Há 82 anos Luis Carlos Prestes, o maior líder popular do Brasil naquela época, apelidado de “Cavaleiro da Esperança” por Jorge Amado, era preso pela polícia política de Getúlio Vargas.
Junto com Prestes também era presa sua esposa Olga Benário. E Olga estava grávida. Mas como Olga era estrangeira, Getúlio decidiu por sua extradição. Mas ela não era qualquer estrangeira, ela era alemã, judia e comunista. Sua extradição era uma sentença de morte...
Os advogados de defesa lutaram por todas as vias para evitar sua extradição, mas no fim o STF negou os pedidos de clemência, ignorou as leis brasileiras e ordenou sua expulsão do país. Olga morreu em uma câmara de gás em um campo de concentração Nazista.
Sua filha, Anita, milagrosamente sobreviveu, pois os tribunais nazistas concederam à criança seu direito de viver com os avós paternos. Sim, os tribunais nazistas foram mais humanos do que os tribunais brasileiros...
Prestes, por sua vez, ficou preso e em isolamento por 9 anos. Seu advogado, o famoso Dr. Sobral Pinto, chegou a apelar ao STF se valendo da Lei de Proteção aos Animais para que Prestes pudesse ter melhores condições na prisão... Tudo em vão. O STF negou todo e qualquer recurso para dar o mínimo de dignidade a Prestes...
Ao longo dos 9 anos de prisão não faltaram manifestações nacionais e internacionais de apoio a Prestes... Tudo mais uma vez em vão... A justiça brasileira ignorou todo e qualquer apelo para ser “mais clemente e humana” ou tão somente “justa”.
Precisou uma Guerra Mundial, a derrota do Nazifascismo e a deposição de Getúlio para que finalmente Prestes fosse anistiado e solto.
E o que podemos aprender com tudo isso? Naquela época a maior ameaça para os donos do poder era Prestes, hoje a maior ameaça é Lula... Não haverá perdão e nenhum alívio para Lula, da mesma forma que não houve para Prestes. Ainda mais se depender do STF...
A condenação de Lula é pra valer e a ideia é que ele morra na cadeia. Já assassinaram sua esposa, Marisa... Agora chegou a vez de Lula. Não importam os movimentos de apoio nacional e internacional.
As elites do Brasil nunca se sentiram envergonhadas de suas barbaridades... Com algumas poucas medidas sócio-econômicas, Lula tirou da miséria 40 milhões de brasileiros, o que vale dizer que esses milhões de indigentes nunca tinham sido motivo de vergonha para aqueles que estavam no poder.
Ser classe dominante no Brasil significa ser, antes de qualquer coisa, cruel e desumano. Não há no seu dicionário a palavra “compatriota” e muito menos “compaixão”.
Cinicamente está é também a classe dominante mais cristã do mundo...
A elite brasileira por muito tempo se sentiu aviltada e injustiçada por Lula e pelo PT no poder. Isso não significa que ela não tenha ganhado dinheiro nessa época. Ganhou muito. Mas ela se sentiu aviltada em ver pobre com mais direitos e seu sentido de injustiça é único e só entende quem vive no Brasil...
Vejamos.
Ser da elite brasileira é achar que algo foi injusto quando as coisas não foram injustas em seu benefício.
E essa “injustiça” será cobrada com grande fúria e de forma impiedosa contra Lula e o PT.
Há muito tempo atrás quando havia o medo (concreto) de uma insurreição comunista no Brasil as elites agiram daquela forma com Prestes... Imagina agora em que não há nem cheiro disso no Brasil...
Ao que parece as lições do passado não foram muito bem aprendidas pela esquerda. A esquerda até que evoluiu no sentido de tentar criar nesse país um Estado Democrático de Direito de verdade... mas a direita não... ela continua a mesma de sempre... Por isso, Lula só sai da cadeia pela força ou para a forca.
Esperar pela compaixão ou pelo bom senso dos tribunais brasileiros é delírio ou inocência. O calvário de Lula só está começando... E caberá ao povo e as lideranças de esquerda decidir se vai cruzar os braços e ver Lula morrer na cadeia por um crime que não cometeu ou vai começar a pensar seriamente em agir de forma mais beligerante.
Alguns dizem que a guerra enfraquece a razão do Homem, mas é importante também reconhecer que a paz enfraquece o seu caráter e o seu espírito, ainda mais quando não lhe faltam razões para lutar.
Por Carlos D'Incao - historiador.