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Eduardo Lima de Medeiros

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3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.
Blog sobre a História do comunismo no Brasil e no mundo.

O guerrilheiro rompe o silêncio

20 de Maio de 2013, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda
 
Calado desde a abertura e às vésperas de ser julgado, Wellington Diniz conta sua história de luta contra a ditadura
Por Daniel Camargos
 
Diniz assaltou, foi acusado de assassinatos, preso, torturado, exilado, foi segurança de Lamarca e Fidel e fez cinema com Rosselini. Ele rompe o silêncio às vésperas de ser julgado em BH pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça
'Teve um embate e eu estava presente. A Dilma tinha a convicção dela, que era uma visão mais antimilitar. E nós tínhamos uma visão mais militar. A Dilma acusou o Lamarca de não ter sustentação teórica. Houve tensão, as discussões foram sérias, mas nunca chegou às vias de fato' (Beto Novaes/EM/D.A Press)  
'Teve um embate e eu estava presente. A Dilma tinha a convicção dela, que era uma visão mais antimilitar. E nós tínhamos uma visão mais militar. A Dilma acusou o Lamarca de não ter sustentação teórica. Houve tensão, as discussões foram sérias, mas nunca chegou às vias de fato'


Quem observa o senhor franzino, de 66 anos, morador do Bairro Carmo, em Sete Lagoas, é incapaz de imaginar o peso da história que ele carrega. Wellington Moreira Diniz lutou contra a ditadura militar no Brasil, participou de ações armadas em bancos e quartéis para abastecer organizações como Colina, Var-Palmares e VPR com armas e dinheiro; foi responsável pela segurança do ícone da resistência, o capitão Carlos Lamarca, e presenciou a jovem Dilma Rousseff, então com 21 anos, discutir asperamente com Lamarca. Fez ainda parte do grupo que roubou US$ 2,598 milhões (R$ 15 milhões atualmente) do cofre da amante do político Adhemar de Barros; foi preso e cruelmente torturado, depois libertado em troca do embaixador suíço que havia sido sequestrado por seus companheiros. Exilado no Chile, foi segurança do então presidente cubano, Fidel Castro, quando este visitou o país governado por Salvador Allende, em 1971. Trabalhou ainda como assistente em produções do diretor de cinema chileno Miguel Littín e do italiano Roberto Rosselini e lutou pela independência de Angola, participando da tomada do aeroporto na capital. 

Até a quarta-feira da semana passada, Wellington nunca havia contado sua trajetória. Em um depoimento de quase três horas, ele revelou ao Estado de Minas detalhes da sua biografia. Acusado de 38 assaltos, entre bancos, quartéis e automóveis, e de ter matado 12 pessoas em ações de resistência à ditadura, ele será julgado na próxima sexta-feira pela Comissão de Anistia, do Ministério da Justiça. O deputado federal e ex-ministro dos Direitos Humanos Nilmário Miranda (PT-MG) será o relator do processo de Wellington e destaca: “A anistia não discrimina luta armada e luta pacífica. Em uma situação de ditadura é considerado lícito que os militantes peguem em armas”.

“Se eu era bravo? Bravo é boi. Eu seguia as necessidades do momento”, entende Wellington. A ficha do Serviço Nacional de Informações (SNI) imputa 38 ações, mas ele garante ter participado de 45. Sobre as 12 mortes de que é acusado, garante não ser realidade. “Sempre atirei para cima. Se alguém trombou na bala não é problema meu”, ironiza. Um dos apelidos que recebia dos companheiros e também dos militares era 90. Uma alusão às duas pistolas .45 que sempre carregava na cintura durante as ações. Outro apelido – que ele não gosta, aliás – era “John Wayne da guerrilha”. “Isso é folclore”, rebate.

Distante da época elétrica, quando vivia entre um aparelho e outro e chegou a assaltar três bancos no mesmo dia, sendo um no Rio de Janeiro e outros dois em São Paulo, Wellington recita sua vida como se estivesse contando para si próprio. Em quase três horas de depoimento, fumou 18 cigarros, bebeu mais de uma garrafa de café - sem açúcar - e fez longas pausas. “Existem as pessoas que passam pela história e as pessoas que fazem a história. Foi uma opção de vida fazer história”, conclui, deixando o cigarro queimar até o filtro.

» O INÍCIO 
Wellington nasceu em Belo Horizonte, no Bairro Nova Suíça, filho de pai comerciante e mãe dona de casa. Começou a militância política na escola técnica industrial e logo depois integrou a Ação Popular (AP). Foi preso em 1968. “Foi um escândalo. Eu morava com meus pais e fui levado de cueca para o CPOR”, lembra. Foi interrogado, mas como não entregava nada seguiu preso. “Nesse tempo a tortura não era institucionalizada. Era só pancadaria. Eles batiam muito com cacetete de borracha”, detalha. 

Recebia toda semana a visita dos pais e, para não assustá-los, dizia que estava bem e se sentia em uma colônia de férias. Certo dia, durante a visita, um coronel mandou que ele tirasse a camisa. Wellington resistiu, mas foi agarrado. “Meu pai viu como eu estava, porque o cacetete de borracha deixa lanhos na pessoa”, lembra. O coronel levou o pai dele para outra sala e teve uma conversa reservada. No dia seguinte, o pai de Wellington, Nereu Diniz, então com 46 anos, foi internado em um hospital e morreu de problemas cardíacos. “Meu pai não tinha nenhuma militância, não era ligado a nenhum partido político. Ele era só meu pai”, indigna-se.

» AO ATAQUE
Três dias após deixar a prisão, em Belo Horizonte, foi decretado o Ato Institucional número 5 (AI-5). Porém, Wellington não esperou pelo endurecimento do regime militar e já estava vivendo clandestinamente no Rio de Janeiro. Ingressou no Comando de Libertação Nacional (Colina). O contato dele era o também belo-horizontino Juarez Guimarães de Brito. “Juarez é na minha vida de 66 anos a pessoa mais honesta, mais parceira, mais companheira e que me ensinou muito na vida”, afirma Wellington. O Colina fundiu com a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), de Carlos Lamarca, e formou a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares). 

Entre as ações empreendidas na resistência à ditadura,  Wellington destaca o assalto à agência do banco Andrade Arnaud, que ficava próximo ao Ministério da Guerra e à delegacia de repressão de assalto a bancos, na capital fluminense. “Isso deixou os militares furiosos”, recorda. Outro estratégia ousada foi o assalto à agência Urca da antiga União dos Bancos Brasileiros, que era onde os militares depositavam o dinheiro, pois era vizinho da Escola Superior da Guerra. Wellington também assaltou o carro do general Syzeno Sarmento, então ministro da Guerra. “Eu mesmo peguei o carro dele. Um carro bom, porque tinha placa fria e uma pistola .45 no porta-luvas”, lembra. 

O assalto ao quartel de Manguinhos, na Avenida Brasil, também marcou. “Éramos cinco pessoas. O Darcy Rodrigues chegou para o sentinela e gritou: qual é o f. que disparou a arma?”, lembra Wellington. O guarda, assustado, não soube responder e atendeu a ordem de Darcy, que estava vestido como militar. Cerca de 40 militares foram reunidos em uma sala e colocados em posição de sentido. “Estava todo mundo com o fuzil na mão. O Darcy entrou e deu posição de sentido. Aí eu entrei. Com uma Thompson (metralhadora) na mão”, recorda.

» O GRANDE ASSALTO

 (Ronaldo Moraes/O Cruzeiro/EM)  

A maior ação e mais notória foi o roubo do cofre da amante de Adhemar de Barros, no Bairro de Santa Tereza, no Rio de Janeiro. Adhemar morreu em março de 1969 e deixou grande parte do dinheiro com sua principal amante, Anna Gimel Benchimol Capriglione. No dia 18 de junho de 1969, 11 militantes da VAR-Palmares,     Wellington entre os líderes, invadiram a mansão, renderam todos os funcionários e levaram o cofre, que em valores de hoje tinha o equivalente a R$ 15 milhões. 

 “Eu não podia trocar dinheiro. Nem eu e nem o pessoal mais militarizado. Isso ficava para os simpatizantes. A Dilma (a presidente Dilma Rousseff) estava começando e foi junto com a Iara (Iara Averbeck, militante e namorada de Carlos Lamarca) trocar parte do dinheiro em uma casa da câmbio no Copacabana Palace”, lembra. A maior parte, entretanto, foi levada para o embaixador da Argélia por Wellington. 

 “Todo dinheiro era para a organização. Eu nunca coloquei a mão em um tostão de todas as operações que fiz. Eu inclusive apanhei porque não tinha uma nota de US$ 1”, sustenta Wellington. Os militantes decidiram que cada um dos participantes poderia ficar com uma nota de US$ 1 como recordação do feito, mas Wellington recusou, o que fez ele apanhar ainda mais na prisão por não revelar onde estava a nota. A história do assalto é contada no livro O cofre do dr. Rui (Civilização Brasileira), escrito por Tom Cardoso. Até a quarta-feira da semana passada, Wellington nunca havia contado sua trajetória. Em um depoimento de quase três horas, ele revelou ao Estado de Minas detalhes da sua biografia. Acusado de 38 assaltos, entre bancos, quartéis e automóveis, e de ter matado 12 pessoas em ações de resistência à ditadura, ele será julgado na próxima sexta-feira pela Comissão de Anistia, do Ministério da Justiça. O deputado federal e ex-ministro dos Direitos Humanos Nilmário Miranda (PT-MG) será o relator do processo de Wellington e destaca: “A anistia não discrimina luta armada e luta pacífica. Em uma situação de ditadura é considerado lícito que os militantes peguem em armas”.

 “Se eu era bravo? Bravo é boi. Eu seguia as necessidades do momento”, entende Wellington. A ficha do Serviço Nacional de Informações (SNI) imputa 38 ações, mas ele garante ter participado de 45. Sobre as 12 mortes de que é acusado, garante não ser realidade. “Sempre atirei para cima. Se alguém trombou na bala não é problema meu”, ironiza. Um dos apelidos que recebia dos companheiros e também dos militares era 90. Uma alusão às duas pistolas .45 que sempre carregava na cintura durante as ações. Outro apelido – que ele não gosta, aliás – era “John Wayne da guerrilha”. “Isso é folclore”, rebate. 

Distante da época elétrica, quando vivia entre um aparelho e outro e chegou a assaltar três bancos no mesmo dia, sendo um no Rio de Janeiro e outros dois em São Paulo, Wellington recita sua vida como se estivesse contando para si próprio. Em quase três horas de depoimento, fumou 18 cigarros, bebeu mais de uma garrafa de café – sem açúcar – e fez longas pausas. “Existem as pessoas que passam pela história e as pessoas que fazem a história. Foi uma opção de vida fazer história”, conclui, deixando o cigarro queimar até o filtro.

» LAMARCA

 (Arquivo)  

Após a fusão entre a Colina e a VPR que originou a VAR-Palmares, Wellington passou a comandar a terceira base operacional da organização. “O meu grupo propôs uma operação para matar o Lamarca (Carlos)”, lembra. O motivo é que eles tinham visto uma notícia no jornal em que Lamarca, então capitão do Exército e um dos melhores atiradores do país, dava um curso de tiro para gerentes de banco reagirem aos assaltos. Wellington não sabia, entretanto, que no final de janeiro de 1969 Lamarca havia desertado e fugido do quartel de Quitaúna, em São Paulo, com uma Kombi carregada de fuzis, metralhadoras e munição e entrado para a VPR. 

O plano não foi pra frente e meses depois Wellington foi deslocado para uma tarefa. Quando entra no aparelho se depara com Lamarca. “Ele morreu de rir. Disse que eu queria matá-lo, mas teria era que cuidar dele”, afirma. Wellington se recorda de quando passou a ser segurança do principal nome da guerrilha armada. “Fui com ele quando foi fazer uma cirurgia plástica. As enfermeiras pensaram que éramos um casal. Me gozaram muito no hospital. Mas elas não sabiam que debaixo do capote que vestia havia duas pistolas .45, uma metralhadora Thompsom e algumas granadas”, detalha.

» DILMA

 (Arquivo)  

Após o assalto ao cofre da amante do governador Adhemar de Barros houve um encontro da VAR-Palmares em Teresópolis, na região serrana fluminense. Um grupo, liderado por Lamarca, priorizava as ações armadas, e outro, do qual Dilma fazia parte, tinha o discurso da conscientização da massa de trabalhadores. Eram os “foquistas”, que desejavam implantar focos de guerrilha ante os “massistas”. 

 “Teve um embate e eu estava presente. A Dilma tinha a convicção dela, que era uma visão mais antimilitar. E nós tínhamos uma visão mais militar, que foi o grupo que formou a Vanguarda Popular Revolucionária. A Dilma acusou o Lamarca de não ter sustentação teórica. Houve tensão, as discussões foram sérias, mas nunca chegou às vias de fato”, recorda Wellington.

 

» A QUEDA
Wellington viveu um tempo como camponês na região serrana do Rio de Janeiro preparando aquele que seria o cativeiro – caso o plano fosse efetivado – do então ministro da Marinha, Augusto Rademaker, e do militar Gary Prado, que estava no Brasil e foi um dos responsáveis pela caçada que matou Ernesto Che Guevara. “Fui ao Rio porque ia ter um encontro para fechar essa questão. Como eu era o segurança do Lamarca, sempre ia na frente para averiguar. Na hora em que abri a porta do apartamento tinha um Fal (fuzil) na minha cara”, lembra.

Wellington diz que correu, mas se deparou com outros militares. Chegou a trocar tiros, mas foi atingido de raspão na cabeça e outro nas costas. Acabou preso. “Ai me meteram duas algemas. Um militar enfiou o fuzil na minha boca, quando eu estava caído. Fui levado para o DOI-Codi, na Barão de Mesquita. No elevado da Barão de Mesquita dei uma cabeçada no motorista do carro e ele esbarrou o carro na mureta”, destaca a própria valentia. Preso, Wellington afirma ter conseguido segurar 72 h oras sem abrir a boca. Ele sabia muito. Sabia onde estava Lamarca e também o destino do dinheiro do cofre da amante do Adhemar de Barros e, por isso, foi torturado intensamente. 

» EXÍLIO E FIDEL
Com o sequestro do embaixador suíço Giovanni Enrico Bucher, comandado por Lamarca, Wellington entrou na lista dos 70 nomes que seriam trocados pelo diplomata. Foram para o Chile, que era governado por Salvador Allende. Chegando ao país andino, ele trabalhou com o cineasta Miguel Littín, como assistente de câmera no filme A terra prometida. Porém, quando o general Augusto Pinochet tomou o poder, seu nome foi incluído na lista de procurados e teve que deixar o país. 

Antes, em 1971, quando o então presidente cubano Fidel Castro visitou o Chile, Wellington foi destacado pelo Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR) para compor a equipe de segurança do líder cubano. “Precisavam de pessoa com certa experiência e desenvoltura para auxiliar nos trabalhos. Com gente disposta ao que desse e viesse. Fidel era um ídolo, assim como Che Guevara. E nos tratava de igual para igual, chamando-nos de companheiro e tomando um café igual nós estamos tomando aqui”, relata. 

» CINEMA E REVOLUÇÃO

 (Reprodução)  

No Chile, além de trabalhar na produção de filmes, Wellington conheceu Renzo Rosselini, filho do cineasta italiano Roberto Rosselini. Quando teve que deixar o país após a tomada do poder por Pinochet, Wellington chegou à Itália, passando por México e Bélgica antes. Lá, conta que foi assistente de direção de Roberto Rosselini em filmes feitos para a  tevê italiana RAI. No Brasil, quando retornou, foi assistente de direção de Helvécio Ratton no filme A dança dos bonecos (1986). “Um cara extremamente corajoso. Não era de falar muito e nem de discutir, mas era um sujeito de muita ação”, lembra Ratton. 

Porém, antes de retornar ao Brasil, Wellington também esteve em Angola e participou da luta pela libertação do país, que culminou na independência, em 1975. No país africano nasceu um de seus seis filhos. Após retornar ao Brasil, estudou medicina oriental e, por muitos anos, teve um clínica de acupuntura no Bairro Santa Efigênia, em Belo Horizonte, além de dar aulas e escrever livros sobre o assunto. Há três anos mora em Sete Lagoas. Mudou-se  para a cidade para viver mais próximo de sua mãe, que morreu em março deste ano.

» IDEOLOGIA
Wellington afirma que na primeira eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) antigos companheiros o sondaram sobre a oportunidade de trabalhar em Brasília. Porém, ele permanece radical. “Eu não tenho estômago ainda. Eu ainda não tenho essa capacidade de exercer minha serenidade frente a pessoas que torturaram ou que financiaram a tortura. Eu não tenho o que fazer lá”, afirma. Wellington não se arrepende de nada do seu passado. “Tenho muito orgulho de ter feito parte de uma situação que pode resultar hoje na nossa possibilidade de falar”, garante. O ex-combatente faz questão de deixar um recado para os jovens: “Acredito profundamente no ser humano e acredito nessa juventude que está vindo aí. Que pode trazer novos valores saindo desse colonialismo mental que existe até hoje. Não somos nós, os dinossauros da história, quem vai promover essas mudanças. Essas mudanças estão na mão dos jovens que não recebem pressão ideológica do jeito que recebíamos e que tem a liberdade de poder criar algo novo. Tenho um orgulho muito grande de ter participado na construção deste espaço. Quando vejo meus filhos com valores novos, com propostas novas, a vida está feliz e eu estou realizado”. 

Glossário

AI-5 – O Ato Institucional número cinco foi decretado pelo presidente Costa e Silva em 13 de dezembro de 1968. Fechou o Congresso e deu poderes absolutos para o regime ditatorial militar. 

AP – A Ação Popular foi um movimento surgido da esquerda católica, em Belo Horizonte, que combateu o poder dos militares. 

Adhemar de Barros – Político paulista, governou São Paulo, foi derrotado por Juscelino Kubitschek para a Presidência da República e cunhou a expressão “rouba, mas faz”. 

Augusto Pinochet – Governou o Chile entre 1973 e 1990, após tomar o poder com um golpe militar. Morreu em dezembro de 2006.

Carlos Lamarca – Capitão do Exército brasileiro, campeão de tiro, desertou e passou a combater a ditadura em organizações de esquerda. Morreu no sertão da Bahia, após intensa perseguição, em 17 de setembro de 1971.

Colina – Sigla de Comando de Libertação Nacional, grupo de extrema- esquerda iniciado em Minas Gerais. Em 1969, se fundiu com a VPR e formou a VAR-Palmares. 

Fidel Castro – Liderou a Revolução Cubana, em 1959, e presidiu Cuba até 2006, quando passou o poder para seu irmão, Raul Castro

Miguel Littín – Um dos mais importantes cineastas chilenos. Diretor de obras como Ata geral do Chile (1986) e A terra prometida (1974)

Roberto Rosselini – Cineasta italiano, diretor de vários filmes célebres, como Roma, cidade aberta (1945). Morreu em 1977. 

Salvador Allende – Primeiro presidente socialista eleito democraticamente. Governou o Chile entre 1970 e 1973, quando se matou, durante o golpe e bombardeio empreendido pelo sanguinário Augusto Pinochet. 

VAR-Palmares – Sigla de Vanguarda Armada Revolucionária Palmares. Adotou a tática de guerrilha e surgiu da fusão do Colina e com a VPR. 

VPR – Sigla de Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Foi a primeira organização de esquerda em que o capitão do Exército 
Carlos Lamarca ingressou.

Fonte: em.com.br

 

Visite o Memorial online dos mortos e desaparecidos da ditadura militar

 

Veja entrevistas com ex-guerrilheiros:

IVAN SEIXAS, CELSO LUNGARETTI, FRANKLIN MARTINS, FLÁVIO TAVARES, ÁUREA MORETI, VERA SILVIA MAGALHÃES, JACOB GORENDER, VLADIMIR PALMEIRA, AMÉLIA TELLES, CRIMÉIA ALMEIDA, CLÁUDIO TORRES, JOSÉ DIRCEU, CLARA SHARF, JOSÉ ROBERTO REZENDE, ALFREDO SIRKIS, ALOÍZIO PALMAR.

 

Veja documentários sobre a guerrilha no Brasil:

Documentário Tempo de Resistência: é o mais completo sobre a luta do povo brasileiro contra a ditadura militar.

Documentário Hércules 56: sobre o sequestro do embaixador americano

Documentário Brasil: um relatório sobre tortura: feito pelos guerrilheiros trocados pelo embaixador suiço. 

Reportagem sobre a Guerrilha do Araguaia

Veja o documentário 15 filhos de guerrilheiros: Eles falam de suas vidas no meio da ditadura.

Veja o grupo da Revista Subversivos - Histórias em quadrinhos baseada na luta armada.

 



Uma Escola de Defesa para a América do Sul

20 de Maio de 2013, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

 

Uma Escola de Defesa para a América do Sul
Por Mauro Santayana
 
 
Um encontro no Equador, dia 5 de maio, apresentou uma proposta histórica: a criação de uma Escola de Defesa Sul-americana. Ela se contrapõe à célebre Escola das Américas, que, com sede no Panamá, serviu à conspiração golpista contra governos democraticamente eleitos, e para o treinamento de repressores por oficiais do Exército dos EUA.
 
 
Discretamente, como convém, estreita-se a cooperação de defesa sul - americana. Anteontem, em Lima, no Peru, reuniram-se os vice-ministros de 12 países, entre eles o Brasil, no âmbito do Conselho de Defesa da América do Sul, para discutir a cooperação, com ênfase na transparência no processo de aquisição de armamentos, e em monitoramento conjunto da situação continental.
 
Em Quito, no Equador, no dia 5 de maio, já ocorrera outro encontro, para a discussão de uma proposta histórica: a criação de uma Escola de Defesa Sul-americana. Ela se contrapõe à célebre Escola das Américas, que, com sede no Panamá, serviu, durante muitos anos, à conspiração golpista contra governos democraticamente eleitos, e para o treinamento de repressores por oficiais do Exército norte-americano.
 
Ao estreitar a colaboração entre suas forças armadas, a América do Sul não pretende agredir ninguém; seus militares e políticos sabem que é preciso preparar-se contra eventuais agressões externas. Com essas medidas, não nos deixaremos manipular por potências de outras regiões, que gostariam de nos ver divididos, como no passado. Essa cooperação servirá para o desenvolvimento conjunto de métodos de treinamento, de tecnologia própria na produção de novos armamentos e meios de defesa.
 
O Brasil estuda, nesse momento, a construção de um reator nuclear binacional com a Argentina, com fins pacíficos. Compramos lanchas de patrulha naval da Colômbia, e desenvolvemos projeto mais avançado, nessa área, com o Peru. Colômbia, Chile e Argentina, participam, diretamente, do desenvolvimento do novo jato militar de transporte da EMBRAER, o KC-390, voltado para a substituição, no mercado internacional, dos antigos Hércules C-130 norte-americanos.
 
A Argentina estuda a compra de blindados Guarani, projetados pelo Exército Brasileiro. E se estuda a construção conjunta - por todos os países - de novo avião de treinamento. O Peru pretende comprar, agora, seis caças ligeiros Super-Tucano, que já fazem parte, na América do Sul, das Forças Aéreas da Colômbia, do Chile e do Equador.
 
Estamos começando este século de forma muito diferente do que começamos o século passado, com guerras como a do Chaco, e disputas territoriais do século 19, que deixaram marcas até hoje, como no caso da disputa entre o Chile e o Peru pela região de Atacama.
 
É ingenuidade pensar que a aproximação na área de defesa entre os países das América Latina seja desejada, ou não esteja sendo observada com atenção por nações de outras regiões. Para certos países, o ideal seria que nossos corpos de defesa cuidassem exclusivamente do combate ao tráfico de drogas e à repressão política interna.
 
Esta semana, o embaixador da França no Brasil, Bruno Delaye, visitou o Deputado Nelson Pellegrino, Presidente da Comissão de Defesa e Relações Externas da Câmara dos Deputados, para oferecer que fragatas sejam montadas no Brasil, pela estatal francesa DNCS, que já faz o mesmo com os submarinos do PROSUB. 
 
É urgente a criação de uma grande empresa estatal de indústria bélica, em nosso país, como ocorre em quase todos os países do ocidente, para participar, majoritariamente, de consórcios destinados a produzir armamentos no Brasil.
 
Ao mesmo tempo, devemos continuar avançando nos esforços diplomáticos para a cooperação e associação com os nossos vizinhos, para a eventual defesa da integridade territorial e soberania política da região. 
 
Mauro Santayana é colunista político do Jornal do Brasil, diário de que foi correspondente na Europa (1968 a 1973). Foi redator-secretário da Ultima Hora (1959), e trabalhou nos principais jornais brasileiros, entre eles, a Folha de S. Paulo (1976-82), de que foi colunista político e correspondente na Península Ibérica e na África do Norte.
 
 
Documentário Escola de Assassinos



Videla: o que há para lamentar na morte do genocida

20 de Maio de 2013, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

 

Videla: o que há para lamentar na morte do genocida
Videla se foi e, para mim, restou um consolo e uma humilhação. O consolo: ele morreu numa cela comum, depois de ter sido julgado – com o direito à defesa que ele não concedeu a ninguém – e condenado. Morreu preso, querendo chegar ao banheiro. A humilhação: nós, brasileiros, continuamos vendo os êmulos do genocida perambulando livres por aí. Outro dia, um desses seres covardes, Carlos Brilhante Ustra, apareceu defendendo o que fez. O artigo é de Eric Nepomuceno
 
Há uma única coisa a lamentar na morte do general Jorge Rafael Videla: seu silêncio. 
 
Ele foi-se embora sozinho, abandonado por quase todos os seus pares e execrado pelos argentinos, e levando segredos que, se revelados, mudariam a vida de milhares de pessoas. Pessoas que saberiam como foram mortos os desaparecidos, e o que foi feito com seus restos, e saberiam da trama obscura e perversa do roubo de bebês, e as avós achariam seus netos roubados, e as mães saberiam de seus filhos mortos. 
 
Essa a única coisa a lamentar na morte do verdugo: os segredos que ele, covarde vil, levou para o inferno.
 
Morreu de forma justa: sua saúde vinha se deteriorando pouco a pouco, e na noite da quinta-feira, dia 16 de maio, teve aquilo que as boas famílias chamam de ‘indisposição gástrica’. Um problema, digamos, intestinal. E foi assim que ao amanhecer da sexta-feira tentou chegar ao banheiro. Não conseguiu: caiu duro no chão. 
 
Foi encontrado com as pupilas dilatadas e um esgar marcando seu rosto tenebroso, a boca cerrada para sempre. Aquela boca de gente ruim, sempre tensa, mesmo quando proferia absurdos. A boca que nunca se abriu para fazer nada que valesse a pena.
 
Morreu numa cela comum, num presídio militar a escassos 50 quilômetros de Buenos Aires. Uma cela com algum conforto: cama, mesinha de luz, relógio despertador, o inevitável crucifixo. Sim, porque Videla era um católico radical, um fundamentalista de comungar dia sim e o outro também, e que viveu ao amparo da Igreja Católica até o último suspiro. Apesar do que fez e mandou fazer, apesar de tudo, nunca foi excomungado.
 
Sim, sim: levou para a tumba um segredo perverso: onde estão os bebês que nasceram em campos clandestinos de concentração e foram dados de presente para policiais e militares? Onde estão os corpos dos desaparecidos? E por quê continuar chamando de desaparecidos os que a ditadura que ele impôs, dirigiu e orientou, assassinou?
 
Lembro bem de Videla chegando ao poder, integrando uma junta militar que no dia 24 de março de 1976 mergulhou a Argentina num oceano de breu e sangue. Eu morava em Buenos Aires, e trago recordações permanentes do turbilhão de violência e desmando que foi o país a partir da morte de Juan Domingo Perón. 
 
Assim que María Estela Martínez de Perón, a ex bailarina de cabaré no Panamá que se fazia chamar de Isabelita Perón, assumiu a presidência, começou o horror. 
 
Uma das figuras mais nefastas e bizarras da história argentina, o ex cabo de polícia José López Rega, assumiu, de fato, o poder. Isabelita era apenas uma idiota cercada de pompa e circunstância. O país passou a navegar à deriva, e o pesadelo rapidamente foi tomando forma: um grupo de extrema-direita, a Triple A – Aliança Anticomunista Argentina – desandou a matar a granel. E nas sombras, sorrateiro, o general Videla foi cimentando os alicerces do que viria depois. 
 
Sim, sim: lembro bem de Videla chegando ao poder, de seu ar prepotente e gelado, prometendo – ao lado do opaco brigadeiro Orlando Agosti e do mefistofélico almirante Emilio Massera – reorganizar o país. E de como logo de saída começaram as mortes, as torturas trucidando homens e mulheres, os desaparecimentos. Institucionalizando o pavor. As pessoas sumiam, tragadas pelo ar, e nunca mais de ouviu falar delas. 
 
E tudo isso, diga-se de passagem – é importante lembrar – com o apoio ou a omissão cúmplice de boa parte da sociedade, principalmente a portenha. Naqueles primeiros meses, quando se comentava que alguém tinha sumido, era comum ouvir como resposta um seco ‘por algo será’. E assim, muito rapidamente, o medo foi se impondo, assumindo o lugar da omissão, e o silêncio se instalou no país. 
 
O medo e o silêncio foram a terra abonada para que se instaurasse o horror que durou sete infindáveis anos e deixou marcas permanentes nos argentinos que vieram antes, nos que viveram aqueles tempos e se calaram, nos que viveram aqueles tempos e conseguiram sobreviver. 
 
Videla se tornou, sim, e com razão, o rosto abjeto de uma era de breu. Mas foi apenas o rosto visível, não o único rosto. 
 
Quando ele encabeçou o golpe, as organizações de esquerda, tanto as armadas quanto as desarmadas, estavam desmanteladas. O golpe militar e a implantação da ditadura mais sanguinária tiveram um único objetivo: impor uma política econômica determinada a fazer com que uns poucos ganhassem mais que nunca e uns muitos perdessem mais que nunca. 
 
Os efeitos dessa política econômica se fazem sentir até hoje. Aliás, já em democracia, um ex preso político, uma figurinha tão bizarra como sinistra chamada Carlos Menem, redobrou as aberrações da economia. Não por acaso, foi esse Menem quem ditou uma lei de indulto para os genocidas, entre eles Jorge Rafael Videla.
 
Sim, sim: lembro de Videla como lembro meus anos jovens naquela Argentina desvairada. E lembro de meus amigos que ele mandou matar, e de meus amigos que tiveram de se exilar, e de tanta coisa e tanta gente que sumiu na longa noite de trevas que durou curtos e tão permanentes sete anos. 
 
Videla caiu em 1981, e vieram outros generais bizarros. Ele não caiu pelos horrores que fez, mas pelos desvarios da economia que cometeu. Incrível, isso: o genocida caiu não por genocida, mas por ter esgotado uma política econômica que afundou a Argentina enquanto beneficiava alucinadamente uma meia dúzia de grupos empresariais.
 
Resta, disso tudo, um consolo e uma humilhação. 
 
O consolo: essa besta fera morreu numa cela comum, depois de ter sido julgado – com o direito à defesa que ele não concedeu a ninguém – e condenado. Morreu preso, querendo chegar ao banheiro. 
 
A humilhação: nós, brasileiros, continuamos vendo os êmulos do genocida perambulando livres, leves e soltos por aí. 
 
Outro dia, um desses seres covardes, brilhantemente desprezíveis, apareceu defendendo o que fez. E o que fez foi torturar, trucidar, pessoas. 
 
O imundo em questão tem nome e sobrenome: Carlos Brilhante Ustra.
 
Videla teve e tinha a mesma empáfia, quando comparecia a tribunais. A diferença que nos humilha é simples e clara. Videla teve e tinha a mesma empáfia enquanto declarava vindo e voltando para uma cela de preso comum. 
 
Brilhante Ustra teve e tem a mesma empáfia vindo e voltando para casa. 
 
Imunda casa. Imunda história. 
 
Fonte: Carta Maior
 
Documentário: Do Horror à Memória

 



Julian Assange: as agências de inteligência dos EUA ameaçam a soberania dos países da América Latina

19 de Maio de 2013, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

 

Julian Assange:
as agências de inteligência dos EUA ameaçam a soberania dos países da América Latina 
 
 
Fundador do WikiLeaks acredita que a segurança da América Latina e do Caribe podem estar em risco por causa da dependência de telecomunicações dos EUA, em particular, dos sites de redes sociais e de produtos do Google. Sobre isto Julian Assange falou em uma vídeo-conferência com estudantes uruguaios.
 
De acordo com Assange, os países latino-americanos são vulneráveis ​​para os Estados Unidos devido ao fato de que as agências de inteligência, incluindo a CIA e o FBI, têm acesso direto a praticamente qualquer informação postada na Internet.
 
"A Internet penetrou em todas as esferas da sociedade, substituindo com sucesso o correio tradicional, telefone e até mesmo a interação física entre as pessoas. Isso deu ao governo dos EUA para o acesso a informação da maioria das pessoas do planeta ", - disse o fundador do WikiLeaks, apontando para a crescente prevalência de redes sociais e outros serviços on-line como um problema em potencial para os latinos.
 
"Os cidadãos da América Latina fazem upload de seus perfis na rede, sem saber que os servidores Google, Facebook e Yahoo são controladas direta ou indiretamente pelos serviços secretos norte-americanos", - explicou Assange.
Para confirmar suas palavras Assange mencionou o recente escândalo envolvendo escutas telefônicas de celulares dos funcionários da Associated Press pelo Departamento de Justiça dos EUA.
 
O governo dos EUA "não tinha remorso, mesmo ouvindo os telefones de seus próprios cidadãos, para eles, não há regras que impeçam espionar cidadãos de países estrangeiros", - disse o fundador do WikiLeaks.
 
Julian Assange, alertou o público que o uso de serviços do Google, Facebook e afins torna-se uma ameaça enorme à privacidade.
 
Fonte: RT
 
 


Ex–agente: Coronel Perdigão deu um tiro na nuca de cada um deles

19 de Maio de 2013, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

 

Ex-agente: Coronel Perdigão deu um tiro na nuca de cada um deles

por Conceição Lemes

 

Nesta quinta-feira 16, o ex-agente da repressão Valdemar Martins de Oliveira prestou depoimento na audiência pública realizada da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo.
 
Ex-paraquedista, Valdemar disse a Rodrigo Vianna, em reportagem exclusiva veiculada nessa quarta-feira 15 pelo Jornal da Record, que abandonou o Exército brasileiro por discordar de torturas e assassinatos cometidos pelos militares contra militantes políticos que se opunham à ditadura.
 
Valdemar foi testemunha do assassinato do casal Catarina Abi-Eçab e João Antônio dos Santos Abi-Eçab, em 1968, no Rio de Janeiro.  Os dois militavam no movimento estudantil e eram suspeitos de ter participado da execução do capitão do Exército norte-americano Charles Rodney Chandler, em 12 de outubro de 1968, feita pela ALN e pela VPR.
 
Durante muito tempo prevaleceu a versão policial que atribuiu a morte do casal à explosão do veículo em que viajavam, em consequência da detonação de explosivos que transportavam,  no km 69 da BR-116, próximo a Vassouras (RJ).
 
A versão divulgada na imprensa foi a de que ambos foram vítimas de um acidente de automóvel: “[…] chocaram-se contra a traseira de um caminhão que transportava pessoas em sua caçamba”. No veículo em que estavam, teria sido encontrada uma mala com armamentos e munição.
 
No boletim de ocorrência, que registrou o suposto acidente, consta:
 
Foi dado ciência à Polícia às 20h de 08/11/68. Três policiais se dirigiram ao local constatando que na altura do km 69 da BR116, o VW 349884-SP dirigido por seu proprietário João Antônio dos Santos Abi-Eçab, tendo como passageira sua esposa Catarina Helena Xavier Pereira (nome de solteira), havia colidido com a traseira do caminhão de marca De Soto, placa 431152-RJ, dirigido por Geraldo Dias da Silva, que não foi encontrado. O casal de ocupantes do VW faleceu no local. Após os exames de praxe, os cadáveres foram encaminhados ao necrotério local.
 
O laudo da exumação, elaborado pelos legistas Carlos Delmonte e Isaac Jaime Saieg, em 23 de julho de 2000, concluiu que a morte foi conseqüência de “traumatismo crânio-encefálico” causado por “ação vulnerante de projétil de arma de fogo”.
 
Sua morte ocorreu em decorrência de um tiro que a atingiu pelas costas. Além disso, os legistas não encontraram sinais de autópsia feita anteriormente. A causa mortis apresentada em 9 de novembro de 1968, pelos médicos Pedro Saullo e Almir Fagundes de Souza, do IML de Vassouras, foi “fratura de crânio, com afundamento (acidente)”.
 
A reportagem feita pelo jornalista Caco Barcellos, veiculada no Jornal Nacional (TV Globo) em abril de 2001, desmentiu a versão policial de acidente e demonstrou que João Antonio e Catarina foram executados.
 
Na entrevista ao repórter Rodrigo Vianna, Valdemar deu detalhes: “O capitão Pereira deu um tiro na nuca de cada um deles”.
 
Nesta quinta-feira 16, em depoimento à Comissão da Verdade do Estado de São Paulo, na Assembleia Legislativa, Valdemar revelou o nome do “capitão Pereira”: “O coronel Freddie Perdigão deu um tiro na nuca de um e outro tiro na nuca do outro”.
 
Em depoimento à Comissão Nacional Verdade, o ex-militar já havia revelado o nome de Freddie Perdigão. Como lá a audiência foi fechada, a informação não veio a público.
 
FREDDIE PERDIGÃO, O DR. NAGIB
 
Segundo o Grupo Tortura Nunca Mais/RJ, o nome de Freddie Perdigão, conhecido como o dr. Nagib nos porões da ditadura, aparece em duas listas do Projeto Brasil Nunca Mais, como Major atuando no DOI/CODI do Rio de Janeiro, em 1970.
 
Em documento de 2008, o Tortura Nunca Mais/RJ, relata:
 
“Na primeira destas listas, a de “Elementos Envolvidos Diretamente em Torturas”, à página 39 do Tomo II, volume 3 “Os Funcionários”, seu nome é denunciado por Tânia Chao que, em dezembro de 1970 era professora, tendo 25 anos. Seu depoimento encontra-se à pág 769 do Tomo V, volume 3, “As Torturas” do Projeto BNM, transcrito abaixo:
 
( ) … que a declarante anteriormente a assinatura de suas declarações foi agredida de diversas maneiras sofrendo, inclusive, choques elétricos pelo corpo sendo que esses fatos foram presenciados pelo Encarregado do IPM; que a declarante foi agredida, inclusive, pelas pessoas de nome Plínio e Nagib, e, também, por Timóteo Ferreira por palmatória; que a declarante na prisão não tem obtido tratamento médico necessário uma vez que sofre de artrite rematoide e de úlcera; que em sua prisão não tem o mínimo conforto necessário no que se refere a higiene uma vez que não há banheiro na cela …( )
 
Estas declarações de Tânia Chao encontram-se no Processo N.º 81/70 da 1ª Auditoria da Militar, da 1ª RM/CJM, com Apelação no STM de n.º 39.519 consta de dois volumes e dois apensos ( informações contidas à pág 209, Tomo II, Volume 1 “A Pesquisa BNM” do Projeto Brasil Nunca Mais).
 
Este processo, trata de réus acusados de pertencerem a ALA, no Rio de Janeiro, em 1970, tendo conseguido do dono de uma gráfica autorização para imprimirem identidades falsas, o que efetivamente fizeram. Alguns réus fundaram um curso para obter fundos para a Ala, onde era impresso em mimeógrafo o jornal “Unidade Operária”
 
Na segunda lista, a de “Membros dos órgãos da Repressão”, à página 233 do Tomo II, Volume 3 “Os Funcionários”, o nome de Nagib é denunciado também em abril de 1971 e aparece no mesmo Processo citado acima.
 
O Coronel Freddie Perdigão foi denunciado pelo estudante Sérgio Ubiratan Manes em depoimento ao Tribunal Superior Militar (STM), em 1969, segundo reportagem do Jornal O Globo de 04/07/99, como um dos torturadores que o espancaram na Polícia do Exército, na Rua Barão de Mesquita.
 
Nessa mesma reportagem, o General Newton Cruz revela que o Capitão Perdigão o avisou da Operação Riocentro e esteve no local do atentado com o grupo de militares que colocaram a bomba no estacionamento do Riocentro, durante um show em homenagem ao Dia do Trabalhador, em 30/04/81, onde morreu o sargento Guilherme do Rosário e ferindo o capitão Wilson Machado, ambos agentes do DOI/CODI.
 
Segundo o jornalista Elio Gaspari, publicado na sua coluna, no Jornal O Globo, no dia 24/10/99 “…O grupo terrorista a que Perdigão estivera ligado em 1968 voltou a agir em 1976.
 
Seqüestraram, espancaram, pintaram de vermelho e deixaram nu numa estrada o bispo de Nova Iguaçu, Dom Adriano Hipólito…”
 

Fonte: Viomundo

 

Visite o Memorial online dos mortos e desaparecidos da ditadura militar

 

Veja entrevistas com ex-guerrilheiros:

IVAN SEIXAS, CELSO LUNGARETTI, FRANKLIN MARTINS, FLÁVIO TAVARES, ÁUREA MORETI, VERA SILVIA MAGALHÃES, JACOB GORENDER, VLADIMIR PALMEIRA, AMÉLIA TELLES, CRIMÉIA ALMEIDA, CLÁUDIO TORRES, JOSÉ DIRCEU, CLARA SHARF, JOSÉ ROBERTO REZENDE, ALFREDO SIRKIS, ALOÍZIO PALMAR.

 

Veja documentários sobre a guerrilha no Brasil:

Documentário Tempo de Resistência: é o mais completo sobre a luta do povo brasileiro contra a ditadura militar.

Documentário Hércules 56: sobre o sequestro do embaixador americano

Documentário Brasil: um relatório sobre tortura: feito pelos guerrilheiros trocados pelo embaixador suiço. 

Reportagem sobre a Guerrilha do Araguaia

Veja o documentário 15 filhos de guerrilheiros: Eles falam de suas vidas no meio da ditadura.

Veja o grupo da Revista Subversivos - Histórias em quadrinhos baseada na luta armada.

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