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Moisés Basílio

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Blog do Moisés Basílio

3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.
EXPERIÊNCIAS POLITICAS E EDUCATIVAS - Informações, Reflexões e Ações desenvolvidas pelo Professor Moisés Basílio nos espaços de Aula e no Mundo

ENTREVISTA COM O EDUCADOR TIÃO ROCHA SOBRE AS TENSÕES ENTRE EDUCAÇÃO E A ESCOLA FORMAL

14 de Outubro de 2012, 21:00, por Moisés Basilio Leal - 0sem comentários ainda
Comentários de Moisés Basílio
O educador Tião Rocha em suas falas e nas diversas atividades educativas que realiza sempre nos propõe questões instigantes. Questões nascidas das suas experiências em tratar com a educação. 
Tião que já esteve dentro da "escola formal", rompeu com ela e hoje atua num campo educativo fora da "escola formal", o que ele nomeia ao final da entrevista de espaço de política pública não governamental. Meu percurso foi o inverso. 
Até aos 33 anos sempre trabalhei com a Educação Popular, fora da escola formal, nos espaços públicos não governamentais. Minha experiência dentro da "escola formal" não foi tão ruim como a que o Tião Rocha relata na entrevista, mas confesso que não gostava das formas e fôrmas dos currículos da escolarização e também tive meus conflitos com eles. 
O convencimento da importância da "escola formal", para mim, foi suscitado quando foi eleita prefeita em minha cidade Luiza Erundina e o grande mestre Paulo Freire, minha referência principal na Educação Popular, assumiu o cargo de secretário de educação municipal e se dispôs a articular Educação Popular e Educação Pública, no sentido de construir uma política pública educacional para a cidade.
Minha diferença principal com o Tião Rocha é essa, a posição geográfica de onde se faz a crítica. Eu busco transformar a "escola formal" por dentro, e ele por fora. Mas, estamos no mesmo combate para transformar a Educação em nosso Mundo, Tião Rocha apertando o cerco e eu dentro do cavalo de Tróia. 
Fonte: Sítio do jornal Folha de S. Paulo, 26/11/2007 - 02h30

Para educador, escola formal não serve para educar

UIRÁ MACHADO
Coordenador de Artigos e Eventos da Folha de S.Paulo

"A Escola formal não está só na forma. Está dentro da fôrma. O pior é quando está no formol. É um cadáver." É assim que o educador mineiro Tião Rocha, 59, vê o ensino convencional, de cujos métodos e conteúdos se afastou há mais de 20 anos para experimentar processos alternativos de educação.

À frente do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento desde 1984, Rocha sempre persegue "maneiras diferentes e inovadoras" de educar, alfabetizar, gerar renda. Ele distingue educação de escolarização e busca um sonho: escolas que sejam tão boas que professores e alunos queiram freqüentá-las aos sábados, domingos e feriados. "Se ninguém fez, é possível", diz.

Folha - Toda a sua história como educador é feita do lado de fora das escolas convencionais. Qual é o seu problema com a escola formal?
Tião Rocha - Se eu tivesse um analista, isso seria um prato cheio para ele. Comecei a ter problemas com a escola desde que entrei, aos sete anos.

Logo no primeiro dia de aula, no Grupo Escolar Sandoval de Azevedo, Belo Horizonte, a professora Maria Luiz Travassos nos levou para a sala de leitura, pegou um livro, "As Mais Belas Histórias", da dona Lúcia [Monteiro] Casasanta, e começou a ler: "Era uma vez um lugar muito distante, onde havia um rei e uma rainha (...)".

Eu levantei a mão e falei: "Professora, eu tenho uma tia que é rainha". Ela desconversou, pediu para eu ficar quieto. Ela prosseguiu a história. Depois que a interrompi duas ou três vezes, ela me mandou calar a boca e ir falar com a diretora, dona Ondina Aparecida Nobre.

Ela me deu um tranco, perguntou se eu queria ser expulso. A partir daí, eu sempre inventava coisa para matar a aula. Nunca tive uma escola boa. Nunca tive prazer na escola, mas sempre quis aprender.

Quando fui para a faculdade, estudei história e antropologia, fui resgatar a história da minha tia, que era rainha do congado.

Para pagar os estudos, eu precisava trabalhar. Fui dar aula e me dei conta de que, se eu achava aquilo chato, meus alunos também, porque eu era um reprodutor da mesma chatice.

Folha - E você conseguiu mudar?
Rocha - Não. Criava jeitos diferentes de trabalhar com os alunos, inovava, mas, no fim, era uma experiência muito reformista. Ela começou a ser transformadora quando aconteceu o fato com o Álvaro, minha primeira grande perda [o garoto, excelente aluno, se suicidou].

Aí eu falei: "Opa! Não adianta querer que os meninos aprendam história se eu não consigo aprender a história da vida deles". Então comecei a deixar de lado não só a forma mas também o conteúdo.

Por exemplo, pedia aos alunos para pesquisarem em casa: sobre cantiga de ninar, expressões populares, jogos etc. Um pai chegou para mim e disse: "Vim te agradecer, porque eu tinha um problema de relacionamento com meu filho, mas agora ele apareceu querendo saber sobre as brincadeiras de quando eu era criança e começamos a conversar, a brincar".

Eu nem sabia que aquele negócio estava ajudando a aproximar pais e filhos. Aí eu fui me libertando dos conteúdos cheirando a mofo e comecei a ver que estava partindo para uma outra coisa. Esse processo foi evoluindo na reflexão sobre o que é deixar de ser professor e virar educador. O professor ensina, o educador aprende.

Folha - E então o sr. começou seus projetos fora da escola, debaixo do pé de manga. Mas o sr. acha que a escola formal serve para alguma coisa?
Rocha - Ela serve para escolarizar. Ela dá um determinado tipo de informação e de conhecimento que atende um determinado tipo de demanda, um determinado tipo de modelo mental de uma sociedade que aceita, convive e não questiona.

Folha - Essa escola educa?
Rocha - Não. Ela escolariza. Uma coisa é falar em educação, outra é falar em escolarização. A maioria das pessoas que estão cometendo grandes crimes são pessoas escolarizadas. Então, que escola é essa? Para que ela serviu? Não ajudou nada, mas escolarizou.

E essa escola continua sendo branca, cristã, elitista, excludente, seletiva, conformada. Ela seleciona conteúdos, seleciona pessoas, mas não educa.

Folha - O que significa a escola ser branca?
Rocha - Por exemplo, eu nunca tive aula sobre os reis do Congo, mas tinha aula sobre todos os Bourbons, reis europeus.

Folha - E conformada?
Rocha - A escola não permite inovação. Ela é reprodutora da mesmice. A escola formal não está só na forma. Ela está dentro da fôrma. O pior é quando ela está dentro do formol. É um cadáver. O conteúdo da escola está pronto e acabado. Os meninos que vão entrar na escola no ano que vem, independentemente de quem sejam, aprenderão as mesmas coisas, do mesmo jeito. Aprendem o que alguém determinou que tem que ser aprendido.

Folha - O que está errado com o conteúdo?
Rocha - Recentemente, uma menina de nove anos, lá em Curvelo, virou para mim e disse: "Tião, vou ter prova e esqueci o que é hectômetro". Eu disse a ela que ninguém precisa saber o que é isso, que não se preocupasse, isso não cairia na prova. Perguntei se ela sabia o que era centímetro, metro, quilômetro. Ela sabia. "Pronto, tá bom demais, você vai viver a vida inteira mais 15 dias e não vai acontecer nada", disse para ela.

Passados uns dias: "Me ferrei. Caiu na prova e eu não sabia". Peraí: criança de nove anos tem que saber isso?

Isso é conhecimento morto. Mas se eu pergunto se eu posso ensinar outra coisa, não posso. O que posso é ensinar as mesmas coisas de um forma diferente. No conteúdo não pode mexer. O vestibular cobra. É um processo seletivo que vai determinando e excluindo, afunilando, dizendo que, para entrar aqui, precisa pensar desse jeito, nessa lógica. Do ponto de vista da escolarização, tá indo muito bem. Agora, se tá educando ou não, ninguém discute.

Quando uma criança é entrevistada e diz que é de determinado projeto porque quer ser alguém na vida, já sei que ela foi pessimamente educada. Um menino que aos 12 anos acha que não é ninguém na vida não tem mais auto-estima. Ele não é ele. Ela vai ser. É sempre um projeto adiado para o futuro.

Folha - Como deveria ser a educação?
Rocha - Um projeto de vida, não de formação para o mercado. A lógica da vida não é ter um emprego. Será que é possível construir um processo de uma escola que incorpore valores dignos, que passe a perceber que a ciência precisa estar condicionada a esses valores, que a tecnologia precisa estar condicionada a esses valores, que elas não podem ser determinantes dos valores humanos?

Ter analfabetos não pode ser um problema econômico, é um problema ético. A experiência que a gente vem desenvolvendo no CPCD é saber se é possível fazer educação de qualidade. Claro que é. Só que você tem que botar uma pergunta que a gente sempre faz. É o MDI: "de quantas maneiras diferentes e inovadoras eu posso"... O resto você completa com uma ação: educar, alfabetizar, diminuir a violência, gerar mais renda.

Quando a gente começa a fazer isso, aparecem 70 sugestões para alfabetizar, por exemplo. Vamos tentando uma por uma. Funcionou? Não? Risca. E vamos para a próxima. Quando chega na última, já tem mais tantas outras. Você não esgota o seu potencial de soluções para as crianças aprenderem.

Folha - Até onde vale criar soluções?
Rocha - Na educação, qual é a melhor pedagogia? É aquela que leva as pessoas a aprender. Na escolarização, a melhor pedagogia é aquela que dá mais sentido para quem a aplica.

O CPCD foi secretário da Educação de Araçuaí. Lá tinha um problema: os meninos demoravam duas horas no ônibus. O que a gente fez? Colocou educadores no ônibus. Qualquer secretaria de Educação pode fazer. É só sair da caixa.

Uma outra questão é o acesso aos livros. Há muitos anos, acompanhei a trajetória de dez crianças em Ouro Preto num período de seis, sete anos.

Como eu sei se um aluno é da primeira, da segunda, da terceira série? É pelo tamanho da pasta. No primeiro ano, traz até uma mala. Leva tudo. Depois, vai deixando. No ginásio [quinta a oitava série], eles não levam quase mais nada. No colegial, às vezes leva só uma canetinha.

Eu me perguntei se os livros perderam o encantamento ou se foi a escola que não soube mantê-los encantados. Juntei um monte de livros em baixo da árvore e mandava a meninada ir lendo. Em volta, deixava montinhos de sucata e escrevia uma placa: música, teatro, artes plásticas, literatura. Tudo que o menino lesse, tinha que ir numa direção e fazer música, teatrinho etc. É um jogo. Ler e transformar, do seu jeito.

Eles ficavam lá a tarde inteira. Vinha gente de longe. Agora, por que será que esses meninos nunca tinham entrado numa biblioteca da escola? Porque ele não tinha prazer em entrar na biblioteca. Quando ia ler um livro, tinha que dissecar a obra, classificar o texto, responder a dez perguntas sobre aquele negócio. Em baixo da árvore, ele não tinha que responder a pergunta nenhuma. Era prazer, e não dever. Os livros não perderam o encantamento, portanto.

Eu nunca li e detesto Machado de Assis. Por quê? Porque tive que fazer anatomia do livro. Achava um saco. Até hoje não consegui romper com isso.

Folha - Como enfrentar a falta de leitura?
Rocha - Faz chover livro na cabeça dos meninos. De todo jeito. Bornal de livros, algibeira de leitura, folia do livro, banco de livros, livro no ponto de ônibus. É igual propaganda. Como você quer que o cara não tome Coca-Cola? Vamos botar esse apelo para o livro. A gente foi tirando os meninos do estado de UTI. Vale tudo. É ético? É. Então, vale. Se nunca foi feito, a gente faz. Se errar, não tem problema. Temos que aprender.

Folha - Como você mexe no conteúdo? Tem um conteúdo básico?
Rocha - Claro. Tem que ter alguma coisa para começar. Precisa aprender os códigos de leitura, a a raciocinar e fazer cálculo, as quatro operações básicas. Mas não precisa saber o que é hectômetro.

Folha - Como diversificar? Ou por que diversificar?
Rocha - Há uns 20 anos, eu trabalhava bem no sertão. Tinha um projeto do governo para combater a doença de chagas na região. Parecia muito bom, as casas de adobe seriam substituídas por casas de cimento com condições de pagamento bem favoráveis. Mas não houve adesão dos moradores.

O que os engenheiros não percebiam é que as casas pareciam um forno de tão quente. O pessoal do projeto dizia: "É uma questão de adaptação". Eu respondia: "Não começa, não. A casa de adobe resolve muito bem a questão térmica. Por que não fazem casa de qualidade com adobe naquele sertão?". Eles disseram que não sabiam fazer, que não aprendiam isso na faculdade de engenharia.

Fiquei imaginando: eles não foram formados para fazer casas dignas para a população. Querem fazer em São Paulo e no sertão uma casa do mesmo tipo. Que lógica é essa? É a lógica do modelão.

Hoje, entrou na moda fazer casa de adobe, é ecológico. Engraçado. Antes, as pessoas faziam casa assim. Aí vieram, cortaram a tradição, impuseram o modelão e, agora, querem voltar ao que se fazia antes, mas travestido de conversa nova.

Folha - Você é contra todo tipo de forma universalizante?
Rocha - Como padrão único, claro.

Folha - Você é a favor de uma transformação constante?
Rocha - Da diversidade permanente.

Folha - De uma pedagogia específica para cada pessoa?
Rocha - Não. O que não pode é aprender uma única coisa, todo mundo igual. Mas não é "cada um faz o que quer". O que não pode é dar pesos desiguais, ou seja, negar ou excluir coisas em função de critérios que são absolutamente ideológicos.

É possível criar uma sociedade polivalente, diversificada? É, porque não foi feito ainda. Se ninguém fez, é possível. Isso é o que eu chamo de utopia. Utopia para mim não é um sonho impossível. É um não-feito-ainda, algo que nunca ninguém fez.

É possível aprender brincando? A escola tem que ser o serviço militar obrigatório aos sete anos ou pode ser prazerosa? Aí eu coloco um indicador: a escola ideal deve ser tão boa que professores e alunos desejem aulas aos sábados, domingos e feriados. Hoje, temos exatamente o contrário.

Os meninos estão no século 21 e a escola está Idade Média. A escola é a única instituição contemporânea que tem servos, tem serventes, pessoas que estão lá para nos servir. Nem em banco tem isso, lá são "auxiliares de serviços gerais".

Quando eu trabalhava na Universidade Federal de Outro Preto, por acaso eu virei pró-reitor. Acabei indo a uma reunião de pró-reitores com o secretário da Educação. Aquele discurso enfadonho estava me enchendo o saco, até que eu disse: "Nesse país, uma escola nunca teve crise de aprendizagem: a escola de samba.

Uma assessora do secretário disse que aquilo era inadmissível e perguntou se eu achava que a escola pública tinha que ser "aquela bagunça". Eu respondi: "Tô vendo que a sra. não entende nada de escola de samba. Na escola tem disciplinador, não tem? Pois na escola de samba tem diretor de harmonia". Entende? Uma coisa é cuidar da disciplina, outra coisa é cuidar da harmonia.

Folha - Como nasce uma nova forma de ensinar?
Rocha - Ou da dificuldade ou da pergunta. Somos movidos por uma pergunta, que vira um desafio, que vira uma encrenca. É possível educar debaixo do pé de manga? É possível criar agentes comunitários de educação? Vamos ficar pensando ou vamos aprender fazendo? Vamos aprender fazendo.

A primeira coisa que a gente fez foram os "Não Objetivos Educacionais". Porque formular um objetivo é muito simples: basta colocar um verbo na forma infinitiva e depois encher de lingüiça. O nosso verbo é o "paulofreirar", que só se conjuga no presente do indicativo: eu "paulofreiro", tu "paulofreiras" e por aí vai. Não existe "paulofreiraria", "paulofreirarei". Ou faz agora ou sai da moita. Ação e reflexão, agora.

As respostas vão sendo testadas e viram novas metodologias, pedagogias. Assim surgiu a pedagogia da roda, por exemplo, como um jeito de combater a evasão dos meninos. Não podemos perder os alunos, precisamos mantê-los interessados.

Folha - Seus métodos são tão abertos a ponto de aceitar que uma criança queira aprender na escola formal? Ou você quer acabar com a escola?
Rocha - Eu não quero acabar com a escola. Ela é muito mais importante do que parece. Ela tá longe de esgotar seu repertório, não usou nem 10% das possibilidades. Mas, para isso, ela precisa ter a ousadia de experimentar. É uma lástima dar às crianças só o que a escola formal oferece. É muito pouco.

As pessoas querem tirar os meninos da rua e levar para a escola --só se for para prender, porque para aprender não serve. É muito chato. Por que, em vez de tirar da rua, não mudamos a rua? Lugar de criança é na escola, na rua, em todos os espaços. Todos os espaços podem ser de aprendizado. Há experiências de cidades educativas muito legais.

Folha - Como é sua relação com os governos?
Rocha - Eu não vejo muita diferença. Todos eles estão dentro da mesma caixa, só muda a cor. A escola que tem agora não é muito diferente da de oito anos ou 20 anos atrás. Vai só pintando a fachada. A lógica, o processo, a metodologia muda muito pouco, no geral. A gente não consegue estabelecer alianças com os governos porque incomoda pensar fora da caixa. Se incomoda, são refratários. Então a gente vem aprendendo a fazer política pública não-governamental.



UM EMPATE QUE DEU RAIVA

29 de Agosto de 2012, 21:00, por Moisés Basilio Leal - 0sem comentários ainda

Fluminense 1 x 1 Corinthians, quarta-feira, 30/08/2012

Por Moisés Basílio

Chegando de uma curta viagem pelo cerrado mineiro, mais precisamente a região que compreende o Triângulo Mineiro e o Vale do Paranaíba. Passei pelas cidades de Uberaba, Araxá, Patos de Minas e Lagoa Formosa. Terras de meus ancestrais. Axé!

Não assisti a derrota do Corinthians no último fim de semana. Pelo poder conferido à Rede Globo de televisão essa região do Brasil, onde estava, faz parte da supremacia carioca. Portando, estando em Minas Gerais no último domingo imaginei que assistiria ao clássico Cruzeiro x Atlético. Ledo engano, acabei assistindo Flamengo x Botafogo. Um absurdo desse monopólio da TV. Mas, felizmente não vi a derrota do Timão. 

Hoje, infelizmente,  sou obrigado a assistir ao jogo do Corinthians pela televisão, pois pela minha vontade estaria no Engenhão. O que me irrita é a mediação dos locutores e dos comentaristas que fazem ruídos e atrapalham durante a transmissão dos jogos. Tenho meu próprio jeito de ver o jogo e não gosto de intromissões.  Os mais infelizes em seus comentários são os ex-árbitros.

Abaixei o volume da TV e apelei para o rádio. Mas a maioria das emissoras estavam transmitindo o jogo do Porco x Lusa. Voltei a aumentar o som da TV, mas no primeiro comentário do desgraçado do ex-árbitro mudei para a Band. Melhor aguentar o chato do Neto, que tantas alegrias me deu quando jogar do Timão e que me dá tristeza como comentarista e a conhecida voz do Luciano do Vale com seus refrões batidos. 

Jogo difícil. O Fluminense tem um time tinhoso e armado de forma ardilosa pelo competente Abel Braga. Vai no mesmo diapasão do nosso Tite, joga feio mas com eficácia. 

O primeiro tempo foi equilibrado no geral, mas a qualidade de finalização do Emerson Sheik foi o fator de desequilibrio. Numa boa roubada de bola, e com um passe primoroso do eficiente Ralf, o Emerson penetrou pela área tricolor e chutou forte, a bola resfalou no zaqueiro Leandro Euzébio e tirou o bom Diego Cavalieri da jogada e foi morrer no fundo da meta do time das laranjeiras. 

No segundo tempo foi um jogo tático. O Timão esperando o Flu atacar para aproveitar o contra-ataque. Só que o Flu atacou mais do que o Corinthians contra-atacou, e como diz o ditado: 'Água mole em pedra dura..." O Fred fazia a sua parte e o Cássio fazia milagres... O Fred fazia a sua parte e o Chicão fazia milagres... Até que o Fred fez a sua parte e a bola entrou. 

Pela maneira que o Flu empatou, deu raíva, pois era um jogo possível de ser ganho. Mas, o resultado em si foi bom, depois de duas derrotas consecutivas, e considerando que o Fluminense é o segundo colocado na competição. Domingo que vem, em casa, enfrentaremos o primeiro colocado, o Galo Doído. Grandes emoções nos espera. 

Fonte: Sítio Terra e CBF

 

Ficha técnica

Sumula: http://conteudo.cbf.com.br/sumulas/flco290812s.pdf 

Borderô: http://conteudo.cbf.com.br/sumulas/flco290812b.pdf 

Vídeo: http://migre.me/avM6E 

FLUMINENSE 1 X 1 CORINTHIANS

Gols
FLUMINENSE: Fred, aos 37min do segundo tempo

CORINTHIANS: Emerson, aos 36min do primeiro tempo

FLUMINENSE: Diego Cavalieri; Bruno, Gum (Rafael Sóbis), Leandro Euzébio e Carlinhos; Edinho, Jean, Thiago Neves e Wágner (Michael); Fred e Wellington Nem
Treinador: Abel Braga

CORINTHIANS: Cássio; Alessandro, Chicão, Wallace e Fábio Santos; Ralf, Paulinho, Douglas (Guilherme) e Danilo; Emerson (Edenilson) e Romarinho (Giovanni)
Treinador: Tite

Cartões amarelos
FLUMINENSE: Gum, Thiago Neves e Fred
CORINTHIANS: Fábio Santos e Ralf

Árbitro
Sandro Meira Ricci (DF)

Local
Estádio do Engenhão, no Rio de Janeiro (RJ)



SAMBA E RAÇA

17 de Agosto de 2012, 21:00, por Moisés Basilio Leal - 0sem comentários ainda

Comentários Moisés Basilio: Uma boa entrevista com o Professor Stephen Bocskay, da Universidade de Harvard, que fez uma tese de doutarado sobre o Samba e a questão racial no Brasil.

 

Ouça aqui.



UMA VITÓRIA NA MEDIDA

16 de Agosto de 2012, 21:00, por Moisés Basilio Leal - 22 comentários

Corinthians 1 x 0 Internacional de Porto Alegre

Por Moisés Basílio

     A Fiel está em estado de graça com o time. Novamente quase 30 mil corinthianos no Pacaembu, numa noite de quinta-feira e com o time lá em baixo na tabela. Não importa, o que vale é o prazer de ver o Timão em campo. Aí mora a poesia que impulsiona a torcida. 

     A equipe jogou com muitos desfalques. A dupla de ataque é inédita: Adilson, uma jovem promessa vinda do XV de Piracicaba e o argentino "Burrito" Martinez, fazendo sua estreia como títular no início de uma partida. No meio de campo entrou Willian Arão substituindo o volante Paulinho que serviu a Seleção Brasileira no jogo de meio de semana contra a Suécia. Vários jogadores titulares no departamento médico e outros servindo as suas seleções pela data Fifa. Também cabe informar que o adversário estava desfalcado. 

     O jogo começou com o Inter indo para cima. Logo no primeiro ataque o He-Man fez um gol que foi anulado por impedimento. O Corinthians estudando o jogo mantinha a velha postura defensiva. O Chicão despachando qualquer bola com chutões para frente, seguido pelo Paulo André. O Ralf incansável na marcação pelo meio, junto do o eficiente Willian Arão. Os meias de criação, Douglas e Danilo, bem marcados ficaram apagados durante todo o primeiro tempo e os atacantes isolados na frente, pouco criaram. 

     Jogo feio de se ver. Muito posicionamento tático e pouca técnica por parte dos jogadores. Jogam como máquinas. Muitos erros de fundamentos, como a troca de passes, dominio de bola etc. Do lado corinthiano a boa surpresa foi a atuação do Burrito Martínez que ousou várias jogadas pela como um antigo ponta esquerda. Foi para cima do marcador com fintas elegantes.

     E numa troca de passe pela esquerda entre Burrito e Fabio Santos é que surgiu a falta, que Douglas cobrou com maestria para aproveitamento para gol do zaqueiro artilheiro Paulo André.  A Fiel explodiu e o gol apagou os erros até então praticados. 

FICHA TÉCNICA (Fontes: Sitio Terra e CBF)

CORINTHIANS 1 x 0 INTERNACIONAL

Gols: 

CORINTHIANS: Paulo André, aos 23min do 2º tempo http://migre.me/akcnB 

CORINTHIANS: Cássio; Alessandro, Chicão, Paulo André e Fábio Santos (Marquinhos); Ralf, Willian Arão, Danilo e Douglas; Martínez (Denner) e Adílson (Giovanni). 
Técnico: Tite.

INTERNACIONAL: Muriel; Nei, Índio, Bolívar e Fabrício; Josimar, Elton, Kléber (Mike) e Fred (Dátolo); Jajá Coelho (Lucas Lima) e Rafael Moura. 
Técnico: Fernandão.

Cartões Amarelos 
CORINTHIANS: Paulo André, Alessandro e Chicão 
INTERNACIONAL: Elton

Árbitro 
André Luiz de Freitas Castro (GO)

Local 
Estádio do Pacaembu, em São Paulo (SP)



INTERAÇÕES ENTRE O RACISMO NORTE-AMERICANO E O BRASILEIRO: O CASO DO NÃO CASAMENTO DE NEGROS NA PRIMEIRA IGREJA BATISTA DE CRISTAL SPRINGS

12 de Agosto de 2012, 21:00, por Moisés Basilio Leal - 0sem comentários ainda

Por Moisés Basílio

O racismo na História geral da humanidade se constituiu como ideologia, num plano macro e geral, que divide os seres humanos em raças diferentes e faz uma classificação hierárquica delas. As fontes em que se baseiam as ideologias racistas ao longo e ao largo da História são múltiplas: Religiosas, políticas, culturais, científicas, econômicas, étnicas etc.

O caso de racismo noticiado pela BBC sobre a proibição de um casamento numa igreja Batista na cidade de Crystal Springs, estado do Mississipi, EUA, tem sua singularidade num evento religioso de uma igreja de matriz cristã, protestante, evangélica, dos Estados Unidos. O interessante é ver as ligações e interações dessa singularidade local da notícia com as outras realidades sociais onde também se manifestam as práticas sociais racistas.

Por exemplo, poderíamos fazer um exercício de transpor a questão enfrentada pelo casal Charles e Te’Andrea Wilson para o contexto da cidade de S. Paulo. Se eles escolhessem um templo de qualquer confissão religiosa para realizar o seu casamento enfrentariam a mesma resposta, ou seja, objeções explicitas pelo fato de serem negros?

Dado ao consenso político, cultural e social consolidado na sociedade brasileira dificilmente receberiam um resposta como receberam em Crystal Springs. Mas diante disso não podemos concluir a priori que a resposta não teria a mesma natureza racista americana. O nosso racismo é velado e usaria de outras artimanhas para no fundo aplicar a mesma sanção baseada em conceitos racistas.

Por outro lado, um aspecto importante dessa notícia é a indignação do casal e a repercussão do acontecimento em escala global. O que era até então considerado como normal ou natural na pequena comunidade de cerca de 5 mil habitantes de Crystal Springs, onde o censo norte-americano classifica a população com sendo de 55% negros e 45 brancos, passa a ser questionado.

Vamos ver até quando essa igreja Batista local, que desde a sua fundação no século XIX não permite casamento de negros, continuará a praticar esse racismo explicito.

Uma observação final: A notícia se espalhou pela Internet via as agências internacionais de notícias e foram replicadas em vários sítios e canais de redes sociais. Fiz uma seleção de um vídeo e três textos: Vídeo, do sítio UOL via conceituada e tradicional agência internacional de notícias francesa AFP; Texto 1, de uma grande e qualificada agência de notícias internacional, BBC-Brasil; Texto 2 de um sítio evangélico brasileira; e Texto 3, um manifesto da própria Igreja Batista publicada na página do Facebook da própria igreja.

1. Vídeo sobre a noticia: Fonte: Sitio Uol/AFP, Publicado em 30/07/2012 às 22h25: http://migre.me/ahtE8

2. Fonte: Sítio da BBC Brasil, atualizado em 30/7/2012 – 12:42 (Brasília) 15:42 GMT – http://migre.me/ahtBS

3. Fonte: Sítio Space Gospel News: http://migre.me/ahtA6

4. Fonte: Facebook:Manifesto da First Baptist Church Crystal Springs MS – http://migre.me/ahtxT



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