Pouco antes do encontro entre Lula e Biden, assessores da Casa Branca adiantaram que seria anunciada uma doação ao Fundo Amazônia. A recuperação da floresta tropical amazônica e a aliança climática esteve na pauta dos líderes dos dois maiores países das Américas.
Por Redação, com agências internacionais – de São Paulo e Washington
A diplomacia brasileira, respeitada internacionalmente há séculos, retoma seu protagonismo no encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Joe Biden (Democrata), nesta sexta-feira, depois de quatro anos dos horrores da política externa de Jair Bolsonaro (PT), quando o Brasil chegou a ser chamado no mundo de “pária”. A viagem oficial do chefe do governo brasileiro virou a página do desgaste sofrido, antes mesmo do que muitos previam.
Lula manteve uma série de encontros bilaterais durante sua estada em Washington
À pergunta sobre se é correta a afirmação de que “o Brasil voltou”, que tem sido repetida por integrantes e apoiadores do governo, a pesquisadora Miriam Gomes Saraiva, do Departamento de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), responde de modo assertivo:
— Voltou com tudo.
Agenda positiva
A catedrática lembra a informação, divulgada no fim do mês passado, de que em apenas um mês de governo Lula já havia se reunido com representantes de 15 países, metade dos 31 encontros de Bolsonaro com lideranças de outras nações nos seus quatro anos de mandato. Ao embarcar para os Estados Unidos ontem, aos 40 dias de gestão, o presidente brasileiro tinha visitado Argentina e Uruguai e recebido o chanceler alemão, Olaf Scholz.
Na quarta-feira, recepcionou a ministra da Europa e dos Negócios Estrangeiros da França, Catherine Colonna, no primeiro encontro ministerial entre Brasil e França em quatro anos, restabelecendo as relações entre os dois países, abaladas pela “gestão” de Bolsonaro do meio ambiente, muito criticada pelo presidente Emmanuel Macron. Mais do que isso, em atitude vulgar e machista nunca vista em meios diplomáticos, o ex-presidente brasileiro chegou a atacar a esposa de Macron, Brigitte Macron.
Meio ambiente
Pouco antes do encontro entre Lula e Biden, assessores da Casa Branca adiantaram que seria anunciada uma doação ao Fundo Amazônia. A recuperação da floresta tropical amazônica e a aliança climática esteve na pauta dos líderes dos dois maiores países das Américas.
As autoridades norte-americanas dizem que a crise climática – e o papel crucial do Brasil como país que contém a maior parte da maior floresta tropical do mundo – foi uma “prioridade máxima” durante as discussões da Sala Oval de Biden com o líder brasileiro.
— Os dois líderes estão alinhados com a necessidade de tomar medidas corajosas — disse um alto funcionário norte-americano às agências internacionais.
Democracia
Biden e Lula também encontraram terreno comum quando discutiram as ameaças à democracia. O Brasil permanece tenso após uma multidão pró-Bolsonaro ter atacado edifícios governamentais no mês passado, com as cenas violentas a lembrarem quando os apoiadores de Donald Trump invadiram o Congresso em 2021, na sequência da sua derrota eleitoral para Biden. Coincidentemente, Bolsonaro deixou o Brasil pouco antes do fim do seu mandato e encontra-se atualmente na Florida, o Estado onde vive Trump.
No entanto, quando se trata da guerra de quase um ano da Rússia contra a Ucrânia, os dois líderes irão provavelmente divergir. Lula tem insistido em conversações de paz na Ucrânia, enquanto que os Estados Unidos enfatizam a necessidade de a Ucrânia se defender, permitindo-lhe finalmente negociar a partir de uma posição de força.
O alto funcionário norte-americano, que falou sob condição de anonimato, insistiu que não havia grande discórdia e que “nós respeitamos e apoiamos” as iniciativas de paz de Lula.
