As forças de “segurança” que temos: profissionais que são pagos para tratar pobre com ameaça, truculência, tortura e agressão. Por Márcio G.

O homem agredido, André, é morador de rua e amigo meu há pelo menos uns 15 anos. No dia 1º de novembro, guardas municipais foram ao local onde ele e outros moradores de rua costumam dormir, no bairro do Macuco, e retiraram os cobertores e travesseiros de lá, para jogar fora. André foi até eles perguntar o que estava acontecendo, por que eles estavam fazendo aquilo, possivelmente indignado com a situação, quando foi jogado ao chão pelos guardas e imobilizado.
A partir daí, as imagens dos vídeos são claras. Ele só fala “Eu não fiz nada! Eu não fiz nada!”, e as pessoas em volta, muitas que o conhecem e viram o que aconteceu desde o início (ali do lado há uma padaria, frequentada por estudantes de uma universidade próxima), gritavam para que os guardas parassem com aquela abordagem. Um dos guardas, como podemos ver, quase quebra o braço de André, que suplica para não ser levado, já que de fato não cometeu nenhum crime. Em um momento, outro vai atrás do homem que está gravando toda a ação e tenta intimidá-lo.

Ainda quero conversar com ele para saber mais detalhes do que aconteceu, mas só os vídeos já mostram o caráter das forças de “segurança” que temos: profissionais que são pagos para tratar pobre com ameaça, truculência, tortura e agressão.
O que me deixa ainda menos esperançoso com o futuro é que essas ações violentas e autoritárias são vistas com bons olhos pela nossa “classe média”, até mesmo por trabalhadores, que preferem confiar na ação da “autoridade” a arriscar dizer que a vítima não era bandido. Acho que esse é um dos principais desafios para uma efetiva transformação da sociedade.
No Passa Palavra
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