Ir para o conteúdo
ou

Thin logo

Território digital do Levante Popular da Juventude do DF

Vem ai

Indicamos um click

Quem Somos

O Levante Popular da Juv entude é uma organização de jovens militantes voltada para a luta de massas em busca da transformação da sociedade. SOMOS A JUVENTUDE DO PROJETO POPULAR , e nos propomos a ser o fermento na massa jovem brasileira. Somos um grupo de jovens que não baixam a cabeça para as injustiças e desigualdades. ...
 Voltar a Blog
Tela cheia Sugerir um artigo

2000 a 2013 - A conjuntura política do DF em tempos de barbárie

27 de Novembro de 2013, 9:36 , por Iris Pacheco - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
Visualizado 349 vezes

Marco Antonio Baratto

 

Para o blog do Levante DF


Com a chegada do PT ao governo federal, certa esperança pairava no ar. “Seria agora o momento de consolidarmos um projeto popular e socialista?” Para parte da esquerda no período, o governo Lula poderia ser, se não um governo revolucionário, uma alternativa histórica de colocar em pauta e, sobretudo, executar, os acúmulos políticos concentrados pelos anos de oposição e combate a direita hegemônica do país. Outros setores mais a esquerda, logo se irritaram com o caminhar do governo e iniciaram uma nova oposição.

No DF, a conjuntura se posiciona mais a direita. Após a queda prematura do PT no fim dos anos 90 e o retorno da “velha direita” ao GDF, inicia-se na região uma “nova” composição dos setores conservadores da burguesia interna que viria dar o tom político aos próximos dez anos na região. Esta composição, embora não fosse algo extremamente novo, em termos de aliança política, (re) coloca no cenário forças da burguesia que, já há alguns anos, vinham se preparando para assumir centralmente o executivo do governo.

Estes setores da burguesia eram, e continuam sendo, representados pela elite empresarial imobiliária e setores estratégicos urbanos, como empresários do ramo do transporte, dos meios de comunicação hegemônicos e dos bancos. No entanto, não podemos perder de vista que estes setores vinham sendo alicerces centrais da consolidação e da manutenção no poder dos “velhos” políticos tradicionais conservadores, parte considerável oriundos da elite econômica do agronegócio local.

Com o avanço das políticas desenvolvimentistas em nível nacional, onde a aliança entre parte dos setores da elite empresarial compunha a composição do governo Lula, complexifica-se a conjuntura política nacional, tendo reflexos diretos nas conjunturas locais. Este governo de composição de forças políticas encabeçados pela aliança majoritária PT/PMDB alterou veementemente o cenário político. Ao mesmo tempo em que as ações em Políticas Sociais empregadas pelo governo atingiam o terceiro lugar em repasse de recursos públicos para investimentos, as relações com os bancos e com o setor do agronegócio cresciam absurdamente. O Brasil se tornou, em menos de dez anos, o paraíso das transnacionais. O investimento do capital financeiro internacional em setores como o da construção civil, setor agropecuário e agroexportador e as mineradoras caminhavam em crescente expansão. Assim como a produção de commodities agrícolas e o avanço das multinacionais dos venenos agrícolas e das sementes transgênicas, aprofundando a hegemonia junto ao mercado de terras e a grande produção agroexportadora.

Estes fatos determinam a conjuntura política no Distrito Federal. Com o “campo” preparado pelas linhas nacionais, em 2006, os representantes diretos dos setores da especulação imobiliária do DF assumem o poder executivo local. A bandeira era clara: o neoliberalismo. Uma das primeiras medidas do governo Arruda/Paulo Octavio foi enxugar o estado. Cortou cerca de 60% do funcionalismo público distrital, reduzindo ao mínimo a centralidade do Estado em termos de condução das políticas de saúde, educação etc.

No entanto, os setores da burguesia empresarial, dos bancos, do agronegócio, dos transportes e das mídias hegemônicas se tornam poderosos instrumentos políticos de influência na vida pública do DF e seu entorno. É justamente neste período, entre 2006 e 2009, que cresce absurdamente o número de empresas nacionais, financiadas também pelo capital estrangeiro, e também multinacionais estrangeiras nos ramos da construção civil/especulação imobiliária e do agronegócio, efetuando imensos oligopólios em rede global.

Em Brasília, a especulação imobiliária, tendo no então vice governador Paulo Octávio seu grande representante, avança a passos largos na ocupação ilícita de territórios. Redes de construtoras civis se unem para executar um projeto político e social bilionário. Bairros inteiros destinados a classe dominante local começam a se erguer. Centros comerciais a serviço do empresariado dominante também avançam nas cidades periféricas.

Ao mesmo tempo, populações indígenas (caso do Santuário dos Pajés) sofrem com a repressão e todo o tipo de intimidação, trabalhadores proletarizados que vivem há anos a espera de um lugar para viver são despejados com força bruta policial, ocupações irregulares de áreas de proteção ambiental, proteção permanente, áreas de mananciais, são feitas corroboradas pelos órgãos ambientais públicos locais, os trabalhadores (as) rurais são criminalizados e forçados a se deslocarem a cada dia para mais longe das fronteiras do DF. Neste período, o projeto do governo era claro, expandir o abismo social entre centro e periferia a fim de avançar com os processos de domínio de uma classe sobre outra.

Aos bancos, cabia a intima relação com os setores da elite urbana e agrária do DF no intuito de canalizar investimentos para assegurar rentabilidade e condições de execução dos projetos imobiliários e agroexportadores em andamento.

Com o colapso político, porém não financeiro, de Arruda e Paulo Octávio, após os episódios de desvios de recursos públicos e da cassação do mandato de Arruda, abre-se o cenário para um possível retorno do PT ao poder. Só que agora, diferente da década de 90, seguindo a linha nacional, dos governos de composição, camuflando a hegemonia neoliberal em curso com a bandeira neodesenvolvimentista. O retorno do PT ao poder se dá como mais um capítulo das bizarras alianças de governabilidade. Com a saída de Roriz do PMDB e o afastamento de Arruda e Paulo Octávio do cenário político eleitoral, abre-se caminho para uma aliança já em curso em termos nacionais, PT e PMDB. No entanto, esta aliança recupera os “velhos” políticos tradicionais, antigos inimigos do PT, criando uma sorte de composição na qual a classe trabalhadora ficou de fora.

No atual momento do governo do Distrito Federal, as linhas políticas nada mudaram. O governo Agnelo/Fillipeli tenta, sem muito sucesso, replicar as políticas sociais encampadas pelo governo federal. Ao mesmo tempo, mantém e aprofunda relações com os setores empresariais urbanos e rurais, consolidando ações iniciadas no período escancarado do neoliberalismo de ARRUDA e PO, este último, com tanta influência política e econômica como nos velhos tempos. Aprofundam-se as contradições. Observamos uma maior criminalização dos movimentos sociais e populares que lutam por terra e moradia. A esquerda partidária organizada não consegue acumular forças e se distancia da classe trabalhadora. A falta de projeto desta esquerda partidária de oposição se evidencia, contentando-se apenas em disputar eleições para tentar assumir o lugar e o espaço dominado pela democracia e suas instituições burguesas.

Enfim, fica o desafio. Para o campo popular, aprimorar as táticas e redefinir as estratégias são fundamentais para combatermos a burguesia econômica. A centralidade na disputa eleitoral já demonstrou não efetivar mudanças radicais na estruturas sociais e políticas. Ter a clareza de quem são os inimigos e por quem são representados é determinante. Porém, mais determinante é caminharmos junto ao povo. Nossa aproximação com a classe trabalhadora do campo e da cidade e a centralidade em trabalhar formação política com a juventude destes espaços pode ser um dos caminhos. Para que possamos derrotar a lógica do Estado burguês, é mais que necessário que nos organizemos para fazer lutas políticas junto a diversos setores da sociedade, como os professores, operários, estudantes e outras classes trabalhadoras.

Por fim, qual nossa estratégia futura? Seremos derrotados por este ciclo e, portanto, faremos parte deste velho ciclo, ou vamos contribuir para construir um novo ciclo de luta política tendo no horizonte a revolução social no Brasil? Fica a reflexão.            

 


Tags deste artigo: conjuntura política df levante df formação

0sem comentários ainda

    Enviar um comentário

    Os campos realçados são obrigatórios.

    Se você é um usuário registrado, pode se identificar e ser reconhecido automaticamente.