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Prêmio Nobel da Paz vai para organização antinuclear japonesa

11 de Outubro de 2024, 10:55 , por Correio do Brasil - | No one following this article yet.
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Movimento pacifista Nihon Hidankyo, fundado nos anos 1950 por sobreviventes de ataques atômicos, foi laureado “por seus esforços para alcançar um mundo livre de armas nucleares”.

Por Redação, com DW – de Estocolmo

A organização japonesa Nihon Hidankyo, que atua contra armas nucleares, recebeu o Prêmio Nobel da Paz de 2024 nesta sexta-feira, conforme anunciou a Comitê Norueguês do Nobel, em um evento sediado em Oslo. 

Nobel da Paz já foi entregue a 111 indivíduos e 28 organizações

Segundo o comitê, a organização, fundada nos anos 1950 por “hibakushas”, sobreviventes de bombas atômicas, foi escolhida “por seus esforços para alcançar um mundo livre de armas nucleares e por demonstrar, por meio de testemunhas, que as armas nucleares nunca mais devem ser usadas”.

O prêmio é anualmente atribuído à pessoa ou organização que “mais ou melhor tenha promovido a fraternidade entre as nações, a abolição ou redução de exércitos permanentes e o estabelecimento e promoção de congressos de paz.”

“Os hibakusha [sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki] nos ajudam a descrever o indescritível, a pensar o impensável e a compreender de alguma forma a dor e o sofrimento incompreensíveis causados pelas armas nucleares”, escreveu o Comitê sobre os vencedores.

A Nihon Hidankyo foi escolhida entre 286 candidatos, que foram indicados para concorrer ao prêmio, entre eles, 89 organizações. No ano passado, o Nobel da Paz foi entregue à ativista Narges Mohammadi, que está presa por seu trabalho contra a opressão às mulheres iranianas.

O Comitê norueguês mantém os nomes dos concorrentes em sigilo durante 50 anos, mas os candidatos elegíveis podem revelar que tiveram seus nomes indicados. 

O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, o bilionário Elon Musk, o Papa Francisco, o fundador da WikiLeaks, Julian Assange, e a ONG Repórteres sem Fronteiras estavam entre os nomeados este ano. 

A decisão final é dada pelo Comitê Norueguês, composto por cinco pessoas. A pessoa mais jovem a receber o prêmio foi Malala Yousafzai, em 2014. 

O trabalho da Nihon Hidankyo

A organização japonesa foi formada em 1956 para pressionar o governo japonês a prestar apoio aos sobreviventes dos ataques com bombas atômicas contra o Japão em agosto de 1945, que resultaram na destruição das cidades de Hiroshima e Nagasaki. A continuidade de testes atômicos pelas potências nucleares da época também levou o grupo a defender a abolição dessas armas.

A organização descreve que seus objetivos são:

A prevenção da guerra nuclear e a eliminação das armas nucleares, incluindo a assinatura de um acordo internacional para a proibição total e a eliminação das armas nucleares.

Indenização por danos causados pelas bombas atômicas. Reconhecimento da responsabilidade do Estado por ter iniciado a guerra, que levou aos danos causados pelo bombardeio atômico

Melhoria das políticas e medidas atuais de proteção e assistência aos hibakushas.

Segundo o Comitê Norueguês, a ONG formada por sobreviventes trabalha para estigmatizar o uso de armas nucleares como moralmente inaceitável. 

Para os organizadores do prêmio, os esforços da Nihon Hidankyo e de outros representantes dos hibakushas “contribuíram muito para o estabelecimento do tabu nuclear” e para frear o uso deste tipo de arma. 

Em 2025 o bombardeio americano contra Hiroshima e Nagasaki vai completar 80 anos. “Um número incomparável de pessoas morreu de queimaduras e lesões causadas pela radiação nos meses e anos que se seguiram. As armas nucleares atuais têm um poder destrutivo muito maior. Elas podem matar milhões de pessoas e causariam um impacto catastrófico no clima. Uma guerra nuclear poderia destruir nossa civilização”, diz o Comitê.

Em coletiva de imprensa realizada em Tóquio, o diretor da Nihon Hidankyo, Toshiyuki Mimaki, expressou surpresa ao ganhar o prêmio. “Nunca sonhei que isso pudesse acontecer”, disse, com lágrimas nos olhos. Para ele, a situação das crianças em Gaza, onde o conflito entre Israel e o grupo radical islâmico perdura, é semelhante à das crianças japonesas no final da Segunda Guerra Mundial. “Em Gaza, crianças cobertas de sangue estão sendo levadas. É como no Japão há 80 anos”, disse ele. 

Já o primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, disse que o prêmio para a Nihon Hidankyo foi “extremamente significativo”. 

Prêmio acontece em meio a conflitos

O Nobel da Paz deste ano é entregue em meio à escalada de conflitos em todo o mundo.  De acordo com o Programa de Dados sobre Conflitos de Uppsala, em 2023  havia 59 conflitos armados no mundo, quase o dobro do número registrado em 2009.

Diante do problema, havia especulações de que o comitê poderia decidir por não premiar nenhum dos indicados, como forma de destacar a dificuldade de se alcançar a paz. Isso já aconteceu 19 vezes desde 1901. 

Histórico

Segundo a organização, o Prêmio Nobel da Paz foi concedido 105 vezes a 142 laureados desde 1901. Foram 111 indivíduos e 28 organizações (o Comitê Internacional da Cruz Vermelha e o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados foram agraciados mais de uma vez. 

Ao longo de sua história, o prêmio já foi entregue a ganhadores controversos. Entre eles, estão o então secretário de Estado dos EUA, Henry Kissinger.

Outros vencedores em 2024

Até agora, foram anunciados os vencedores do Nobel de Literatura –a sul-coreana Han Kang, o Nobel de Química,o bioquímico David Baker e os especialistas em IA Demis Hassabis e John M. Jumper por calcular estruturas proteicas tridimensionais, o Nobel de Física, que foi para os cientistas John Hopfield e Geoffrey Hinton, que “usaram conceitos fundamentais da física estatística para criar redes neuronais artificiais que funcionam como memórias associativas” e o Nobel de Medicina, entregue aos americanos Victor Ambros e Gary Ruvkun pela descoberta de uma nova classe de moléculas de RNA.


Fonte: https://www.correiodobrasil.com.br/premio-nobel-paz-vai-organizacao-antinuclear-japonesa/

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