Se você ainda não sabe o que são “think tanks”, Atlas Network, Fórum da Liberdade, Instituto Millenium, Alejandro Chafuen e Irmãos Koch, com certeza ainda não entendeu bem o que está ocorrendo no Brasil e no mundo, nem sabe que as forças de ataque da extrema direita são muito maiores e mais organizadas do que você pensa, infinitamente mais do que MBL, Bolsonaro ou Aécio. Mas, sempre que um boçal lhe atacar com mantras tais como "o comunismo matou mais gente que o capitalismo”, “vai pra Cuba” ou, simplesmente, desatar a colar memes e escrever palavrões na internet, isso tem relação direta com todos os inicialmente citados. Eles promovem concursos com boas premiações, em dinheiro, para que seus membros produzam memes ou vídeos para o youtube que "viralizem", atacando seus adversários. Esse pessoal faz até cursos com o americano James O’Keefe, especialista neste tipo de coisa. A Atlas Reserch Economic Fundation ou Atlas Network é uma instituição norte-americana financiada, majoritariamente, pelos magnatas do petróleo David e Charles Koch, com apoio de centenas de mega empresas mundiais, desde a Philip Morris, Mastercard, etc, chegando à Gerdau, à Fiergs e à Fiesp, no Brasil. Atingem o planeta todo, atualmente. São defensores das idéias de Hayek, Von Mises e da ultra reacionária maluca Ayn Rand, que escreveu, em 1957, o livro “A revolta de Atlas”, defendendo que o mundo pertence e é sustentado pelos ricos e que, sem eles, o planeta cairia no caos. Daí o nome da fundação, Atlas, “entidade” surgida, nos anos 1980, do consórcio entre o inglês Antony Fischer (fundador da IEA) e o americano Leonard Read (da FEE), donos de fundações cujo propósito era vender propaganda ideológica de direita para grandes empresas. Assim nasceu a Atlas, juntando os dois ativistas, financiados pelos Koch, com a adesão de várias outras empresas. Em 1991, com a morte de Fischer, a Atlas foi assumida pelo argentino-americano Alejandro Chafuen, cria mais que reacionária da Atlas, gestado, treinado e educado pelo golpe militar argentino. Este é o indivíduo que está por trás do MBL, por exemplo. E do Millenium, do EPL, do Ilisp, aqui no Brasil... mas, também, da Fundação Eléutera, em Honduras, e da Fundação Pensar, da Argentina.
São as “think tanks” (em uma tradução livre, "entidades formadoras de opinião”). No Brasil, são mais de 30, mantidas e financiadas pela Atlas Network e sua turma. Eles bancam desde "robôs de compartilhamento automático e spam" até os mais boçais serviçais de perfis fakes no varejo da internet, sob a batuta de "intelectuais ideólogos". Um destes “ideólogos” é o gaúcho Fernando Schüller, que andou por vários partidos, inclusive à esquerda, e, agora, é do Millenium e diz que o “sucesso do MBL deve-se ao fato de não ter identificação com partidos” (?!) e que “a única forma de reformar radicalmente a sociedade e reverter o apoio popular ao Estado de bem-estar social é travar uma guerra cultural permanente para confrontar os intelectuais e a mídia de esquerda”.
Bem, nada de se espantar, já que o chefe dele, no Millenium, Rodrigo Constantino, enxerga conspiração de esquerda até na inserção de algo da cor vermelha na logomarca da Copa do Mundo e é o criador do termo “esquerda caviar”. Olavo de Carvalho e suas pataquadas "intelectuais" é um dos "elos fortes da corrente". Também a maçonaria, infelizmente.
Outra peça rara nessa engrenagem é Helio Beltrão, sim, ele mesmo: largou tudo para administrar uma destas “think tanks”, o “Instituto Mises” (tão citado pelos Bolsonaros). Por isso não é de admirar que Schüller declare que “privatizaria toda a previdência e a educação no Brasil” e que "o único caminho para atingir essa meta é ter muitas “think tanks” no Brasil financiadas por empresas".
Até a explosão mundial da web, nos anos 1990, estas “think tanks” não tinham tanta força. Com a internet, ganharam essa magnitude. Seus veículos principais são o Youtube, o Facebook, o Whatsapp, o Instagram... eles têm os blogs (Antagonista e cia) como base, e não a imprensa tradicional, pois descobriram que pouca gente lê e que é mais fácil atacar por memes e pequenos vídeos; que a esquerda não sabe nada dessas coisas e nem dá valor a isso, pelo menos não de forma organizada...
E, aí, você entende, exatamente, qual o papel de cada um nessa história toda, inclusive o seu próprio. É só você procurar que encontra. O time da ultra direita já está “esquematizado” e ganhando de goleada, nas palavras do próprio Helio Beltrão: “É como um time de futebol: a defesa é a academia, e os políticos são os atacantes. E já marcamos alguns gols(impeachment de Dilma)". O meio de campo seria “o pessoal da cultura”, aqueles que formam a opinião pública.