O Habeas Corpus de Tourinho Neto
16 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaE Eugênio Bucci: “Eu só queria entender por que meu nome foi aparecer ali…”
No habeas corpus que poderia livrar Carlinhos Cachoeira da prisão, não fosse o fato de ele também estar preso por outra operação da Polícia Federal, o desembargador Tourinho Neto listou diversas pessoas com quem o bicheiro não poderia entrar em contato. Entre elas, dois jornalistas.
O primeiro, Policarpo Jr., editor de Veja, que no período de 1 ano trocou mais de 200 telefonemas com Carlinhos Cachoeira e que é acusado de ter operado reportagens de interesse do esquema liderado pelo contraventor.
O segundo, Eugênio Bucci, professor universitário, ex-presidente da Radiobrás no primeiro governo Lula e que já ocupou cargos de direção na Editora Abril, de onde afirma ter se desligado em 2001.
A despeito de ter divergências com Bucci no debate da democratização da comunicação, todas as referências que tenho dele são de que é uma pessoa honesta . Além disso, até ontem ele não havia sido citado em nada na investigação do caso Cachoeira.
Por isso, procurei-o na manhã de hoje e depois de uma conversa que durou cerca de 10 minutos por telefone, enviei as quatro perguntas que seguem para que respondesse por e-mail. O que ele fez prontamente.
É possível ler o Habeas Corpus de Tourinho Neto neste link que me foi enviado por Daniel VM.
Segue a entrevista com Bucci:
Você foi citado no Habeas Corpus do Carlinhos Cachoeira pelo desembargador Tourinho Neto, como pretende reagir a isso? De que forma vai se defender?
Até agora, tenho boas razões para acreditar que houve um engano na hora da confecção da lista que consta da decisão do desembargador. Não penso exatamente em “fazer a minha defesa”, pois não estou sendo acusado de nada. Quero, sim, que isso seja esclarecido. Confio na Justiça e, como não há nenhum elemento de fato ou de direito que me vincule a esse escândalo (nunca, em nenhum episódio, houve qualquer referência ao meu nome, nem mesmo indiretamente), só posso acreditar que houve um equívoco e que esse equívoco será corrigido.
Em algum momento você teve contatos com o senador Demóstenes Torres e Carlinhos Cachoeira ou cooperou em algo para matérias publicadas na revista Veja assinadas pelo jornalista Policarpo Jr. e que foram produzidas a partir de informações oriundas da organização que participam?
Não tive contatos com eles, nem com outros listados lá. Insisto: não há nenhuma ligação entre mim e essas pessoas, essas organizações e seus negócios. Além disso, nunca tive parte em nenhuma investigação jornalística a respeito do assunto, em qualquer veículo jornalístico. Nada. Escrevo artigos de opinião na revista Época e no jornal O Estado de S. Paulo, e nunca participei de nenhuma reportagem sobre esse tema. Daí, também, a minha impressão de que houve um equívoco no momento da redação da decisão judicial em que sou citado.
Na sua função de consultor editorial da Abril questões como essa do caso Cachoeira são tratadas com Roberto Civita, o presidente do grupo?
Aqui há algo que devo esclarecer. Não sou consultor editorial da Abril. Além de ser professor na ECA-USP, em regime de tempo parcial, eu dirijo um Curso de Pós Graduação em Jornalismo na ESPM, e esse curso é realizado a partir de uma parceria entre a escola, a ESPM, e o IAEJ (Instituto de Altos Estudos em Jornalismo), criado e liderado por Roberto Civita. Tenho vínculos com a ESPM e com o IAEJ, mas não exerço nenhuma função na Abril. Já fui funcionário da Abril, no passado. Eu me desliguei da Editora Abril em 2001. Quando saí, eu era Secretário Editorial. Na Veja, eu fui repórter entre 1985 e 1986 e, mais tarde, fui colunista, entre 1996 e 1998. Foi só.
A divulgação do seu nome nesse Habeas Corpus já lhe criou algum problema?
Claro que sim. Causou tristeza, embaraço, aborrecimento, dor moral. Embora eu não esteja sendo acusado de nada, a simples presença do meu nome nessa lista cria constrangimento para mim, meus amigos, meus familiares, para todos aqueles com quem tenho laços profissionais e pessoais, pois lança no ar a suspeita de que eu teria algo a ver com todo esse escândalo. E não tenho. Por enquanto, eu só queria entender por que, afinal, o meu nome foi aparecer ali. E, repito, eu tenho certeza de que a boa fé e a transparência haverão de prevalecer.
Continuidade em Cheque
16 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaAinda é cedo - na verdade, muito cedo - para chegar a qualquer conclusão, mas parece que, nas capitais estaduais, as próximas eleições serão marcadas mais pela mudança que pela continuidade.
É o que indicam as pesquisas disponíveis, realizadas, ao longo dos últimos meses, por empresas regionais e nacionais.
Pesquisas feitas a essa distância da eleição municipal costumam pintar quadros bem diferentes dos que terminam por prevalecer. Ao contrário das eleições gerais - especialmente as presidenciais - em que parcelas significativas do eleitorado se informam e decidem com antecedência, a escolha de prefeitos tende a acontecer tardiamente.
Recém entramos, nesta segunda quinzena de junho, na reta final da eleição. As convenções partidárias estão em andamento, com resultados muitas vezes incertos.
Na maior parte das cidades, só no final do mês conheceremos o cardápio completo que será oferecido aos eleitores - com os nomes dos candidatos a prefeito, vice-prefeito, as coligações e os apoios que receberão.
Tanta indefinição recomenda olhar com cautela o que dizem as pesquisas. Muita água ainda vai passar por baixo da ponte.
Hoje, no entanto, considerando as 24 capitais para as quais dispomos de dados, são poucos os casos de prefeitos que disputam a reeleição com favoritismo ou têm sucessores em posição confortável.
Nítidos, são apenas dois: os prefeitos de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB) e do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB). Somente eles passam de 40% nas pesquisas atuais - com destaque para o mineiro, que chega a 50%.
Em 3 capitais, os prefeitos também se saem bem, mas em patamar inferior. Em Goiânia, Paulo Garcia (PT) lidera sozinho na faixa de 25%, o mesmo nível que alcança Luciano Agra (PSB), de João Pessoa – mas empatado com José Maranhão (PMDB). Em Porto Alegre, José Fortunati (PDT) está na frente em algumas pesquisas e atrás de Manoela D’Ávila (PCdoB) em outras.
Se as eleições fossem agora, os prefeitos de seis outras capitais teriam dificuldade de renovar seus mandatos. Alguns estão muito mal.
Três se elegeram em 2008 e chegam a este ponto de suas administrações com avaliação insatisfatória: Micarla de Souza (PV), em Natal, Amazonino Mendes (PDT), em Manaus, e João Castelo (PSDB), em São Luís.
Três eram vices e assumiram em 2010, na desincompatibilização dos titulares: Chico Galindo (PDT), de Cuiabá, Luciano Ducci (PSB), de Curitiba, e Elmano Ferrer (PTB), de Teresina.
No total, 11 prefeitos de capital devem buscar a reeleição, mas poucos parecem ter chance elevada de obtê-la. E as perspectivas para seis não são boas - sendo péssimas para alguns.
Nas 13 capitais restantes, o cenário que predomina é de mudança e não de continuidade. A julgar pelas pesquisas do primeiro semestre, os grupos políticos que atualmente controlam as prefeituras terão problemas para permanecer no poder na maioria delas.
E isso não acontece com um ou outro partido. Todos enfrentam situação semelhante.
Considerado o conjunto das capitais, a possibilidade é alta de que tenhamos uma safra de prefeitos com perfil diferente do atual. Alternância parece ser a palavra de ordem.
Tudo isso, é claro, se as pesquisas não mudarem. E vão mudar.
Em função de suas especialíssimas condições de mídia, as eleições de prefeito são - por excelência - as eleições das “surpresas”. Nelas, mais que em qualquer outra, é até comum o surgimento de “fenômenos” de última hora (entre os quais o renascimento de nomes que pareciam fora do páreo - quem não se lembra do caso de João Henrique (PP), prefeito de Salvador, que, em 2008, estava em quarto lugar nas pesquisas e terminou reeleito?).
Mais adiante, depois que a população for apresentada, efetivamente, aos candidatos e às suas propostas, é que teremos como avaliar se é mesmo mudança que ela deseja na gestão das capitais.
Marcos Coimbra, sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi
A cruzada ética dos jornalões
16 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaA imprensa se juntou, unânime, numa nova cruzada, a de mostrar a incoerência de o PT paulistano receber o apoio do PP, partido do notório Paulo Maluf.
Todos os jornalões, sem exceção, procuram desqualificar o acordo - simples apoio, não aliança, como dizem -, dizendo que ele destrói a história do PT, uma história de combate ao malufismo e o que ele representa.
Interessante que essa cruzada só tenha sido iniciada agora e não antes, quando os próceres do PP estiveram por fechar o apoio a José Serra e seus amigos de bico longo.
Na ocasião, só faltou aos jornalões soltar fogos de artifício para celebrar a "aliança".
Em tom triunfal, publicaram gráficos para mostrar que Serra teria, com todos os acordos fechados, incluído neles o do PP, um tempo enorme na televisão, o maior de todos, para expor as suas ideias geniais para resgatar a cidade do caos promovido - vejam só que coisa incrível - por ele próprio e seu bando de predadores.
Aproveitaram para celebrar o poder de negociação dos tucanos, capazes de amarrar um bloco partidário de apoio a Serra com todas as letras do alfabeto, enquanto o adversário maior, o petista Fernando Haddad, diziam, batia bumbo sozinho, esquecido num canto, sem ninguém para ajudá-lo...
Assim, deve ter sido uma surpresa enorme para todos esses jornalistas que cobrem a política paulistana com tanta isenção o apoio que o Haddad recebeu do PSB e a escolha de Luiza Erundina para compor, como vive, a sua chapa.
A mesma surpresa, obviamente, também os capturou quando souberam das negociações entre o PT/PSB e o PP - partido que integra a base de apoio do governo Dilma.
Para esses jornalistas, o trabalho e a vida parecem ser feitos de surpresas.
Eles devem estar surpreendidos agora com o fato de, com o PP, a coligação de Haddad ficar com o maior tempo de propaganda eleitoral e isso contar muito, mais muito mesmo, numa campanha como a que está por começar.
Se esses nossos caros jornalistas perdessem menos horas do seu árduo trabalho para expressar toda essa estupefação com as coisas mais triviais da política, poderiam facilmente perceber que, se o apoio do PP ao PT realmente se concretizar, a chance de Maluf aparecer ao lado de Haddad ou Erundina é a mesma, como diz o sábio filósofo Felipão, de o sargento Garcia prender o Zorro.
Também que o programa de governo de Haddad terá influência zero de qualquer malufista, principalmente quando se sabe que o próprio Maluf não tem mais nenhuma poder sobre o seu partido e usa hoje a política apenas como escudo para se livrar dos problemas com a Justiça.
Mas, enfim, essa é a imprensa que temos neste país. Uma imprensa que aproveita os vácuos da legislação para esconder os fatos e expor apenas seus desejos, suas frustrações e suas preferências partidárias.
Fico pensando o que seria dessa já pobre oposição se não contasse com a ajuda dos jornalões, de suas cruzadas éticas e de toda essa conveniente ingenuidade sobre a "realpolitik".
Soninha critica política de alianças do PT
16 de Junho de 2012, 21:00 - sem comentários aindaSoninha Francine, do PPS, aliado automático de Serra. Soninha que fez campanha para Kassab, do DEM, e participou de seu governo. Soninha que apoiou Alckmin, da Opus Dei, e participa de seu governo juntamente com a família inteira. Soninha acha que pode criticar o PT por fazer coligação com o PP, aquele mesmo que negociou até semana passada com Serra, Alckmin e Kassab.
No Esquerdopata