O que havia sido anunciado como uma conversa “sem limites” começou com mais de meia hora de atraso, e vários usuários não conseguiram ouvi-la ao vivo, criando uma situação embaraçosa para os dois magnatas.
Por Redação, com CartaCapital – de Washington
O bilionário Elon Musk afirmou na segunda-feira que o início da transmissão no X da entrevista com o candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, foi afetado por um ataque cibernético em massa.
Musk entrevista Trump na rede social XO que havia sido anunciado como uma conversa “sem limites” começou com mais de meia hora de atraso, e vários usuários não conseguiram ouvi-la ao vivo, criando uma situação embaraçosa para os dois magnatas.
– Parece que está havendo um ataque DDOS em massa contra o X. Estamos trabalhando para acabar com ele – publicou Musk, dono da plataforma, referindo-se a um ataque cibernético conhecido como de negação de serviço, desenhado para sobrecarregar os servidores de uma empresa e derrubar um site.
– Este ataque em massa ilustra a oposição de muitas pessoas a simplesmente ouvir o que o presidente Trump tem a dizer – criticou o magnata quando a entrevista, que estava marcada para as 21h00, horário de Brasília, na conta de Trump, finalmente pôde começar. Cerca de 20 minutos depois, o chat reunia mais de 1 milhão de usuários.
A aparente dificuldade técnica, que aconteceu após Musk ter demitido boa parte do quadro de funcionários, lembrou o apoio que o magnata deu a Ron DeSantis, cujo lançamento de campanha na plataforma também foi marcado por problemas técnicos.
– Nós testamos o sistema hoje com 8 milhões de ouvintes simultâneos – ressaltou Musk logo após anunciar o ataque. Ele prometeu publicar a gravação da conversa na íntegra o quanto antes.
Imigração, guerra e mudanças climáticas
Em seu diálogo com Musk, Trump criticou a imigração ilegal e voltou a prometer “a maior deportação da história” dos Estados Unidos, em meio a alegações falsas de que o grande fluxo de migrantes durante a administração Biden aumentou os índices de criminalidade.
O republicano também aproveitou a entrevista para especular sobre um sistema de defesa antimísseis baseado em um sistema parecido ao utilizado atualmente por Israel.
A mudança climática também foi abordada na conversa entre os bilionários.
– A maior ameaça não é o aquecimento global, onde o oceano vai subir um oitavo de polegada nos próximos 400 anos – disse Trump.
– A maior ameaça é o aquecimento nuclear, porque temos cinco países agora que têm poder nuclear significativo, e não podemos permitir que nada aconteça com pessoas estúpidas como Biden.
Retorno ao X
Trump foi banido do Twitter depois que uma multidão de apoiadores do republicano invadiu o Capitólio dos Estados Unidos, em janeiro de 2021, mas Musk reativou a conta do ex-presidente após comprar a plataforma e mudar seu nome para X.
Uma enxurrada de mensagens divulgadas hoje, entre vídeos de campanha e a promoção da entrevista, sinalizou o retorno ao X de Trump, que busca fortalecer sua campanha desde a entrada da democrata Kamala Harris na disputa.
Musk, que já foi eleitor do Partido Democrata, vem apoiando Trump desde a tentativa de assassinato do ex-presidente durante um comício, no mês passado. Considerado pela revista Forbes a pessoa mais rica do mundo, o dono do X emergiu como uma voz importante na política norte-americana, mas é acusado de transformar a plataforma em um amplificador das teorias da conspiração da direita.
O magnata é um dos críticos mais ferrenhos dos democratas e aproveita seus mais de 194 milhões de seguidores no X para atacar os esforços liberais para promover a diversidade e inclusão, além de criticar a gestão da fronteira com o México pela Casa Branca.
Horas antes da entrevista, o comissário europeu de Assuntos Digitais, Thierry Breton, enviou uma carta a Musk para lembrá-lo de suas obrigações de moderação. O magnata respondeu com um meme insultante.
A União Europeia “deveria cuidar de seus próprios assuntos, e não tentar interferir nas eleições presidenciais americanas”, acrescentou o porta-voz de Trump.