NÃO IMPORTA!

NÃO IMPORTA!

Não importa se é a cirurgia plástica que retira costelas, coloca silicone, ou tira peito, se é peeling, injeção de botox, se é lipo - procedimentos prediletos das ocidentais;

Não importa se são alargadores de orelha nas tribos brasileiras ou africanas(sim! Nós nos julgamos de uma cultura tão superior que somos condescendentes com comportamentos cruéis em outras culturas, alegando sempre o “respeito a manifestações culturais”. EU ERA!);

Não importa se é a mutilação genital;

Não importa se são as mulheres-girafas;

Não importam se são as gueixas que mutilam os pés e dormem com tijolo sob o pescoço pra não desfazer o penteado;

Não importa se é a bulimia;
Não importa se é a anorexia;
Não importa se é a dismorfia;
Não importa se é o bullying;
Não importa se são os moderadores;
Não importa se é a automutilação;
Não importa se é a depressão;
Não importa se é a morte!
NÃO IMPORTA!

O importante é se questionar se, NÃO IMPORTA A CULTURA, é justo para as mulheres sacrificarem seus corpos para adequá-los a padrões quaisquer?

Alguns bradarão:
TATI, MAS ELAS SÃO LIVRES! AS MULHERES SÃO LIVRES PRA FAZER O QUE QUISER! VOCÊ, POR EXEMPLO, PINTA O CABELO E AS UNHAS!

Repito: NÃO É JUSTO! 
E respondo: NÃO SOU LIVRE!

NÃO SOU!

Porque as lições que aprendi e aprendo em todos os meus meios de socialização me falam da mulher perfeita - "PRA PEGAR HOMEM"

Que é magra, alta, loira, bonita, cabelo liso, maquiada, cheirosa, depilada, feminina, sexualmente disposta - que é diferente de sexualmente interessada - que seduz, que ocupa seu precioso tempo definindo estratégias para a cópula e o casamento.

ORA PORRA! 

O que, então, nos difere dos outros bichos?
Se o que eles fazem é por instinto, se é o cheiro das fêmeas, as cores das penas do macho, o fortão que ganha a briga é que se dão bem e propagam seus genes, e estamos sempre a nos (re)modelar para a 'corte', o que nos difere?

"Ah, fazemos por prazer..." - dirão!

Que prazer?

São todas as mulheres mesmo que já chegaram algum dia ao orgasmo?
São todas as mulheres que conseguem dizer aos seus parceiros que tipo de sexo as agrada mais?
Todas as meninas que gostam de sexo oral podem demonstrar essa predileção?
E as que preferem anal?
E as que não preferem? Conseguem dizer não às insistentes investidas revestidas de pedidos 'românticos' (‪#‎SQN‬) de provas de amor?
E as que querem se manter virgens?
E as que querem fazer sexo com quem quer que seja?

Conseguimos, como mulheres, essa liberdade? Esse prazer?

Conseguimos assumir diante do espelho que "- Vou sair mesmo que:"
O cabelo não esteja escovado?
A saia não esteja combinando?
A rasteirinha seja a opção do dia?
Não queira passar batom ou rímel?
Não tenha saco pra por brinco ou anel?

Ou atendemos os apelos da 'boa aparência'?
Afinal, "mulher tem q andar bonita!"
"Se cuidar!"

Pouco importa se você esteja gripada, passe um pozinho no rosto, um gloss, que tudo parecerá certo.
Ao contrário, de nada adianta o check-up ter te dito que tá tudo ok!

Atreva-se a ir pra rua de rabo de cavalo, cara limpa, sem acessório, sem 'glam', pra ouvir a cada passo: "-Viii... Hoje tu não tá bem né?"

Que mundo é esse que a obesidade causa náusea e o mau-caratismo passa batido?
Que mundo é esse que cabelo ganha status de personalidade e vira "bom" ou "ruim"?
Que mundo é esse que ANDAR NA MODA é mais importante que andar vestido?
Que mundo é esse que quem tem comida opta pela fome?

Que mundo é esse que meninas lindas (todas somos!) apontam para o corpo inteiro dizendo-o imperfeito?

Que mundo é esse?
Até quando?

Não importa!

Tatiane Seixas