As ligações entre Cachoeira, escolas chinesas em Goiás e Veja
July 17, 2012 21:00 - no comments yetGravações da Operação Monte Carlo indicam como Cachoeira seria beneficiado pela Secretaria de Educação de Goiás para a construção de escolas no modelo chinês e como o contraventor buscou a revista Veja para emplacar seu projeto. Cachoeira ligou para o editor da Veja em Brasília, Policarpo Junior, pedindo que fosse feita uma matéria sobre a "revolução na educação" que estaria sendo feita em Goiás. A revista não fez a matéria sobre essa "revolução", mas destacou o modelo educacional chinês e suas escolas. Ouça os áudios.
A partir dos 35 segundos desta ligação o contraventor pede a Cruz que busque o “Alex da China” para obter modelos de escola sem citar que “é do secretário essas coisas”. Cruz afirma que o Alex “tá na mão” e que entrará em contato com ele. (Ouça abaixo)
Audio 1
Em pouco menos de um mês, no dia sete de julho de 2011, às 10:09, Cachoeira liga para o editor da Veja em Brasília, Policarpo Junior, afirma que o secretário de educação de Goiás “ta fazendo uma revolução na educação” e pergunta “com quem que ele vê? (...) Como é que a gente pode fazer uma divulgação disso?”. Junior afirma que a ligação está cortando e não responde mais. (Ouça abaixo)
Audio 2
Às 10:48, do mesmo dia, o então diretor da Construtora Delta no Centro-Oeste, Claudio Abreu, durante um encontro com Policarpo Junior, liga para Cachoeira para solicitar informações sobre a compra de uma fazenda em Nova Crixás (GO) por “Juquinha” - José Francisco das Neves, ex-presidente da Valec, estatal responsável pelas ferrovias. À época a revista Veja publicava denúncias envolvendo o Ministério dos Transportes. Na ligação, Abreu chega a pedir um dossiê. Cachoeira diz não saber e muda de assunto . “Você tá com o Poli... Fala para ele fazer a reportagem aí, o Thiago ta fazendo uma revolução na educação aqui. Manda ele designar um repórter para cobrir”. (Ouça abaixo)
Audio 3
O contraventor ainda cita que o secretário de educação colocou 14 mil professores para a sala de aula e que ele está fazendo um projeto com a Gerdau. “Vai revolucionar a educação aqui em Goiás”, insiste. Abreu se compromete em passar o recado. Em outra ligação, às 10:57, Abreu volta a falar do dossiê, Cachoeira diz que vai averiguar com João Bosco e, em seguida, pergunta sobre seu pedido ao editor da Veja. “Ele vai conversar com você sobre isso aí e vai dar um jeito”, respondeu Abreu, que ainda pediu a Cachoeira que arrumasse um rádio para Policarpo Júnior. O contraventor negou. (Ouça abaixo)
Audio 4
O assunto não é explicitado em nenhuma outra gravação entre o editor da Veja em Brasília e os homens de Cachoeira. As gravações às quais Carta Maior teve acesso registram 29 conversas diretas entre Policarpo Júnior e membros da quadrilha de Cachoeira investigados pela PF.
Entre as matérias da Veja no período, nenhuma abordou a “revolução educacional” em Goiás. Entretanto, em dezembro de 2011, a matéria de capa da edição 2248 da revista diz “A arma secreta da China: a educação de qualidade e baixo custo para milhões é o verdadeiro segredo dos chineses em sua corrida para a liderança mundial”.
Em 12 páginas, o jornalista Gustavo Ioschpe relata o modelo educacional chinês, incluindo as construções. “Os prédios são parecidos com os de muitas escolas brasileiras, ainda que um pouco mais verticalizados. São escolas grandes, a maioria com mais de mil alunos (…) em algumas, cada série ocupava um andar. Essa organização do espaço é relevante. Pois em cada andar há uma sala de professores…”
Em abril deste ano, a Secretaria de Estado da Educação de Goiás emitiu nota alegando que “nunca discutiu projetos de construções de escolas ‘inspirados’ em modelos de outros países” e negou “informações sobre construção de unidades de ensino que seriam, posteriormente, alugadas”. Thiago Peixoto segue no cargo de secretário estadual de Educação do governo de Marconi Perillo (PSDB).
Audio 1
Em pouco menos de um mês, no dia sete de julho de 2011, às 10:09, Cachoeira liga para o editor da Veja em Brasília, Policarpo Junior, afirma que o secretário de educação de Goiás “ta fazendo uma revolução na educação” e pergunta “com quem que ele vê? (...) Como é que a gente pode fazer uma divulgação disso?”. Junior afirma que a ligação está cortando e não responde mais. (Ouça abaixo)
Audio 2
Às 10:48, do mesmo dia, o então diretor da Construtora Delta no Centro-Oeste, Claudio Abreu, durante um encontro com Policarpo Junior, liga para Cachoeira para solicitar informações sobre a compra de uma fazenda em Nova Crixás (GO) por “Juquinha” - José Francisco das Neves, ex-presidente da Valec, estatal responsável pelas ferrovias. À época a revista Veja publicava denúncias envolvendo o Ministério dos Transportes. Na ligação, Abreu chega a pedir um dossiê. Cachoeira diz não saber e muda de assunto . “Você tá com o Poli... Fala para ele fazer a reportagem aí, o Thiago ta fazendo uma revolução na educação aqui. Manda ele designar um repórter para cobrir”. (Ouça abaixo)
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O contraventor ainda cita que o secretário de educação colocou 14 mil professores para a sala de aula e que ele está fazendo um projeto com a Gerdau. “Vai revolucionar a educação aqui em Goiás”, insiste. Abreu se compromete em passar o recado. Em outra ligação, às 10:57, Abreu volta a falar do dossiê, Cachoeira diz que vai averiguar com João Bosco e, em seguida, pergunta sobre seu pedido ao editor da Veja. “Ele vai conversar com você sobre isso aí e vai dar um jeito”, respondeu Abreu, que ainda pediu a Cachoeira que arrumasse um rádio para Policarpo Júnior. O contraventor negou. (Ouça abaixo)
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A matéria na Veja
O assunto não é explicitado em nenhuma outra gravação entre o editor da Veja em Brasília e os homens de Cachoeira. As gravações às quais Carta Maior teve acesso registram 29 conversas diretas entre Policarpo Júnior e membros da quadrilha de Cachoeira investigados pela PF.
Entre as matérias da Veja no período, nenhuma abordou a “revolução educacional” em Goiás. Entretanto, em dezembro de 2011, a matéria de capa da edição 2248 da revista diz “A arma secreta da China: a educação de qualidade e baixo custo para milhões é o verdadeiro segredo dos chineses em sua corrida para a liderança mundial”.
Em 12 páginas, o jornalista Gustavo Ioschpe relata o modelo educacional chinês, incluindo as construções. “Os prédios são parecidos com os de muitas escolas brasileiras, ainda que um pouco mais verticalizados. São escolas grandes, a maioria com mais de mil alunos (…) em algumas, cada série ocupava um andar. Essa organização do espaço é relevante. Pois em cada andar há uma sala de professores…”
Em abril deste ano, a Secretaria de Estado da Educação de Goiás emitiu nota alegando que “nunca discutiu projetos de construções de escolas ‘inspirados’ em modelos de outros países” e negou “informações sobre construção de unidades de ensino que seriam, posteriormente, alugadas”. Thiago Peixoto segue no cargo de secretário estadual de Educação do governo de Marconi Perillo (PSDB).
Vinicius Mansur
No Carta MaiorCerco sobre Serra e Paulo Preto se fecha após doação milionária
July 17, 2012 21:00 - no comments yet![]() |
Paulo Preto coordenou as obras do Rodoanel no governo de Serra |
O cerco à ligação entre o esquema criminoso do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, apoiado por um grupo de empresários de vários Estados brasileiros, começa a se fechar sobre o candidato tucano à administração municipal de São Paulo, José Serra. Ele e assessores próximos têm sido pressionados a explicar a série de ligações com integrantes do grupo acusado de fraude, contravenção e formação de quadrilha, liderado pelo contraventor goiano. Em 2010, durante a campanha derrotada ao Palácio do Planalto, o grupo de Serra recebeu uma doação de R$ 8,2 milhões, feita pela esposa do empreiteiro José Celso Gontijo, Ana Maria Baeta Valadares Gontijo. O valor foi um ponto fora da curva para uma pessoa física, uma vez que a lei eleitoral permite apenas que se doe 10% do valor ganho num determinado ano. A situação se agrava devido ao fato de Gontijo aparecer em um dos vídeos gravados por Durval Barbosa, ex-secretário do governador do Distrito Federal José Roberto Arruda, no qual ele paga propina para manter seus contratos de tecnologia no Distrito Federal. Arruda e Serra eram da mesma facção dentro do PSDB e foi cogitado para ser companheiro de chapa do tucano na corrida presidencial, descartado após o escândalo.
A doação milionária de Ana Gontijo para a campanha tucana de 2010, como pessoa física, é comparável somente às doações dos grandes bancos e grandes empreiteiras e, naquele ano, bateu todos os recordes. Ana Gontijo precisaria ter ganhado cerca de R$ 7 milhões por mês de salário bruto ou renda ao longo de 2009 (cerca de R$ 82,5 milhões de renda anual). Um processo em curso na Receita Federal verifica a autenticidade da fortuna doada pela Srª Gontijo, cujo marido foi filmado entregando maços de dinheiro para o esquema conhecido como Mensalão do DEM, desvendado pela Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal (PF). No relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o escândalo, produzido pela Câmara Legislativa do Distrito Federal, vale destacar o tópico inteiro dedicado a Celso Gontijo:
“O Sr. JOSÉ CELSO GONTIJO figura ainda como proprietário da empresa CALL TECNOLOGIA E SERVICOS LTDA, de CNPJ no 05003257/0001-10, empresa citada no Inquérito n° 650/STJ como financiadora do esquema de corrupção, e que possui contratos com a CODEPLAN e o DEFRAN, totalizando repasses no valor de R$ 109.347.709,17 (cento e nove milhões, trezentos e quarenta e sete mil, setecentos e nove reais e dezessete centavos) entre os anos de 2000 a 2010.
“O Sr. JOSÉ CELSO GONTIJO aparece em gravação feita pelo Sr. DURVAL BARBOSA, entregando-lhe dois pacotes contendo diversas notas de R$ 100,00 (cem reais). Esse vídeo compõe o inquérito nº 650/STJ e foi gravado na gestão do governador José Roberto Arruda, conforme foto do ex-governador disposta na parede oposta da gravação. Segundo o Sr. DURVAL BARBOSA, esse encontro ocorreu no dia 21 de outubro de 2009 na Secretaria de Assuntos Institucionais (v. 4, p. 528). Ainda segundo o declarante esse encontro tinha como objetivo fazer um “acerto” do recurso arrecadado como propina de um contrato com a empresa CALL TECNOLOGIA E SERVICOS LTDA (v. 4, p. 529). A propina era entregue diretamente pelo Sr. JOSÉ CELSO GONTIJO, por seus funcionários, e em uma ocasião pelo Sr. LUIS PAULO DA COSTA SAMPAIO. Ressalta ainda o delator que essa propina era paga desde o governo passado, equivalendo a um percentual entre 7% (sete por cento) e 8% (oito por cento) do total pago à empresa, já descontado o valor dos impostos. Esse dinheiro era inclusive arrecadado à época da campanha do Sr. JOSÉ ROBERTO ARRUDA ao governo do DF”.
Gontijo e Paulo Preto
A CPMI do Cachoeira visa os depoimentos de José Gontijo e Paulo Vieira de Souza, ou Paulo Preto, como é conhecido o ex-captador de recursos para as campanhas eleitorais de Serra, em São Paulo, agendados para o mês que vem. Coincidência ou não, assim que soube da convocação de Paulo Preto, o senador tucano paulista Aloysio Nunes, responsável pelo caixa de campanha em 2010, pediu para se afastar da Comissão, sendo substituído por Cyro Miranda (PSDB-GO). Fernando Cavendish, ex-presidente da Delta Construções; e Luiz Antonio Pagot, ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit) do Ministério dos Transportes; além de Adir Assad, empresário de São Paulo que atua nos segmentos de construção civil e eventos também falarão aos senadores.
Call Center
Ao todo, o Estado de São Paulo fez contratos de quase R$ 1 bilhão com a Delta; R$ 178, 5 milhões, celebrados nas gestões Alckmin (2002 a março de 2006 e de janeiro de 2011 em diante) e R$ 764,8 milhões no governo Serra (janeiro de 2007 a abril de 2010). Paulo Preto assinou o maior parte deles. A Dersa contratou a Delta, em 2009, para executar a ampliação da marginal do Tietê por R$ 415.078.940,59 (valores corrigidos). Pela Delta, assinou Heraldo Puccini Neto, que teve a prisão preventiva decretada em abril e continua foragido.
– A CPMI está complementando esse trabalho que, aliás, foi muito bem feito. Está dissecando todo o fluxo de recursos da organização criminosa: quais empresas alimentavam-na e quais ela alimentava. Ou seja, origens, destinos, valores… A CPMI tem agora uma equipe grande de técnicos do Banco Central, Controladoria Geral da União (CGU), Tribunal de Contas da União, Polícia Federal, Senado, que está analisando os dados. São técnicos fazendo uma análise financeiro-contábil da circulação do dinheiro. Nós queremos ter um diagnóstico rápido da organização e provas consistentes para levar a julgamento célere as pessoas envolvidas – disse o vice-presidente da CPMI do Cachoeira, Paulo Teixeira (SP), ao site Viomundo.
A presença de José Celso Gontijo na administração tucana de São Paulo também foi identificada desde 2006, quando a empresa Call Tecnologia, também conhecida como Call Contact Center, passou a administrar as chamadas para os serviços dispostos pela prefeitura de SP, durante a gestão de José Serra. À época, os pagamentos mensais para a empresa chegavam a R$ 1,2 milhão, algo próximo dos R$ 30 milhões por dois anos de serviço. Na atual gestão do prefeito Gilberto Kassab, o contrato foi prorrogado.
Em abril de 2009, a Call Tecnologia fechou outro contrato, desta vez com o governo estadual de São Paulo, com Serra no Palácio dos Bandeirantes, um ano antes dele se candidatar à Presidência da República, pelo partido que recebeu os R$ 8,25 milhões da mulher de Gontijo.
No Correio do BrasilLeia também: CPI: Gontijo assa a batata do Serra
Nem o New York Times leva o Kamel a sério
July 16, 2012 21:00 - no comments yetLarry Rohter, que quase o Lula mandou embora, deixa transparecer que nem ele leva o Ali Kamel a sério.
Herbert Matthews foi o correspondente do New York Times que cobriu a Revolução Cubana com incontida simpatia pelos rebeldes.
Pagou cara por isso e se tornou símbolo do “jornalismo engajado”, incompatível com os cânones da Old Lady, o New York Times.
Larry Rohter é o Herbert Matthews de sinal trocado.
Ao longo de 14 anos no Brasil, inclusive como correspondente do New York Times, não passou de uma extensão do PiG.
Só que num tempo muito diferente do de Matthews e quando o Brasil já era outro.
Rohter era um PiG sem munição e nenhuma repercussão aqui.
Ninguém mais se importava com o “deu no New York Times” do Henfil e do Jorge Benjor.
Virou galhofa.
Rohter acaba de escrever um livro de título ambíguo: “Brasil em Alta – história de um país em transformação”, pela Geração Editorial.
É um cozidão de ideias do PiG.
Basta ler os “agradecimentos” para se ter uma ideia da “alta” a que se refere.
O Brasil só melhorou porque tem muita sorte e muitos recursos naturais.
Porque, de resto, só os tucanos prestam.
De sua parte, o livro só presta para dar uma ideia do “interesse nacional americano” em relação Brasil.
Os americanos não querem que o Brasil tenha submarino nuclear.
Não querem que o Brasil lance foguete.
Não precisa lançar satélites.
Não querem que o Brasil domine o ciclo completo do combustível nuclear.
E deve mostrar aos americanos tudo o que fez para dominá-lo.
“Os militares brasileiros são uma força em busca de uma missão – qualquer missão, para justificar sua existência”, diz a certa altura o Matthews de sinal trocado.
Os americanos não querem o Mercosul.
E acham que a Venezuela não é amiga do Brasil.
“… o Brasil, com frequência, tenta ser amigo de todos e … também com frequência suas crenças mais fundas, sejam elas quais forem, não são claramente definidas, articuladas ou defendidas.”
Na América Latina, o que se diz – segundo ele – é que o “Brasil é um gigante econômico e um anão diplomático”.
Nada que o PiG e seus colonistas não digam todo dia.
Daria um bom editorial do Estadão.
Mas, Larry Rohter – que quase o Lula mandou embora, porque disse que ele governava bêbado – deixa transparecer que nem ele leva o Ali Kamel a sério.
Apesar de achar o Brasil um lixo – e, portanto, um país racista – Rohter se refere ao Ratzinger da Globo, o mais poderoso de todos os diretores de jornalismo da Globo (ansioso blogueiro sabe disso, porque trabalhou com todos os antecessores), como autor de um … digamos … um disparate.
Senão, vejamos
Paulo Henrique AmorimDe homicídio a sequestro, os crimes no Congresso
July 16, 2012 21:00 - no comments yetSuspeitas contra quatro parlamentares no STF vão de desvio bilionário a homicídio, passando por associação ao tráfico de drogas e sequestro
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Júlio Campos, Jader Barbalho, Carlos Souza e Paulo César Quartiero: parlamentares na mira do STF |
Homicídio, sequestro e associação ao tráfico de drogas. Acusações que levam milhares de brasileiros pobres à cadeia todos os anos, quem diria, também chegaram ao Congresso Nacional, somando-se às tradicionais denúncias de desvio e mau uso do dinheiro público. Essas suspeitas ajudam a compor o eclético repertório das centenas de processos a que respondem parlamentares no Supremo Tribunal Federal (STF), órgão responsável por investigar e julgar criminalmente deputados e senadores.
Conhecer detalhes dos processos em andamento no Supremo é dar de frente com as vísceras do sistema político brasileiro. O Congresso em Foco selecionou quatro casos que, devido à gravidade das denúncias, chamam o eleitor à reflexão. Afinal, quem foi escolhido pela população para legislar em nome dela deveria ser visto como exemplo para toda a sociedade. Mas nem sempre é assim.
Um dos vice-líderes do recém-criado PSD na Câmara, o deputado Carlos Souza (AM) é o único parlamentar que responde a processo no Supremo por associação ao tráfico de drogas. Ex-governador de Mato Grosso, o deputado Júlio Campos (DEM-MT) é suspeito de ter encomendado a morte de duas pessoas. O primeiro não comenta o assunto; o segundo contesta a denúncia.
Na Câmara desde o início de 2011, o ex-prefeito de Pacaraima (RR) Paulo César Quartiero (DEM-RR), que ficou conhecido nacionalmente por liderar os arrozeiros em um sangrento conflito por terras entre indígenas e não indígenas na reserva Raposa Serra do Sol, é acusado de sequestro e cárcere privado, entre outras coisas, nas 14 investigações (seis já transformadas em ações penais) que acumula no STF. Quartiero é hoje o congressista com mais pendências judiciais na mais alta corte do país. Todas, segundo ele, motivadas por perseguição política em razão de seu papel como líder dos arrozeiros.
Excluídos os deputados, o senador com mais problemas na Justiça atualmente é Jader Barbalho (PMDB-PA), que só tomou posse no final do ano passado, meses depois de o Supremo decidir que a Lei da Ficha Limpa só valerá a partir deste ano. São cinco ações penais e dois inquéritos. Contra o ex-presidente do Senado, que renunciou ao mandato em 2001 para escapar da cassação em meio a uma série de denúncias, não pesa suspeita de envolvimento com tráfico de drogas, homicídio ou sequestro. Mas a de fazer parte de uma quadrilha acusada de desviar cerca de R$ 1 bilhão da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).
Ninguém na cadeia
No Brasil, congressistas e outras autoridades só podem ser investigados e julgados criminalmente pela mais alta corte do país. O chamado foro privilegiado foi instituído para evitar eventuais perseguições políticas locais. Mas, por meios tortos, acabou virando um atrativo para a vida política: até 2010, os ministros do Supremo jamais haviam condenado qualquer parlamentar brasileiro.
De lá para cá, no entanto, seis foram condenados. Dois escaparam da punição porque seus casos já estavam prescritos na data do julgamento. Outros três, condenados à prisão, ainda contestam a decisão da Justiça. Dois deles, inclusive, seguem no exercício do mandato, Asdrubal Bentes (PMDB-PA) e Natan Donadon (PMDB-RO).
No Congresso em Foco