Médicos deixam de realizar mais de 180 mil consultas em Goiás
31/7/2013 12:43
Por Redação, com Rádio Rio Vermelho – de Goiás
A paralisação dos médicos fez com 180 mil a 200 mil procedimentos deixassem de ser realizados em todo o Estado
Vestindo camisetas brancas com a inscrição “Em luta por uma saúde pública de verdade”, cerca de 500 profissionais e estudantes de Medicina deixaram terça-feira a sede do Cremego, no Setor Bueno, e caminharam até a sede da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), na Avenida 82, no Centro de Goiás. As maiores reclamações foram contra o programa Mais Médicos e os vetos da presidente Dilma Rousseff (PT) ao Ato Médico.
A paralisação dos médicos fez com 180 mil a 200 mil procedimentos deixassem de ser realizados em todo o Estado. Deste total, 100 mil seriam consultas e as demais, outros tipos de atividades, como exames e cirurgias, segundo estimativa do presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremego), Salomão Rodrigues Filho.
De acordo com informações do portal Rádio Rio Vermelho, o cálculo foi feito com base nos atendimentos da rede pública e no número aproximado de consultas/dia feitas pela Unimed, um dos principais planos de saúde de Goiás. O Cremego admite, no entanto, que hoje o movimento pode ter menor adesão, principalmente dos médicos da rede privada, muitos dos quais mantiveram as consultas agendadas para esta quarta-feira. Segundo o Conselho, dos 11 mil médicos que atuam no Estado, 6 mil não exerceram suas atividades ontem, sendo 4 mil na capital, que conta com um total de 7 mil profissionais.
Enquanto os médicos e estudantes, mobilizados pelo Comitê das Entidades Médicas (Cemeg), formado pelo Cremego, Associação Médica de Goiás (AMG) e Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás (Simego), manifestavam em vias centrais de Goiânia, a dona de casa Aparecida Lopes, 41 anos, moradora do Setor Madre Germana, aguardava diante do Ciams do Novo Horizonte. Ela acordou o casal de filhos de 5 anos, às 5 horas, para levá-los à consulta com uma pediatra marcada no domingo. “Eu liguei no 0800 e confirmaram. Cheguei aqui e fui informada que a médica estava de férias. Voltei a ligar no 0800 aí que eu soube da paralisação. Essa falta de informação é um descaso”.
Aparecida Lopes confiou na marcação do Disque Consulta. “Estou aqui porque no PSF do meu bairro não tem médico”. O aposentado Luiz Paulino Amélio, 58 anos, também demonstrou indignação. “Eu desafio o ministro Padilha a vir se tratar no SUS. Tem um cartaz ali dizendo que tratar mal o funcionário é crime. E quando eles nos tratam mal, não é crime?”, questionou. Luiz, que também estava no Ciams do Novo Horizonte, afirmou que um cenário de filas imensas e atendente fazendo tricô é uma situação comum na unidade.
A dona de casa Antônia Maria Oliveira França, 70 anos, deixou Itumbiara muito cedo, a 211 quilômetros de Goiânia, para se encontrar com o médico que trata dos nódulos que tem na tiroide, no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás. “Dentro da van me falaram que talvez eu não fosse atendida, mas ninguém me avisou”. E não foi mesmo. Seu marido, Geraldo Mendes Lima, 70 anos, que a acompanhava, estava chateado. “Fazer uma viagem dessas na nossa idade não é simples. Sou a favor de trazer médicos de fora porque os do Brasil não querem trabalhar”.
As entidades médicas já perceberam que não está fácil convencer a população de que a luta deles é por uma saúde de qualidade para todos. Salomão Rodrigues afirmou ontem que nos dias 8 a 10 de agosto, este certamente será um dos temas que serão debatidos no Encontro Nacional das Entidades Médicas (Enem), em Brasília. “Precisamos mudar a estratégia para envolver a população. Vamos levar essa proposta. Talvez uma ideia seja parar o atendimento por meia hora e conversar com os pacientes”, sugeriu.
Na rede particular, a paralisação dos médicos em Goiânia mudou a rotina de alguns hospitais. Em salas normalmente lotadas de pacientes à espera de consultas, a imagem de todas as cadeiras vazias e apenas duas atendentes compondo o ambiente chamava a atenção, no Hospital dos Acidentados, na Avenida Paranaíba, região central da capital. “Felizmente, conseguimos avisar a maioria dos pacientes sobre o cancelamento das consultas nestes dois dias”, informou uma das secretárias.
O Serviço de Atendimento ao Usuário (SAU) da Unimed, no Setor Oeste, conforme verificou a reportagem, manteve o fluxo normal de pacientes de urgências, situação semelhante ao Hospital Neurológico, no Setor Bueno. “Tivemos apenas algumas pessoas que alegaram emergência e, na verdade, queriam consultar”, afirmou a atendente. Na unidade, no que diz respeito a consultas – realizadas no Bueno Medical Center -, a informação era de que apenas três médicos deixaram, ontem, de atender.
- Estão atendendo emergência, sim, mas acho que está meio demorado – reclamou o comerciante Divino Gomes do Prado, de 51 anos, que acompanhava o filho mais velho no Hospital Lúcio Rebelo, no Setor Bela Vista. “Chegamos há mais de 40 minutos e só agora chamaram para o raio-x. Deve ser por causa dessa tal paralisação”, queixou-se. No período da manhã, dois clínicos gerais e um pediatra estavam a postos no pronto-socorro. Já nos consultórios, de acordo com uma das atendentes, apenas dois médicos mantiveram a agenda; as consultas marcadas para hoje, contudo, foram todas suspensas.
Filed under: Sem categoria Tagged: ARCAICO
0sem comentários ainda
Por favor digite as duas palavras abaixo