Numa cidade fascista – na qual um ciclista fez questão de tossir na direção de um pedestre que tentava manter uma distância anti-contaminação e portava máscara – é evidente que o interesse financeiro prevalecerá sobre os aspectos humanitários.
Assim, ao menor rumor do empresariado ávido por lucros e indiferente às condições de saúde dos trabalhadores, Chapeuzinho Vermelho autorizou a reabertura do comércio local, baseado na suposta pequena quantidade de mortes decorrentes da pandemia.
Como anteriormente destacado nesse blog, o teste rápido tem 75% de erro no diagnóstico de casos negativos da enfermidade letal. Assim, o paciente procura o atendimento clínico, é informado de que trata-se apenas de uma “gripezinha” e morre em casa, sem constar nas estatísticas como vítima da peste.
Acrescenta-se a isso o fato de que, pela grande quantidade de estabelecimentos comerciais no município, é impossível fiscalizar rigorosamente o cumprimento da distância social. Mesmo no período de maior pânico, na periferia de Morolândia, o supermercado do alemão atendia sem preocupar-se com a formação de filas e a aglomeração de pessoas na loja.
Desse modo, talvez o único freio na conduta de Chapeuzinho será a superlotação dos hospitais privados da cidade. Pois ele considera como gente as pessoas a partir da classe média e, quando o desespero atingir essa parcela da população devido ao agravamento da peste, quiçá o bom senso prevaleça.