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ISIDRO FERNANDES LIMA, mestre-alfaiate (meu pai) – Nasceu em 1911.

Versão 4 - Marcos A. S. Lima em 15 de Maio de 2019, 4:04

Essa não é a versão mais nova desse conteúdo.

Licenciado sob CC (by-nc-nd)
ISIDRO FERNANDES LIMA, mestre-alfaiate (meu pai) – Nasceu em 1911.


 

Esta fotografia (acima) de uma lápide que meu irmão paterno mais velho disse pertencer a meu bisavô por parte de pai, Frederico Duarte Ramos (ele disse DUARTE; talvez tenha se enganado), que na verdade aqui consta como Frederico Pereira Ramos, representaria a prova da existência do mais antigo parente meu. Está no Cemitério dos Remédios, em Caxias, ao fundo, à esquerda da capela. A luz do sol atrapalha a leitura, mas usei um editor de foto e consegui ler mais ou menos o seguinte: “Aqui descansa Frederico Pereira Ramos. Nasceu em... (jan)fevereiro de 1843 e faleceu em 10(?) de agosto de 1889 (?). Lembranças de sua filha e genro (?) ....tilde Ramos de Macedo e C. Raphael José de Macedo...”. Foi o que eu entendi. Tenho que voltar lá, ou pedir pra alguém de Caxias verificar os escritos.

Meu mano patrilinear primogênito, José Fernandes Lima Pinduca Neto, nascido em 1938, contou-me, na viagem que fiz ano passado, que este Frederico seria meu bisavô agnático. Tratar-se-ia de um imigrante português, branco. Veio para o Brasil trabalhar com o comércio, instalando-se em Caxias. Uma vez aqui, este senhor teria tido uma filha com a escrava Jacinta, de nome Cecília Duarte Lima, que casou com um tal de Pinduca, um carpinteiro, negro, cujos pais biológicos não conheceu, tendo sido criado por um senhor com o mesmo nome dele, que era mestre geral da mais importante – a que fica na Praça do Panteon - das três fábrica de tecidos de Caxias, na época em que o Maranhão exerceu seu apogeu econômico com a cultura do algodão (1760-1888).

Do casamento (em 1907) da mulata Cecília e do negro Pinduca saem três filhos: o Francisco (que morreu com oito anos – diz-se que devido a ter se estoporado ao tomar café e comido cajá em saguida), o Isidro e o João.


 

Esta foto (no alto) de meu pai, Isidro Fernandes Lima, nascido em 1911, é a que o retrata com idade mais jovem. Deveria ter uns 24 anos - ou menos-, já que eu a retirei do seu Certificado de Reservista de 2ª. Categoria, datado de 1935 (este documento que tenho em mãos é o mais antigo da minha família; está bem danificado, mas conserva quase tudo – em breve pretendo escaneá-lo e postar aqui; tem muitos detalhes curiosos: é escrito a bico de pena, tem um tamanho de um sulfite A4, descreve detalhes do rosto...). Se o pai tivesse servido ao Exército, fatalmente teria sido convocado para lutar junto à FEB (Força Expedicionária Brasileira) na Itália, na Segunda Guerra Mundial, ao lado dos Aliados. Ele me contava que alguns de seus colegas de infância que foram lutar na Europa jamais voltaram, outros retornaram como heróis e passaram a ter alguns benefícios sociais pagos pelo governo.

Consegui convencer meu mano mais novo (Isidro Junior), no ano passado, quando passei o Natal em sua casa, em Brasília, que dois documento do nosso pai que ele guardara – são agendas de bolso com anotações à caneta e lápis grafite -, serviriam de fonte para minhas pesquisas acerca da história de nossa família, e ficariam bem guardadas para nossa consulta. Tem bastante anotações sobre a contabilidade e história de sua alfaiataria, suas finanças pessoais, nomes de pessoas, datas importantes da família, etc. Em breve detalharei aqui. Ainda estou em fase de interpretação, uma vez que são documentos incompletos: faltam algumas páginas, têm escritas ilegíveis, sobrepostas umas às outras. Também tenho que comparar o que está escrito lá com a historia oral que pretendo colher de meus irmãos e contemporâneos de Seu Isidro. Mas, aos poucos, vou colocando aqui algumas conclusões, afinal, não é todo dia que se pode realizar uma viagem de 3 mil quilômetros só para estudar história.

Pois bem – e esse “pois bem” me lembra muito ele. O Sr. Isidro estudou apenas o Primário, mas era um Primário que valia pelo Ginásio, o equivalente hoje ao Ensino Fundamental. Papai torna-se aprendiz de alfaiate em 1925. Em 1933, já trabalha por conta própria na casa dos pais. Em 1938 casa-se com a senhora Rita e, em 1941, monta sua primeira alfaiataria. Teve um período em que ele foi funcionário público municipal. No seu Certificado de Reservista consta como profissão essa ocupação. Tenho que descobrir por quanto tempo, o que ele fazia, etc.



 

 

Meu pai escreveu, a bico de pena, no verso desta foto acima: “Aos meus queridos pais, ofereço esta foto como lembrança dos meus 37º. aniversário de natalidade, ocorrido em 15/05/48. Foto tirada em XXIX-VIII-XLVIII”. Treze anos mais tarde ele perderia ambos os pais no mesmo ano, primeiro ela, por “súbita intoxicação do fígado”, segundo sua própria escrita; nove meses depois, o vovô falece - tenho que perguntar pra alguém sobre o mal que o levou, aos 89 anos, segundo ouvi dizer.

 

 

No alto, o retrato traz: no centro, em pé, ao fundo, o mestre Isidro e seus aprendizes da oficina de alfaiate, localizada na Praça da Matriz, centro de Caxias – 1961. Esta parece ter sido a 10ª. das 15 vezes em que teve que mudar o endereço do trabalho em meio século de profissão.

 

Estão posando na foto acima, da esquerda para a direita, papai, amigo José Tomaz e meu tio, único mano do pai, João da Providência; ao fundo, o Cristo da Praça da Matriz de Caxias. Lê-se, no verso da foto, escrito a caneta pelo papai: “1962. Reminiscências de perfeita união. Esta foto foi feita em 1º. de julho de 1962 como prova de sincera e cordial amizade entre os três componentes da referida fotografia. Amizade nascida da infância e conservada até os dias de hoje”. Note que, abaixo, Seu Isidro anotou os anos de nascimento de cada um deles.

 


Não sei a data desta foto aí em riba. Calculo que ele deveria ter uns 56 anos, bem na época em que nasci. Em 1965, Rita, a primeira esposa do mestre Isidro, falece (acredito que devido a complicações de um câncer). No ano seguinte, meu pai começa a viver com mamãe. Em 1970, fica viúvo novamente. Segundo relatos, ele até que tentou casar-se outra vez, principalmente para dar um melhor cuidado a seus dois órfãos de três anos (eu) e um ano e meio de vida (Isidro Junior). Mas quem ajudou a nos criar mesmo foi nossa irmã-mãe, Fátima, a mais nova do primeiro casamento – na época ela tinha 16 anos.

Os 17 anos que convivemos, depois da perda de mamãe, com este pai-mãe-avô (todos nossos avós também não eram mais vivos) foram inesquecíveis, essenciais na nossa formação. Embora eu não percebesse – só depois de sua perda é que fui juntar as “peças”-, as existências das vidas minha e de Isidrinho no seu derradeiro quarto de vida, mesmo com o aumento das dificuldades financeiras acarretadas pelo decréscimo da profissão de alfaiate, causada pela modernidade e facilidade de aquisições de roupas prontas, devem ter sido razão de sua vontade de viver. Acredito que nossas vidas, sem a mãe, aumentaram seus esforças para tentar dar-nos as necessidades básicas, e deve ter sido motivo de resistência de um organismo bastante debilitado pelo hábito do tabagismo desde – calculo -1945. Aposto na idéia de que as causas que levaram o mestre Isidro a procurar outra esposa (mamãe) um ano depois de viúvo tenham sido pra tentar não se abater com tão importante perda.

É admirável sua força de vontade. São muitas as lembranças dele trabalhando até tarde da noite na sua máquina de costura. Quantas vezes eu não me espreguiçava na rede, lá pelas 5 da matina, quando abria os olhos e o via de pé naquele balcão, cortando o tecido com seu tesourão?! Ah! Tenho muitas recordações. Lembro-me do manequim – como eu tinha medo de olhar pra ele quando ia deitar! -, do “bandido”, nome que eu e "Isidim" demos a um objeto elíptico feito de pano para apoio na hora de engomar a roupa. O velho balcão de madeira... Parece que estou abrindo-o agora - devia ter uma medida de 2 m x 1m x 1m. Posso ver, no seu interior, na parte de cima, as réguas de várias formas, os gizes coloridos, os alfinetes, as agulhas, a carretilha, algumas fazendas, o óleo Singer, os carretéis de linhas, a tesoura de dente, o dedal, tiras de panos. Havia dentro do balcão também uma caixinha de madeira velha (talvez medisse 20 cm x 10 cm x 5 cm). Chamávamos-na de caixa de jóias – na verdade, era guardado ali um terço antigo, com bolinhas pretas; a figura pintada de um santo, feito em um objeto de osso, do tamanho de um calendário de bolso (esses dois primeiros objetos pertenceriam à mamãe); outras coisas que não me lembro e, no fundo, meio que escondido, umas moedas antigas de Réis (por que não peguei uma?). Posso ver bem nítido, na parte de baixo do balcão, alguns livros velhos (uma vez folheei um, era de geografia, tinha as páginas bem amareladas e algumas comidas pelas traças - papai estudou-o no Primário); outros livros amontoados num pacote (deveria ter uns dez), novos, de capa amarela – o pai falou que eram poesias, escritos e enviados por sua irmã de criação, Maria Dalva, cadeirante, que veio morar em Foz do Iguaçu há muito tempo. E lá no canto, enroladas num pano velho, nossas "metralhadoras" feitas de madeira (não sei quem as fabricou, mas um dos responsáveis parecia ser o “Zé Osso”, acunha do José Wilson, colega nosso de infância, filho do seu Zé, o barbeiro; eu convenci meu pai de que ali era um bom lugar para se guardas nossos brinquedos – na verdade, estávamos influenciados pelo seriado de tevê SUAT, que assistíamos sempre nas quartas-feiras, se não me falha a memória, no único canal que pegava ali – Globo, é claro -, nas casas de poucos vizinhos que tinham televisão, geralmente numa turma, sentados no chão; os que ficavam com as “metralhadoras” eram os mocinhos, eu sempre queria ser o policial “DJ” – Caramba! Aquela musiquinha ainda tá na minha mente, parece que ouvi ontem).

Como às vezes eu era impaciente quando ele me pedia pra enfiar a agulha, ou passar a linha na bobina da máquina! Eu não entendia que seu astigmatismo, mesmo com aqueles óculos de armação preta, o dificultava a realização daquele trabalho. Sua imagem, sentado naquela cadeira desconjuntada de couro de boi, esburacada, mas com uma almofada de pano, a pedalar a máquina de costura (com marcas de queimadura de cigarro), os óculos caídos, careca, a barba por fazer, às vezes sem camisa, devido o calor escaldante que deixava aquele corpo franzino suado, talvez pudesse ilustrar a capa, se isto aqui fosse um livro. Em muitas oportunidades eu ia entregar roupas aos clientes. Às vezes tinha algum cliente rico, como o deputado Aluízio Lobo, que foi padrinho do “Isidim”. Eu sempre ouvia dizer que o mestre “Zizi” (apelido do pai) fazia um dos melhores ternos da cidade. Lembro de três aprendizes dele: o “Baratinha”, o Juvenal e o Raimundo. Esse primeiro, segundo o Isidro Junior me falou, trabalhou, ou ainda trabalha, na alfaiataria do Senado Federal.

A sala, que de dia era a oficina de alfaiataria e à noite nosso quarto, tinha quatro escapas fixadas nas paredes para armarmos as redes minha, do pai e “Isidim”; um espelho colonial de tamanho médio pendurado na parede, ladeado por duas folhinhas presas por pregos, uma de São José (antiguíssima) e outra de Santa Luzia; um colar bem grande do Cristo, feito de olho de boi, bem como um pôster do flamengo de 1978. No canto, de frente para o balcão, estava o manequim, ao lado de uma cadeira velha que não servia mais para sentar (tinha umas coisas nela que não me lembro) e o famoso tamborete grande do pai. Em baixo do manequim e da cadeira velha estavam sempre o litro de querosene, o ferro de passar roupa (a carvão) e a lamparina; teve ocasião que cheguei a ver uma garrafa de cachaça com raízes dentro, embora meu pai bebesse mais cervejas, quando o tio Joãozinho vinha pegá-lo no seu corcel verde pra sair pros cabarés em algumas datas especiais – confesso que minha impaciência, quando o via bêbado, deitado na rede, sempre chegava ao extremo: sua agonia, as câimbras nas pernas que eu e meu irmão menor tínhamos de curar com a escova, dava-me nos nervos, pois eu sempre temia que ele morresse daquilo).

Era comum, sempre que tinha frango cozido, eu e Isidrinho ficarmos esperando o osso da coxa do frango que ele sempre nos dava. Sentado na cabeceira da mesa, ladeado por nós dois, papai às vezes tirava do seu prato para nos dar de comer. Mas os dias foram ficando piores. É claro que nós, pequenos, não entendíamos, mas a fome e o estado de misérias aumentavam. Não tínhamos geladeira, nem fogão a gás. Sempre se cozinhava com carvão. Cansamos de fazer caieira de carvão na beira do Rio Itapecuru. Eu detestava ter que carregar os paus lá da serraria do “véi Nena”, bem como a palha de arroz da usina do Seu “Dico” Assunção, até a beira do rio pra fazer o carvão. Mas duro mesmo era colhê-lo. Teve até um tempo em que fizemos tanto carvão que chegamos a vender na porta de casa (acho que a lata do precioso combustível custava 5 cruzeiros). Ah! Era chato ter que abanar o fogareiro (nossa irmã sempre nos chamava para fazer isso). Eu achava melhor quando era no de barro – tinha a boca maior, e o vento entrava mais fácil que o de ferro. Como reclamávamos das faíscas no nosso rosto e das cinzas nos cabelos! E na hora de botar o cofo de lixo pra fora?! Ave Maria! Tinha formigas e era pesado. Ainda bem que o monturo ficava a menos de 200 metros de casa! O lado bom dessa última tarefa era que às vezes encontrávamos no lixão alguns materiais para fazermos nossos brinquedos, como sandálias japonesas velhas, arames e latas de sardinhas (dava um ótimo carrinho). Às vezes tínhamos que catar ferro velho, garrafas e alumínios para vender (na verdade, eu sempre tive vergonha desse serviço). “Isidim” sempre foi mais esforçado para todas essas tarefas.

Às vezes passávamos o dia todo sem comer nada, só com o café com farinha de puba no estômago. Nós chorávamos de fome. Não entendíamos, é claro. Era comum o pai fazer um pacotinho de papel, colocar farinha branca e açúcar, e nos dar: “era pra enganar a fome”, dizia-nos, certamente com seu estômago e pensamento revirados sem entender o porquê de não aparecer serviços. Eu notava a vergonha que tínhamos de dizer que passávamos fome: “os vizinhos vão falar”, era o que eu ouvia. Muitas vezes o almoço era só arroz misturado com abóbora, ou baião de dois (arroz misturado com feijão). Quantas vezes eu comia “sem gosto”?! Acho que foi por essa época (com uns dez anos), influído pelos amigos, que ajudei a furtar uma lata de sardinha na quitanda, e outra vez, sozinho, peguei um pacotinho de biscoito Triunfo, de chocolate, nos Supermercados Bezerra – fui pego, e a vergonha que passei foi decisiva pra eu ver que esse não seria meu caminho. Depois de crescidinhos, podíamos ir pescar e, quase sempre, trazíamos uns peixinhos pra fritar – aí a comida descia que era uma beleza. Quando aparecia um cliente na oficina do pai, nossos estômagos roncavam diferentes, pois sabíamos que a possibilidade de ter uma carninha naqueles dias era grande. Quando não dava, comprávamos tripa de boi pra fazer com feijão, ou panelada (mocotó, tripa e bucho de boi). Um sarapatel de porco ia bem. A fritura de miúdos do boi (úbere de vaca e passarinho) também era alternativa.

O mestre “Zizi” gostava de ir aos bailes na União Artística Operária Caxiense, onde era sócio benemérito desde 1970 (tenho o diploma dele aqui). Muitas vezes eu e o “Isidim” ficávamos acordados esperando ele vir da festa – estávamos acostumados a dormir consigo e também ficávamos com medo de que ele voltasse bêbado. Aqui e ali, sobretudo quando estava num cabaré, ou quando retornava deles, o mestre Isidro se mostrava mais alegre e até dançava um pouco. Lembro-me que ele gostava de ouvir Nelson Gonçalves.

Era homem religioso. Todo domingo levava-nos, os dois filhos menores, para assistir a missa na igreja da matriz. Quando adoecíamos, papai mandava-nos pegar remédio na farmácia do tio Joãozinho. Em 1983 mandam-me para casa do irmão mais velho, no Piauí. O Isidro Junior vai morar com nosso mano uterino em Santa Inês, local pra onde vou também um ano e meio mais tarde. Nesse ínterim, o papai é operado de hérnia inguinoescrotal. Depois desse período, até 1987, eu via meu pai só quando podia passar férias lá. Em 1986, no Natal, saio da casa do irmão e rumo à minha primeira viagem ao Sul do Brasil. Essa viagem dura dois meses. De fevereiro a julho eu fico em Santa Inês. Vou pra segunda viagem ao Sul e retorno em setembro indo pra Caxias.

Quando chego a Caxias, noto que a situação de meu velho não era nada animadora. Papai já contava 76 anos (foto acima). Estava deitado numa rede. A operação que fizera parece que não resolvera muito. Decido, então, levá-lo pra Teresina, onde morava outro filho dele, a fim de que o internássemos num hospital para realizar exames. O trajeto que fizemos, a pé, de casa até o local onde entraríamos no ônibus (uns 400 m) foi lastimoso. Ele mal podia caminhar, dava um passo, depois outro. Eu o conduzi segurando no seu braço. Quando chegamos à esquina da Rua Teixeira Mendes (local um pouco alto), donde se tinha uma visão panorâmica de nossa casa, do rio ao fundo, ele parou, olhou pra trás e me disse que estava com um pressentimento de que achava que estaria vendo aquele lugar pela última vez. Pude notar lágrimas nos seus olhos, ao mesmo tempo em que o animava dizendo – e segurando-me pra não chorar também - que ele estava enganado e que no dia seguinte mesmo estaríamos de volta depois de o médico passar alguns remédios pra ele, afinal, eu não aceitava qualquer pensamento ao contrário, aliás, lembro-me bem agora, quando minha mente principiava-se a imaginar um cenário sem meu pai na minha vida, eu sempre cortava tal idéia antes de seu final. Suas palavras foram mais ou menos assim: “Meu filho, deixa-me olhar pela última vez nossa casa, nosso lugar, pois acho que não voltarei vivo aqui”. Ele estava certo. Quinze dias depois faleceu num hospital em Teresina. O diagnóstico de enfisema pulmonar atestou que o cigarro o matou.

 

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Postado por Marcos "Maranhão" em 30 de dezembro de 2007, às 17:29h