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Guerra de desgaste contra a SÃria: entre ilusões e realidades no terreno
por Pierre Khalaf e Ghaleb Kandil
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REDE VOLTAIRE | BEIRUTE (LÃBANO) | 27 DE ABRIL DE 2013Â
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A imprensa norte-americana diz que há divergências no seio da administração sobre a maneira de enfrentar a crise na SÃria. Ela salienta as declarações ante o Congresso de vários responsáveis do Pentágono que sublinharam os perigos da entrega de armas aos rebeldes, agora que apareceu à luz do dia o papel e a influência decisiva da al- Qaida – e do seu ramo sÃrio, a Frente al-Nusra. A possÃvel implicação de terroristas chechenos no duplo atentado de Boston dá mais crédito à advertência desses responsáveis, sobretudo porque a imprensa ocidental já tinha revelado, há vários meses, a formação na LÃbia de grupúsculos combatentes chechenos, sob a supervisão dos serviços de inteligência norte-americanos, para o seu posterior envio para a SÃria – e Rússia – através da Turquia.
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A confusão reinante nas esferas dirigentes norte-americanas sobre o tema da questão sÃria deve-se, primeiro que tudo, à admirável resistência do Estado sÃrio e do seu exército nacional ante uma guerra mundial dirigida pelos Estados Unidos. Os fornecimentos de armas, os acampamentos de treino, as redes de recrutamento assim como as estratégias polÃticas e mediáticas, tudo o que tem que ver com a SÃria está sob a supervisão de Washington, que distribui as missões entre os seus aliados e reparte os papeis entre os seus auxiliares. Por decisão dos americanos, franceses e britânicos forneceram milhares de toneladas de armas e equipamento. E os media anunciaram que John Kerry chegaria à reunião dos pseudo-amigos da SÃria, em Istambul, com importantes somas – de uma «América» em bancarrota – para a compra de veÃculos blindados para o transporte de tropas e material de comunicações para os terroristas que operam na SÃria. As declarações dos responsáveis do Pentágono, que parecem contradizer essa atitude intervencionista dos diplomatas, garantem a Washington a desculpa necessária para fazer marcha atrás no falhanço, já que os resultados da aventura norte-americana na SÃria são hoje mais incertos que nunca.
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Com efeito, os progressos do exército sÃrio nas 5 últimas semanas ultrapassaram os objetivos iniciais do seu comando militar. O avanço não se limita a um sector bem determinado mas envolve várias frentes, como Damasco, as zonas rurais de Homs, Idleb e Latakia, assim como os arredores de Alepo. No sábado e no domingo, o exército regular e os comités populares registaram importantes êxitos em Qossair, perto da fronteira libanesa, expulsando os terroristas de numerosas localidades.
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O resultado desta situação militar, sobre toda zona à volta da capital, é que a grande batalha de Damasco, que vinha a ser preparada a todo o vapor desde há vários meses, não terá lugar nos próximos tempos, segundo confessaram tanto os próprios terroristas como meios árabes e ocidentais que os apoiam.
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Todos estes acontecimentos demonstram que a guerra de desgaste iniciada pelos Estados Unidos é um jogo muito arriscado, que inclui uma grande quantidade de ilusões sobre a possibilidade de influir nas equações polÃticas e de inverter a correlação de forças no terreno. Apesar da coligação encarregada de aplicar esse plano ter uma envergadura planetária. Nela figuram a Arábia Saudita, o Catar, os Emiratos Ãrabes Unidos, a Turquia e os paÃses europeus, com Israel como eixo central e como director da orquestra...os Estados Unidos.
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Mas não contaram com a vontade e a capacidade de resistência do povo sÃrio e dos seus lÃderes, nem tão pouco com a determinação das potências emergentes, especificamente os Brics, nem da Latino-América e Irão, decididos a por fim ao unilateralismo americano.
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Declarações e posições
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Bachar al-Assad, presidente da República Ãrabe SÃria
«O lugar de presidente nada vale sem o apoio do povo. Que o presidente fique ou que saia é uma decisão do povo. O Ocidente já pagou muito caro o facto de ter financiado a al-Qaeda no seu inÃcio. Hoje está a fazer o mesmo na SÃria, na LÃbia e em outras partes e pagará caro em plena Europa e nos Estados Unidos. Não temos outra opção que não seja a vitória porque se não saÃmos vitoriosos será o fim da SÃria e não creio que haja um único cidadão sÃrio que aceite essa opção. O certo é que temos uma guerra, e eu digo sem descanso não à rendição e não à submissão. O incêndio não se deterá nas nossas fronteiras. Toda a gente sabe que Jordânia está tão exposta à crise como a SÃria.»
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Samir Geagea, chefe das Forças Libanesas (14 de Março)
«Para nós, a equação Exército-Povo-Resistência já não existe. A única equação válida é Povo-Estado-Exército. Em que é que se converteu a Resistência actualmente? A Resistência consiste em lutar em Damasco, Homs e Alepo? É essa a maneira de resistir? Não estamos dispostos a garantir uma cobertura à presença militar do Hezbollah na SÃria. A participação do Hezbollah nos combates na SÃria é inaceitável e constitui um perigo para os xiitas no LÃbano. O Hezbollah arrasta o LÃbano e os libaneses para os meandros da crise sÃria (...) Os cristãos da SÃria não devem ficar de braços cruzados. Em colaboração com os restantes sÃrios livres e com os moderados, devem contribuir para desenvolver o seu paÃs.»
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Ali Abdel Karim Ali, embaixador da SÃria no LÃbano
«O que hoje estamos vendo é uma violação da soberania do LÃbano e da SÃria. É a SÃria a que está a ser atacada, [ a SÃria] não bombardeou o território libanês limitou-se a responder ao local de origem dos disparos.»
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Serguei Lavrov, ministro russo de Relações Exteriores (Negócios Estrangeiros- Pt) «O papel desempenhado pelo grupo de Amigos da SÃria é negativo. Actualmente consideramos que esse processo é negativo para os acordos de Genebra sobre os princÃpios de uma transição na SÃria.»
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Alexander Zasypkin, embaixador da Rússia em Beirute «Desde o princÃpio temos estado contra a al-Qaeda e pensamos que todo o fortalecimento das células dessa organização em qualquer região representa um perigo e que todos terão que enfrentá-lo. Não ouvi dizer que a «Frente al-Nusra esteja presente no LÃbano, enquanto organização. Mas isso pode mudar devido à crise sÃria e o que está a acontecer nesse paÃs poderá atrair a al-Qaida até ao LÃbano. Devem ser os próprios sÃrios a decidir o futuro da SÃria. Negamo-nos a discutir uma qualquer futura divisão da SÃria. Apoiamos a unidade desse paÃs e a sua independência.»
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Pierre Khalaf
Tradução Alva
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Fonte: Voltaire.org
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