Ladies & Gentlemen: Boss me liga, altas horas de Londres, para me contar, furioso, que Spider, o goleiro do Santos, foi chamado de macaco e “preto fedido” por torcedores do Grêmio. “Eu tinha que falar com alguém, Scott”, disse ele. O que mais doeu em Boss: uma frase de Spider, dita a um pelotão de repórteres depois da partida. “Isso dói”. Boss me disse que a mesma torcida, recentemente, fizera piada com a morte de um jogador que era ídolo do time rival, Fernandão. Se você não respeita a morte, não respeita nada, penso comigo. Que torcida é esta? Por que ninguém faz nada? Faço estas perguntas a Boss no telefone, separados por um oceano e unidos na indignação. Boss me conta que é mais uma entre tantas torcidas que fazem coisas absurdas. A do Almighty, lembra Boss, participa constantemente de brigas selvagens. Recentemente, numa delas, uma pessoa morreu. Foi assassinada. “E ninguém faz nada?” – pergunto a Boss. O silêncio dele é a resposta. Não, ninguém faz nada. Bem, no caso de Spider, reflito comigo mesmo, alguém fez. Ele mesmo. Ao gritar para o mundo que o chamaram de “preto fedido”, o arqueiro do Santos teve um gesto que merece aplausos. Como escreveu Dr. Johnson, o pior pecado depois do pecado é a publicação do pecado. Spider publicou o pecado da torcida do Grêmio. É um primeiro, e essencial passo, para combater o racismo dessa torcida. Sincerely. Scott Tradução: Erika Kazumi Nakamura
Source: www.diariodocentrodomundo.com.br
See on Scoop.it – BOCA NO TROMBONE!
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