha mais dura na contra proliferação ajudou a criar os fundamentos do programa de armas nucleares de Israel, impelido por um sentimento de culpa por não ter apoiado Israel no conflito do Suez de 1956, pela simpatia de cientistas franco-judaicos, pelo intercambio de inteligência sobre a Argélia e pelo impulso de vender no estrangeiro a especialização francesa.
“Existia uma tendência no sentido de exportar e um sentimento geral de apoio a Israel”, disse a Avner Cohen, historiador nuclear israelo-estadounidense, Andre Finkelstein, ex vice-comissário do Comissariado de Energia Atómica de França e vice-director geral do Organismo Internacional de Energia Atómica.
O primeiro reator de França fora posto em marcha em 1948 mas a decisão de produzir armas nucleares parece ter sido tomada em 1954, depois de Pierre Mendès France ter feito a sua primeira viagem a Washington como presidente do conselho de ministros da caótica Quarta República. No regresso a casa disse a um assessor: “É exatamente como uma reunião de gângsteres. Cada qual coloca a sua pistola sobre a mesa, e se não tens uma pistola não és ninguém. Portanto devemos ter um programa nuclear.”
Mendès France deu a ordem de começar a produzir bombas em Dezembro de 1954. E ao construir o seu arsenal, Paris vendeu ajuda material a outros Estados aspirantes a ter armas, não apenas a Israel.
“Isto continuou durante muitos, muitos anos até que fizemos algumas exportações estúpidas, incluindo ao Iraque e a instalação de reprocessamento no Paquistão, o que foi uma loucura”, recordou Finkelstein em entrevista que agora pode ser lida numa colecção de documentos de Cohen no think-tank Wilson Centre em Washington. “Fomos o país mais irresponsável no que diz respeito à não-proliferação”.
Em Dimona chegaram em massa engenheiros franceses para ajudar a construir un reactor nuclear para Israel e uma instalação muito mais secreta de reprocessamento, capaz de separar plutónio de combustível de reactor consumido. Esta foi a verdadeira revelação involuntária de que o programa nuclear de Israel apontava para a produção de armas.
No final dos anos cinquenta havia 2.500 cidadãos franceses vivendo em Dimona, transformando-a de uma aldeia numa cidade cosmopolita, completa com liceus franceses e ruas repletas de Renaults, mas apesar disso todo o projecto foi realizado sob um denso manto de secretismo. O jornalista de investigação estadunidense Seymour Hersh escreveu no seu livro The Samson Option: “Aos trabalhadores franceses em Dimona era proibido escrever directamente a parentes e amigos em França e outros lugares, o seu correio era enviado para uma caixa postal falsa na América Latina”.
Os britânicos foram mantidos fora da operação, e em diferentes ocasiões foi-lhes dito que a imensa construção era um instituto de investigação de terra desértica não arável e uma instalação de processamento de manganésio. Os estadunidenses, igualmente não informados por Israel e França, sobrevoaram Dimona com aviões espião U2 na tentativa de descobrir o que estava a ser feito.
Os israelitas admitiram que possuíam um reactor mas insistiram que era para fins inteiramente pacíficos. Afirmaram que o combustível consumido era enviado para França, para ser reprocessado, e forneceram inclusivamente gravações filmadas da sua carga em cargueiros franceses. Durante todos os anos sessenta negaram directamente a existência da instalação subterrânea de reprocessamento em Dimona, que produzia plutónio para bombas.
Israel negou-se a autorizar visitas por parte do Organismo Internacional de Energia Atómica (OIEA), de modo que no princípio dos anos sessenta o presidente Kennedy exigiu que aceitasse inspectores estadunidenses. Físicos estadunidenses foram enviados a Dimona mas foram-lhes trocadas as voltas desde o início. As visitas nunca tiveram lugar duas vezes por ano como tinha sido acordado com Kennedy e foram objecto de repetidos adiamentos. Os físicos estadunidenses enviados a Dimona não foram autorizados a trazer o seu próprio equipamento ou a recolher amostras. O principal inspector estadunidense, Floyd Culler, perito em extracção de plutónio, assinalou nos seus relatórios que em um dos edifícios existiam paredes recém rebocadas e pintadas. O que acontecia é que antes de cada visita estadunidense os israelitas tinham construído paredes falsas em volta de uma serie de ascensores que baixavam seis pisos até à instalação subterrânea de reprocessamento.
À medida que mais e mais provas do programa de armas de Israel emergiam, o papel dos EUA evoluiu de pateta involuntário a cúmplice renitente. Em 1968, o director da CIA Richard Helms disse ao presidente Johnson que Israel certamente tinha conseguido produzir armas nucleares e que a sua força aérea tinha realizado voos para praticar o seu lançamento.
A oportunidade não podia ter sido pior. O TNP, previsto para impedir que demasiados génios nucleares escapassem das suas garrafas, acabava de ser redigido e se viesse a público a noticia de que um dos supostos Estados sem armas nucleares tinha produzido em segredo a sua própria bomba, converter-se-ia em letra morta que muitos países, especialmente Estados árabes, se recusariam a assinar.
A Casa Branca de Johnson decidiu nada dizer, e a decisão foi formalizada numa reunião em 1969 entre Richard Nixon e Golda Meir, na qual o presidente dos EUA aceitou não pressionar Israel a que assinasse o TNP, enquanto a primeira ministro de Israel aceitou que o seu país não seria o primeiro a “introduzir” armas nucleares no Oriente Médio e que não faria nada para que a sua existência fosse publicamente conhecida.
Na realidade a participação dos EUA foi mais além do que o simples silencio. Numa reunião em 1976 que chegou recentemente ao conhecimento público, o director adjunto da CIA, Carl Duckett, informou uma dezena de funcionários da Comissão Reguladora Nuclear dos EUA que a agencia suspeitava que parte do combustível físsil nas bombas de Israel era uranio de grau utilizável em armamento roubado debaixo do nariz dos EUA de uma instalação de processamento na Pensilvânia.
Não apenas faltava uma quantidade alarmante de material físsil na companhia, a Nuclear Materials and Equipment Corporation (Numec), como tinha sido visitada por um verdadeiro grupo de eminencias da inteligência israelita, incluindo Rafal Eitan, descrito pela firma como um “químico” do ministério da defesa israelita mas que era, de facto, um alto agente da Mossad a quem posteriormente coube a direcção de Lakam.
“Foi um choque. Ficaram todos de boca aberta”, recorda Victor Gilinsky, que foi um dos funcionários nucleares estadunidenses informados por Duckett. “Foi um dos casos mais evidentes de material nuclear desviado, mas as consequências pareceram tão terríveis aos directamente envolvidos e para os EUA que ninguém queria realmente investigar o que estava a suceder”.
A investigação foi arquivada e ninguém foi acusado.
Poucos anos depois, em 22 de Setembro de 1979, um satélite dos EUA, Vela 6911, detectou o clarão duplo típico de um teste de arma nuclear ao largo da costa da África do Sul. Leonard Weiss, matemático e perito em proliferação nuclear que trabalhava como assessor do Senado, depois de ser informado do incidente por agencias de inteligência dos EUA e pelos laboratórios de armas nucleares do país convenceu-se de que tinha tido lugar um ensaio nuclear, em contravenção do Tratado de Proibição de Ensaios Nucleares.
Só depois de o governo de Carter e depois o de Reagan terem tentado silenciar o incidente e branqueá-lo através da investigação de um pouco convincente painel, ocorreu a Weiss que tinham sido os israelitas, e não os sul-africanos, quem realizara a detonação.
“Foi-me dito que criaria un problema de política exterior muito serio para os EUA se dissesse que se tratara de um ensaio. Alguém tinha revelado algo que os EUA não queriam que ninguém soubesse”, diz Weiss.
Fontes israelitas disseram a Hersh que o clarão registado pelo satélite Vela foi na realidade o terceiro de uma serie de ensaios nucleares no Oceano Índico que Israel realizou em cooperação com a África do Sul.
“Foi uma trapalhada”, disse-lhe uma fonte. “Houve uma tempestade e pensámos que bloquearia Vela, mas houve uma brecha atmosférica – uma janela – e Vela foi cegado pelo clarão”.
A política de silencio dos EUA continua até hoje, apesar de Israel parecer continuar a comerciar no mercado negro nuclear, embora em volumes muito reduzidos. Num documento sobre o comercio ilegal em material e tecnologia nuclear publicado em Outubro, o Institute for Science and International Security (ISIS) com base em Washington assinalou: “Sob a pressão dos EUA nos anos oitenta e princípios dos noventa, Israel… decidiu deter em grande parte a obtenção ilícita de matérias para o seu programa de armas nucleares. Hoje em dia existe evidencia de que Israel pode ter continuado a fazer aquisições ilícitas – operações policiais de surpresa estadunidenses e processos judiciais instaurados provam-no.”
Avner Cohen, autor de dois livros sobre a bomba de Israel, assinalou que uma política de opacidade em Israel e Washington é mantida agora sobretudo por inercia. “No âmbito político, ninguém quer encarar o caso por temor a abrir uma caixa de Pandora. Converteu-se de muitas formas num fardo para os EUA mas as pessoas em Washington, a todos os níveis até Obama, não lhe tocam por temerem que poderia comprometer a própria base do entendimento Israel-EUA.”
No mundo árabe e mais além ainda existe uma crescente impaciência com este enviesado status quo. O Egipto em particular ameaçou retirar-se do TNP a menos que haja progresso no sentido da criação de uma zona livre de armas nucleares no Oriente Médio. As potencias ocidentais prometeram realizar uma conferencia sobre a proposta em 2012, mas foi cancelada, em grande parte a pedido dos EUA, para reduzir a pressão no sentido da participação de Israel e da declaração do seu arsenal nuclear.
“De alguma forma o teatro kabuki continua”, diz Weiss. “Se se admite que Israel tem armas nucleares pelo menos pode ter-se uma discussão honesta. Parece-me muito difícil que se venha a obter uma solução do tema do Irã sem ser honesto a esse respeito.”
*Julian Borger é editor diplomático do Guardian. Antes foi correspondente nos EUA, Oriente Médio, Europa Oriental e nos Balcãs. Reproduzido a partir do Diário.Info
Fonte: Vermelho
Imagens: Google (colocadas por este blog)