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Sat, 03 Aug 2013 11:02:03 +0000

3 de Agosto de 2013, 5:02 , por Desconhecido - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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Uma grande contadora de estórias: VAL McDERMID

by alfredomonte

(resenha publicada originalmente em A TRIBUNA de Santos, em 02 de março de 2010)

“Edith, Tillie e Eddie estavam todos na casa dos oitenta. Pessoas idosas realmente morriam e às vezes jogavam a toalha quando as dores, as mágoas e as fragilidades se tornavam demais para elas. Não, leitor, não são as dores, as mágoas e as fragilidades que dão cabo dos idosos citados, em  Prelúdio para a morte[The Grave Tattoo, 2006, em tradução de Marcia Heloísa Amarante]. É um assassino frio e cruel, que está atrás de um manuscrito que poderia conter um épico perdido do genial poeta romântico William Wordsworth, no qual se contaria a verdadeira história do célebre motim do Bounty, no século XVIII.

Na semana passada (VER  http://armonte.wordpress.com/2013/08/02/um-romance-policial-perfeito-o-enigmista-de-ian-rankin/)  comentei um romance policial do escocês Ian Rankin. Agora é a vez da sua compatriota, Val McDermid, criadora do fascinante Tony Hill, herói da série Rastros da Maldade, e que, aqui, está particularmente inspirada,  tecendo diversas linhas narrativas e entremeando-as de forma muito engenhosa.Tanto que os assassinatos (os quais não são tomados por tais, durante um bom tempo) só começam a dominar Prelúdio para a morte após mais de duzentas páginas. Quem são as pessoas eliminadas? São os descendentes da criada de Wordsworth, Dorcas Mason, encarregada pela família do poeta de “dar sumiço” ao texto embaraçoso,  que poderia envergonhar a família, pois dá uma versão gay ao motim, já contado em várias versões cinematográficas.

Até chegar a esse ponto, o que movimenta o enredo é o corpo de um homem assassinado, preservado por séculos pela turfa, e que poderia ser o líder da sublevação, Fletcher Christian (essa descoberta macabra traz à cena a antropóloga forense River Wilde), o que faz com que a especialista em Wordsworth  Jane Gresham, que vive em Londres num condomínio-favela, onde fez amizade  com a nada convencional adolescente negra Tenille (que pode a qualquer momento ser abusada pelo novo namorado da tia que a cria), volte para sua região natal, Lake District, para levantar a genealogia da família Mason, contando com a ajuda da dra. River, do amigo Dan, e da própria Tenille (que se envolveu com o assassinato do seu assediador e fugiu da capital).

Quando fica evidente  que a morte dos descendentes de Dorcas nada teve de natural, Jane passa a ser a maior suspeita, chegando a ser detida. Ao mesmo tempo, seu ex-namorado,  Jake Hartnell, agora empregado e amante de uma importante negociadora de relíquias e manuscritos raros, aparece para disputar com ela e seu grupo a primazia de encontrar o poema de Wordsworth.

A cada abertura de capítulo, temos uma passagem das anotações do poeta, narrando o aparecimento de Fletcher (que era tido como morto nos Mares do Sul e que só podia levar uma vida clandestina e perseguida na Inglaterra) na sua vida e seus planos para relatar as aventuras e desventuras do amigo num épico.

Assim como Rankin, McDermid mostra-se hábil na confluência entre ação, erudição, elementos contemporâneos (como a figura de Tenille) e um senso de mistério impecável. Prelúdio para a morte é um belo retorno à arte de contar bem uma história e nos entreter por mais de 400 páginas. Pena que Edith, Tillie, Eddie tenham que morrer para termos esse prazer.

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Fonte: http://anisionogueira.wordpress.com/2013/08/03/14776/

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