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Daniela

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O novo Carlos Lacerda?

3 de Agosto de 2012, 21:00 , por Desconhecido - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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“A UDN também surgiu como um movimento, uma ampla frente de oposições que reunia, em 1945, os mais variados adversários de Getúlio Vargas e do Estado Novo. Congregava conservadores e liberais de todos os matizes, além de dissidentes comunistas e os socialistas da “esquerda democrática””. (Maria Victoria Benevides)
Não há dúvidas de que a história dos partidos políticos no Brasil do século XX precisa guardar um capítulo à parte para a União Democrática Nacional. Partido que nasceu em 1945 e encontrou seu fim em 1965 com a ditadura civil-militar, a UDN foi a responsável pelos principais momentos de instabilidade na política brasileira do período.
Inimiga ferrenha dos trabalhistas Getúlio Vargas e João Goulart, levou um ao suicídio e o outro ao golpe. Caracterizada por suas posições extremamente conservadoras, por seu perfil elitista e por sua prática golpista, a UDN encontrava no carioca Carlos Lacerda a sua principal voz.
Filho de comunistas, Carlos Lacerda começou sua vida política na esquerda, no Partido Comunista. Seu nome, Carlos Frederico, foi uma homenagem de seus pais aos fundadores do socialismo científico, Karl Marx e Friedrich Engels. Entretanto, a raiva cega contra Getúlio, o trabalhismo e o comunismo o fez se aproximar do campo conservador e liberal.
No Brasil dos últimos anos um partido político com uma trajetória bem parecida com a da UDN, ou seja, supostamente com origens de esquerda, mas cada vez mais próximo do campo político conservador e liberal, apresenta-se para a disputa eleitoral: o PSOL. Assim como na velha UDN, seu principal expoente nas eleições 2012 vem do Rio de Janeiro: o deputado Marcelo Freixo.
Tal qual a velha UDN, Marcelo Freixo e seu partido não reconhecem os enormes avanços protagonizados pelo campo democrático-popular que desde 2003 ocupou o governo federal e vem promovendo importantes mudanças no país.
Tal qual a velha UDN, Marcelo Freixo e seu partido apresentam-se contra as políticas públicas propostas pelo governo federal para a redução das desigualdades. Apresentam-se contra o Bolsa-família, maior política pública de redução da miséria que o país já teve. Apresentam-se contra projetos de ampliação do acesso ao ensino superior como o ProUni e o Reuni que abrem vagas para jovens pobres nas universidades. Apresentam-se contra políticas de mobilidade como a meia-passagem para estudantes no Rio de Janeiro.
Tal qual a velha UDN, Marcelo Freixo e seu partido caracterizam-se por um eleitorado católico da camada média e alta da sociedade carioca localizada geograficamente na zona sul da cidade. A maior expoente dessa aliança liberal é a vereadora tucana Andrea Gouvêa Vieira. Mas também podemos citar o cantor Caetano Veloso. Para quem não se lembra, Caetano sempre foi um reconhecido admirador do ex-senador baiano Antônio Carlos Magalhães, militante histórico da UDN. Caetano mantem-se, portanto, de forma coerente ao lado do moralismo udenista.
Tal qual a velha UDN, Marcelo Freixo e seu partido caracterizam-se pelo discurso único sobre a corrupção. Consequência da falta de um sólido projeto político de país que indique os desafios, os gargalos, os obstáculos a serem enfrentados.
A única diferença entre a velha UDN e o novo PSOL está na relevância que os dois possuem para seus momentos históricos. A história se repete como farsa, ensinou um velho barbudo nascido em Trier. O ensinamento parece vir a calhar. Ainda que tente, nem o PSOL tem a mesma importância que a UDN uma vez teve, nem Marcelo Freixo possui a imponência de Carlos Lacerda. Na repetição restou apenas a farsa…
Theófilo Rodrigues
No RioPolítica

Fonte: http://contextolivre.blogspot.com/2012/08/o-novo-carlos-lacerda.html

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