A foto - Um ministro da corte alta só no sapatinho
Desde os tempos do surgimento da malandragem brasileira, é usada a expressão: - Só no sapatinho. Esta frase significa se dar bem, fazendo algo errado. Bem, vamos aos fatos.
A foto está em todos os jornais. O Ministro austero e doentio, que não se aguentava em pé nas sessões do julgamento da ação penal 470, faz pose e caras, cercado por donzelas bem apessoadas, dançando. Só no sapatinho! Nada de dores nas costas, licenças médicas, remédios. Ou aquele soninho repousante durante o julgamento da ação apelidada de “mensalão”, enquanto os nobres coitados causídicos de defesa se esgoelavam, em defesa dos seus constituídos. Nada disso não. Lá no plenário da corte alta, ele esbravejou com o auxílio da edição criminosa do jornal mais visto da televisão brasileira e vingou a sua teoria do domínio do fato para condenar os líderes máximos do partido de Lula. A elite foi ao delírio estava a um passo de derrocar aqueles que destronaram os governantes comprometidos com o neoliberalismo gestado pelo imperialismo econômico com os resquícios autoritários herdados do regime militar a pouco terminado. Quase conseguiram, só não chegaram lá, porque o povo – aquele que dá legitimidade ao poder – não embarcou nessa canoa. A elite sentiu o contragolpe. Mas o julgador que nunca passou num concurso próprio para juiz não quis saber disso. Tem uma ilusão calcada na sua vertente autoritária. E passou a levar a vida – Só no sapatinho! Mas isto não é novidade, anteriormente, enquanto o povo protestava por melhorias na saúde e educação, em junho, em atos públicos que se iniciaram pelo tema transporte público, o doutor julgador já fora flagrado em pleno Maracanã, com direito a avião pago pelos cofres públicos, torcendo bem acompanhado por figuras de uma rede nacional de televisão. Neste evento, era o apresentador Luciano Huck, cujo pai é advogado. E o julgador torcedor detém atribuição de analisar uma causa em que o pai do Global – é o causídico. No maior estádio do Brasil, ele vibrou quando conseguir encaixar o seu filho num alto cargo na Rede Globo. Mais uma vez - só no sapatinho. Não se discute são seus, os holofotes da grande mídia. Pois anuncia o quer, mas não noticiou a compra pelo douto julgador de um apartamento em Miami no valor de um milhão de dólares! Nesta negociação imobiliária, o julgador, para driblar o fisco, criou uma empresa. O estatuto da magistratura – lei máxima que regra a vida dos juízes – e o estatuto dos funcionários públicos federais vedam a participação deles como sócios em empresas. A grande mídia silenciou. Então mais uma vez – só no sapatinho! O suspeito julgador por conveniência própria esqueceu-se da legislação a que se submetem os plebeus, quando agrediu a sua ex-mulher que o processou em uma Vara de Família e quando insultou e ameaçou um magistrado e soltou os cachorros num jornalista dentro do STF. Tudo isso – só no sapatinho! O que nos constrange é que alguns brasileirinhos evocados por uma revista semanal já o colocavam como o salvador da Pátria. Alguns milicos de pijama já mandaram passar suas túnicas para saudá-lo. Pois agora, a foto da diversão no momento em que vilipendia os direitos básicos constantes da decisão da corte alta e assegurados pela Constituição Nacional dos condenados doentes presos com direito ao trabalho fora da prisão, trancafiados por sua única vontade e obra. E ele, vai assim, só no sapatinho. O certo é que ele crê na sua infalibilidade e na sua impunidade, pois a sua batuta foi abençoada por uma rede nacional de televisão – aquele quase monopólio que domina TVs, rádios, jornais, mídias, revistas, etc.. A mesma Rede Globo, gerada e nascida sob as benesses da Ditadura Militar. Assim segue a vida do ministro da alta corte, e, enquanto não chega ao fim o seu mandato, março de 2014, ele vai pisoteando as mais elementares garantias do Estado Democrático de Direito- assim, faceiro e matreiro: - Só no sapatinho!
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