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Golpe de 64: manifesto destaca o papel da cultura na resistência à ditadura

2 de Abril de 2014, 13:08 , por Maiana Luzia Pimentel Neves - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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Licenciado sob CC (by-nc-sa)

Foto: Richard Silva/Ascom PCdoB

“Ditadura nunca mais. Cultura para todos!”. Este foi o grito que ecoou pela Câmara dos Deputados na tarde desta terça-feira (01/04), durante o Manifesto Cultural “Ditadura Nunca Mais – Cultura e Resistência ao Golpe de 64”, realizado pela Comissão de Cultura, no Hall da Taquigrafia.

Músicos, atores, deputados, senadores e servidores da Casa participaram do ato que destacou a importância da cultura na luta contra a censura instalada pela ditadura militar e na construção do processo de redemocratização do Brasil. Participaram do manifesto os artistas Andréia Roseno, Jaguaraci de Andrade, Márcia Short, Raimundo Sodré e Wanessa Fagundes e o grupo Coletivo Teatral Commune que levaram música, poesia e teatro às pessoas que participaram do ato.

Para a presidente da Comissão de Cultura, deputada Alice Portugal (PCdoB/BA), o manifesto é de fundamental importância, pois a cultura brasileira foi reprimida e censurada durante os anos sombrios da ditadura. “Este ato de hoje é um clamor para que não haja mais ditadura e censura no Brasil e que a cultura brasileira fale alto em defesa da liberdade”, destacou a deputada.

A deputada Jandira Feghali (PCdoB/RJ), ex-presidente da Comissão de Cultura, afirmou que o manifesto é uma importante iniciativa que só a Comissão de Cultura poderia realizar. “É papel desta Comissão lembrar a repercussão da restrição democrática nas artes brasileiras, daqueles que através das suas criações e poesias resistiram com muita coragem as arbitrariedades, o autoritarismo, a violência à liberdade de expressão e à liberdade do povo brasileiro”, ressaltou a deputada.

Durante o manifesto, o senador Eduardo Suplicy afirmou que serão abertas as investigações referentes aos centros de torturas da ditadura. “Quero cumprimentar a todos neste ato e dizer que o ministro Celso Amorim afirmou que serão abertas as investigações, por parte das Forças Armadas, relativas aos centros de tortura identificados. É uma informação relevante e que certamente vem ao encontro das aspirações de todos vocês aqui que querem justiça”, destacou o senador.   

A cantora Márcia Short destacou a questão da exclusão do negro e de muitos artistas de hoje. “Precisamos que seja mantida a chama da democracia no Brasil, inspirando os nossos jovens negros. O extermínio da juventude negra no Brasil e na Bahia ainda é o nosso grande algoz. Precisamos ser vistos, pois vivemos da música, somos pais e mães de família. Não podemos deixar que apenas cinco famílias tomem conta da mídia inteira. Embaixo desse teto, peço aos senhores, comprometidos com a nossa luta de real democracia, que cuidem de nós, artistas brasileiros”, clamou a cantora baiana.

Durante a apresentação, a artista Andréia Roseno lembrou das feridas e cicatrizes da ditadura nas famílias brasileiras. “Hoje estamos aqui lembrando que neste país teve ditadura e que nessa ditadura famílias inteiras foram mortas, torturadas e destruídas. Sonhos de uma geração foram jogados fora, jogados no mar. É importante hoje celebrarmos a cultura popular brasileira que resistiu e que resiste até hoje”, enfatizou a cantora.

O Coletivo Teatral Commune trouxe ao manifesto a peça “Entrevista com a Ditadura”. Para o diretor do grupo, Augusto Marin, participar do ato foi uma oportunidade única, pois reuniu artistas e grupos de todo o Brasil, de vários segmentos artísticos e culturais, misturando música, teatro e poesia. “Ao trazer para a cena a Ditadura, em pessoa que está velha, caduca, caquética e vive numa casa de repouso em Americana, ironizamos essas pessoas que ainda hoje, passados 50 anos do golpe, defendem o Golpe e a Ditadura, um dos momentos mais tristes e sangrentos de nossa história republicana”, ressaltou o artista.

Considerado um dos cantores mais importantes da Bahia, Raimundo Sodré foi perseguindo durante a ditadura. No manifesto, ele cantou músicas que foram censuradas e que clamam pela liberdade do povo brasileiro. “Até hoje sinto os reflexos da ditadura. Fiquei emocionado ao ouvir o público do manifesto cantando a música “A Massa” que foi censurada. Fui perseguido por políticos baianos. Participar deste ato me deu mais força para continuar a minha luta”, afirmou o cantor baiano. Abaixo, um trecho da música “A Massa” de Raimundo Sodré e Jorge Portugal.  

  

“A dor da gente é dor de menino acanhado

Menino-bezerro pisado no curral do mundo a penar

Que salta aos olhos igual a um gemido calado

A sombra do mal-assombrado é a dor de nem poder chorar

Moinho de homens que nem girimuns amassados

Mansos meninos domados, massa de medos iguais

Amassando a massa, a mão que amassa a comida

Esculpe, modela e castiga a massa dos homens normais.” 

Trecho da música “A Massa” – Raimundo Sodré e Jorge Portugal


Fonte: Maiana Luzia Pimentel Neves

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