A ABRAVIET – Associação Brasil Vietnã promove sua terceira aula aberta com intuito de conhecer o Vietnã, país cujo desenvolvimento tem sido acelerado – embora ainda muito desconhecido.
A primeira foi “Desenvolvimento Asiático e a Ascenção do Vietnã” e contou a participação nomes como Diego Pautasso, Marco Fernandes e Pedro Oliveira. A segunda aula foi intitulada “Leste-Asiático: Agriculta e Desenvolvimento” e contou com os professores Carlos José Espíndola e Paulo Nakatani.
Dessa vez, o assunto será a “A Revolução Vietnamita” e contará com João Carvalho e Emiliano Unzer. A transmissão será pelo Youtube do Brasil de Fato e pelo Facebook do Rede Soberania.
Sob os golpes da chamada Ofensiva da Primavera, iniciada no fim de dezembro de 1974, desencadeada pelas forças do Exército do Povo do Vietnã (EPV) e dos guerrilheiros da Frente de Libertação Nacional do Vietnã do Sul (FLN, conhecida também como Vietcongue, da sua designação abreviada em vietnamita), o aparelho militar financiado e apoiado pelos EUA desmorona-se com uma rapidez que surpreendeu os agentes da CIA no terreno.
Em 27 de abril, a capital do antigo Vietnã do Sul, Saigon (hoje cidade de Ho Chi Minh, em homenagem ao dirigente comunista que inspirou e inspira sucessivas gerações de vietnamitas) encontra-se cercada e progressão da operação foi fulgurante.
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A embaixada dos EUA é evacuada a 29 de abril, em condições que só voltariam a ser vistas em Cabul, em 2021. A rendição incondicional do governo pró-EUA foi difundida pela rádio às 14h30h da tarde.
Cumpria-se uma longa luta de nacionalistas, revolucionários e comunistas vietnamitas pela libertação do seu país, desenvolvida desde o início do século XX, contra o colonialismo francês, os invasores japoneses e o governo neocolonialista do Vietnã do Sul, apoiado primeiro por Paris e depois por Washington.
A luta do povo vietnamita e a sua vitória tiveram um alcance histórico e estimularam a luta anticolonial, sobretudo em África, onde influenciaram particularmente os movimentos de libertação das colônias portuguesas.
Um país em desenvolvimento, econômico e social
47 anos depois, o Vietnã unificado é uma das mais dinâmicas economias asiáticas, assente numa economia mista socialista e orientada para o mercado. Segundo o seu PIB nominal, o Vietnã é a 37ª economia do mundo, mas encontra-se em 23º lugar segundo a paridade do poder de compra (PPC).
Num recente relatório (14 de Abril de 2022) do Banco Mundial (BM), o Vietnã é descrito como um “caso de sucesso de desenvolvimento”. As reformas económicas introduzidas pelo Partido Comunista do Vietnã (PCV) em 1986 (a pouco mais de uma década após o fim da guerra) ajudaram o país a deixar de ser “uma das mais pobres nações do mundo” em apenas uma geração.
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Segundo BM, entre 2002 e 2021, “o PIB per capita aumentou 3,6 vezes” até atingir 3700 USD, ao mesmo tempo que a taxa de pobreza “declinava drasticamente” de 32% para 2%.
Graças aos seus “sólidos alicerces”, a economia vietnamita “provou resiliência a várias crises”, tendo sido dos raros países a crescer o PIB em 2020, durante a pandemia de Covid-19, e o banco prevê que cresça 5,5% em 2022.
Mas nem só de economia vive o homem. Os cuidados de saúde têm melhorado significativamente, bem como os níveis de vida. O Vietnã encontra-se acima da média regional e mundial de cuidados de saúde, com 87% da população coberta.
Os serviços de infraestrutura têm, segundo o relatório, “aumentado dramaticamente”, com a eletrificação a passar de 14% em 1993 para 99,4% em 2019, e o acesso a água potável em zonas rurais a passar de 17% em 1993 para 51% em 2020.
O país propõe-se, segundo o BM, passar de um nível de rendimento médio para um país com rendimento elevado até 2045, ao mesmo tempo que se propõe um desenvolvimento verde e inclusivo, comprometendo-se com a neutralidade carbónica em 2050.