Bastou uma nota circular pelo Serpro apontando a omissão da ASPAS no caso da anunciada privatização da empresa e os riscos que isto representa para o Serpros para ela despertar, ainda que tenha sido apenas para tentar se defender, publicando o boletim a seguir. Um caso típico, que faz lembrar o método para desentocar animais: "põe fogo no mato que o bicho sai".
Ocorre que, diferente de seu propósito em defender-se da incontestável omissão, o boletim em questão reforça ainda mais o afastamento da ASPAS do tema que consome a saúde dos empregados e o futuro de todos, conforme já apontado na nota que circulou, como se prova a seguir:
- Ele cita as únicas duas oportunidades em que a ASPAS se manifestou sobre o tema, uma delas no Boletim ASPAS de 26/08/19 e Boletim ASPAS de 16/09/2019, ou seja, há quase meio ano a ASPAS esqueceu do assunto, a despeito dele ter caminhado a passos largos nas hostes governamentais, culminando com o decreto do Governo Federal nº 10.206/2020, publicado no Diário Oficial da União do dia 23/01, que coloca o Serpro oficialmente em programa de privatização. Com isto, fica evidente a confissão daquela associação referente à sua apatia no trato da questão;
- Mas a apatia da ASPAS no trato do assunto, como ficou demonstrado nos longínquos momentos em que resvalou nele, ainda ficou agravada pela forma como o fez, sempre na impessoalidade. Vejamos:
- No tópico MEDIDA POLÊMICA, o boletim diz: " Vários setores da sociedade concordam que incluir Serpro e Dataprev nessa lista é uma decisão polêmica"(a isto chama-se impessoalização da linguagem, usada para ocultar atenuar a dialogia e contribuir para uma posição impessoal);
- No tópico ASPAS VEM ALERTANDO PARA RISCOS, está dito: "Entre tantas dúvidas que uma medida dessas gera, duas preocupações do corpo técnico e funcional se destacam..."( Novamente a impessoalização e, pior, com erro, pois falar de corpo técnico e funcional é falar de um conjunto e de um subconjunto a ele pertencente. O mesmo que dizer Portugal e a Europa vivem na expectativa do coronavírus dificultar o turismo);
E, para culminar, uma preciosidade no fechamento do Boletim: "A ASPAS continuará acompanhando o caso, atenta aos direitos e interesses dos participantes do SERPROS, ativos e assistidos."
Certamente todos os empregados do Serpro, os aposentados pelo Serpros e seus familiares também estão "acompanhando o caso", mas a ASPAS foi criada para defender os interesses deles, e isto não se faz esperando acontecer. QUE TRISTEZA!
Se os sindicatos, federações e confederações agissem da mesma forma, não existiria hoje uma estatal no país, tampouco os fundos de pensão, pois a iniciativa privada, com raríssimas exceções, não patrocinam previdência privada para seus empregados.
Perguntas que ficam:
- A do CASPAS: a diretoria do Serpros não será chamada pela ASPAS para se pronunciar a respeito do futuro da entidade?
- As demais devem ser propostas pelos leitores desta nota.