Conhecido popularmente como um ingrediente coringa na composição de automóveis, o nióbio é um metal de alta resistência e condutividade, capaz de otimizar as propriedades de diferentes materiais, tornando-os mais eficientes para conduzir correntes elétricas e resistir à corrosão, por exemplo. Descoberto em 1801 pelo químico inglês Charles Hatchett, o nióbio é extraído, principalmente, do mineral columbita tantalita, encontrado em grandes proporções no Brasil, país que detém 49,4% das reservas mundiais do minério, segundo o relatório do Governo Federal brasileiro.
A alta produção de nióbio no Brasil faz com que o país lidere também o ranking de iniciativas inovadoras envolvendo o metal, como destaca Paulo Haddad, Gerente de Desenvolvimento de Mercado da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração — CBMM. “É importante reforçar que o nióbio não é raro. Além do que temos no Brasil, existem mais de 85 depósitos de minérios que podem servir como base para a produção do nióbio ao redor do mundo. O diferencial do nosso país está, portanto, no pioneirismo de empresas brasileiras como a CBMM, que investe há mais de seis décadas no desenvolvimento de tecnologias e aplicações para os produtos de Nióbio nos mais diversos segmentos, como energia, automobilismo, infraestrutura, aeroespacial e saúde”, pontua Haddad
Consoantemente ao que ressalta o Gerente de Desenvolvimento de Mercado da Companhia, no mercado automotivo, o potencial do nióbio está atrelado a suprir demandas de curto e longo prazo, como atribuir mais leveza aos automóveis e permitir que eles funcionem de modo mais sustentável.
Leveza, resistência e menos gasto com combustível
No panorama atual em que as altas taxas de juros e os conflitos geopolíticos têm afetado o preço dos combustíveis, em especial da gasolina, montadoras de automóveis olham com mais interesse para o potencial do nióbio em permitir que os metais que integram o chassi dos automóveis ganhem mais leveza — além de mais resistência à corrosão, ao calor e ao desgaste — e, desse modo, os veículos consumam menos combustível pelo fator do ‘peso’, como destaca o metalurgista e Presidente Executivo da Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração, Horacídio Leal.
“Quando o nióbio é utilizado como componente de um chassi, ele permite que o veículo tenha alta resistência e, consequentemente, uma maior durabilidade, sem que, para isso, a montadora precise inserir materiais pesados à composição. Essa leveza chega a diminuir até 20% do peso e contribui para que o gasto com combustível se torne menor. Desse modo, a própria montadora pode vender os veículos como mais econômicos, o que representa um grande atrativo para consumidores que estão em busca de reduzir gastos a longo prazo”, pontua Leal.
Nióbio e o futuro da indústria automobilística sustentável
Além do potencial de gerar mais economia para os bolsos dos brasileiros, o nióbio também representa uma oportunidade de tornar a indústria automotiva mundial mais sustentável, tendo em vista que a alta condutividade do metal permite que ele seja empregado em baterias de veículos elétricos dos mais diversos portes.
Com um carregamento ultrarrápido — entre 6 e 10 minutos — e um longo período de vida útil, o lançamento da bateria automotiva de nióbio é uma inovação brasileira coordenada pela CBMM e que tem sido testada em larga escala para permitir que, em breve, o público nacional tenha acesso facilitado a veículos de funcionamento menos agressivo ao meio ambiente.
“A CBMM conta com diversas parcerias para inovar no mercado automotivo. Um exemplo é o projeto, apoiado no Programa Rota 2030, em parceria com a ArcelorMittal, a Stellantis e o CIT SENAI. O projeto visa o desenvolvimento de tecnologias para carros mais leves e energeticamente mais eficientes, através da utilização de aço microligado ao Nióbio nos painéis externos dos veículos, com o objetivo de obter carros com melhor desempenho e eficiência energética. As empresas esperam, ao final do projeto, consolidar no mercado um produto nobre 100% brasileiro, que fortaleça todo o parque industrial nacional”, explica Paulo Haddad.
Por: Milena Almeida.