A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Desmonte do DMAE aprovou, na manhã desta segunda-feira (18), o requerimento para convocar Agostinho Meirelles Martins Neto, ex-secretário do governo Eduardo Leite e atual diretor do Banrisul Armazéns Gerais (Bagergs).

Ele foi apontado pelo empresário Luiz Augusto França Pinto, em depoimento no dia 14 de julho, como o suposto chefe do esquema de propina no DMAE, que teria movimentado mais de R$ 400 mil em pagamentos ilegais.

No entanto, a sessão foi especialmente marcada pela ausência deliberada de três depoentes convocados, o que resultou na omissão de verdades cruciais sobre o esquema de corrupção: Darcy Nunes dos Santos, ex-diretor e atual assessor da presidência do DMAE; Valnei Tavares; e Fabrício Tavares, ex-vice-prefeito de Pelotas e aliado político do governador Eduardo Leite.

De acordo com o depoimento de Luiz Augusto França, Fabrício Tavares atuava como intermediário das negociações de propina, Valnei Tavares teria articulado contatos políticos, e Agostinho Meirelles seria o mandante do esquema. Essa não comparecimento impede que detalhes vitais – como as mecânicas exatas das transações ilegais, os beneficiários reais e as conexões políticas profundas – sejam revelados, deixando lacunas na investigação e ocultando potencialmente a extensão da rede de corrupção.

Segundo a presidenta da CPI, vereadora Natasha Ferreira (PT), todos foram convocados por meios legais. No entanto, o despacho oficial de convocação de Darcy Nunes não chegou a ser enviado pela presidência da Câmara, sob a justificativa de extrapolação do prazo legal – uma falha que, para Natasha, expõe uma estratégia orquestrada de obstrução. Tanto esse episódio quanto a ausência dos depoentes revelam uma tática de resistência, apoiada pela base do governo, para travar o avanço das investigações e perpetuar a omissão de fatos que poderiam expor responsabilidades em altos escalões.

“A base do governo mostra, visivelmente, que não quer que a CPI ande. Estamos tratando de denúncias gravíssimas. O não comparecimento dos convocados é um desrespeito à Câmara e à cidade, e resulta na omissão de verdades que a sociedade merece conhecer. Seguiremos cobrando responsabilidade, reconvocando as testemunhas e garantindo que todos sejam ouvidos para que a verdade não permaneça escondida”, declarou a parlamentar.

Além da convocação de Meirelles, os vereadores aprovaram requerimento solicitando à Prefeitura de Porto Alegre a cópia integral da Investigação Preliminar Sumária realizada após as denúncias de corrupção na autarquia, em uma tentativa de contornar as omissões causadas pelas ausências.

Na próxima reunião da CPI, marcada para segunda-feira (25), a investigação segue com oitivas de nomes já aprovados pela comissão, embora as verdades omitidas pelos depoentes ausentes continuem a pairar como uma sombra sobre o processo.