Amarelar Jamais
16 de Setembro de 2012, 21:00 - sem comentários aindaAdmiro a coragem das pessoas simples e honestas que a cada dia sinalizam que não vão capitular.
São bravos e bravas cuiabanos que expressam a vontade da mudança desse modelo perverso de gestão implantado no Alencastro.
São pessoas que juntam-se, com ou sem a presença do candidato a prefeito Lúdio ou de seu vice-prefeito Faiad.
Discutem o plano de governo, a situação do Município e as possibilidades que uma mudança de modelo de gestão podem ocasionar para que os benefícios do desenvolvimento sejam melhor distribuídos.
A onda vermelha começa tomar conta das mentes e corações cuiabanos e isso irrita as pessoas que estão embrutecidas e que vêem na administração pública apenas uma forma de realização pessoal capaz de acalentar suas vaidades.
Dias destes, me perguntaram como o PT/PMDB iria fazer campanha.
Não tive dúvidas, apenas disse que são partidos de militância.
Isso se comprova agora.
Os petistas e peemedebistas juntaram-se nas ruas e avenidas de nossa cidade.
Estão indo atrás daquele voto que ainda falta: o seu.
A diferença dessa eleição será você.
Somos tantos militantes que se cada um arrumar mais um voto, com certeza, Lúdio será o novo prefeito de Cuiabá.
Podem falar e espernear.
Não adianta, gente boa, ninguém vai amarelar.
A prova está nas chamadas pesquisas onde o nome de Lúdio capaz vez se consagra mais e a turma do amarelão está apavorada.
Lúdio Cabral com mais o seu voto, chega lá.
Esse voto que cada um de nós podemos buscar.
As pesquisas indicam isso.

Faltou material?
Anota num caderno, numa folha de papel, 13, só isso que precisa para você votar e Cuiabá ser feliz.
Se tiver um tempinho mais, bata na porta de seus parentes, amigos, colegas de trabalho e diga: vote em mim, vote em você: vote 13.
Chegou o momento de nós petistas e peemedebistas assumirmos a candidatura de Lúdio/Faiad, dando nosso aval, empenhando nossa credibilidade.
Esqueçam esse povo que só aparece em eleições.
Esse repeteco que tem um roteiro preparado de cinema trash com tantas bizarrices nessas composições feitas na calada da noite.

Faltam poucos dias.
Um esforço a mais para que possamos abrir aquele sorriso lindo, marca dessa brasilidade e que a eleição Lúdio Cabral vai proporcionar.
Pega sua bandeira, não interessa se do PT ou PMDB, pegue seu telefone, fax, lista e-mail, entre na sua rede social, multiplique-se, pois o voto a mais será a grande diferença e a garantia de que somos corajosos e não vamos nos curvar.
Amarelar jamais.
No Guerrilheiros VirtuaisAécio e Eduardo Campos estão de olho no ‘incêndio’
16 de Setembro de 2012, 21:00 - sem comentários aindaNo calendário eleitoral brasileiro, as eleições municipais são descoladas das eleições gerais, criando um quadro curioso de composição, recomposição ou mesmo formação de novas coalizões. As eleições municipais servem de ensaio para os parceiros, termômetro para os inimigos e novas negociações e aproximações entre partidos políticos e jogadores.
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O governo federal vai ter que se articular para impedir o avanço da dupla Aécio e Eduardo Campos (foto). Foto: Dida Sampaio/AE |
Normalmente se dá pouca atenção às eleições municipais, federalizando-as na discussão das coalizões no plano da União. Não é para menos. Afinal, dadas as características do federalismo brasileiro, tanto no plano político quanto no plano fiscal, existe enorme concentração na União em detrimento da autonomia dos demais entes federativos. Nesse sentido, é mais do que natural que a discussão sobre as eleições municipais se dê no plano do jogo político jogado na União, compreendendo aqui que as relações entre o Executivo e o Legislativo federais, o governo e suas bancadas partidárias e o lugar da oposição no xadrez político são fundamentais para as escolhas realizadas no plano dos municípios.
Mas um aspecto pouco observado pelos analistas políticos é o fato de que a formação das coalizões passa muito pelas eleições municipais, não apenas nas capitais, onde a visibilidade política é maior, mas também no Brasil profundo, onde o jogo das alianças é estabelecido e onde a maioria dos cidadãos brasileiros vive as suas vidas.
Não se pode menosprezar o papel das eleições municipais no quadro político brasileiro, nem mesmo os municípios como ente federativo central no cenário eleitoral.
No atual contexto, três ordens de questões precisam ser colocadas. Em primeiro lugar, quem são os protagonistas do atual xadrez político. Em segundo lugar, o que está em jogo no atual cenário. Em terceiro lugar, quais são as diretrizes e os movimentos estabelecidos pelos jogadores.
No que tange ao primeiro aspecto, quatro personagens merecem destaque. Primeiro o ex-governador José Serra. Ele apostou todas as suas fichas na eleição para a Prefeitura de São Paulo, colocando-se em um cenário de vida ou morte. Antes em um cenário em que poderia navegar tranquilo, por conta das inúmeras trapalhadas no PT paulistano, agora Serra confronta-se com uma organização e alinhamento petista derivados da liderança de Lula, que também apostou muitas fichas na eleição de Haddad. Haddad demonstra que não vai decolar, Chalita sequer deu as caras e Serra atrapalhou-se no atual cenário. O que ambos, PT e PSDB, não contavam é com o surgimento de uma terceira força, representada por Russomano. O efeito Russomano pode promover um realinhamento da elite paulistana, agregando insatisfeitos do PT e do PSDB, compondo nova força no cenário político. São Paulo, nesse sentido, está fora da curva das coalizões, o que demandará tanto do governo quanto da oposição um esforço enorme de negociação com o próprio Russomano, caso ele vença a eleição paulistana.
Ainda no primeiro aspecto, também merece destaque a dupla Aécio Neves e Eduardo Campos, que, de fato, são os protagonistas do atual cenário. Ambos desejam candidatarem-se em 2014 e estão movimentando o xadrez em torno de um aspecto pouco noticiado. É fato que a dívida dos estados e dos municípios beira ao colapso fiscal, que associado ao atual cenário de crise internacional e retração da atividade econômica, cria o paiol perfeito para o incêndio sem proporções na base do governo. É necessária apenas uma fagulha.
O número de insatisfeitos com o governo federal cresce à proporção da dívida e Dilma não tem transparecido que vá criar medidas efetivas contra o avanço dela nos estados e nos municípios, pelo menos até o segundo turno das eleições municipais. Estas medidas normalmente são pouco populares, o que demandará uma forte liderança política para reconstruir o pacto federativo. O governo federal sabe disso e vai ter que se articular para impedir o avanço da dupla Aécio e Eduardo Campos, que percebe a fragilidade do governo nesse aspecto. Um fracasso do governo nas eleições municipais poderá por em risco a governabilidade de Dilma no plano de sua coalizão, arrefecendo o poder do governo nos próximos dois anos de mandato.
A solução mais imediata é contar com um parceiro pouco confiável que é o PMDB. Como o PMDB tem forte capilaridade nos municípios, ainda sim dependerá da exclusiva liderança de Dilma, com a ajuda de Michel Temer. O objetivo principal será o de reconstruir as bases do pacto federativo e, por sua vez, dos acordos que movem a coalizão do governo federal. Sem isso, o avanço de Aécio e Eduardo Campos será inevitável. Aécio colocando-se na tribuna do Senado como arauto da municipalidade e Eduardo Campos nos bastidores, à frente dos governadores. Esse movimento fica claro quando se olha a eleição de Belo Horizonte. A convocação do PT ao nome de Patrus, rompendo a esquisita aliança com o PSDB e o PSB em torno do nome de Márcio Lacerda, é a identificação perfeita do sinal amarelo da base governista e resumo do atual cenário.
Nesse sentido, nunca tantas fichas foram jogadas nas eleições municipais e nunca as eleições municipais foram tratadas com tanto menosprezo. Dependerá dela a continuidade das políticas do governo e a composição para 2014. E dependerá dela também a recuperação da atividade econômica, afinal, nenhum investimento federal se coloca sem que os prefeitos tenham boa vontade de criar as condições para isso. Contar com prefeitos fazendo beicinho para o governo federal não é boa ideia. Como não é boa ideia retrucar fazendo careta quando os prefeitos dão uma enorme vaia para Dilma.
O que caberá ao eleitor nesse quadro? Já se sabe que as escolhas dos eleitores são sempre limitadas. Restará a ele escolher quem melhor apresentar propostas concretas para a gestão dos municípios, outro aspecto muito omitido pelos analistas políticos. Investimentos não decolam, muito por conta da incapacidade de gestão pública nos municípios, seja por diferentes falcatruas armadas contra o dinheiro público, seja por conta da incapacidade de administrar o bem público, tendo em vista o caos fiscal, a falta de servidores qualificados e condições estruturais para levar um projeto de desenvolvimento a termo. Principalmente no Brasil profundo.
Nestas eleições municipais, estas questões deveriam estar sendo debatidas. Mas o cenário de desordem federativa não permite que os jogadores transpareçam o jogo. Esse jogo é sempre oculto, porque não interessa a nenhum dos jogadores exporem-se diante de tal imbróglio. A quem caberá o protagonismo das cenas dos próximos capítulos. Certamente àquele que for capaz de seduzir os prefeitos e varrer para debaixo do tapete o velho problema da Federação brasileira.
Fernando FilgueirasNo CartaCapital
O veredicto de Geraldo Alckmin
15 de Setembro de 2012, 21:00 - sem comentários aindaResumo
Integrante da Comissão da Verdade, a psicanalista Maria Rita Kehl traça paralelo entre a violência de Estado da ditadura (1964-85) e a da PM paulista, que alegou "resistência seguida de morte" após matar nove pessoas no dia 12. A justificativa, típica dos anos de chumbo, foi endossada pelo governador Alckmin.
Integrante da Comissão da Verdade, a psicanalista Maria Rita Kehl traça paralelo entre a violência de Estado da ditadura (1964-85) e a da PM paulista, que alegou "resistência seguida de morte" após matar nove pessoas no dia 12. A justificativa, típica dos anos de chumbo, foi endossada pelo governador Alckmin.
"Quem não reagiu está vivo", disse o governador de São Paulo ao defender a ação da Rota na chacina que matou nove supostos bandidos numa chácara em Várzea Paulista, na última quarta-feira, dia 12. Em seguida, tentando aparentar firmeza de estadista, garantiu que a ocorrência será rigorosamente apurada.
Eu me pergunto se é possível confiar na lisura do inquérito, quando o próprio governador já se apressou em legitimar o morticínio praticado pela PM que responde ao comando dele.
"Resistência seguida de morte": assim agentes das Polícias Militares, integrantes do Exército e diversos matadores free-lancer justificavam as execuções de supostos inimigos públicos que militavam pela volta da democracia durante a ditadura civil militar, a qual oprimiu a sociedade e tornou o país mais violento, menos civilizado e muito mais injusto entre 1964 e 1985.
Suprimida a liberdade de imprensa, criminalizadas quaisquer manifestações públicas de protesto, o Estado militarizado teve carta branca para prender sem justificativa, torturar e matar cerca de 400 estudantes, trabalhadores e militantes políticos (dos quais 141 permanecem até hoje desaparecidos e outros 44 nunca tiveram seus corpos devolvidos às famílias -tema atual de investigação pela Comissão Nacional da Verdade).
Esse número, por si só alarmante, não inclui os massacres de milhares de camponeses e índios, em regiões isoladas e cuja conta ainda não conseguimos fechar. Mais cínicas do que as cenas armadas para aparentar trocas de tiros entre policiais e militantes cujos corpos eram entregues às famílias totalmente desfigurados, foram os laudos que atestavam os inúmeros falsos "suicídios".
Herzog
A impunidade dos matadores era tão garantida que eles não se preocupavam em justificar as marcas de tiros pelas costas, as pancadas na cabeça e os hematomas em várias partes do corpo de prisioneiros "suicidados" sob sua guarda. Assim como não hesitaram em atestar o suicídio por enforcamento com "suspensão incompleta", na expressão do legista Harry Shibata, em depoimento à Comissão da Verdade, do jornalista Vladimir Herzog numa cela do DOI-Codi, em São Paulo.
A impunidade dos matadores era tão garantida que eles não se preocupavam em justificar as marcas de tiros pelas costas, as pancadas na cabeça e os hematomas em várias partes do corpo de prisioneiros "suicidados" sob sua guarda. Assim como não hesitaram em atestar o suicídio por enforcamento com "suspensão incompleta", na expressão do legista Harry Shibata, em depoimento à Comissão da Verdade, do jornalista Vladimir Herzog numa cela do DOI-Codi, em São Paulo.
Quando o Estado, que deveria proteger a sociedade a partir de suas atribuições constitucionais, investe-se do direito de mentir para encobrir seus próprios crimes, ninguém mais está seguro. Engana-se a parcela das pessoas de bem que imaginam que a suposta "mão de ferro" do governador de São Paulo seja o melhor recurso para proteger a população trabalhadora.
Quando o Estado mente, a população já não sabe mais a quem recorrer. A falta de transparência das instituições democráticas - qualificação que deveria valer para todas as polícias, mesmo que no Brasil ainda permaneçam como polícias militares - compromete a segurança de todos os cidadãos.
Vejamos o caso da última chacina cometida pela PM paulista, cujos responsáveis o governador de São Paulo se apressou em defender. Não é preciso comentar a bestialidade da prática, já corriqueira no Brasil, de invariavelmente só atirar para matar - frequentemente com mais de um tiro.
Além disso, a justificativa apresentada pelo governador tem pelo menos uma óbvia exceção. Um dos mortos foi o suposto estuprador de uma menor de idade, que acabava de ser julgado pelo "tribunal do crime" do PCC na chácara de Várzea Paulista. Ora, não faz sentido imaginar que os bandidos tivessem se esquecido de desarmar o réu Maciel Santana da Silva, que foi assassinado junto com os outros supostos resistentes.
Aliás, o "tribunal do crime" acabara de inocentar o acusado: o senso de justiça da bandidagem nesse caso está acima do da PM e do próprio governo do Estado. Maciel Santana morreu desarmado. E apesar da ausência total de marcas de tiros nos carros da PM, assim como de mortos e feridos do outro lado, o governador não se vexa de utilizar a mesma retórica covarde dos matadores da ditadura - "resistência seguida de morte", em versão atualizada: "Quem não reagiu está vivo".
Camorra
Ora, do ponto de vista do cidadão desprotegido, qual a diferença entre a lógica do tráfico, do PCC e da política de Segurança Pública do governo do Estado de São Paulo? Sabemos que, depois da onda de assassinatos de policiais a mando do PCC, em maio de 2006, 1.684 jovens foram executados na rua pela polícia, entre chacinas não justificadas e casos de "resistência seguida de morte", numa ação de vendeta que não faria vergonha à Camorra. Muitos corpos não foram até hoje entregues às famílias e jazem insepultos por aí, tal como aconteceu com jovens militantes de direitos humanos assassinados e desaparecidos no período militar.
Ora, do ponto de vista do cidadão desprotegido, qual a diferença entre a lógica do tráfico, do PCC e da política de Segurança Pública do governo do Estado de São Paulo? Sabemos que, depois da onda de assassinatos de policiais a mando do PCC, em maio de 2006, 1.684 jovens foram executados na rua pela polícia, entre chacinas não justificadas e casos de "resistência seguida de morte", numa ação de vendeta que não faria vergonha à Camorra. Muitos corpos não foram até hoje entregues às famílias e jazem insepultos por aí, tal como aconteceu com jovens militantes de direitos humanos assassinados e desaparecidos no período militar.
Resistência seguida de morte, não: tortura seguida de ocultação do cadáver. O grupo das Mães de Maio, que há seis anos luta para saber o paradeiro de seus filhos, não tem com quem contar para se proteger das ameaças da própria polícia que deveria ajudá-las a investigar supostos abusos cometidos por uma suposta minoria de maus policiais. No total, a polícia matou 495 pessoas em 2006.
Desde janeiro deste ano, escreveu Rogério Gentile na Folha de 13/9, a PM da capital matou 170 pessoas, número 33% maior do que os assassinatos da mesma ordem em 2011. O crime organizado, por sua vez, executou 68 policiais. Quem está seguro nessa guerra onde as duas partes agem fora da lei?
Assassinatos
A pesquisadora norte-americana Kathry Sikkink revelou que o Brasil foi o único país da América Latina em que o número de assassinatos cometidos pelas polícias militares aumentou, em vez de diminuir, depois do fim da ditadura civil-militar.
A pesquisadora norte-americana Kathry Sikkink revelou que o Brasil foi o único país da América Latina em que o número de assassinatos cometidos pelas polícias militares aumentou, em vez de diminuir, depois do fim da ditadura civil-militar.
Mudou o perfil socioeconômico dos mortos, torturados e desaparecidos; diminuiu o poder das famílias em mobilizar autoridades para conseguir justiça. Mas a mortandade continua, e a sociedade brasileira descrê da democracia.
Hoje os supostos maus policiais talvez sejam minoria, e não seria difícil apurar suas responsabilidades se houvesse vontade política do governo. No caso do terrorismo de Estado praticado no período investigado pela Comissão da Verdade, mais importante do que revelar os já conhecidos nomes de agentes policiais que se entregaram à barbárie de torturar e assassinar prisioneiros indefesos, é fundamental que se consiga nomear toda a cadeia de mando acima deles.
Se a tortura aos oponentes da ditadura foi acobertada, quando não consentida ou ordenada por autoridades do governo, o que pensar das chacinas cometidas em plena democracia, quando governadores empenham sua autoridade para justificar assassinatos cometidos pela polícia sob seu comando?
Como confiar na seriedade da atual investigação, conduzida depois do veredicto do governador Alckmin, desde logo favorável à ação da polícia? Qual é a lisura que se pode esperar das investigações de graves violações de Direitos Humanos cometidas hoje por agentes do Estado, quando a eliminação sumária de supostos criminosos pelas PMs segue os mesmos procedimentos e goza da mesma impunidade das chacinas cometidas por quadrilhas de traficantes?
Não há grande diferença entre a crueldade praticada pelo tráfico contra seis meninos inocentes, no último domingo, no Rio, e a execução de nove homens na quarta, em São Paulo. O inquietante paralelismo entre as ações da polícia e dos bandidos põe a nu o desamparo de toda a população civil diante da violência que tanto pode vir dos bandidos quanto da polícia.
"Chame o ladrão", cantava o samba que Chico Buarque compôs sob o pseudônimo de Julinho da Adelaide. Hoje "os homens" não invadem mais as casas de cantores, professores e advogados, mas continuam a arrastar moradores "suspeitos" das favelas e das periferias para fora dos barracos ou a executar garotos reunidos para fumar um baseado nas esquinas das periferias das grandes cidades.
Pela culatra
Do ponto de vista da segurança pública, este tiro sai pela culatra. "Combater a violência com mais violência é como tentar emagrecer comendo açúcar", teria dito o grande psicanalista Hélio Pellegrino, morto em 1987.
Do ponto de vista da segurança pública, este tiro sai pela culatra. "Combater a violência com mais violência é como tentar emagrecer comendo açúcar", teria dito o grande psicanalista Hélio Pellegrino, morto em 1987.
E o que é mais grave: hoje, como antes, o Estado deixa de apurar tais crimes e, para evitar aborrecimentos, mente para a população. O que parece ser decidido em nome da segurança de todos produz o efeito contrário. O Estado, ao mentir, coloca-se acima do direito republicano à informação - portanto, contra os interesses da sociedade que pretende governar.
O Estado, ao mentir, perde legitimidade - quem acredita nas "rigorosas apurações" do governador de São Paulo? Quem já viu algum resultado confiável de uma delas? Pensem no abuso da violência policial durante a ação de despejo dos moradores do Pinheirinho... O Estado mente - e desampara os cidadãos, tornando a vida social mais insegura ao desmoralizar a lei. A quem recorrer, então?
A lei é simbólica e deve valer para todos, mas o papel das autoridades deveria ser o de sustentar, com sua transparência, a validade da lei. O Estado que pratica vendetas como uma Camorra destrói as condições de sua própria autoridade, que em consequência disso passará a depender de mais e mais violência para se sustentar.
Maria Rita KehlNo Falha
ZH começa a campanha eleitoral (subliminar) em favor de Ana Amélia
15 de Setembro de 2012, 21:00 - sem comentários ainda
Hoje, o RS está "no limite da insegurança" - assegura o jornal Zero Hora (grupo RBS). Sugere, assim, que nas duas últimas administrações estaduais - Rigotto e Yeda, ambos apoiados pela RBS - fora um lugar de segurança e bem-aventurança, onde todos eram felizes e sabiam.
Nota-se que já começou a campanha eleitoral subliminar em favor da futura candidata ao Piratini, a senadora do PP, Ana Amélia Lemos, conhecida pela sua incessante luta em prol de papeleiras, agroquímicos, venenos, transgenia, agronegócio e tudo o que o conservadorismo e o pensamento do atraso pode conceber e destruir.
Sem problema, o grupo RBS/Família Sirotsky tem todo o direito do mundo em manifestar identidade ideológica e afeição política pela senadora, afinal, ela é "de casa", de confiança dos patrões, e ex-celetista da firma fundada por Maurício Sobrinho. Porém, seria ético que expressasse essa preferência de forma aberta e sincera, sem ocultar sua condição de partidária do atraso. Mas, não, a linha editorial dos veículos da RBS insistem em passar a falsa ideia de que são neutros, isentos e apartidários.
Quase pulcros.
No Diário GaucheO Paraíso, o Inferno e o Mensalão
15 de Setembro de 2012, 21:00 - sem comentários aindaNa mitologia de muitas culturas, existem narrativas sobre os caminhos que se abrem em função das escolhas que fazemos.
Em algumas versões, são lendas que nos levam a pensar nas consequências práticas das ações presentes, no modo como determinam nosso futuro no mundo. Em outras, referem-se ao que nos aguarda no além-túmulo.
Na tradição do catolicismo popular, por exemplo, temos a crença do encontro da alma com São Pedro, que, zelando pelas chaves da Porta do Céu, só deixa entrar no Paraíso quem tiver mantido vida justa na Terra. Quem não, endereça ao Inferno.
Para muitos muçulmanos, o primeiro destino da alma é determinado nos instantes que sucedem a morte. Chegam os anjos Munkar e Nakir e a interrogam, fazendo três perguntas: “Quem é teu Senhor? Quem é teu Profeta? Qual é tua religião?”. Os que acertam ficam à espera da ressurreição em alegria, os que erram são torturados até o Dia do Julgamento.
São muitas histórias semelhantes e, em todas, um mesmo recado: quem faz a coisa certa é recompensado, quem se desvia paga. Nas labaredas do Inferno.
A ansiedade dos ministros do Supremo Tribunal Federal perante o julgamento do “mensalão” é compreensível.
Receberam da Procuradoria-Geral da República uma denúncia que os especialistas consideram mais frágil que a que foi feita contra Fernando Collor.
E aquela foi tão inepta que caiu por terra na primeira análise!
O fulcro da acusação é uma palavra inventada por um personagem famoso pela falta de seriedade. Nada, nem uma única evidência foi produzida em sete anos de investigações que demonstrasse que funcionou no Congresso Nacional, entre 2004 e 2005, um esquema de compra de votos para aprovar medidas de interesse do governo Lula.
O que torna a existência da “quadrilha do mensalão” uma fantasia.
Quem duvidar, que leia a denúncia e verifique com seus olhos se ela aponta as votações e os votos que teriam sido negociados (o número do inquérito é 2245 e está disponível no site da PGR, http://noticias.pgr.mpf.gov.br)
Mas nem a fragilidade da denúncia, nem sua falta de sentido, estiveram em discussão em algum momento.
Quando chegou ao Supremo, o julgamento já estava concluído. O veredicto havia sido dado e transitado em julgado.
Exercendo o papel auto-assumido de vanguarda da oposição ao “lulopetismo”, os proprietários e funcionários da grande indústria de comunicação tinham o script pronto. E ai de quem o contrariasse!
O que não quer dizer que o argumento mais forte que usassem fosse o porrete. Uma dosagem equilibrada de ameaça e adulação é sempre mais eficaz.
Se os ministros fizessem o que ela queria, as portas do Paraíso se abririam para eles. Se teimassem em discutir coisas menores - como provas, depoimentos e outros detalhes - a fogueira começaria a arder.
Há alguns meses, o ministro Luiz Fux publicou um livro. Como toda obra técnica, de interesse restrito. Seu título bastaria para afugentar os leigos: “Jurisdição Constitucional”.
O lançamento no Rio de Janeiro, cidade natal do autor, mereceu tratamento vip da TV Globo. Com direito a matéria de 1m30seg nos telejornais da emissora, tempo reservado a assuntos relevantes.
Talvez alguém se perguntasse o porquê do salamaleque. Mas é fácil entendê-lo.
Quem não gosta de ser bem tratado? Quem não aprecia saber que sua família e seus amigos acabam de vê-lo na televisão? Quem não fica feliz quando recebe um cafuné?
O Paraíso é assim, cheio de carinhos. E quem pode proporcioná-lo pode o oposto. Como dizia Augusto dos Anjos: “A mão que afaga é a mesma que apedreja”.
Se fôssemos como os Estados Unidos, onde os juízes da Suprema Corte são figuras inacessíveis, quase desconhecidas do grande público, seria uma coisa. Mas não somos. Aqui, nossos ministros adoram o reconhecimento e não hesitam em se revelar. Amam os holofotes.
Uns fazem saber que andam de motocicleta, outros que são exímios músicos, alguns se apresentam como poliglotas. Identificamos seus times de futebol, os restaurantes que frequentam. Às vezes, até seus negócios e os ambientes inadequados que frequentam.
Do julgamento do “mensalão”, poderiam sair endeusados, merecendo estátuas e concedendo autógrafos. Bastava que cumprissem o papel que lhes estava reservado.
Ou achincalhados. Tornados vilões.
Cabia a eles escolher o caminho, o fácil ou o difícil.
No fundo, estão fazendo o que a maioria das pessoas faria na mesma situação. Talvez não o que se esperaria deles.
Mas, quem mandou esperar, conhecendo-os?
Marcos Coimbra, sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi