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Encontros Culturais - Conexões para Arte Pública

14 de Dezembro de 2014, 8:43 , por Pedro Lago - 1Um comentário | 1 person following this article.
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Na sexta feira, dia 12 de dezembro, o Forno Harmônico participou do Seminário "Conexões para uma Arte Pública" na Casa do Beco, em Belo Horizonte, que contou com a presença de grandes pensadores e ativistas culturais de várias partes do Brasil. Na mesa, Chico Pelucio (Galpão Cine Horto) mediou o bate-papo entre Amir Haddad, um dos expoentes do teatro de rua no Brasil, Marcelo Palmares, do grupo Pombas Urbanas, Paulo Flores, um dos fundadores do Ói Nóis Aqui Traveiz e precursor do teatro de rua no Sul do Brasil e Nil César, da Casa do Beco.

A conversa foi rica em conteúdo e paixão pela Arte, e os integrantes da mesa somavam mais de um século de trabalho, sabedoria e dedicação a Arte Pública e ao teatro de rua. As principais questões da "pauta" do encontro revelam para nós os principais desafios de quem opta por trabalhar no setor cultural na contra-mão da lógica de mercado.


PERGUNTAS ESSENCIAIS:

Por que fazemos ARTE? Por amor? Caridade? Generosidade? Pra vender? ARTE PÚBLICA? Sacra? De mercado?
Precisamos de dinheiro? E de onde vem o dinheiro? Que chapéus nós temos disponíveis? Editais, fundos, leis de fomento? E se não houvesse edital? E se não houver lei? Inventemos novas leis, sistemas, formas de financiamento! Segundo Amir, "não há que se ajustar ou consertar este sistema, há que se criar outro sistema, outra lógica possível..." Mas, como? É preciso perguntarmo-nos:
Quem são nossos "clientes"? Quem é nosso público? O povo, a iniciativa privada, o estado?
Quem somos nós? O que queremos? O que fazemos?
Como podemos nos ajudar? Colaborar? Criar, produzir, comunicar, divulgar, distribuir (dar ou vender?), formar público, equipe, opinião?
Como democratizar a arte, a mídia, o conhecimento, a participação social, a cidadania, o acesso?
Arte é uma necessidade básica? Ou um ornato, enfeite, supérfluo para nossa sociedade?

DEMOCRATIZAÇÃO:

Nossas políticas públicas são elaboradas em consonância com a lógica do sistema capitalista e neoliberal. O Estado deve ser o menor possível, intervir o menos possível... E isso submete a Arte a uma lógica de mercado, torna-a privada, privatizada e privatizadora e cria oligopólios culturais. Fazer arte PÚBLICA, teatro de rua, com incentivo fiscal é uma contradição? Como garantir uma política pública para a cultura que garanta a CONTINUIDADE e a INOVAÇÃO, a SUSTENTABILIDADE e a INCLUSÃO, a DIVERSIDADE e a DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO? 

Criar políticas públicas, criticar e aperfeiçoar as leis de fomento, incluir a cultura nos projetos de orçamento público (PPA, LDO, LOA) garantindo a continuidade dos projetos, deixando-os livres de ser refém do "ano fiscal". Desatrelar a cultura da inflação, ou seja, não ser um gasto de governo, mas um investimento, insumo. Desabandonar os espaços públicos e democratizar o acesso e propor novos usos dos equipamentos culturais.

DIÁLOGO:

Quais são as ofertas de bens e serviços criativos e culturais na nossa comunidade? Qual a demanda desses bens e serviços hoje? Como ampliar/criar essa demanda? Como dar vazão a nossa necessidade coletiva de criar?

Para responder a essas perguntas é necessário um intenso diálogo entre o setor criativo, artistas, produtores e gestores culturais, os grupos, coletivos e instituições criativas, os centros culturais, as direções das escolas do ensino básico, fundamental e médio, as lideranças comunitárias e as instituições de ensino superior.

A Arte e a Cultura, com o advento da pasta Economia Criativa dentro do Ministério da Cultura,  tem cada vez mais desenvolvido a capacidade de estabelecer um amplo diálogo entre setores e áreas do saber como a Saúde, Educação, Tecnologia, Economia, Administração, Arquitetura, Meio Ambiente, o Jornalismo, e até mesmo a Religião. 

Creio que a formação de público está diretamente ligada a formação de lideranças, gestores, produtores e profissionais criativos nas escolas. Nota-se que as crianças tem a capacidade natural de levar seus pais e outros familiares para assistirem aos seus eventos culturais.

 

CONCLUSÕES:

O diálogo trouxe muito mais perguntas amplas e abertas que respostas prontas e fechadas. Ampliou nossa visão sobre o passado, presente e futuro da arte pública e da arte de rua. Reforçou a necessidade da RESISTÊNCIA e CONTINUIDADE, do DIÁLOGO e FORMAÇÃO, da formação e fortalecimento de REDES, da criação de FERRAMENTAS, MECANISMOS E INSTRUMENTOS de COLABORAÇÃO, e da reinvenção deste SISTEMA de incentivo e fomento, .

Apesar de ter durado quase 3 horas, o evento terminou de repente e a conversa pareceu não ter chegado ao fim, assim como este post...

 


1Um comentário

  • A invasão do noosfero minorThiago
    27 de Janeiro de 2015, 18:12

    Dialética de questões

    Por que fazemos ARTE? Para enfeitar o mundo e a vida.
    Precisamos de dinheiro? Todas pessoas precisam de dinheiro. E de onde vem o dinheiro? O dinheiro vem do TRABALHO. Mamar em editais somente se for muito bom no que faz, e olhe lá, seria melhor se o dinheiro fosse por esfôrço próprio, não por vias públicas.
    Como criar outro sistema? Utilizando as novas redes.
    Quem são nossos "clientes"? As pessoas que precisam de facilidade no computador.
    Quem é nosso público? Pessoas que querem produtos de qualidade.
    Quem somos nós? Somos o Forno Harmônico.
    O que queremos? Ajudar a nossa sociedade a sobreviver com as práticas de liberdade da cultura.
    O que fazemos? Colaborar nas redes e iniciativas que já existem.
    Como podemos nos ajudar? Colaborando na difusão desses produtos.
    Arte é uma necessidade básica? Sim.
    Fazer arte PÚBLICA, teatro de rua, com incentivo fiscal é uma contradição? Sim, porque as pessoas estão trabalhando informalmente sem carteira assinada.
    Nossa política não será tão neoliberal se usarem PARTICIPA.BR, mas possibilitarão políticas públicas bem fundamentadas pelo cidadão.
    Quais são as ofertas de bens e serviços criativos e culturais na nossa comunidade? Grupos empresariais controla-os, não há autonomia para o artista bem remunerado, a não ser que seja autônomo mas não seja bem remunerado e ficar à deus-dará. Como ele pode ganhar a vida com economia solidária é a questão.
    Qual a demanda desses bens e serviços hoje? Depende do tipo de público.
    Como ampliar/criar essa demanda? Desapegando as pessoas da arte pública na televisão.
    Como dar vazão a nossa necessidade coletiva de criar? Proporcionando meios eficientes de fazê-lo.
    É sempre uma questão hermenêutica de voltar quase ao mesmo lugar, mas ou mais raso ou mais profundo que antes.


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