Go to the content

Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados

Go back to Blog
Full screen Suggest an article

Músicas, poemas e recordações marcam homenagem a Vinícius de Moraes na Câmara

October 16, 2013 15:08 , by Imprensa Comissão de Cultura - 0no comments yet | No one following this article yet.
Viewed 140 times
Licensed under CC (by-nc-sa)

Comissão de Cultura realiza audiência pública para homenagear Vinicius de Moraes. Foto: Lucio Bernardo Jr/Agência Câmara

Na semana em que Vinicius de Moraes completaria de 100 anos de vida, a Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados comemorou em dose dupla a vida e obra do poetinha: com uma audiência pública e com a segunda edição dos Manifestos Culturais. Vinicius nasceu no Rio de Janeiro em 19 de outubro de 1913 e viveu intensamente até 1980. Reconhecidamente um dos maiores nomes da cultura brasileira, brilhou na música, no teatro, no jornalismo, na crítica de cinema, na poesia e na diplomacia. 

Entre poemas e músicas, os convidados da audiência pública lembraram a trajetória de Vinicius, suas histórias e seu legado. Para o deputado Penna (PV/SP), a ideia era trazer uma experiência diferente para a Câmara. “Estamos atravessando no País, uma época mediocrizante, e eu acho que a memória de Vinicius, ao ser resgatada, serve como um energizante para a gente se distanciar da burrice, da grossura tão evidentes nos dias de hoje. Eu tenho a ideia que [essa audiência] pode melhorar um pouco a política no Brasil e diminuir a distância entre o que se passa no Congresso e as aspirações da sociedade brasileira”, afirmou o autor do requerimento para a realização da homenagem.

“Ele foi um criador de cultura. Firmou essa nossa cultura múltipla, sendo múltiplo também. Trabalhando sua arte no teatro, cinema, canção popular. Ele é realmente um ‘multiartista’, que tem que ser cuidado pela universidade com mais cuidado”, reforçou a professora de Literatura e Teoria Literária da Universidade de Brasília, Sylvia Helena Cyntrão.

Amigo pessoal de Vinicius de Moraes, jornalista, pesquisador e presidente do Conselho Empresarial da Cultura, Ricardo Cravo Albin, relembrou a trajetória do poetinha. Para Albin, definir Vinicius é tarefa difícil, “talvez impossível”, pelas várias facetas do artista. “Ele não foi um, foi vários. O poeta foi um brasileiro de excelência. Foi letrista, foi o pai da bossa nova, dos filhos da bossa nova e foi um poeta lírico de uma altura insuperável. Ele se compara aos grandes poetas de sempre dentro da literatura de língua portuguesa. Vinicius foi a figura mais completa em termos de dimensão humana. Era uma figura amorosa, generosa, luminosa, com espírito de comiseração muito grande que o fazia defender sempre o lado da justiça”, destacou.

As homenagens não pararam por aí, o cantor e compositor Raimundo Fagner – após a promulgação da PEC da Música no Plenário do Senado – foi à audiência participar da conversa. Fagner cantou que Vinicius foi figura importante na sua trajetória profissional e que lhe abriu portas quando muitos fechavam. “Vinicius foi um dos maiores brasileiros que a gente teve. Uma figura extraordinária. Um homem culto, mas que jamais abandonou as raízes mais profundas do povo brasileiro. Cem anos de Vinicius é uma aula, uma lição para o Brasil.” 

Para a presidente da Comissão de Cultura, deputada Jandira Feghali (PCdoB/RJ), as homenagens a Vinicius agregadas à promulgação da PEC da Música, tornaram o dia 15 de outubro, o Dia da Música, na Câmara. “Foi uma feliz coincidência termos essas homenagens no mesmo dia da promulgação da Emenda Constitucional que retira os tributos das obras musicais. Vinicius foi o cantador do amor, o cantador da tolerância, da diversidade cultural. Uma pessoa grandiosíssima. Passou pelo Itamaraty e manteve-se na arte, foi censurado, perseguido. Retoma tudo e eterniza o amor e as relações humanas para todos nós.” 

A mesa composta por artistas deu o tom de informalidade ao encontro. Foto: CCULT

O ministro George Torquato Firmeza, do Departamento Cultural do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, trouxe a vida diplomática de Vinicius para a audiência. Disse que a trajetória do poetinha foi interrompida naquela seria a metade da carreira diplomática no Brasil, quando foi cassado pelo regime militar ainda como primeiro secretário. Segundo George, o Estado "corrigiu um equívoco" ao promover Vinicius a embaixador do Brasil em 2010. "Essa promoção póstuma tinha duplo sentido: reparar um equívoco, mas também por Vinicius ser o embaixador da cultura."

Poeta jovem e hábil, James Mendonça Martins teve Vinicius como uma grande inspiração. Lembrou que ele dizia que havia poucos poetas porque faltavam “homens de verdade”. Instigado pela vida e obra de Vinicius, além de outras influências, James se rendeu à arte. Para ele, homenagear Vinicius é um culto à memória. “Nós que estamos fazendo a vida agora precisamos desses referenciais todos. E Vinicius é, falando de Brasil, um dos principais referenciais. Ele encarna a figura necessária do homem do século 20. O homem capaz de atuar em várias frentes. Se é verdade que o homem inteligente é aquele que tem multiplicidade de interesses, Vinicius encarna o homem inteligente. Mas se é verdade também dizer que o afeto é a forma suprema de inteligência, então Vinicius é ainda mais inteligente porque ele é o afeto encarnado.”

O músico Renato Matos e o cineasta e também músico André Luiz Oliveira deram, junto com James, o tom irreverente da audiência. Com poemas e músicas deixaram os presentes no clima da próxima homenagem ao poetinha: os Manifestos Culturais.

Manifestos culturais

Manifestos Culturais com Lúcia de Maria e Reinaldo Vieira num tributo ao poetinha. Foto: Gabriela Korossy/Agência Câmara 

No Hall da Taquigrafia, o espetáculo ”Tributo a Vinícius: o poetinha” trouxe a descontração e a informalidade tão prezadas pelo homenageado para a Câmara dos Deputados. Numa mesa de bar com um copo de whisky e seu inseparável cigarro, Vinicius – encarnado pelo ator Reinaldo Vieira – narrou sua trajetória e a história de suas músicas – interpretadas pela cantora Lúcia de Maria e pelos músicos Amilcar Paré, José Cabrera, Zambinha e Fio de Castro. Essa foi a segunda edição dos Manifestos Culturais promovidos pela Comissão de Cultura em parceria com o Sesc/DF. O espetáculo reforçou a importância da pauta cultural dentro do Congresso. Envolveu parlamentares, funcionários e visitantes em pouco mais de uma hora de músicas e histórias de um crítico do seu tempo.

 “Vinicius sempre foi um contestador. Quando ele foi cassado disse que ia se vingar e inaugurou todos os circuitos universitários de música do País. Foi levar a música em todos esses lugares como uma contestação. E ele fala de amor, que é uma coisa atual e eterna, e tudo aqui é atual e eterno, sobretudo a arte como manifestação cultural”, disse o ator Reinaldo Vieira. 

Para Lúcia de Maria, a homenagem reforçou a importância da música no Congresso. “É um dia simbólico, porque a música é um instrumento de manifesto. Sempre tivemos a música em tudo: nos manifestos, no cinema novo, quando veio a bossa nova pouco tempo depois veio o golpe militar e a música foi também  um instrumento de resistência. E hoje o Congresso promulgou a PEC da Música e estamos aqui falando de Vinicius. Isso é muito simbólico”, destacou a cantora ao lembrar que na mesma tarde a Emenda Constitucional 75 – que isenta de impostos obras musicais nacionais – foi promulgada no Congresso.

Confira a cobertura fotográfica.


This article's tags: homenagem a vinicius de moraes comissão de cultura jandira feghali penna reinaldo vieira lúcia de maria centenário poetinha poetinha james mendonça martins renato matos andré luiz oliveira manifestos culturais george torquato firmeza ricardo cravo albin sylvia cyntrão

0no comments yet

    Post a comment

    The highlighted fields are mandatory.

    If you are a registered user, you can login and be automatically recognized.

    Cancel

    My network

    Nenhum artigo selecionado ainda.