GOSTANDO OU NÃO DO LULA, sabemos todos que ele foi preso para que não concorresse (e ganhasse) a eleição.
Não fosse assim, Aécio, Temer, Serra, Geddel, Jucá e mais dez dúzias de bandidos, incluindo os milicianos, estariam presos também.
Até o reino mineral sabe disso.
Também sabemos todos que a redução de sua pena hoje é mais um salamaleque da (in)justiça. Até setembro ela há de condená-lo novamente e a possibilidade de prisão domiciliar não se concretizará.
Enquanto isso, a esquerda assiste atônita ao desmanche do país, a começar pela destruição da previdência e da aposentadoria que caminha a passos largos.
Pelos lados, o desemprego aumentando e a violência avançando sobre os de sempre.
No twitter, um palhaço brinca de ser “filho do rei” e diverte a patuleia com uma mistura de ignorância e linguagem esquizoide. Um outro diretamente dos EUA, em seus surtos de coprolalia, angaria cada vez mais seguidores para sua “filosofia” rasteira e perversa.
Na cadeira da presidência um capitão bem treinado, movido pela sanha da destruição, governa um país ladeira abaixo, juntamente com seus ministros cuja proeza é combinar, em suas paranóias, o delírio e a perversão.
Todos os canais de informação, que bem ou mal poderiam auxiliar o povo na tomada de consciência sobre o estado real das coisas, também estão sendo destruídos pelo presidente e suas equipes.
No campo da saúde mental, vemos cotidianamente o resultado deste momento: o aumento dos quadros de depressão e de suicídio, o aumento das crises de pânico, o uso e abuso de drogas lícitas e ilícitas, as graves somatizações, o desalento e a desvitalização de adolescentes, de jovens, de adultos e de crianças.
O que as pessoas com o mínimo de sanidade mental, com vitalidade, competência, inteligencia e compaixão pelo próximo vão esperar acontecer para realizarem um movimento de ruptura diante desta onda de morte?
Pois é da morte que se trata. Morte dos ideais e das esperanças. Morte de uma nação que há dez anos se pretendia desenvolvida.
Sucumbiremos todos à extrema direita, à mediocridade do pensamento e da vida, aos lobos que nos querem devorar?
Vamos esperar um salvador, um messias que nos resgate deste mar de lama?
Um país arrasado é o que deixaremos para as próximas gerações enquanto apenas gritamos nas redes sociais?
Não nos iludamos com a ideia, por vezes arrogante, de que aqueles que criaram este caos vão para o lixo da história.
Eles não se importam com a história. Não a conhecem. E o que chamamos de lixo é um lugar de conforto cultivado e habitado por eles desde sempre.
O Brasil agoniza.
Talvez preferiríamos não ver, mas acontece que estamos vendo.
E como sempre, em toda situação de catástrofe, a responsabilidade é daqueles que têm a verdadeira dimensão do desastre que está por vir.
Por Helenice Rocha - psicanalista.