Os empresários donos do transporte “público” de Curitiba debatem a partir deste mês um tema que promete pesar – e bastante – no bolso dos trabalhadores, estudantes e dos usuários em geral do sistema na capital paranaense: a nova tarifa do ônibus.
Sem qualquer tipo de constrangimento, o sindicato que representa os donos do transporte divulgou que a nova tarifa pode passar dos atuais R$ 2,70 para o incrível e absurdo valor de R$ 4,00. A notícia foi classificada pelos motoristas e cobradores como “terrorismo” contra a população já que, segundo os patrões, eles seriam o motivo do reajuste ao pedirem um nada mais do que justo aumento de salário e de benefícios como vale alimentação.
Os empresários usam ainda a alegação de que seu lucro é mínimo, quase que vai todo para o pagamento da operação, ficando eles na míngua. Coitadinhos, não é mesmo?
Pois é, mas esta alegação pode não convencer muito quem passar na Avenida Cândido de Abreu, no bairro Centro Cívico, onde um ostentoso e milionário empreendimento imobiliário, o Neo Superquadra, está sendo construído.
Um nome velho conhecido dos curitibanos está por trás deste empreendimento. Trata-se da Família Gulin, que segundo a CPI do Transporte Público comanda 70% das ações das empresas de ônibus de Curitiba, administrando mais de R$ 550 milhões por ano pagos pelos usuários do transporte “público”.
Pura ostentação, o Neo Superquadra será um um complexo de três elegantes prédios que poderão ser vistos de longe e cujas unidades, mesmo sendo minúsculas, custaram a bagatela de milhões de reais.
É quase que enigmático que a Neo Superquadra dos Gulin ficará a poucos metros dos palácios 29 de Março, sede da Prefeitura, e Iguaçu, sede do governo do Paraná. É quase uma figuração “sede” do poder econômico e político dos que comandam o transporte de Curitiba há mais de 50 anos.
Creio que por desconhecimento, os manifestantes de junho erraram, creio que por desconhecimento, ao passar em frente deste empreendimento mas irem para cima dos prédios públicos.
Não sou nenhum especialista em transporte, mas se fizermos uma simples análise ortográfica, digamos assim, do nome deste serviço essencial para boa parte da população constataremos que ele é chamado “transporte público”. Ora, então, se é público, deveria estar nas mãos públicas, do povo.
Enquanto estiver na mão de Gulins, Bertoldis e de outros sobrenomes que muitos consideram como máfia privada, os empresários vão lucrar em cima do bolso de quem mais precisa, ostentando com o seu – e o meu – suado dinheirinho.
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