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A longa noite de Paris

14 de Novembro de 2015, 12:38 , por Eduardo Freitas - | No one following this article yet.
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Os atentados de ontem em Paris remontam a acontecimentos ocorridos ainda durante a Guerra Fria. Com a invasão soviética ao Afeganistão em 1979 os EUA se viram obrigados a agir de alguma forma. A maneira encontrada foi prestar "apoio logístico" (armas, armas e armas, como diria Fred 04) aos mujahidins, guerrilheiros muçulmanos que resistiam ao invasor soviético.


É no seio dos mujadins que surgirá a Al-Qaeda. Esta organização, portanto uma cria dos norte-americanos, em torno de 20 anos depois será a responsável pelos atentados contra as Torres Gêmeas em NY. A criatura voltava-se contra o criador.


Este episódio deflagrou a chamada Guerra ao Terror do presidente Bush, cristalizada em um evento principal: a invasão ao Iraque. A posterior deposição de Saddam Hussein, ditador sanguinário dos iraquianos, jogaria o país em um caos onde ao invés de "apenas um ditador, passaram a existir 200 pequenos ditadores", conforme declarou um cidadão iraquiano certa vez.


Hussein, assim como Kadhaf na Líbia, foi durante um bom tempo aliado dos EUA e, da mesma forma que Kadhafi (deposto e morto em 2011 por uma coalização entre França, Estados Unidos e Reino Unido), mesmo que de forma autoritária e violenta, promovia o equilíbrio entre sunitas e xiitas, a principal divisão política entre os árabes. Em outras palavras: Hussein e Kadhafi conseguiam esmagar a maior parte dos grupos terroristas que tentavam se estruturar.


Portanto, EUA, Reino Unido e França, dentre outros países, na figura da OTAN, promoveram um forte desequilíbrio político-militar nos países do Oriente Médio, a partir de suas intervenções desastradas da Guerra ao Terror. É dessa forma, em meio ao caótico Oriente Médio pós Guerra ao Terror, que ocorre a ascensão do totalitário Estado Islâmico, provavelmente responsável pelo banho de sangue parisiense de ontem à noite.

O que vimos ontem em Paris, infelizmente, é mais um capítulo desta história, possivelmente ainda longe de acabar e que acarretará em novos e graves acontecimentos no futuro. Os atentados não surgem do nada. Eles têm origem histórica.


A história não acontece da noite pro dia, espontaneamente. Ao contrário, ela se desenrola na longa duração, não existindo espaço para simples coincidências ou maniqueísmos, havendo sim ações e reações, permanências e rupturas.


A longa noite de Paris começou há muito tempo.

 


Fonte: Eduardo Freitas

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