Desde as manifestações de 2015 pelo impeachment da Presidenta Dilma Rousseff, não se via tamanha apatia na sociedade brasileira. Naqueles dias, a grande imprensa fazia o maior esforço para botar gente nas ruas. Rádios transmitiam ao vivo tudo o que acontecia. Narravam fatos, que ninguém via, mas seus locutores floreavam a imaginação de quem estava a ouvir. Redes de televisão tiravam sua programação do ar e lá estavam seus principais jornalistas. No primeiro momento entre os manifestantes. Mas com o aumento no número de pessoas, foram expulsos e ficaram no topo de prédios, escondidos e com medo. O “gigante” tinha sido acordado e já não se podia mais controla-lo.
Contaminado, o Brasil via na imprensa o golpe ser consolidado em uma quarta-feira, 31 de agosto de 2016, no senado federal. Estava tudo dominado e o enredo estava cumprido. Para aqueles que foram as ruas, o país estava livre dos vermelhos (petistas) e teria um crescimento que o deus mercado preconizava. Mais o que se viu não foi isto.
Com a chegada de Temer ao poder, começaram a aparecer as histórias do submundo do golpe. Imagens de malas sendo transportadas de um lado para o outro. Gravações em que o novo presidente tramava calar pessoas através da compra do silêncio. Até caixas repletas de dinheiro foram encontradas em um apartamento na cidade de Salvador na Bahia, guardadas por um dos seus principais assessores, Geddel Vieira Lima.
Tudo acontecendo e ninguém reclamando. Ninguém sendo convocado para ir às ruas protestar. Nenhum barulho de panelas nas noites das cidades. O povo está calado!
A imagem que me vem à mente é a de uma família brasileira sentada em um sofá, na sala da casa, olhando a TV, a mãe na cozinha chamando a todos para jantar e a única coisa que se ouve é o som do aparelho em qualquer novela de qualquer canal. Insistentemente ela chama e nenhuma resposta se ouve.
Nesse clima, Temer vai vendendo o patrimônio público, dando isenções de tributos as grandes empresas, perdoando dividas de empresários, entregando as riquezas naturais e comprando deputados para permanecer no cargo até dezembro de 2018.
Esse comodismo da sala de casa e o silêncio da sociedade nos vai custar muito caro!
Dimas Roque.