Desde meados de 1991, quando fiz minha primeira série do ensino básico, numa escola pública com certo perfil de classe média em Curitiba, e em meados de 2001, ao frequentar um curso de extensão em língua estrangeira na instituição de ensino mais tradicional do Paraná, notei que há uma guerra oficialmente não declarada dos segmentos da classe média e rica contra a população brasileira pobre.
Exemplos disso são as declarações de que pobre não sabe votar e é vagabundo.
Essa guerra não declarada eclode desde o final do segundo turno das eleições de 2014, com a não aceitação do resultado da eleição presidencial daquele ano, o movimento golpista de derrubada da governante eleita e a promoção de políticas públicas que, no longo prazo, promoverão o aumento da miséria no país.
Na pauta de votações do Congresso Nacional deste ano estão as alterações na Previdência Social. Dentre elas, a de que o contribuinte do INSS terá o direito de se aposentar com o valor mais próximo ao que ele ganha acima do salário mínimo, desde que ele trabalhe e contribua para a Previdência Social durante quarenta anos.
Acompanho as transmissões esportivas pelo rádio desde 1991. Os dois melhores narradores que ouvi morreram com 44 e 57 anos de idade. Nenhum deles estava aposentado no momento em que faleceram. Se esses excelentes profissionais, que desempenhavam atividades leves do ponto de vista do esforço físico, morreram antes de se aposentar, imagino que dificilmente quem desempenha atividades operacionais intensivas em esforço físico sobreviverá para completar os quarenta anos de contribuição ao INSS.
No meu caso, em que atuo na área administrativa e minha remuneração está próxima de dois salários mínimos, e considerando a perspectiva de desvalorização salarial que poderá ser aplicada até 2036, mesmo que eu complete os quarenta anos de contribuição e permaneça com a proporcionalidade do meu ganho atual, minha velhice será repleta de dificuldades financeiras - até para eu conseguir comprar a medicação que me mantenha vivo para atualizar esse blog!
Assim, lamento profundamente que políticos com o perfil de classe média e alta, como o atual Presidente da Câmara dos Deputados, filho de um tradicional político fluminense, pleiteiem a aprovação de medidas tão duras contra nós, que fazemos parte do segmento de menor poder aquisitivo do país. Eles - juntamente com a família Marinho, Abravanel, Cunha Pereira etc - em nenhum momento destacam que a Previdência Social, conjugada com uma política de valorização do salário mínimo, podem ser cruciais para a erradicação da fome e da miséria no país.
Nesse sentido, apelo aos segmentos populares do Brasil para se articularem e evitarem a aprovação da reforma da Previdência nos moldes propostos pelo atual governo golpista e impopular. Jamais aceitem qualquer tipo de desqualificação por parte dos segmentos brasileiros mais abastados. E participem da política, a fim de que os interesses de quem mais precisa do Poder Público sejam viabilizados.
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