No total, as áreas que antes emitiam 10.760 toneladas de carbono equivalente (tCO2-e), terão balanço negativo com o projeto, na medida em que vai deixar de emitir um total de -4.711 tCO2-e dentro do período total de análise de 40 anos. Tudo isso foi mensurado a partir da nova estratégia para o meio ambiente do Banco Mundial, instituição cofinanciadora do Bahia Produtiva, definida em 2012, em que todos os projetos de investimento do Banco devem estimar as emissões de GEE, também chamada de ‘pegada de carbono’.
Nesse sentido, houve a adoção da ferramenta desenvolvida pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a Ex-ACT (Ex-Ante Carbon balance Tool), criada para estimar o balanço dos GEE em projetos no setor agropecuário e florestal. A ação é desenvolvida, desde 2020, em nove áreas situadas no município de Pintadas e 13 áreas do município de São Domingos, no território Sisal.
O processo de recuperação das áreas degradadas contou com a capacitação de técnicos e técnicas da cooperativa em um curso técnico ou pós-graduação (para quem já possuía formação de nível Superior) de 380 horas pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), o que facilitou o acompanhamento junto aos agricultores e agricultoras.
A presidente da cooperativa, Valdirene Santos, comenta que o projeto vem promovendo mudanças com a construção dos Sistemas Agroflorestais (SAF), mas também com sistemas de irrigação baseados no armazenamento de água, a partir da construção de cisternas de ferro-cimento, equipamentos, ferramentas e assistência técnica e extensão rural (ATER) qualificada. “Um projeto como esse pede, no mínimo, cinco anos para ter resultado, porque está ligado ao meio ambiente e à recuperação de áreas degradadas. Mas é possível ver resultados por termos agricultores que começaram a trabalhar com hortaliças em volta das cisternas, o que possibilitou já terem uma renda superior ao que tiravam antes do projeto”.
Uma das agricultoras satisfeitas com o projeto é Marinalva Mendes da Silva. “Eu aumentei a minha renda em 50%, vendendo as hortaliças nas feiras, e reduzi o meu trabalho em 70% porque eu não pego mais na enxada como antes. Se eu pudesse, eu dava nota 1.000 para a assistência do projeto. Foi uma benção, assim como a cisterna que eu recebi e tive um retorno. Eu já tirei 150 mói de coentro daqui. Desde quando chegou a cisterna, a gente não parou mais de ampliar os canteiros, porque tivemos resultados. De três, hoje são mais de 20 canteiros.”
Por meio da ATER, as agricultoras e agricultores familiares têm o apoio dos técnicos na preservação do solo, análise de solo, tecnologia de adubação, cobertura de solo, subsolagem, plantação de palma e outras práticas agroecológicas. O projeto facilita também a entrega das frutas dos agricultores para a agroindústria de polpas de frutas da cooperativa, que também tem investimentos significativos via Bahia Produtiva. “As polpas chegando para os mercados, eu vou estar com o dinheiro na mão. Vou produzir e mandar direto para lá”, enfatiza o agricultor Enivaldo Mendes, que tem um sistema agroflorestal em sua propriedade e já entrega frutas para a cooperativa.
Além do projeto em Pintadas, o Bahia Produtiva executa outros três projetos-pilotos nessa modelagem nos municípios de Valente, Cansanção e Jeremoabo, beneficiando, no total, 255 famílias, com investimentos da ordem de R$ 2,7 milhões. Esses projetos estão entre os pioneiros no Brasil em que essa ferramenta para estimar cenários de emissões de GEE estão em aplicação.
O Bahia Produtiva é um projeto executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa pública vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), com cofinanciamento do Banco Mundial.
Foto: André Frutuôso/CAR-GovBA.