Crônicas e informações gerais sobre os jogos e a história do Sport Club Corinthians Paulistas a partir do olhar de um torcedor.
EM ARARAQUARA NO FERIADO DE FINADOS ONDE O VERDÃO PRATICAMENTE FOI ENTERRADO
9 de Novembro de 2012, 22:00 - sem comentários ainda
04/11
Serejão
Brasileiro Série A 2012
Por Moisés Basílio
Só assisti aos melhores momentos desse jogo. Cheguei de viajem no inicio da tarde de domingo, cansado, almocei e fui dormir. Passei o fim de semana prolongado pelo feriado de finados na sexta-feira em Araraquara em visita ao meu primo Zezinho, flamenguista e santista. Junto comigo foram meu primo Newton, santista, e minha irmã Izabel, corinthiana. O objetivo da visita foi planejar nosso projeto de recuperar a memória da família.
Araraquara, interior de São Paulo, terra onde Maria de Andrade ficou recluso para escrever o clássico Macunaíma, é uma terra de corinthianos. Por todos os cantos da cidade a presença de torcedores do Timão é marcante, trajados com camisas, bonés e outros adereços alvinegros para desespero do meus primos santistas.
Por coincidência nesse fim de semana a cidade recebeu o jogo do Palmeiras e Botafogo. Chegamos na sexta-feira, feriado de finados na cidade. O rebaixamento do time do Parque Antártica, entre uma Brahma e um cachaça de alambique especial, era o assunto preferido das conversas. Meu primo Zezinho pôs na cabeça que o jogo era no sábado e estava ansioso para ir à arena da Fonte Luminosa, estádio de futebol que recentemente foi reformado e orgulho da cidade.
Meu primo Zezinho é um apreciador de futebol, em que pese torcer para Flamengo e Santos, curti qualquer jogo. Agora que está aposentado e sexagenário e tem entrada franqueada nos estádios vai a qualquer jogo. Na Arena da Fonte, nem entra no estádio. Um parente de sua mulher, o Laércio, mora ao lado da arena e nos dias de jogo improvisa um estacionamento em seu quintal e também uma barraca para vender petiscos e cerveja. Os comentários são de que a maior parte das cervejas não são vendidas e sim sorvidas pelo Laércio e amigos como o primo Zezinho.
Correu boatos também na cidade que muitos corinthianos no dia de finados estavam apanhando punhados de terra do cemitério local para jogar na Arena da Fonte Luminosa visando ajudar a enterrar o time do Palmeiras no jogo de domingo. E a mandiga até que deu certo, pois o Verdão embora jogando bem, não ganhou do Botafogo, perdeu dois pontos e praticamente já está rebaixado.
Voltando ao campeonato brasileiro, o jogo foi um passeio do Corinthians sobre o já rebaixado Atlético-GO. O conjunto do time alvinegro é muito forte e está jogando por música, mesmo que individualmente algum jogador não tenha bom desempenho. Cabe um nota sobre o Romarinho no quesito finalização. É um jogador que consegue ter um excelente posicionamento tático, toca bem à bola, arma jogadas, mas ainda padece ao finalizar. Como é novo, se aprimorar esse fundamento nos treinamentos pode se tornar um craque. O placar de dois a zero, poderia ter sido cinco a dois, tal o domínio corinthiano.
De resto o campeonato em sua reta final não apresenta muita emoção na ponta, pois o Fluminense disparou e já é o virtual campeão, pois o Galo, o seu mais próximo perseguidor, perdeu o pique que teve no primeiro turno e praticamente entregou os pontos. A maior emoção é na parte de baixo da classificação, pois sempre é empolgante quando um time grande cai.
Ficha técnica (Fontes: Sítio Internet CBF e Terra)
ATLÉTICO-GO 0 x 2 CORINTHIANS
Gols
CORINTHIANS:
Martínez, aos 8min, e Guilherme, aos 45min do segundo tempo
ATLÉTICO-GO: Márcio; Adriano Pimenta (Mahatma), Gustavo, Reniê e Eron; Dodó, Pituca, Ernandes e Joilson (Reis) (Patrick); Felipe e Diogo Campos
Treinador: Artur Neto
CORINTHIANS: Cássio, Alessandro, Paulo André, Chicão e Fábio Santos; Ralf, Paulinho, Douglas (Guilherme), Jorge Henrique e Martínez (Giovanni); Romarinho (Edenilson)
Treinador: Tite
Cartões amarelos
ATLÉTICO-GO: Adriano Pimenta, Ernandes, Eron, Pituca
CORINTHIANS: Ralf
Árbitro
Dewson da Silva (PA)
Local
Estádio Serejão, em Taguatinga (DF)
GUERREIRO DERROTA O GIGANTE DA COLINA
29 de Outubro de 2012, 22:00 - sem comentários ainda1x0
Por Moisés Basílio
Mamãe era corinthiana e Papai era vascaíno. Sempre que o Mosqueteiro do Parque São Jorge joga contra o Gigante da Colina lembro-me de meus pais. E nesse sábado ensolarado eles estavam comigo nas arquibancadas do Pacaembu.
O Corinthians voltou a escalar o time principal. O Vasco esteve desfigurado se comparado com o o time que atuou nos dois jogos da Libertadores e no jogo do primeiro turno do Brasileirão.
O Vasco tomou a iniciativa no início do jogo. O Timão só administrou o falso domínio do time adversário. Pesava para o time mosqueteiro o forte calor e a volta de vários jogadores que estavam ainda sem ritmo de jogo. Mas aos poucos o domínio vascaíno foi se diluindo.
No primeiro tempo os dois times tiveram oportunidades de abrirem o placar, mas o gol acabou não saindo. Num boa arrancada do Paulinho, o Douglas ficou cara a cara com o goleiro vascaíno e perdeu o gol. O Vasco por seu turno, num falta cobrada Fellipe Bastos que bateu na trave, quase abre o marcador.
No segundo tempo o Vasco caiu de produção e o Corinthians dominou o jogo. Poderia ter vencido por mais gols, mas só o matreiro Guerreiro aproveitou a oportunidade e fez o seu gol.
Na torcida a vibração foi acompanhar a derrota do Palmeiras no Rio Grande para o Internacional. A Fiel vibrava: "Cê vai caí porcô, cê vai caí porcooooo..."
FICHA TÉCNICA (Fonte: Sítio Gazeta Esportiva Net)
CORINTHIANS 1 X 0 VASCO
Local: Estádio do Pacaembu, em São Paulo (SP)
Data: 27 de outubro de 2012 (Sábado)
Horário: 16h20 (de Brasília)
Árbitro: Leandro Pedro Vuaden (Fifa-RS)
Assistentes: Fabrício Vilarinho Silva (Fifa-GO) e Janette Mara Arcanjo (MG)
Cartões amarelos: Guerrero, Chicão (Corinthians). Éder Luís, Carlos Alberto (Vasco)
Público: 24.376 pagantes
Renda: R$ 763.727,44
GOL: CORINTHIANS: Guerrero, aos 13 minutos do segundo tempo
CORINTHIANS: Cássio, Alessandro, Chicão, Paulo André e Fábio Santos; Ralf, Paulinho e Douglas (Guilherme Andrade); Romarinho (Jorge Henrique), Guerrero e Martínez (Edenílson)
Técnico: Tite
VASCO: Fernando Prass, Jonas, Renato Silva, Douglas e Wendel; Fellipe Bastos (Thiago Feltri), Nilton, Juninho Pernambucano e Marlone (Jhon Cley); Éder Luís (Maicon Assis) e Carlos Alberto
Técnico: Marcelo Oliveira
O GRANDE HISTORIADOR HOBSBAWN E O FUTEBOL
22 de Outubro de 2012, 22:00 - sem comentários aindaComentários de Moisés Basílio:
O artigo do historiador Raul Milliet Filho nos proporciona uma leitura muito saborosa para quem adora História e Futebol. E mais, suas reflexões nos traz o pensamento penetrante e lúcido do saudoso historiador inglês Hobsbawm.
Fonte: Sitio Carta Maior, http://www.cartamaior.com.br/templates/analiseMostrar.cfm?coluna_id=5823 , acessado em 23/10/2012
DEBATE ABERTO
Eric Hobsbawm e o Futebol
Em um dos seus textos, Hobsbawm afirmou que um historiador social não podia negligenciar nem a economia nem Shakespeare. Deveria analisar não somente os aspectos econômicos da vida em sociedade como as idéias, a linguagem e o imaginário coletivo. Para ele, o futebol não era apenas um esporte. Era arte e paixão popular, ou culto proletário de massa.
Raul Milliet Filho
Eric Hobsbawm, um dos maiores historiadores do século XX, falecido em 1º de outubro último, trilhou caminhos pouco frequentados pelo mundo acadêmico. Dentre tantos outros temas, conhecia jazz, artes plásticas e futebol, jogo que está, por exemplo, no seu A Era dos Extremos:
“O esporte que o mundo tornou seu foi o futebol de clubes, filho da presença global britânica... Esse jogo simples e elegante, não perturbado por regras e/ou equipamentos complexos, e que podia ser praticado em qualquer espaço aberto mais ou menos plano do tamanho exigido... tornou-se genuinamente universal.”
Tomei contato e conhecimento do interesse de Hobsbawm pelo futebol em 1976. Para minha alegria de botafoguense apaixonado e historiador recém-formado, soube do seu gosto pelo futebol. Torcedor do Arsenal, ele não só gostava como entendia do jogo. E isto era raro.
Afinal, como disse certa vez Edgar Morin: “o estudo dos fenômenos desacreditados é igualmente desacreditado”. E, naquela época, nos meios universitários do Brasil e de todo o mundo, nada mais desacreditado que o futebol. Os professores doutores, salvo raras exceções, eram típicos intelectuais de laranja, cunhados por Nelson Rodrigues, que não sabiam bater nem um reles escanteio. Olhavam o futebol com o nariz em pé.
Assim que soube da novidade, recorri ao amigo e sociólogo Luciano Costa Neto, que começara a traduzir A Era do Capital para o português.
Encaminhei, por Luciano, algumas perguntas por escrito a Hobsbawm em um dos encontros que tiveram para ajustar pontos da tradução.
Na resposta, devidamente anotada por Luciano, Hobsbawm falava que não só o futebol era um assunto de relevo para os historiadores, mas contava da sua admiração pela seleção brasileira e por dois jogadores em particular: Gerson e Tostão. E ia além, relembrando dois jogos da Copa de 70: Brasil x Itália e Brasil x Inglaterra. Deste último jogo retinha na memória a trama do gol brasileiro feito por Jair.
E não foram citados apenas Tostão e Gerson. Hobsbawm disse a Luciano da sua decepção em nunca ter visto Garrincha atuar em campo.
Quase 20 anos mais tarde deixaria registrado: “...e quem, tendo visto a seleção brasileira em seus dias de glória, negará sua pretensão à condição de arte?...” ( A Era dos Extremos)
Para Hobsbawm, o futebol bem praticado não era apenas um esporte. Era arte e paixão popular, ou culto proletário de massa.
Autor de livros que inovaram a compreensão do mundo contemporâneo: A Era das Revoluções (1789–1848); A Era do Capital (1848–1875); A Era dos Impérios (1875–1914) e A Era dos Extremos (1914– 1991), encantou leitores e críticos de várias correntes do pensamento, independente de filiação ideológica ou político-partidária.
Marxista, avesso a análises reducionistas e dogmáticas, Hobsbawm foi um estilista erudito e original, senhor de uma narrativa leve e sofisticada, respeitado até mesmo por críticos contundentes, como Tony Judt.
Em um dos seus textos afirmou que um historiador social não podia negligenciar nem a economia nem Shakespeare. Deveria analisar não somente os aspectos econômicos da vida em sociedade como as idéias, a linguagem e o imaginário coletivo.
Foi exatamente isto que ele fez em seus escritos. O contraponto entre as relações econômicas e culturais está presente em sua vasta obra, inclusive quando aborda o futebol, como nesta passagem de Mundos do Trabalho, recuando ao período de profissionalização/popularização do futebol inglês.
“O futebol como esporte proletário de massa – quase uma religião leiga – foi produto da década de 1880, embora os jornais do norte já ao final da década de 1870 houvessem começado a observar que os resultados de jogos de futebol, que eles publicavam somente para preencher espaço, estavam na verdade atraindo leitores. O jogo foi profissionalizado em meados da década de 1880...”
O surgimento dos Esportes Modernos (dentre os quais o futebol) na segunda metade do século XIX foi analisado por Hobsbawm em sintonia à consolidação do Estado-Nação da era moderna.
Em A Invenção das Tradições (escrito com Terence Ranger), o futebol é identificado como uma entre muitas formas de expressão e símbolo da nacionalidade, como mais um modo de coesão necessário à nação moderna.
Discorrendo sobre as décadas de 1880 e 1890 na Inglaterra, Hobsbawm reafirma a importância do tema:
“Pela história das finais do campeonato britânico de futebol podem-se obter dados sobre o desenvolvimento de uma cultura urbana operária que não se conseguiram através de fontes mais convencionais.” (A Invenção das Tradições).
Ainda em A Invenção das Tradições, Eric Hobsbawm volta seu olhar para o vestuário operário, associando a utilização do boné como meio de identificação e expressão de classe fora do trabalho. E mais uma vez, o futebol é mencionado:
“Na Grã-Bretanha, ao menos, segundo indícios iconográficos, os proletários não eram universalmente relacionados ao boné antes da década de 1890, mas no fim do período eduardino – como provam fotos de multidões saindo de jogos de futebol ou de assembléias – tal identificação era quase completa. A ascensão do boné proletário ainda está à espera de um cronista. Ele ou ela, supostamente, descobrirá que sua história tem relação com a do desenvolvimento dos esportes de massa, uma vez que este tipo específico de chapéu surge a princípio como acessório esportivo entre as classes alta e média.” (A Invenção das Tradições)
O vínculo entre o boné, o futebol e o vestuário dos trabalhadores ingleses é ainda mais forte e estreito do que Hobsbawm supunha. Pelo regramento do futebol inglês, a presença do juiz data de 1863. Mas por 21 anos o poder do juiz ficaria subordinado aos capitães das equipes.
E os capitães ou “reclamadores” utilizavam um bonezinho para se diferenciarem dos demais. Boné que em inglês é cap. De cap para capitão foi um pulo. O fato é que o reclamador ficou conhecido como o capitão do time, produto deste antigo costume britânico.
Assim, é possível depreender que a utilização do boné (cap) pelo capitão (ou reclamador) no futebol foi um dos fatores que contribuiu para a disseminação do boné entre as classes populares inglesas e, posteriormente, em quase toda a Europa Ocidental.
Para Hobsbawm, não apenas a história do vestuário proletário não foi escrita mas também a da cultura do futebol na transição do século XIX para o século XX, na Inglaterra:
“A natureza da cultura do futebol neste período – antes de haver penetrado muito nas culturas urbanas e industriais de outros países – ainda não foi bem compreendida. Sua estrutura socioeconômica, porém, é mais compreensível. A princípio desenvolvido como esporte amador e modelador do caráter pelas classes médias da escola secundária particular, foi rapidamente (1885) proletarizado e portanto, profissionalizado; o momento decisivo simbólico – reconhecido como um confronto de classes – foi a derrota dos Old Etonians pelo Bolton Olympic na final do campeonato de 1883.” (A Invenção das Tradições).
Entre 1890 e 1914, a popularização do futebol inglês registrou um crescimento avassalador. Os jogadores de futebol eram oriundos das fábricas, escolhidos entre os operários mais habilidosos, ao contrário do que acontecia no boxe, onde o critério de escolha levava mais em conta a força e o tamanho dos futuros atletas.
Em A Era dos Impérios, Hobsbawm identifica a existência de cerca de 1 milhão de jogadores de futebol na Inglaterra antes de 1914 frente a uma população geral de cerca de 31 milhões de habitantes.
Abordando o período entre guerras (1918-1939), destaca o papel do esporte e do futebol em particular, representando cada vez com mais força uma expressão de luta nacional e identificação dos indivíduos com a nação, tendo como símbolos mais próximos os atletas:
“A imaginária comunidade de milhões parece mais real na forma de um time de onze pessoas com nome. O indivíduo, mesmo aquele que apenas torce, torna-se o próprio símbolo de sua nação.” (Nações e Nacionalismo desde 1870, p. 171).
Uma lembrança do então menino Eric Hobsbawm, é descrita:
“O autor se lembra quando ouvia, nervoso, à transmissão radiofônica da primeira partida internacional de futebol entre a Inglaterra e a Áustria, jogada em Viena em 1929, na casa de amigos que prometeram descontar nele se a Inglaterra ganhasse da Áustria, o que, pelos registros, parecia bastante provável. Como o único menino inglês presente, eu era Inglaterra, enquanto eles eram Áustria. (Por sorte a partida terminou empatada). Dessa maneira crianças de 12 anos ampliavam o conceito de lealdade ao time para a nação.” (Nações e Nacionalismo desde 1870).
Mas, para quem, como Hobsbawm, toda História é História contemporânea disfarçada, o futebol globalizado, controlado por empresas transnacionais não poderia ficar de fora do alcance de sua pena.
O intrincado jogo de interesses entre a FIFA e os grandes clubes internacionais, com seus conflitos de grandes proporções, à primeira vista inconciliáveis, foi abordado em Globalização, Democracia e Terrorismo:
“... a lógica transnacional da empresa de negócios entrou em conflito com o futebol como expressão de identidade nacional...
... Do ponto de vista dos clubes, provocaram um considerável enfraquecimento da posição de todos aqueles que não estão no circuito das superligas internacionais e dos supertorneios e em especial nos clubes dos países exportadores de jogadores, notadamente nas Américas e na África. A crise dos outrora altivos clubes de futebol do Brasil e da Argentina o comprova...” (Globalização, Democracia e Terrorismo).
Apesar da importância e da prevalência dos superjogadores e dos superclubes sobre os interesses nacionais, o historiador assinala que os objetivos de poder da FIFA têm tido força para manter, impor e ampliar a realização das Copas do Mundo como evento mais importante do futebol mundial.
Assinalaríamos apenas, aprofundando as conclusões de Hobsbawm, que a lógica econômico-financeira das Copas do Mundo acabou por entrelaçar-se com os objetivos do grande capital internacional. Isto foi possível graças à aliança da FIFA com os mesmos interesses que dirigem os superclubes, para a realização das Copas do Mundo. Até mesmo a escolha de países como a África do Sul , Brasil e Qatar, mais maleáveis a negócios extra-campo, demonstra isso.
Não se sabe até quando este equilíbrio instável e contraditório de forças no futebol mundial poderá ser mantido, tendo em vista que não está em jogo apenas a sobrevivência dos interesses nacionais e dos clubes, mas do próprio futebol como cultura popular.
Em a “História Social do Jazz”, talvez o seu melhor livro sobre cultura popular, Hobsbawm questiona a pasteurização da cultura pré-industrial pelo rolo compressor da sociedade contemporânea, citando o jazz como exemplo de resistência e manutenção de suas origens:
“O jazz é o mais importante desses exemplos. Se eu tivesse de fazer um resumo da sua evolução em uma só sentença eu diria: é o que acontece quando a música popular não sucumbe, mas se mantém no ambiente da civilização urbana e industrial”. (A História Social do Jazz).
Aqui cabem duas indagações: será que o futebol atual, em particular o brasileiro, tal como o jazz, também não sucumbiu diante das pressões da civilização urbana e industrial?
Ainda é possível falarmos do futebol como arte e cultura popular?
(*) Doutor em História pela USP, professor, especialista em projetos sociais na área pública.