Aula inaugural proferida pelo professor doutor Emiliano José, a Universidade do Recôncavo da Bahia (UFRB) inicia nesta terça-feira o curso sobre o Golpe de 2016 contra a presidente eleita Dilma Rousseff.
O curso é mais um implantado nas universidades do Brasil que debatem as razões e consequências do processo que culminou com a queda da presidente, e o futuro do Brasil.
Na sua fala, Emiliano José traçou paralelos com o golpe de 1964, quando ele era militante estudantil e chegou a ser preso e torturado. Acentuou que não acredita que o estado atual evolua para um golpe militar. "Eles não precisam. Quem está no poder está seguindo o receituário neoliberal". Apesar disso, enxerga o golpe tutelado pelos militares, como se viu no episódio do julgamento de Lula no STF, quando alguns generais fizeram ameaças de sublevação caso a maioria decidisse em favor de Lula.
Emiliano disse q o processo começou muito antes, no chamado "mensalão", ganhou fôlego com as manifestações de 2013, eclodiu no impeachment em março/16, e quer se perpetuar com a prisão de Lula e sua exclusão das eleições de 2018.
Sobre o papel dos EUA no golpe atual, Emiliano foi enfático em confirmar, e citou fala recente do vice presidente americano Mike Pence de que "agora eles vão se dedicar à Nicarágua, Cuba e Venezuela".
"Quando se fala em teoria da conspiração, infelizmente no Brasil ela acaba sendo inferior à realidade. Agora não precisamos esperar 50 anos para enxergar as mãos dos americanos na destruição da democracia no Brasil e na América Latina", concluiu.
Emiliano José é jornalista, escritor e professor aposentado pela UFBA, onde lecionou por 25 anos na Faculdade de Comunicação. Atualmente é superintendente da Secretaria de Direitos Humanos da Bahia.
O curso ministrado na UFRB Campus de Cachoeira-BA, coordenado pelo professor Antônio Eduardo, é interdiciplinar e voltado para os alunos da área de ciências sociais.
Por Everaldo de Jesus.