O lado perverso do Google
Luglio 26, 2012 21:00 - no comments yetExistem dois Googles.
Um você conhece. É a companhia inovadora que você usa o tempo todo para fazer pesquisas. Frequentemente o Google aparece no topo das listas das melhores empresas para trabalhar pelos extraordinários benefícios que concede a seus funcionários. Estes se orgulham de pertencer ao Google.
O segundo Google é bem menos bonito. É uma corporação que faz todas as manobras possíveis – dentro daquela fronteira tênue entre a legalidade e a imoralidade – para não pagar impostos. Recentemente, a mídia australiana registrou a indignação de autoridades locais ao verificar que, para um faturamento de 1 bilhão de dólares no país, o Google pagara cerca de 75 000 dólares de impostos.
Vamos entender.
É com o dinheiro dos impostos que são construídos hospitais, estradas, escolas etc etc. Ninguém gosta de pagar imposto, mas quando a compulsão de evitá-los se alastra pela sociedade e alcança as corporações o resultado – como prova a Grécia – é a bancarrota do país.
O Google – e muitas outras multinacionais americanas – faz uma manobra chamada “Duplo Irlandês e Sanduíche Holandês”. Basicamente, para reduzir ao mínimo o valor a pagar, o Google se utiliza de duas subsidiárias na Irlanda – daí o “Duplo Irlandês” – e uma outra subsidiária na Holanda. O “Sanduíche Holandês” se explica no fato de o dinheiro — dentro do esquema perfeito montado para tornar esquálido o imposto — sair de uma subsidiária irlandesa, passar pela Holanda e depois voltar à Irlanda, agora registrado na outra subsidiária. A viagem contábil termina nas Bermudas, onde a taxa é zero. (Aqui, você pode ver um gráfico razoavelmente compreensível do NT Times.)
Se eu fosse editor de alguma publicação brasileira, pediria a um repórter que investigasse quanto o Google fatura no Brasil e qual o imposto que paga. Provavelmente os brasileiros tomariam conhecimento do “Duplo Irlandês” e do “Sanduíche Holandês”.
O primeiro Google é lindo.
O segundo, horrível.
Paulo NogueiraNo Diário do Centro do Mundo
Novas pistas ligam modelo morta ao esquema do mensalão tucano
Luglio 26, 2012 21:00 - no comments yetSerra e a democracia de duas orelhas
Luglio 26, 2012 21:00 - no comments yetA verdade, diz um provérbio berbere, é como o camelo: tem duas orelhas. Você pode agarrá-la como lhe for mais conveniente, pela direita ou pela esquerda. Essa parece ser a postura do candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, que prefere a direita. Para quem conheceu o jovem Serra de há quase 50 anos, é um desconsolo descobrir o que o tempo faz aos homens. Não só, como no poema de Drummond, ao abater com sua mão pesada, cobra os anos com “rugas, dentes, calva”, mas também costuma sulcar erosões nas idéias.
José Serra quer calar os blogueiros sujos, e usou o seu partido para isso. Dois nomes são mencionados, Paulo Henrique Amorim e Luis Nassif. Não preciso expressar a minha solidariedade aos atingidos. O que está em questão – e os dois estarão de acordo com o raciocínio – é muito maior do que eles mesmos e todos os outros franco-atiradores da internet. O problema real são os limites que querem impor à democracia.
Ao que parece, há uma liberdade de imprensa para uns, e outra, para os demais. Os grandes veículos de comunicação combatem o governo e recebem dele vultosas verbas de publicidade, como é do conhecimento geral. Alguns poucos blogs, por convicção, defendem o governo federal, mas, conforme o PSDB, estão impedidos de receber verbas publicitárias das empresas estatais.
Nenhum jornalista brasileiro pode se dar o luxo de não contar, em sua remuneração, qualquer que ela seja, com parcelas, ainda que pequenas, de dinheiro público. O poder público é a base de toda a economia nacional. Ele contrata as empreiteiras, compra das grandes empresas industriais, além de subsidiá-las com incentivos fiscais, financia as atividades agropecuárias, paga pelos serviços, participa do custeio das grandes organizações patronais, entre elas a Fiesp, para ficar apenas em São Paulo. Assim, indiretamente, participa de todos os gastos com publicidade.
E mais, ainda: quem paga tudo, afinal, é a sociedade e, nela, os que realmente produzem, ou, seja, os trabalhadores. E são os trabalhadores, com parcela de seu suor, que mantêm o enganoso Fundo de Amparo ao Trabalhador que, administrado pelo Estado, por intermédio do BNDES, financiou as privatizações e continua a financiar empresas estrangeiras, como é o caso notório das companhias telefônicas, a começar pela controlada pelos espanhóis. Em suma, o trabalhador paga pela corda que o sufoca.
Serra, e os que pensam como ele, tentam, como Josué em Jericó, segurar o Sol com as mãos, ou, melhor, impedir que a Terra continue rodando em torno de seu eixo e em torno da nossa estrela. A internet é indomável. E, apesar de suas terríveis distorções, como veículo que serve à difamação, à calúnia, à contrainformação, a difusão de atos de insânia – ampliando o que a televisão vinha fazendo – não há, no horizonte das ideias plausíveis, como amordaçar os bytes, imobilizar os elétrons, apagar as telas. Tudo isso poderá ocorrer com uma tempestade solar, mas nunca pela ação dos estados – a menos que, como tantos sonham, um governo fascista mundial destrua o sistema.
O candidato José Serra e seus correligionários se encontram alheios ao mundo que os cerca. Estão como um francês distraído que, em 10 de agosto de 1792, em um dos muitos cafés do Jardim das Tuileries, tomava placidamente uma baravoise – para os curiosos, mistura de café, conhaque e uma gema de ovo, segundo a receita do libertino Casanova. Enquanto isso, a multidão invadiu o Palácio Real – de onde, por pouco, escaparam Luis XVI e Maria Antonieta – e o saqueou. O desconhecido continuou a beber. Todos os que o cercavam fugiram esbaforidos. Na defesa do palácio, morreram seiscentos guardas suíços. O francês distraído estava alheio a tudo, em sua manhã de agosto. Cinco meses depois, o rei e a rainha encontrariam a lâmina da guilhotina.
José Serra e os seus estão pensando em seu outubro, embora estejamos, no mundo inteiro, em tempos semelhantes aos do francês sans souci. Como sempre, o que está em jogo é a mesma reivindicação dos sans culotte: igualdade, liberdade, fraternidade – ou, seja, a democracia real.
São Paulo proibida
Luglio 26, 2012 21:00 - no comments yet
Tudo começou em 2007, quando o então ex-vice-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab decidiu que a cidade estava feia demais com todos aqueles outdoors espalhados por aí sem ordem ou licença de funcionamento e que essa bagunça tinha que acabar (como se a culpa pela fiscalização porca não fosse jurisdição dele). Aquilo tudo gerou muito burburinho mas no final ele extinguiu os outdoors de São Paulo. E daí se quase 20 mil pessoas perderam o emprego do dia pra noite, se agora eu consigo ver o Rio Pinheiros da janela do meu quarto… Mas o que devia ser o fim da polêmica, parece que foi o impulso que o Kassab precisava pra ampliar sua onda de proibições.

E como se não bastasse todas essas limitações (algumas não justificadas), agora um projeto de lei que está sendo discutido pretende proibir a venda E consumo de bebidas alcóolicas em lugares públicos de São Paulo! O QUE!? Quer dizer então que eu não vou poder mais tomar uma cerveja na rua/praça/posto de gasolina? Essa não, aí já é demais…

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Campos Machado, o (ir)responsável |
O infeliz que propôs esse absurdo é o deputado Campos Machado (PTB), e eu nem sei por que ele acha que isso é bom. E nem quero saber, na real, eu já achava que essa onda proibitiva tinha ido longe demais antes de eles quererem tirar de mim a minha cerveja. A questão é que a lei ta sendo discutida em âmbito estadual, ou seja, se ela for aprovada, nem na praia vai poder rolar aquele cooler com cerveja nem as caipirinhas de quiosque. VAI TÁ TUDO PROIBIDO MERMÃO!
Parece um absurdo, né? Mas não vai faltar gente grande pra apoiar uma vez que a lei é bem específica e limita os locais de consumo a casas e bares. Com isso eles conseguem apoio de grandes estabelecimentos e de associações como a Federação de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de São Paulo. E quem se ferra são os pequenos, como fez questão de nos esclarecer o empresário Percival Maricato, diretor jurídico da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel):
“A lei ajuda os proprietários de bares que pagam aluguel pesado e precisam concorrer com pessoas que vendem nas portas de garagens”
Tá, e quem vai ajudar aquela senhorinha que vive de vender cerveja na porta da garagem dela?
Se aprovada na Assembleia Legislativa de SP, a proposta vai precisar apenas da assinatura de Alckmin para entrar em vigor. E tudo indica que ele não relutará em sancionar, uma vez que a população de São Paulo já foi muito bem treinada a aceitar uma proibição nova. Por que se alimentar gente que passa fome e ajudar a fazer reciclagem são crimes hoje em dia, imagina beber na rua então?
Que Al Capone nos proteja.
No ScrotosVice de Serra é processado por desvio de dinheiro público para uma fundação do dono da Veja
Luglio 26, 2012 21:00 - no comments yetO ex-secretário municipal de Educação, Alexandre Schneider (PSD), escolhido como candidato a vice na chapa do tucano José Serra, que disputa a prefeitura de São Paulo, é acusado de desvio de dinheiro público da prefeitura e do governo do Estado para favorecer a Fundação Victor Civita – ONG ligada ao grupo Abril, proprietário da revista Veja.
O processo tramita na 12ª Vara da Fazenda Pública.
A promotoria acusa Schneider de compadrio político, violando o princípio da impessoalidade, por contratar a fundação para prestação de serviço no chamado “Projeto de Formação Continuada para Diretores e Supervisores”, durante o período em que foi secretário de Educação na administração do atual prefeito Gilberto Kassab.
De acordo com matéria da Rede Brasil Atual, o Ministério Público pede a devolução aos cofres da prefeitura o valor de R$ 611.232,00, além de outras punições cabíveis. Segundo a denúncia oferecida pelos promotores, a escolha da ONG ligada à “Veja” foi feita “a dedo” e ilegalmente, dispensando a necessária licitação, já que havia muitas outras instituições qualificadas a prestar o serviço.
Como agravante, o serviço foi prestado de forma terceirizada pelo Instituto Protagonistés, presidido pela tucana Rose Neubauer, que foi secretária de Educação no governo Mário Covas e amiga de Schneider. Além disso, as cartilhas do projeto foram impressas na gráfica da Imprensa Oficial do Estado, mas a ONG dos Civita não pagou a totalidade das despesas e arcou apenas com os custos da matéria prima utilizada.
No Hora do Povo